ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

XENICAL


Laboratório

Roche

Apresentação de Xenical

cáps. de 120 mg - caixas c/ bl. c/ 21, 42 e 84

Xenical - Indicações

Xenical (Orlistat) está indicado para o tratamento a longo prazo de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica. Xenical (Orlistat) é eficaz no controle de peso a longo prazo (perda de peso, manutenção do peso e prevenção da recuperação do peso perdido). Xenical (Orlistat) proporciona melhora dos fatores de risco associados ao excesso de peso, dentre eles: hipercolesterolemia, diabetes mellitus não insulino-dependente (do tipo 2), intolerâncXenical (orlistate) está indicado para o tratamento a longo prazo de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica. Xenical (orlistate) é eficaz no controle de peso a longo prazo (perda de peso, manutenção do peso e prevenção da recuperação do peso perdido). Xenical (orlistate) proporciona melhora dos fatores de risco associados ao excesso de peso, dentre eles: hipercolesterolemia, diabetes mellitus não insulino-dependente (do tipo 2), intolerância à glicose, hiperinsulinemia, hipertensão, e proporciona também a redução da gordura visceral. Tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade: Xenical (orlistate), em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica, promove controle glicêmico adicional quando utilizado em conjunto com agentes antidiabéticos orais e/ou insulina.

Contra-indicações de Xenical

Contra-indicações Xenical (orlistate) é contra-indicado em pacientes com síndrome de má-absorção crônica, colestase e em pacientes com hipersensibilidade conhecida ao Xenical (orlistate) ou a qualquer um dos componentes contidos na fórmula.

Advertências

A maioria dos pacientes em estudos com o uso de Xenical (orlistate) por até 4 anos manteve os níveis de vitaminas A, D, E, K e de beta-caroteno dentro de suas faixas de normalidade. Portanto, o uso suplementar de polivitamínico deve ficar a critério do médico a fim de assegurar uma nutrição adequada. Os pacientes devem ser aconselhados a seguir as orientações nutricionais de seu médico ou nutricionista (vide Posologia); a possibilidade de aparecerem eventos gastrintestinais (vide Reações adversas) pode aumentar se Xenical (orlistate) for administrado com alimentos ricos em gorduras (por exemplo, em um plano de 2.000 Kcal/dia, a presença de mais de 30% de calorias provenientes de gordura equivale a mais de 67 g de gordura a ser ingerida). A ingestão diária de gorduras deve ser sempre distribuída entre as três refeições principais. Se Xenical (orlistate) for administrado com uma refeição muito rica em gordura, a possibilidade de efeito gastrintestinal pode aumentar. Como a perda de peso induzida por Xenical (orlistate) é acompanhada de um melhor controle metabólico do diabetes do tipo 2, pode ser que haja possibilidade ou mesmo necessidade de se reduzir as doses dos hipoglicemiantes. Uma redução nos níveis plasmáticos de ciclosporina foi observada durante a administração concomitante de Xenical (orlistate). Portanto, nesses casos, recomenda-se uma monitoração mais freqüente dos níveis plasmáticos de ciclosporina. Os parâmetros de coagulação devem ser monitorados em pacientes tratados concomitantemente com o uso de anticoagulante oral. Em um estudo farmacocinético, a administração oral de amiodarona durante o tratamento com Xenical (orlistate) demonstrou uma redução de 25-30% na exposição sistêmica da amiodarona e desetilamiodarona. Devido à complexa farmacocinética da amiodarona, o efeito clínico não é claro. O efeito do início do tratamento com Xenical (orlistate) em pacientes sob terapia estável com amiodarona não foi estudado. Uma potencial redução do efeito terapêutico da amiodarona é possível.

Uso na gravidez de Xenical

Não foi estabelecida a segurança de Xenical (orlistate) para mulheres grávidas (categoria B). Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgiãodentista. Em estudos de reprodução em animais, não foram observados efeitos embriotóxicos ou teratogênicos com XenicalXenical (orlistate) não é recomendado durante a gravidez. A secreção do Xenical (orlistate) no leite humano não foi investigada; portanto, Xenical (orlistate) não deve ser administrado a mulheres durante a fase de lactação. (orlistate). Na ausência de teratogenicidade em animais, nenhum efeito tipo malformação deve ser esperado em humanos. Todavia, pela inexistência de dados clínicos, o uso de

Interações medicamentosas de Xenical

Em estudos específicos de interação droga-droga nenhuma interação foi observada com substâncias ou drogas comumente utilizadas, como amitriptilina, atorvastatina, biguanidas, digoxina, fibratos, fluoxetina, losartan, fenitoína, contraceptivos orais, metformina, pravastatina, varfarina, nifedipina, sibutramina ou álcool. Contudo, quando a varfarina ou outros anticoagulantes são administrados em conjunto com Xenical (orlistate), o valor INR deve ser monitorado. Diminuição da absorção da vitamina D, E e beta-caroteno foi observada quando administradas em conjunto com Xenical (orlistate). Se um suplemento multivitamínico for recomendado, deve ser tomado pelo menos 2 horas depois da administração de Xenical (orlistate) ou na hora de dormir. Uma redução nos níveis plasmáticos de ciclosporina foi observada durante a administração concomitante de Xenical (orlistate). Portanto, nesses casos, recomenda-se uma monitoração mais freqüente dos níveis plasmáticos de ciclosporina. Em um estudo farmacocinético, a administração oral de amiodarona durante o tratamento com Xenical (orlistate) demonstrou uma redução de 25-30% na exposição sistêmica da amiodarona e desetilamiodarona. Devido à complexa farmacocinética da amiodarona, o efeito clínico não é claro. O efeito do início do tratamento com Xenical (orlistate) em pacientes sob terapia estável com amiodarona não foi estudado. Uma potencial redução do efeito terapêutico da amiodarona é possível.

Reações adversas / Efeitos colaterais de Xenical

Experiência em estudos clínicos: As reações adversas de Xenical (orlistate) são, em sua absoluta maioria, de natureza gastrintestinal e relacionadas ao próprio efeito farmacológico da droga ao evitar a absorção de parte da gordura ingerida. Os eventos comumente observados são perdas oleosas, flatulência com perdas, urgência fecal, fezes/evacuações gordurosas, aumento das evacuações e incontinência fecal. Sua incidência aumenta à medida que for maior a proporção de gordura da alimentação. Os pacientes devem ser informados sobre a possibilidade de ocorrerem esses eventos gastrintestinais e que podem controlá-los melhor através de uma alimentação adequada, particularmente controlando a quantidade de gordura ingerida. Um ponto a ser destacado é que a ingestão de alimentos com menos gordura diminuirá a incidência dos eventos gastrintestinais, alertando e ajudando o paciente a monitorar e regular sua própria ingestão de gorduras (efeito reeducador). Os eventos gastrintestinais são geralmente leves e transitórios, ocorrendo no início do tratamento (dentro dos três primeiros meses). Nos estudos realizados, a maioria dos pacientes experimentou apenas um episódio. Outros eventos comuns durante o tratamento foram desconforto/dor abdominal, flatulência, fezes amolecidas ou líqüidas, desconforto/dor retal, distúrbios dentais ou gengivais. Houve também relatos de infecções respiratórias altas e baixas, gripe, cefaléia, irregularidades menstruais, ansiedade, fadiga e infecção urinária. Em pacientes com diabetes tipo 2 obesos foram observados hipoglicemia e distensão abdominal. Como a perda de peso induzida por Xenical (orlistate) é acompanhada de um melhor controle metabólico do diabetes do tipo 2, pode ser que haja possibilidade ou mesmo necessidade de se reduzir as doses dos hipoglicemiantes. Em estudo clínico com duração de 4 anos, observou-se um padrão de reações adversas semelhante aos estudos com 1 e 2 anos, com redução ano-a-ano na incidência total de reações gastrointestinais ao longo de 4 anos. Experiência após comercialização do produto: raros casos de hipersensibilidade foram relatados, sendo que os principais sintomas clínicos foram prurido, rash, urticária, angioedema, broncoespasmo e anafilaxia. Casos muito raros de erupção bolhosa, aumento das transaminases e fosfatase alcalina e, em casos excepcionais, hepatite podendo representar gravidade foram reportados após o lançamento. Nenhuma relação causal ou mecanismo fisiopatológico entre hepatite e terapia com Xenical (orlistate) foi estabelecido. Relato de diminuição da protrombina, aumento do INR e descontrole do tratamento com anticoagulante, resultando em alteração dos parâmetros homeostáticos, foram reportados em pacientes tratados concomitantemente com Xenical (orlistate) e anticoagulantes.

