ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Biologia do Fígado e da Vesícula Biliar


Localizados na porção superior direita do abdômen, o fígado e a vesícula biliar estão conectados por ductos conhecidos como vias biliares. No entanto, apesar dessa conexão e do fato do fígado e da vesícula biliar participarem em algumas funções comuns, eles são diferentes. O fígado, o qual possui uma forma de cunha, é a fábrica de elementos químicos do organismo. Trata-se de um órgão complexo que desempenha muitas funções vitais, da regulação da concentração de substâncias químicas no organismo até a produção de substâncias que intervêm na coagulação do sangue durante uma hemorragia. Por outro lado, a vesícula biliar, que possui uma forma de pêra, é simplesmente um pequeno reservatório de bile, um líquido produzido pelo fígado que facilita a digestão dos alimentos.

Fígado

O fígado é o maior e, em alguns aspectos, o mais complexo órgão do corpo humano. Uma de suas principais funções é degradar as substâncias tóxicas absorvidas do intestino ou produzi das em outras áreas do corpo e, em seguida, excretá-las como subprodutos inofensivos pela bile ou pelo sangue. Os subprodutos da bile passam para o intestino e são eliminados do organismo com as fezes. Os subprodutos do sangue são filtrados pelos rins e, em seguida, são eliminados pelo organismo na urina. O fígado produz aproximadamente metade do colesterol do organismo. O restante é oriundo dos alimentos. Cerca de 80% do colesterol produzido pelo fígado é utilizado na produção de bile.

O colesterol é uma parte vital da membrana celular e é necessário para a produção de determinados hormônios (p.ex., o estrogênio, a testosterona e a adrenalina e a noradrenalina). O fígado também converte as substâncias contidas nos alimentos digeridos em proteínas, gorduras e carboidratos. Os açúcares são armazenados no fígado sob a forma de glicogênio e, quando necessário (p.ex., quando a concentração de açúcar no sangue torna-se muito baixa), são fracionados e liberados na corrente sangüínea sob a forma de glicose. Uma outra função do fígado é a sintetização de muitos compostos importantes, sobretudo de proteínas, que o corpo utiliza para realizar diferentes funções.

Entre elas encontram-se substâncias necessárias para o processo de coagulação do sangue quando ocorre uma hemorragia. Essas substâncias são conhecidas como fatores da coagulação. O fígado recebe sangue tanto do intestino quanto do coração. Pequenos capilares da parede intestinal desembocam na veia porta, que penetra no fígado. A seguir, o sangue circula através de uma rede de pequenos canais internos, no interior do fígado, onde ocorre o processamento de nutrientes digeridos e de substâncias nocivas. A artéria hepática transporta o sangue do coração ao fígado e o sangue transporta oxigênio para o tecido hepático em si, assim como colesterol e outras substâncias para serem processadas.

Em seguida, o sangue do intestino e do coração misturam-se e circulam de volta ao coração através da veia hepática. As disfunções hepáticas podem ser, a grosso modo, divididas em dois grupos: aquelas causadas por uma disfunção das células hepáticas em si (p.ex., cirrose ou hepatite) e aquelas causadas por uma obstrução do fluxo da bile secretada pelo fígado através das vias biliares (p.ex., cálculos biliares ou câncer).

Vesícula Biliar e Vias Biliares

A vesícula biliar é uma pequena bolsa muscular de armazenamento que contém bile, uma secreção digestiva viscosa verde-amarelada produzida pelo fígado. A bile sai do fígado através dos ductos hepáticos direito e esquerdo, os quais se unem para formar o ducto hepático comum. Em seguida, esse ducto une-se a um outro proveniente da vesícula biliar, denominado ducto cístico, formando o ducto biliar comum. O ducto biliar comum desemboca no intestino delgado (na sua parte superior), ao nível do esfíncter de Oddi, alguns centímetros abaixo do estômago. Aproximadamente 50% da bile secretada entre as refeições é desviada através do ducto cístico para a vesícula biliar.

O restante da bile flui diretamente através do ducto biliar comum para o interior do intestino delgado. Quando uma pessoa alimenta- se, a vesícula biliar contrai, drenando a sua bile para o interior do intestino para ajudar na digestão de gorduras e de determinadas vitaminas. A bile é constituída por sais biliares, eletrólitos, pigmentos biliares (p.ex., bilirrubina), colesterol e outras gorduras (lipídeos). Ela é responsável pela eliminação de certos produtos metabólicos do organismo, sobretudo os pigmentos provenientes da destruição de eritrócitos e o colesterol em excesso, e auxilia na digestão e na absorção de gorduras.

Os sais biliares aumentam a solubilidade do colesterol, das gorduras e das vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura) para ajudar na sua absorção do intestino. A hemoglobina originária dos eritrócitos é transformada em bilirrubina (o principal pigmento na bile) e excretada na bile como produto metabólico. Além disso, várias proteínas que possuem papéis importantes na função biliar são secretadas na bile. Os cálculos biliares podem obstruir o fluxo da bile da vesícula biliar, causando dor (cólica biliar) ou inflamação da vesícula biliar (colecistite). Os cálculos também podem migrar da vesícula biliar para o ducto biliar, onde eles podem causar icterícia ao bloquearem o fluxo normal da bile até o intestino. O fluxo também pode ser bloqueado por tumores e por outras causas menos comuns.

fonte: Manual Merck