Xenical - Posologia

A dose recomendada de Xenical (orlistate) é de uma cápsula de 120 mg, junto com cada uma das três refeições principais (durante ou até uma hora após cada refeição). Caso uma refeição seja omitida o Xenical (orlistate) pode não ser administrado. Os pacientes deverão respeitar uma alimentação levemente hipocalórica, nutricionalmente balanceada, que contenha aproximadamente 30% de calorias provenientes da gordura. Recomenda-se que as refeições sejam ricas em frutas e vegetais. A ingestão diária de gordura, carboidratos e proteínas deverá ser bem distribuída entre as três refeições principais. Doses acima de 120 mg, três vezes ao dia, não demonstraram qualquer benefício adicional. Não foram realizados estudos clínicos em pacientes com insuficiência hepática ou renal e crianças menores de 12 anos.

Superdosagem

Doses únicas de 800 mg de Xenical (orlistate) e doses múltiplas de até 400 mg, três vezes ao dia, por 15 dias, foram estudadas em indivíduos com peso normal e em obesos, sem eventos adversos significantes. Além disso, doses de 240 mg, três vezes ao dia, foram administradas para pacientes obesos durante 6 meses, igualmente sem aumento significativo de qualquer adversidade. Casos de overdose após o lançamento do produto não demonstraram eventos adversos ou apresentaram eventos adversos similares àqueles reportados na dose recomendada. No caso de ocorrência de uma superdose significativa de Xenical (orlistate), recomenda-se que o paciente seja observado durante 24 horas. Com base nos estudos em humanos e em animais, quaisquer efeitos sistêmicos atribuíveis à inibição de lipase do Xenical (orlistate) seriam rapidamente reversíveis.

Xenical - Informações

Xenical (orlistate) é um potente inibidor específico das lipases gastrintestinais, reversível, porém de longa atuação. Xenical (orlistate) exerce sua atividade terapêutica exclusivamente na luz do estômago e do intestino delgado, formando uma ligação covalente com a porção serina do sítio ativo das lipases gástrica e pancreática. A enzima inativada é incapaz de hidrolisar a gordura proveniente dos alimentos, na forma de triglicérides, em ácidos graxos livres e monoglicerídeos absorvíveis e cerca de 30% da gordura dos alimentos ingeridos são eliminadas nas fezes. Visto que os triglicérides não digeridos não são absorvidos, o déficit calórico resultante possui um efeito positivo sobre a redução do peso, não havendo necessidade de absorção sistêmica para a atividade do medicamento. Com base na dosagem da gordura fecal, o efeito de Xenical (orlistate) pode ser verificado em 24 a 48 horas após sua administração. Ao descontinuar o tratamento, o conteúdo de gordura nas fezes retorna aos níveis de pré-tratamento em 48 a 72 horas.

FONTE: http://www.medicinanet.com.br/bula/5508/xenical.htm

REMÉDIOS PARA EMAGRECER







segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ascaridíase


ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença parasitária do homem, causada por um helminto. Habitualmente, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de parasitas, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares, com broncoespasmo, hemoptise e pneumonite, caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com eosinofilia importante. Quando há grande número de parasitas, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal.
Sinonímia - Infecção por Ascaris. Agente etiológico - Ascaris lumbricoides. Reservatório - O homem. Modo de transmissão - Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas.
Período de incubação - O período de incubação dos ovos férteis até o desenvolvimento da larva infectante (L3), no meio exterior e em condições favoráveis, é de aproximadamente 20 dias. O período prépatente da infecção (desde a infecção com ovos embrionados até a presença de ovos nas fezes do hospedeiro) é de 60 a 75 dias.
Período de transmissibilidade - Durante todo o período em que o indivíduo portar o parasita e estiver eliminando ovos pelas fezes. Portanto, longo, quando não se institui o tratamento adequado. As fêmeas fecundadas no aparelho digestivo podem produzir cerca de 200.000 ovos por dia. A duração média de vida dos parasitas adultos é de 12
meses. Quando os ovos embrionados encontram um meio favorável, podem permanecer viáveis e infectantes durante anos.
Complicações - Obstrução intestinal, volvo, perfuração intestinal, colecistite, colelitíase, pancreatite aguda e abcesso hepático.
Diagnóstico - O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes.
Diagnóstico diferencial - Estrongiloidíase, amebíase, apendicite, pneumonias bacterianas, outras parasitoses.

Tratamento - Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 400mg/
dia, em dose única para adultos; em crianças, 10mg/kg, dose única; Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Levamizol, 150mg, VO, em dose única para adultos; crianças abaixo de 8 anos, 40mg; acima de 8 anos, 80mg, também em dose única. Tratamento da obstrução intestinal: Piperazina, 100mg/kg/ dia + óleo mineral, 40 a 60ml/dia + antiespasmódicos + hidratação. Nesse caso, estão indicados sonda nasogástrica e jejum + Mebendazol, 200mg ao dia, dividido em 2 tomadas, por 3 dias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Não há ações específicas de vigilância epidemiológica. Entretanto, deve-se fazer o tratamento como forma de evitar complicações e diminuir as possibilidades de re-infecções. Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE Gerais: Medidas de educação em saúde e de saneamento.
Específicas: Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na manipulação de alimentos. O tratamento em massa das populações tem sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga parasitária. Contudo, se não for associado a medidas de saneamento, a re-infecção pode atingir os níveis anteriores. em pouco tempo.

fonte: www.saúde.gov.br/doencasinfeciosaseparasitaria

sábado, 19 de fevereiro de 2011

CANCRO MOLE


CANCRO MOLE

Também chamado cancro venéreo simples ou cancróide, é doença infecto-contagiosa, essencialmente de transmissão sexual, geralmente localizada na genitália externa, às vezes na região anal.


Epidemiologia e Etiologia :

Seu agente etiológico, denominado Haemophilus ducreyi, é um bastonete Gram-negativo, pequeno, imóvel, aeróbio e não encapsulado. Predomina no sexo masculino, numa proporção de 20 a 30 casos masculinos para 1 feminino, sendo a mulher muitas vezes portadora assintomática. Prevalece nas regiões tropicais e nas comunidades com baixo nível de higiene, apesar dos registros em clínicas privadas e em indivíduos de nível universitário estarem aumentando..

Quadro Clínico :

Após um período de incubação de um a quatro dias, surge a lesão inicial (mácula, pápula, vesícula ou pústula), que rapidamente evolui para ulceração. Inicialmente única, logo se reproduz por auto-inoculação na vizinhança. As lesões ulceradas são dolorosas, com bordas irregulares, talhadas a pique, fundo purulento e anfractuoso, com base mole. O bacilo tem predileção por pele e semimucosas, sendo raro o acometimento de mucosas.

No homem, acomete principalmente prepúcio e sulco banaloprepucial, e, na mulher, grandes e pequenos lábios, fúrcula e colo uterino. Por vezes as lesões podem complicar-se devido à associação fusoespiralar. Em cerca de 5% dos casos, pode surgir o cancro misto de Rollet. Bubão regional (inguinal), quase sempre unilateral, extremamente doloroso, de evolução aguda, culminando em supuração por uma única fístula, ocorre em 30 a 50% dos casos sendo raro no sexo feminino. A pele sobre a adenite apresenta-se fina e eritematosa. Ausência de sintomatologia geral.


Exames Laboratorias :

Os exames utilizados são de baixa sensibilidade, predominando a clínica. Baseiam-se principalmente no exame direto e na cultura. O exame bacterioscópico deve ser feito após limpeza da lesão com soro fisiológico, coletando-se, com alça de platina ou espátula, exsudato pururlento do fundo da lesão, preferencialmente sob as bordas. A positividade ocorre em 50% dos casos. É sempre boa norma a pesquisa de T. Pallidum. Quando o bubão estiver presente, pode-se puncioná-lo e proceder ao esfregaço.


Diagnóstico diferencial :

Quando da presença de lesões ulceradas, deverá ser feiro com cancro sifilítico, herpes simples, tuberculose e donovanose. Quando da presença de adenopatia, deverá ser feito com adenites piogênicas, linfomas, linfogranuloma inguinal e tuberculose. Por ser, na maioria das vezes, o diagnóstico diferencial feito com o cancro duro, estão relacionadas, na tabela adiante, suas principais características.

Cancro Sifilítico Cancro Mole
Período de incubação longo (21 a 30 dias) Período de incubação curto (1 a 4 dias)
Geralmente lesão única Geralmente lesões múltiplas
Erosão/exulceração Ulcerações
Borda em rampa Borda talhada a pique
Fundo limpo e liso fundo sujo, purulento e anfractuoso
Indolor Doloroso
Base dura Base mole
Involui espontaneamente sem deixar cicatriz não involui espontaneamente e cura com sequelas
adenopatia constante, indolor, múltipla, dura e aflegmásica adenopatia em 30 a 50% dos casos, dolorosa, unilateral, supurativa, fistulizante através de orifício único

Tratamento :

Terapêutica sistêmica

  1. Azitromicina : 1 g VO, dose única
  2. Ceftriaxona : 250 mg IM, dose única
  3. Eritromicina : 500 mg VO, de 6/6 h
  4. Tianfenicol : 2 cápsulas de 500 mg VO, de 8/8 h
  5. Tetraciclinas : 600 mg VO, de 6/6 h
  6. Sulfato de Estrepatomicina : 1 g/dia, IM

O tempo mínimo de tratamento é de 10 dias ou até a cura clínica das lesões e/ou adenite, que, em geral, ocorre após duas semanas de tratamento. Deve ser lembrado que tetraciclina e eritromicina, na dose de 2 g diários por 15 dias, estarão tratando eventualmente outras DST (sífilis, gonorréia, uretrites por Chlamydia sp.)

No caso de gestantes, não representa ameaça para a mãe nem para o feto ou neonato. No tratamento devem ser evitadas as tetraciclinas, o tiafenicol no primeiro trimestre de gestação e as sulfas nas últimas semanas de gestação. Eritromicina, à exceção do estolato, é um medicamento efetivo e isento de risco.

Terapêutica local

O tratamento tópico das lesões ulceradas é fundamental para acelerar a sua cicatrização. Deve ser feito com compressas de permanganato de potássio diluído em água morna 1:40.000 ou com água boricada a 2%, 3 vezes ao dia, durante 15 minutos. Quanto a adenite, o repouso é importante na recuperação. Caso apresente flutuação ou tamanho maior do que 5 cm, deverá ser aspirado atravpes da pele normal adjacente, evitando assim sua fistulização. Incisão e drenagem estão contra-indicadas por retardarem o processo de cicatrização e pela possibilidade de disseminação da infecção.

Tratamento epidemiológico

Os parceiros sexuais devem ser tratados durante 10 dias com um dos esquemas citados.


Prognóstico :

A resposta ao tratamento é boa, com esterilização das lesões em 48 horas. No caso de ausência de melhora clínica e laboratorial, é importante a realização de cultura e antibiograma.

Bibliografia:

CAVIDADE BUCAL E SEUS ANEXOS

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ancilostomíase


ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção intestinal causada por nematódeos, que nos caos de infecções leves, pode apresentar-se assintomática. Apresentações clínicas importantes, como um quadro gastrointestinal agudo caracterizado por náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e flatulência, também podem ocorrer. Em crianças com parasitismo intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Com frequência, dependendo da intensidade da infecção, acarreta anemia ferropriva.
Sinonímia - Amarelão, opilação, doença do Jeca Tatu.

Agente etiológico - Nematóides da família Ancylostomidae: A. duodenale e Necator americanus.

Reservatório - O homem.

Modo de transmissão - Os ovos contidos nas fezes são depositados no solo, onde se tornam embrionados. Em condições favoráveis de umidade e temperatura, as larvas se desenvolvem até chegar ao 3º estágio, tornando-se infectantes em um prazo de 7 a 10 dias. A infecção nos homens ocorre quando essas larvas infectantes penetram na pele, geralmente pelos pés, causando dermatite característica. As larvas dos ancilóstomos, após penetrarem pela pele, passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sanguínea e, nos pulmões, penetram nos alvéolos. Daí migram para a traqueia e faringe, são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se fixam, atingindo a maturidade ao final de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de ovos por dia. Período de incubação - Semanas ou meses após a infecção inicial. Período de transmissibilidade - Não se transmite de pessoa a pessoa, porém os indivíduos infectados contaminam o solo durante vários anos, quando não adequadamente tratados. Em condições favoráveis, as larvas permanecem infectantes no solo durante várias semanas. Complicações - Anemia, hipoproteinemia, podendo ocorrer insuficiência cardíaca e anasarca. A migração da larva através dos pulmões pode causar hemorragia e pneumonite. Diagnóstico - Em geral clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de fezes, por meio dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a contagem de ovos pelo Kato-Katz.

Diagnóstico diferencial - Anemia por outras etiologias, outras parasitoses. Tratamento - Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Pode ser usado Albendazol, 2 comprimidos, VO, em dose única (1 comprimido=200mg), ou 10ml de suspensão (5ml=200mg). O Pamoato de Pirantel pode ser usado na dose de 20-30mg/kg/dia, durante 3 dias. O controle de cura é realizado no 7º, 14º e 21º dias após o tratamento, mediante exame parasitológico de fezes. Características epidemiológicas - Distribuição mundial. Ocorre, preferencialmente, em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos, independente da idade. No Brasil, predomina nas áreas rurais, estando muito associada a áreas sem saneamento e cujas populações têm o hábito de andar descalças.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evitando- se, assim, as possíveis complicações.

Notificação - Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, os surtos devem ser notificados aos órgãos de saúde locais.

MEDIDAS DE CONTROLE
Desenvolver atividades de educação em saúde com relação a hábitos pessoais de higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das refeições e o uso de calçados. Evitar a contaminação do solo mediante a instalação de sistemas sanitários para eliminação das fezes, especialmente nas zonas rurais (saneamento). Tratamento das pessoas infectadas

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Amebíase


ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção causada por protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extra-intestinal da doença. O quadro clínico varia de uma forma branda, Podem ou não ocorrer períodos de remissão. Em casos graves, as formas trofozoíticas se disseminam pela corrente sanguínea, provocando abcesso no fígado (com maior frequência), nos pulmões ou cérebro. Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente a óbito.

caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções, até uma diarreia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e calafrios.
Agente etiológico - Entamoeba histolytica. Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - As principais fontes de infecção são a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual, devido a contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos nos componentes da família. Os portadores assintomáticos, que manipulam alimentos, são importantes disseminadores dessa protozoose. Período de incubação - Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos.

Período de transmissibilidade - Quando não tratada, pode durar anos. Complicações - Granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso, abscesso hepático, pulmonar ou cerebral, empiema, pericardite, colite fulminante com perfuração.
Diagnóstico - Presença de trofozoítos ou cistos do parasito encontrados nas fezes; em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia; ou em aspirados de abscesso ou cortes de tecido. Os anticorpos séricos podem ser dosados e são de grande auxílio no
diagnóstico de abscesso hepático amebiano. A ultra-sonografia e tomografia axial computadorizada são úteis no diagnóstico de abscessos amebianos. Tratamento -
1ª opção
- Formas intestinais: Secnidazol - Adultos: 2g, em dose única. Crianças: 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2g/dia. Deve ser evitado no 1º trimestre da gravidez e durante a amamentação. 2ª opção - Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para adultos. Para crianças, recomenda-se 35mg/kg/dia, divididas em 3 tomadas, durante 5 dias. - Formas graves: amebíase intestinal sintomática ou Amebíase extra-intestinal): Metronidazol, 750mg, VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Em crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 dias. 3ª opção - Tinidazol, 2g, VO, para adultos, após uma das refeições, durante 2 dias, para formas intestinais. Formas extra-intestinais: 50mg/kg/dia, durante 2 ou 3 dias, a depender da forma clínica. Em formas graves, utilizar a mesma dosagem das formas leves, por 3 dias. Em crianças, a dosagem recomendada é 50mg/kg/dia.
4ª opção - Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam, 1.500mg/dia, divididas em 3 tomadas de 500mg, dose única para adultos. Em crianças, a dosagem recomendada é de 15mg/kg/dia, durante 5 dias. No tratamento do abscesso hepático, além da medicação específica, pode ser necessária, em alguns casos, a aspiração do abscesso. Drenagem cirúrgica aberta não é recomendada, exceto em casos graves, quando o abscesso é inacessível à aspiração e não responde ao tratamento em até 4 dias. Alguns pacientes se beneficiam de drenagem do peritônio associada à terapia antimicrobiana. O tratamento de suporte está recomendado com hidratação e correção do equilíbrio hidreletrolítico.

Características epidemiológicas - Estima-se que mais de 10% da população mundial estão infectados por E. dispar e E. histolytica, que são espécies morfologicamente idênticas, mas só a última é patogênica, sendo sua ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/ ano. Em países em desenvolvimento, a prevalência da infecção é alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses. Infecções são transmitidas por cistos através da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, liberam os trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos. Eles permanecem viáveis no meio ambiente, ao abrigo de luz solar e em condições de umidade fa-voráveis, durante cerca de 20 dias. Sua ocorrência está associada com condições inadequadas de saneamento básico, deficiência de higiene pessoal/ambiental e determinadas práticas sexuais. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivos - Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou indireta da infecção a outras pessoas. Notificação - Não é doença de notificação compulsória. MEDIDAS DE CONTROLE Gerais: Impedir a contaminação fecal da água e alimentos por meio de medidas de saneamento, educação em saúde, destino adequado das fezes e controle dos indivíduos que manipulam alimentos. Específicas: Lavar as mãos, após o uso do sanitário e lavar cuidadosamente os vegetais com água potável, e deixando-os imersos em hipoclorito de sódio a 2,5% (uma colher de sopa de hipoclorito em 1 litro de água filtrada), durante meia hora, para eliminar os cistos. Evitar práticas sexuais que favoreçam o contato fecal-oral. Investigar os contatos e a fonte de infecção, ou seja, realizar exame coproscópico dos membros do grupo familiar e de outros contatos. O diagnóstico de um caso em quartéis, creches, orfanatos e outras instituições indica a realização de inquérito coproscópico para tratamento dos portadores de cistos. Realizar a fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos, atividade a cargo da vigilância sanitária. Isolamento: Em pacientes internados, precauções do tipo entérico devem ser adotadas. Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação dos alimentos. Desinfeção: Concorrente, destino adequado das fezes.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Acidentes por Animais Peçonhentos


Introdução
Acidentes por Animais Peçonhentos contribui para a difusão de conhecimentos acerca de um agravo usualmente pouco conhecido do profissional de saúde, mas que, invariavelmente, se defronta com um paciente acidentado. Estima-se que ocorrem, anualmente, no Brasil cerca de 20.000 casos de acidentes com serpentes, 5.000 com aranhas e 8.000 com escorpiões, podendo estar relacionados à ocorrência de óbitos ou produção de sequelas. Por questões operacionais, optou-se por abordar os envenenamentos para os quais existem soros específicos, ainda que o tema abranja outros grupos de animais peçonhentos bastante frequentes, porém pouco estudados, como alguns animais aquáticos e os himenópteros (abelhas, vespas, formigas).

Ofidismo
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Envenenamento provocado pela ação de toxinas, através de aparelho inoculador (presas) de serpentes, podendo determinar al terações locais (na região da picada) e sistêmicas. Acidentes por serpentes não peçonhentas são relativamente frequentes, porém não determinam acidentes graves, na maioria dos casos, e, por isso, são considerados de menor importância médica. Agentes causais - No Brasil, são quatro os gêneros de serpentes de interesse médico: Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca), Crotalus (cas cavel), Lachesis (surucucu, pico-de-jaca) e Micrurus (coral verdadeira). Bothrops e Micrurus são encontrados em todo o país, enquanto que Crotalus é mais frequentemente encontrado em campos, áreas abertas e secas. Lachesis habita somente as florestas da Amazônia e da Mata Atlântica. Diversos gêneros de serpentes considerados não-peçonhentas ou de menor importância médica, também, são encontrados em todo o país, sendo causa comum de acidentes: Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus (falsa-coral), Waglerophis (boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri) e Boa (jibóia), dentre outras. Diversos gêneros de serpentes consideradas não-peçonhentas são encontrados em todo o país, sendo também causa comum de acidentes: Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus (falsa-coral), Waglerophis (boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri) e Boa (jibóia), dentre outras.

Manifestações clínicas - Como consequência da absorção do veneno na circulação sanguínea, os mecanismos de ação específicos determinam manifestações clínicas diferenciadas para cada gênero de serpente.

Acidente botrópico - Causado por serpentes do gênero Bothrops. Determina processo inflamatório no local da picada, com edema tenso, equimose, dor e adenomegalia regional, que progridem ao longo do membro acometido. Podem ocorrer bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico e, eventualmente, necrose cutânea. Manifestações sistêmicas podem estar presentes com alteração da coagulação sanguínea e sangramentos espontâneos (gengivorragia, equimoses e hematomas pós-trauma, hematúria). Com base no quadro clínico, pode ser classificado em: leve, moderado e grave.
Acidente laquético - Causado por serpentes do gênero Lachesis. Apresenta quadro clínico semelhante ao botrópico, acrescido de manifestações decorrentes de estimulação vagal (náuseas, vômitos, diarreia, bradicardia, hipotensão e choque).
Acidente crotálico - Causado por serpentes do gênero Crotalus. Não leva a alterações locais proeminentes, apenas edema discreto e parestesia; por outro lado, as manifestações sistêmicas são consequentes à paralisia neuromuscular (ptose palpebral, distúrbios de acomodação visual, de olfato e paladar, sialorreia, ptose mandibular), rabdomiólise (dores musculares generalizadas, urina escura) e incoagulabilidade sanguínea.
Acidente elapídico - Causado por serpentes do gênero Micrurus. Leva a quadro neuroparalítico semelhante ao do acidente crotálico, sem outros sinais e sintomas concomitantes.
Acidente por serpentes não-peçonhentas - Sem gravidade, porém frequente, podendo, em algumas circunstâncias, causar edema, dor e equimose na região da picada.
Acidente por serpentes não-peçonhentas - Sem gravidade, porém frequente, podendo, em algumas circunstâncias, causar edema, dor e equimose na região da picada.
Complicações Acidete botrópico e laquético - Celulite, abcesso, síndrome compartimental (compressão do feixe nervoso secundário ao edema), necrose com amputação e/ou sequela funcional, sangramento ma çico, choque e insuficiência renal aguda.
Acidente crotálico - Insuficiência renal aguda e insuficiência respiratória.
Acidente elapídico - Insuficiência respiratória aguda.

Diagnóstico clínico - Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, baseado nas manifestações apresentadas pelo paciente; o diagnóstico etiológi co, quando há identificação do animal, é pouco frequente. Na ausência de alterações clínicas, o paciente deve ser mantido em observação por 6 a 12 horas seguintes ao acidente, após o que, mantendo-se o quadro inalterado, deve ser considerada a possibilidade de acidente por serpente não-peçonhenta ou acidente por serpente peçonhenta sem envenenamento.

Diagnóstico laboratorial - Não há exame laboratorial para diagnosticar o tipo de acidente. O tempo de coagulação (TC) constitui ferramenta útil para a confirmação dos acidentes botrópico e laquético, quando o quadro local não é muito evidente, e nos acidentes por serpente não peçonhenta ou sem envenenamento. No acidente botrópico, o hemograma pode auxiliar o diagnóstico através de achado de leucocitose, neutrofilia com desvio para a esquerda e plaquetopenia. O sumário de urina pode apresentar hematúria, leucocitúria e proteinúria.

Tratamento - O soro ou antiveneno deve ser específico para cada tipo de acidente. A soroterapia deve ser realizada o mais rapidamente possível e o número de ampo las depende do tipo e da gravidade do acidente A via de administra ção é a endovenosa, devendo-se prestar atenção para a ocorrência de manifestações alérgicas durante e logo após a infusão do antiveneno (urticária, estridor laríngeo, angioedema, náuseas e vômitos, bronco espasmo, hipotensão e choque). Na vigência de reações imediatas, a soroterapia deve ser interrompida e posteriormente reinstituída após o tratamento da anafilaxia. Hidratação endovenosa deve ser iniciada precocemente para prevenir a insuficiência renal aguda. Não há evi dências de que fármacos (antiinflamatórios, heparina) neutralizem os efeitos dos venenos. O único tratamento medicamentoso efetivo pode ser realizado no acidente elapídico, utilizando-se anticolinesterásico (neostigmina ataque: 0,25mg, adultos, ou 0,05mg/kg, crianças, IV; manutenção: 0,05 a 1mg/kg, IV, a cada 4 horas), precedido de atropina IV (0,5mg/kg, adultos, 0,05mg/ kg, crianças). Reações tardias (doença do soro) podem ocorrer 1 a 4 semanas após a soroterapia, com urticá ria, febre baixa, artralgia e adenomegalia.

Características epidemiológicas - O ofidismo constitui, dentre os acidentes por animais peçonhentos, o de maior interesse médico, pela frequência e gravidade. Os acidentes ocorrem em todo o país, porém verifica-se variação significativa por região, com os coeficientes mais elevados no Norte e Centro-oeste. A distribuição por gênero de serpente peçonhenta, entre os casos notificados, indica pre domínio do acidente botrópico (73,5%), seguido do crotálico (7,5%), laquético (3,0%), elapídico (0,7%) e por serpentes não-peçonhentas (3,0%). A sazonalidade é característica marcante, relacionada a fatores climáticos e da atividade humana no campo, que determina ainda um predomínio de incidência nos meses quentes e chuvosos, em indivídu os adultos jovens, do sexo masculino durante o trabalho na zona rural. A letalidade geral é baixa (0,4%). O tempo decorrido entre o acidente e o atendimento e o tipo de envenenamento podem elevar a letalidade em até oito vezes essa taxa, como no envenenamento crotálico, quando o atendimento é realizado mais de 6 a 12 horas após o acidente (4,7%). Por outro lado, a frequência
de sequelas, relacionada a complicações locais, é bem mais elevada, situada em 10% nos acidentes botrópicos, associada a fatores de risco, como o uso de torniquete, picada em extremidades (dedos de mãos e pés) e retardo na administração da soroterapia.
Fonte: www.saúde.gov.br/publicações/manuais tecnicos

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Aconselhamento para DST e aids nos serviços de pré-natal e parto


A prática do aconselhamento desempenha um papel importante no diagnóstico da infecção pelo HIV e outras DST, bem como na qualidade da atenção à saúde. Contribui para a promoção da atenção integral, possibilitando avaliar vulnerabilidades e riscos com a consideração das especificidades de cada usuário ou segmento populacional. O aconselhamento necessita cuidar dos aspectos emocionais, tendo como foco a saúde sexual, a saúde reprodutiva, avaliação de vulnerabilidades e Direitos Humanos. Atualmente, é uma estratégia que se insere em vários momentos do atendimento e em diversos contextos dos serviços no SUS, inclusive no pré-natal e no parto.
O aconselhamento se fundamenta na interação e na relação de confiança que se estabelece entre o profissional e o usuário. Logo, o papel do profissional sempre é o da escuta sobre as preocupações e as dúvidas dos usuários. Para tanto é necessário que haja, por parte do profissional, o desenvolvimento de habilidade para a realização de perguntas sobre a vida íntima das pessoas, com a finalidade de propor questões que facilitem a reflexão e a superação de dificuldades, a adoção de práticas seguras e a promoção da qualidade de vida. Para que todos esses objetivos sejam alcançados, é fundamental que, durante todo o atendimento, a linguagem utilizada seja acessível ao usuário. A integralidade, subjetividade e compreensão dos diversos contextos de vulnerabilidades são elementos fundamentais para a abordagem de redução de riscos. No entanto, as equipes de saúde ainda sentem dificuldades na abordagem de questões relativas à sexualidade, percebendo-se intervenções que não atendem plenamente as necessidades específicas das pessoas, tendo em vista os contextos de vulnerabilidade onde se encontram inseridas.

Essa lacuna traz como conseqüência dificuldades no acolhimento às necessidades específicas da mulher na circunstância de pré-natal, parto e puerpério, e de promoção da sua saúde integral. Para compreender o caminho que as mulheres percorrem em direção à infecção pelo HIV, sífilis, ou outra DST, é necessário aperfeiçoar a escuta e a abordagem dos profissionais de saúde a esse segmento, respeitando suas especificidades biológicas, psicossociais e culturais, e suas circunstâncias de ser, viver e sentir. No contexto dos serviços de pré-natal e das maternidades, essas ações devem ser estruturadas como um conjunto de intervenções da equipe, adequando-se às possibilidades reais de cada serviço, dispondo de profissionais capacitados, para assegurar tais condutas durante todo o pré-natal, no momento do parto e no pós-parto.

No caso das mulheres, a qualidade dessa relação com o profissional de saúde na prática do aconselhamento significa uma oportunidade para avaliar fatores de vulnerabilidade e exposição ao risco de infecção pelo HIV e outras DST, no presente ou em épocas passadas, preparando-a para a recepção do diagnóstico de HIV ou para a adoção das medidas de prevenção dessa infecção e de outras DST. O diagnóstico da infecção pelo HIV, quando feito no início da gestação, possibilita os melhores resultados relacionados ao controle da infecção materna e, conseqüentemente, os melhores resultados de profilaxia da transmissão vertical desse vírus. Por esse motivo, o teste anti-HIV deve ser oferecido a todas as gestantes tão logo se inicie o pré-natal. A adesão à testagem, entretanto, deve ser sempre voluntária e confidencial.

1.1 Aconselhamento pré-teste (individual e/ou coletivo)
Fazem parte desta etapa o acolhimento, o estabelecimento de vínculo, o mapeamento de situações de vulnerabilidade e a orientação sobre o teste. O grau de aprofundamento da abordagem destes conteúdos irá depender do conhecimento das DST/aids, percepção de risco e disponibilidade de tempo das mulheres gestantes.
Apresentação e acolhimento É importante que o profissional estabeleça um ambiente favorável para o diálogo e esteja atento para:
• Assegurar um mínimo de privacidade;
• Destacar o objetivo do atendimento;
• Reforçar a garantia do sigilo;
• Estimular a fala da gestante, identificando fatores de vulnerabilidade e risco.
Levantamento de conhecimento sobre DST/aids, práticas de risco e vulnerabilidade das mulheres gestantes É importante levar em consideração os distintos níveis de conhecimento das gestantes sobre transmissão, prevenção e viver com HIV e aids. Tais diferenças podem estar associadas ao nível de escolaridade e renda, bem como à percepção individual sobre risco e vulnerabilidade. A busca espontânea pela testagem pode traduzir percepção de risco, permitindo abreviar este momento. A abordagem inicial permite identificar o conhecimento das gestantes sobre DST e aids, iniciar o “mapeamento” das situações de vulnerabilidade e de risco em que elas possam estar inseridas, bem como a motivação para a realização do teste. Esses conteúdos deverão ser complementados e aprofundados após o resultado do teste, permitindo uma abordagem sobre aspectos de sua vida íntima, tais como práticas sexuais e uso de drogas.

Neste momento é necessário considerar:
• Os conhecimentos assimilados sobre a infecção pelo HIV/aids e outras DST;
• Práticas sexuais com e sem proteção (tipos de vínculo com parceria sexual, orientação e práticas sexuais, dificuldades no uso de preservativo);
• Contextos de vulnerabilidades;
• Uso de drogas (tipo e formas de uso, contextos de utilização, hábitos dos parceiros, dificuldades no uso de preservativos sob efeito de álcool e outras drogas);
• Histórico de DST;
• A possibilidade de “janela imunológica”.
Também é de fundamental importância:
• Explicar o que é o teste anti-HIV; como ele é feito; o que mede e quais são suas limitações, explicitando o significado dos resultados negativo, indeterminado e positivo;
• Explicar os benefícios do diagnóstico precoce na gravidez, tanto para o controle da doença materna quanto para a prevenção da transmissão vertical, reforçando as chances dessa prevenção;
• Mencionar o caráter confidencial e voluntário do teste anti-HIV;
• Discutir as vantagens e implicações dos dois métodos utilizados para a realização do teste.

No caso do teste rápido, o período de espera do resultado poderá ser ocupado no aprofundamento da avaliação de riscos com a gestante e com a realização de atividades como, por exemplo, a disponibilização ou leitura de material educativo, esclarecimento de dúvidas com a equipe de saúde, atividades de sala de espera tais como vídeos, palestras ou grupos de discussão, que dependem da organização de cada serviço para sua realização. Dentre os temas que poderão ser abordados nos espaços coletivos, respeitando-se a linguagem e a profundidade adequadas à população de gestantes que se assiste, destacam-se:
• Agentes etiológicos e mecanismos de transmissão;
• Abordagem relativa aos conceitos de risco e vulnerabilidade;
• Significados da exposição ao risco, em situação atual e/ou pregressa, para a infecção pelo HIV, sífilis e outras DST;
• Diferença entre ser portador do HIV e desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids);
• Mecanismos de prevenção, diagnóstico/tratamento e controle da infecção materna;
• Ações voltadas para a prevenção da transmissão vertical do HIV;
• Informações sobre o teste e os possíveis resultados. Após serem dadas as orientações necessárias para a realização do teste, tanto a gestante quanto o profissional de saúde deverão assinar o termo de consentimento ou recusa para a testagem, conforme modelo a seguir. Esse modelo pode ser adaptado conforme a realidade local, considerando-se as diferentes culturas e especificidades.

1.2 Aconselhamento pós- teste
Entrega do resultado: Neste momento, é importante garantir o sigilo, explicar o resultado do teste e orientar as gestantes, individualizando seu significado. O resultado deve ser anotado no Cartão da Gestante e no prontuário utilizando, preferencialmente, o CID 10 em casos positivos. É importante utilizar as informações já reveladas no momento anterior, complementando as informações sobre, por exemplo, orientação e práticas sexuais, uso de álcool e outras drogas, levantando o mínimo de dados necessários para contextualizar as orientações sobre medidas preventivas e redução das vulnerabilidades e dos riscos.

Resultado negativo
Nesta situação, a prioridade é reforçar as orientações sobre as medidas de prevenção para evitar futuras exposições de risco. É necessária a atenção do profissional, pois a sensação de alívio deste momento pode desvalorizar a intervenção para adoção de práticas seguras.
Neste momento é essencial:

• Explicar o significado do resultado negativo, reforçando que a testagem não evita a transmissão em novas exposições;
• Verificar a possibilidade de janela imunológica caso tenha ocorrido alguma exposição ao risco nas quatro semanas que antecederam a realização do teste, indicando retorno para retestagem após 30 dias, ressaltando a necessidade de adotar as medidas de prevenção;
• Lembrar que cada gestante tem suas especificidades. Assim, é necessário que as orientações considerem seu estilo de vida ou sua condição atual como, por exemplo, dificuldades na negociação do preservativo; uso de barreiras nas diferentes práticas sexuais, com os diferentes tipos de parceiros (fixos ou eventuais); práticas sexuais sob efeito de drogas (lícitas e /ou ilícitas, inclusive o álcool) e a ocorrência de violência doméstica e violência sexual.
• Reforçar as informações sobre vulnerabilidade e risco, orientando sobre a prevenção de DST e aids. Importante discutir com a gestante as possíveis estratégias de redução de vulnerabilidades e de riscos;
• Para as gestantes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas: discutir estratégias de redução de danos, reforçando a necessidade do uso de preservativo e do não-compartilhamento de seringas e agulhas, no caso do uso de drogas injetáveis. Considerar o encaminhamento para Programas de Redução de Danos (PRD) e/ou Centro de Atenção Psicossocial para tratamento da dependência química;
• Reforçar a importância de testagem do parceiro fixo;
• O apoio emocional deve permear todo o atendimento; quando necessário encaminhar o usuário para atendimento na área de saúde mental.

Resultado positivo
O impacto do resultado positivo costuma ser intenso, tanto para a gestante quanto para o profissional. Portanto, é fundamental que o profissional esteja preparado para oferecer apoio emocional, respeitando o tempo da gestante, bem como a reação ao resultado. Informações sobre o significado do resultado, as possibilidades de tratamento para a gestante e a possibilidade de evitar a infecção de seu bebê, encaminhamentos necessários e discussão sobre as medidas de prevenção a serem adotadas, devem ser oferecidas e abordadas de acordo com a condição emocional das gestantes, assim como seu grau de escolaridade.
Neste momento é importante:
• Reafirmar o sigilo do resultado;
• Garantir à gestante o tempo necessário para assimilação do diagnóstico, exposição das dúvidas e expressão dos sentimentos (raiva, ansiedade, depressão, medo, negação etc.);
• Informar sobre a prevenção da transmissão vertical, ressaltando a possibilidade do bebê não ser infectado;
• Lembrar que o resultado positivo não significa morte, enfatizando os avanços do tratamento da infecção pelo HIV (melhora da qualidade e expectativa de vida, redução de morbimortalidade);
• Estimular a adesão, ressaltando a importância do acompanhamento médico e psicossocial para o controle da infecção e para a promoção da saúde, durante e após a gestação;
• Informar a importância da testagem dos parceiros sexuais, oferecendo apoio, caso sejam identificadas dificuldades nesse sentido;
• Discutir estratégias de redução de riscos que levem em conta as informações coletadas no pré-teste, lembrando-se, principalmente, da vulnerabilidade, das questões relacionadas a gênero, de direitos reprodutivos, de diversidade sexual e de uso de drogas;
• Para as gestantes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas: discutir estratégias de redução de danos, reforçando a necessidade do uso de preservativo e do não compartilhamento de seringas e agulhas, no caso de uso de droga injetável, para que a usuária reduza seus riscos de reinfecção e de transmissão para seus pares. Novamente considerar o encaminhamento para Programas de Redução de Danos (PRD) e/ou Centro de Atenção Psicossocial para tratamento da dependência química;
• Indicar grupos de apoio existentes na comunidade, no serviço ou em ONG locais;
• Agendar consulta conforme fluxo do serviço.

Na situação em que a gestante resista ou apresente dificuldades em revelar o diagnóstico positivo para o(s) parceiro(s) sexual(ais), o profissional de saúde deverá respeitar o direito da mulher. No entanto, deverá esgotar os fortes argumentos para evidenciar as vantagens da revelação, inclusive disponibilizando-se para participar do momento da revelação. Caso o profissional de saúde tenha esgotado as possibilidades de sensibilização da gestante para a revelação de sua condição a seu (sua) parceiro(a), caracterizando-se a recusa, o médico da equipe poderá informá-la da possibilidade de contatar seu (sua) parceiro(a) para oferecimento do teste, conforme Resolução 1665/2003 do Conselho Federal Medicina: “O médico não poderá transmitir informações sobre a condição do portador do vírus da SIDA (AIDS), mesmo quando submetido a normas de trabalho em serviço público ou privado, salvo nos casos previstos em lei, especialmente quando disto resultar a proibição da internação, a interrupção ou limitação do tratamento ou a transferência dos custos para o paciente ou sua família.”

Resultado indeterminado
Orientar sobre a possibilidade de “janela imunológica” e a necessidade de nova coleta de exame após 30 dias.
Reforçar os cuidados de prevenção.
1.3 Aconselhamento nos serviços.

A - Programas de agentes comunitários de saúde
Os agentes comunitários de saúde têm um papel essencial na identificação tanto das gestantes que não realizaram o pré-natal e a testagem para o HIV nas comunidades que atuam, quanto das vulnerabilidades e risco dessas mulheres. Para isso, é importante que incluam na sua rotina um olhar sobre os diferentes contextos de vida das gestantes e tenham uma abordagem objetiva sobre a importância da saúde gestacional, da prevenção das DST e encaminhamentos para os serviços de saúde de referência. As ações do agente comunitário de saúde na comunidade contribuem para o aumento da procura pelo serviço, para a desmistificação da testagem anti-HIV e melhora a receptividade para o aconselhamento e mudança de práticas. É muito importante que o agente comunitário, como todo profissional da saúde, esteja atento para não emitir juízos de valor, atitudes de preconceito e quebra de sigilo.

Competência do agente comunitário de saúde
O atendimento qualificado do agente comunitário de saúde implica em:
• Prestar informações relacionadas às DST/aids;
• Disponibilizar insumos de prevenção;
• Encaminhar as gestantes para as unidades de saúde para realização da testagem, repassando para a equipe informações sobre as vulnerabilidades específicas de cada situação, preservando confidencialidade e sigilo;
• Oferecer apoio nas situações em que as gestantes compartilham suas angústias;
• Ter disponibilidade para o diálogo no processo de aceitar o resultado positivo, esclarecer dúvidas sobre práticas preventivas e identificar referências de apoio social.

B - Maternidades
A situação do parto não se constitui o momento ideal para o aconselhamento relacionado às DST/aids. Diante da necessidade de realização do teste anti-HIV para as mulheres que não tiveram a oportunidade durante o pré-natal, é importante que se estabeleça um vínculo e acolhimento mínimo para:
• Reafirmar sigilo;
Informar da necessidade e vantagens do teste;
• Obter o consentimento;
• Sinalizar sobre um encontro pós-parto, para uma abordagem mais pormenorizada;
• Obter o consentimento, por escrito, conforme descrito no item referente ao pré-teste.

ACONSELHAMENTO PÓS-TESTE NA MATERNIDADE:
Considerando o período curto de permanência na maternidade, é importante criar oportunidades para o aconselhamento pós-teste, proporcionando orientações importantes para a qualidade de vida.
No centro obstétrico
Resultado negativo
Considerar os conteúdos já referidos anteriormente, no item 1.2, Resultado Negativo – Entrega de Resultado
Resultado positivo
• Informar o resultado do exame;
• Orientar sobre as ações de prevenção da transmissão vertical do HIV a ser implementadas antes e durante o parto;
• Orientar quanto à via de parto de acordo com a indicação obstétrica e carga viral;
• Promover apoio emocional;
• Caso a parturiente esteja com acompanhante, verificar conjuntamente a possibilidade de incluí-lo no processo.
No alojamento conjunto:
Resultado negativo
Considerar os conteúdos já referidos anteriormente, no item 1.2, Resultado Negativo – Entrega de Resultado
Resultado positivo
• Avaliar a necessidade de apoio para compartilhar o resultado com o parceiro e rede social;
• Enfatizar as condutas preventivas (não amamentação) e outros cuidados realizadas para a proteção do RN e outros procedimentos necessários para a saúde da mãe;
• Informar sobre a necessidade de acompanhamento e adesão ao tratamento do binômio mãe-filho pós-alta;
• Rever e esclarecer informações e orientações recebidas no pré-natal e relacionadas às condutas realizadas durante e após o parto;
Informar sobre o direito ao acesso à fórmula infantil para alimentação do RN;
• Enfatizar a importância do uso de preservativos e oferecer apoio para as dificuldades encontradas para tanto.

C - Serviço de Referência
(conforme estabelecido pela estruturação da rede local)
Após o parto, o ingresso da mulher com teste positivo no serviço de referência, estabelece a necessidade de reforçar alguns aspectos que podem não ter sido adequadamente trabalhados no aconselhamento em função da fragilidade emocional que permeia essa situação. É preciso sempre verificar se o significado do resultado positivo do teste foi compreendido, enfatizar a necessidade de testagem do(a) parceiro(a) e iniciar o acompanhamento ambulatorial. É necessário avaliar se os aspectos relacionados ao aconselhamento pós-teste positivo foram adequadamente trabalhados e compreendidos pelas gestantes, reforçando os seguintes itens:
• Avaliar a necessidade de apoio para compartilhar o resultado com o parceiro e rede social;
• Verificar se o parceiro foi testado e a necessidade de apoio para encaminhá-lo;
• Enfatizar a importância da adesão ao acompanhamento e ao tratamento, para a eficácia da prevenção da transmissão vertical do HIV.
Aconselhamento da puérpera no Serviço de Referência
É importante que a puérpera que teve seu diagnóstico estabelecido na maternidade tenha um bom acolhimento e possa expor suas dúvidas e angústias sobre seu status sorológico e sobre o tratamento, que não tenham sido suficientemente esgotadas na maternidade.
Enfocar especialmente os seguintes aspectos:
• Significados e percepções da mulher a respeito do resultado positivo (processo de aceitação e fantasias que surgem a partir do resultado);
• Sentimentos em relação a sua condição sorológica;
• Sentimentos em relação ao bebê;
• Enfatizar a importância da adesão ao seu tratamento e à profilaxia do RN exposto;
• Avaliar as dificuldades enfrentadas pela puérpera na implementação das condutas preventivas para a proteção do RN e outros procedimentos necessários para a saúde da mãe;
• Esclarecer as orientações, já recebidas no pré-natal, sobre condutas após o parto para a prevenção da TV.
D - Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)
Os CTA foram estruturados para possibilitar o acesso ao diagnóstico do HIV, com anonimato, para populações que se percebem em risco para a infecção pelo HIV. Têm como principal atribuição o atendimento de segmentos mais vulneráveis. A maioria destes centros estão organizados com equipes multidisciplinares dedicadas exclusivamente às ações de diagnóstico e aconselhamento em relação ao HIV, à sífilis e às hepatites virais B e C, permitindo um tempo maior de contato com o usuário e possibilitando, portanto, uma melhor avaliação de risco, fortalecendo as estratégias para redução de vulnerabilidades. Existe um número significativo de gestantes sendo atendidas nesses serviços, até que os serviços de pré-natal tenham efetivamente implantado o diagnóstico do HIV na rotina de trabalho. Neste ambiente é possível ter um tempo maior para abordagem, havendo oportunidade para maior detalhamento de conteúdos e para uma orientação que considere as especificidades de cada gestante.

Fonte:http://hivaidsclearinghouse.unesco.org/search/resource /bie_ministerio_da_saude_protocolo_prevencao_de_transmissao_vertical_de_hiv_sifilis_po.pdf

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Influenza Pandêmica A(H1N1)2009


Os vírus da influenza A e B possuem vários subtipos que sofrem contínuas mutações, surgindo novas cepas. Em geral, as novas cepas que passam a infectar humanos apresentam diferentes graus de distinção em relação àquelas até então circulantes, devido ao referido processo de mutação, possivelmente por meio da recombinação de genes entre cepas que infectam diferentes espécies animais. Em abril de 2009, foi detectado no México um novo vírus da Influenza A, o (H1N1), colocando em alerta a Saúde Pública mundial. Esta nova cepa rapidamente se disseminou causando uma pandemia e o agente passou a serdenominado vírus influenza pandêmico (H1N1) 2009. Até a semana epidemiológica 47, que terminou em 28 de novembro de 2009, casos de influenza provocados por este agente haviam sido confirmados laboratorialmente
em 207 países, incluindo 8.768 óbitos. Para o enfrentamento dessas situações, planos para as fases de contingência e mitigação do problema foram elaborados e vêm sendo sistematicamente atualizados pelo Ministério da Saúde com base nas orientações emanadas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e OPAS, bem como do conhecimento que está sendo produzido no curso desse evento. Até o momento de edição deste livro, cerca de 1.329 artigos foram publicados nos principais jornais científicos do mundo sobre o tema.
Agente etiológico subtipos de hemaglutinina imunologicamente distintos (H1, H2 e H3) e duas neuraminidases (N1 e N2). A nomenclatura dos vírus influenza - Vírus da Influenza pertence à família Ortomixiviridae. São vírus RNA de hélice única, que se subdividem em três tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os tipos A, responsáveis pela ocorrência da maioria das epidemias de gripe, são mais suscetíveis a variações antigênicas, razão pela qual, periodicamente, suas variantes sofrem alterações na estrutura genômica, contribuindo para a existência de diversos subtipos. São classificados de acordo com os tipos de proteínas que se localizam em sua superfície, chamadas de hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). A proteína H está associada à infecção das células do trato respiratório superior, onde o vírus se multiplica; enquanto a proteína N facilita a saída das partículas virais do interior das células infectadas. Nos vírus influenza A humanos, já foram caracterizados três definida pela OMS inclui, na seguinte ordem: tipo de vírus influenza; localização geográfica onde o vírus foi isolado pela primeira vez; o número da série que recebe no laboratório e; ano do isolamento. Quando é influenza do tipo A, a descrição dos antígenos de superfície do vírus, ou seja, da hemaglutinina e da neuraminidase, é apresentada entre parênteses, como, por exemplo, A/Sydney/5/97(H3N2). Sinonímia - Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica, influenza suína, Gripe pandêmica, influenza humana pandêmica. Reservatório - Os reservatórios conhecidos na natureza para o vírus da influenza são os seres humanos, os suínos, os equinos, as focas e as aves. As aves migratórias, principalmente as aquáticas e as silvestres, desempenham importante papel na disseminação natural da doença entre distintos pontos do globo terrestre. Em geral, a transmissão ocorre dentro da mesma espécie, exceto no porco, cujas células têm receptores para os vírus humanos e aviários. Os vírus influenza do tipo A infectam seres humanos, suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves; os do tipo B ocorrem exclusivamente em seres humanos; e os do tipo C, em seres humanos e suínos. Modo de transmissão - O modo mais comum é a transmissão direta (pessoa a pessoa), por meio de pequenas gotículas de aerossol (>5 milimicras de diâmetro) expelidas pelo indivíduo infectado com o vírus (ao falar, tossir e espirrar) às pessoas suscetíveis. Também há evidências de transmissão pelo modo indireto, por meio do contato com as secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. A eficiência da transmissão por essas vias depende da carga viral e fatores ambientais (umidade e temperatura) e ao tempo transcorrido entre a contaminação e o contato com a superfície contaminada. O modo indireto também ocorre por meio do contato com
as secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. Período de incubação - Dados produzidos por alguns países, indicam que, atualmente, o período de incubação relacionado ao novo vírus da Influenza Pandêmica A(H1N1) 2009, pode variar de 1 a 7 dias, sendo mais comum entre 1 a 4 dias. Período de transmissibilidade - Informações preliminares dos casos de Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica investigados até o momento indicam que, para o adulto, o período pode variar de 1 dia antes até o 7° dia após o início dos sintomas e, para menores de 12 anos, 1 dia antes até o 14° dia após o início dos sintomas. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS Manifestações clínicas - Clinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. A febre é, sem dúvida, o sintoma mais importante e perdura em torno de 3 dias. Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da doença. Com a sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evidentes e mantêm-se em geral por 3 a 4 dias, após o desaparecimento da febre. É comum a queixa de garganta seca, rouquidão, tosse seca e queimação retro-esternal ao tossir, bem como pele quente e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com aumento de secreção nasal hialina. O quadro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos cervicais. Quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em crianças. Os idosos quase sempre apresentam-se febris, às vezes sem outros sintomas, mas em geral a temperatura não atinge níveis tão altos, ou mesmo cursam sem febre. As situações reconhecidamente de risco para desenvolvimento de formas graves e de óbito incluem gestação, idade menor do que 2 anos ou maior que 60 anos e presença de comorbidades, como doença pulmonar crônica (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC), cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica, por exemplo), doença metabólica crônica (diabetes, obesidade mórbida, por exemplo), imunodeficiência ou imunodepressão, doençaAs complicações são mais comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. As mais frequentes são as pneumonias bacterianas secundárias, sendo geralmente provocadas pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus e Haemophillus influenzae. Uma complicação incomum, e muito grave, é a pneumonia viral primária pelo vírus da influenza. Nos imunocomprometidos, o quadro clínico é geralmente mais arrastado e, muitas vezes, mais grave. Gestantes com quadro de influenza especialmente no segundo ou terceiro trimestre da gravidez estão mais propensas à agravamento do quadro clínico o que exige internação hospitalar. Dentre as complicações não pulmonares em crianças, destaca-se a síndrome de Reye, que também está associada aos quadros de varicela. Esta síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração gordurosa do fígado, após o uso do ácido acetil salicílico (AAS), na vigência de um desses quadros virais. Recomenda-se, portanto, que não sejam utilizados medicamentos do tipo ácido acetil salicílico, em crianças com síndrome gripal ou com varicela. Entre outras complicações incluem miosite, miocardite, pericardite, síndrome do choque tóxico, síndrome de Guillain-Barré e, mais raramente, encefalite e mielite transversa. Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico - A descrição dos poucos casos de pacientes hospitalizados infectados por influenza pandêmica A(H1N1) 2009 pandêmica, em alguns países (ex.: Tailândia, Vietnã, Indonésia), revela que as manifestações iniciais são febre alta (>38°C), acompanhada de tosse, dor de garganta e sintomas do trato respiratório inferior. Há relato da presença de diarreia, vômitos, dor abdominal, dor pleurítica e sangramento do nariz e gengiva. Embora rara, pode ocorrer também conjuntivite. Além disso, já foram identificados dois pacientes com doença encefalopática e diarreia, sem sintomas respiratórios. Tem sido observado o desenvolvimento de manifestações respiratórias baixas, no início da doença, com dispneia em média 5 dias após o início dos sintomas (variando de 1 a 16 dias), sibilos inspiratórios e escarro (frequentemente hemoptóico). A evolução para insuficiência respiratória aguda (IRA) é comum e tem sido associada a infiltrado pulmonar com aparência de vidro fosco, difuso e bilateral, evoluindo, em média, 6 dias (intervalo de 4 a 13 dias) após os sintomas iniciais. É frequente a constatação clínica de pneumonia viral primária, em praticamente todos os pacientes. Em geral, as alterações radiológicas surgem, em média, 7 dias após o início dos sintomas (intervalo de 3 a 17 dias) e incluem: infiltrado pulmonar localizado multifocal ou difuso; infiltrado intersticial e consolidação lobular ou segmentar, com broncograma aéreo. O derrame pleural é incomum. Falência de múltiplos órgãos com sinais de insuficiência renal e comprometimento cardíaco (dilatação e taquiarritmias supraventriculares) tem sido habitual. Outras complicações identificadas são: pneumonia associada ao ventilador, hemorragia pulmonar, pneumotórax, pancitopenia, síndrome de Reye e sepsis sem bacteremia documentada. Os achados laboratoriais mais presentes são: leucopenia com linfocitopenia, trombocitopenia e aumento de transaminases de leve a moderada. Pode ocorrer ainda hiperglicemia e aumento de creatinina. É importante realizar o monitoramento clínico para detecção do agravamento dos quadros Como visto, as situações de risco para desenvolvimento de formas graves e óbito incluem gestação, idade menor do que 2 anos e presença de comorbidades, como doença pulmonar crônica, cardiopatias, doença metabólica crônica, imunodeficiência ou imunodepressão, doença crônica renal e hemoglobinopatias. As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. Tem sido ainda relatado que a população indígena também apresenta risco acrescido para desenvolver forma grave ou óbito. O quadro, na maioria dos casos de Influenza Pandêmica A(H1N1) 2009 pandêmica, é benigno e autolimitado, clinicamente moderado, caracterizado por febre, tosse, coriza, dor de cabeça e mal-estar. No entanto, tem-se observado uma proporção de pacientes que apresentam a forma grave, com importante acometimento pulmonar, que pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória, principalmente em grupos de risco já conhecidos para complicações para influenza sazonal. Cerca de 90% dos pacientes apresentam início abrupto, com febre alta, em geral acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de garganta, rinorreia, artralgias, prostração, dor de cabeça e tosse seca. Diarreia, vômitos e fadiga podem estar presentes. Atualmente, os casos que apresentam febre alta (>38°C), tosse e dispneia são classificados como síndrome respiratória aguda grave, devendo ser cuidadosamente avaliados. Desde 16 de julho de 2009, após a declaração de transmissão sustentada, o Ministério da Saúde, em articulação com as secretarias de saúde dos estados e municípios, realiza a vigilância epidemiológica de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e de surtos por síndrome gripal, com os objetivos de melhorar o conhecimento do comportamento epidemiológico da doença e de reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos. Diagnóstico diferencial - As características clínicas não são específicas e o principal diagnóstico diferencial é com a Influenza Sazonal (vide capítulo na página 261). Podem também ser similares àquelas causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob a forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo, tais como rinovírus, vírus parainfluenza, vírus respiratório sincicial, adenovírus e coronavírus. Mesmo sendo mais intensos os sintomas sistêmicos da Influenza pandêmica (H1N1)2009 são os mesmos que o da gripe sazonal e o diagnóstico diferencial, apenas pelo quadro clínico, entre as mesmas, pode se tornar difícil. Diagnóstico laboratorial - Os procedimentos apropriados de coleta, transporte, processamento e armazenamento de espécimes são de que pode haver particularidades para cada etapa De forma geral, o espécime preferencial para o diagnóstico laboratorial é a secreção da nasofaringe (SNF), colhido de preferência nos primeiros três dias de aparecimento dos sinais e sintomas até no máximo o 7° dia. (mas, preferencialmente, até o 3° dia). A partir de 1 de janeiro de 2010, será objeto de notificação e coleta de material biológico apenas os casos de SRAG que forem hospitalizados. Tal medida justifica-se devido ao aumento no número de amostras coletadas a partir de casos suspeitos de síndrome gripal, durante a ocorrência da atual pandemia. Desde então os laboratórios de referência passaram a priorizar o processamento de amostras e diagnóstico de casos graves e óbitos. Os agentes infecciosos prioritários para investigação etiológica são os vírus influenza e os agentes etiológicos responsáveis por quadros de pneumonia bacteriana. As amostras de secreções respiratórias devem ser coletadas preferencialmente no 3° dia após o início dos sintomas e, no máximo, até o 7° dia. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias : guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 8. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 444 p. :