ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Infecções por Cocos


As bactérias podem ser classificadas de várias maneiras, inclusive por sua forma. As bactérias que apresentam uma forma esférica são denominadas cocos. Os cocos que podem causar infecção no ser humano incluem os estafilococos, os estreptococos, os pneumococos e os meningococos.

Infecções Estafilocócicas

As infecções estafilocócicas são aquelas causadas pelos estafilococos, os quais são bactérias Gram-positivas comuns. Normalmente encontrados no nariz e na pele de 20 a 30% dos adultos sadios (e menos comumente na boca, nas glândulas mamárias e nos tratos genitourinário, intestinal e respiratório superior), os estafilococos na maioria das vezes não são nocivos. Contudo, uma solução de continuidade da pele ou uma outra lesão pode permitir que as bactérias atravessem as defesas do organismo e causem uma infecção. Os indivíduos propensos a infecções estafilocócicas incluem os recém-nascidos, as mulheres em período de lactação, os indivíduos com doenças crônicas (especialmente aqueles com doenças pulmonares, diabetes e câncer), aqueles com doenças dermatológicas e incisões cirúrgicas e aqueles com supressão do sistema imunológico causada pelo uso de corticosteróides, radioterapia, drogas imunossupressoras ou drogas antineoplásicas.

Sintomas

Os estafilococos podem infectar qualquer local do corpo e os sintomas dependem da localização da infecção. A infecção pode ser leve ou potencialmente letal. Comumente, as infecções estafilocócicas produzem bolsas cheias de pus, como abcessos e furúnculos. Os estafilococos podem circular através do sangue e provocar a formação de abcessos em órgãos internos (p.ex., pulmões), assim como infecções ósseas (osteomielite) e do revestimento interno do coração e de suas válvulas (endocardite).

Os estafilococos tendem a infectar a pele. Os abscessos estafilocócicos cutâneos aparecem como bolsas subcutâneas cheias de pus e quentes. Normalmente, essas bolsas rompem como uma grande pústula e permitem o extravasamento do pus sobre a pele, onde pode ocorrer uma nova infecção caso não seja realizada uma limpeza adequada da área. Os estafilococos também podem causar celulite, uma infecção que se dissemina sob a pele. Geralmente, os furúnculos também são causados por estafilococos.

Duas infecções estafilocócicas cutâneas particularmente graves são a necrólise epidérmica tóxica e a síndrome da pele escaldada, ambas acarretando uma descamação extensa da pele. Os recém-nascidos podem apresentar infecções cutâneas estafilocócicas, geralmente nas 6 semanas que sucedem o nascimento. O sintoma mais comum é a formação de grandes bolhas que contêm um líquido transparente ou pus localizadas nas axilas, na virilha ou nas pregas cutâneas do pescoço.

As infecções estafilocócicas mais graves podem causar a formação de muitos abcessos cutâneos, descolando grandes áreas de pele, infeccões do sangue e das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal (meningite) e pneumonia. As mulheres em período de lactação podem apresentar infecções estafilocócicas das mamas (mastite) e abcessos 1 a 4 semanas após o parto. Essas infecções freqüentemente são contraídas pelo lactente no berçário do hospital e transmitidas à mama da mãe durante a amamentação.

A pneumonia estafilocócica é uma infecção grave. Os indivíduos com doenças pulmonares crônicas (p.ex., bronquite crônica e enfisema) e aqueles com gripe apresentam um maior risco. A pneumonia estafilocócica freqüentemente produz febre alta e sintomas pulmonares graves (p.ex., dificuldade respiratória, respiração rápida e tosse que causa expectoração que pode ser sanguinolenta). Nos recém-nascidos e, algumas vezes, nos adultos, a pneumonia estafilocócica pode produzir abcessos pulmonares e a infecção da pleura (membrana que reveste os pulmões).

A infecção, denominada empiema torácico, piora a dificuldade respiratória causada pela pneumonia. Embora uma infecção estafilocócica do sangue (bacteremia estafilocócica) freqüentemente seja decorrente de uma infecção estafilocócica localizada em outra parte do corpo, ela normalmente é devida a um dispositivo intravenoso infectado (p.ex., um cateter), que permite o acesso direto dos estafilococos à corrente sangüínea. A bacteremia estafilocócica é causa comum de morte de indivíduos com queimaduras graves. Normalmente, a bacteremia causa febre alta e persistente e, às vezes, choque.

A presença de estafilococos na corrente sangüínea podem acarretar uma infecção do revestimento interno do coração e de suas válvulas (endocardite), especialmente em usuários de drogas injetáveis. A infecção pode lesar rapidamente as válvulas, acarretando insuficiência cardíaca e morte. A osteomielite (infecção óssea) afeta sobretudo as crianças, apesar dela também poder afetar os indivíduos idosos, especialmente aqueles que apresentam úlceras cutâneas profundas (úlceras de decúbito).

A osteomielite causa calafrios, febre e dor óssea. Sobre o osso infectado, ocorre o surgimento de hiperemia (rubor) e edema e pode ocorrer acúmulo de líquido no interior das articulações próximas das áreas invadidas por bactérias. O local da infecção pode estar doloroso e, em geral, o indivíduo apresenta febre. Algumas vezes, radiografias simples e outros estudos radiológicos conseguem identificar uma área de infecção, mas, geralmente, eles não auxiliam o médico a estabelecer um diagnóstico precoce.

Uma infecção estafilocócica intestinal comumente produz febre, distensão e flatulência abdominal, uma interrupção temporária dos movimentos de contração normais do intestino (íleo paralítico) e diarréia. A infecção é mais comum em pacientes hospitalizados, particularmente naqueles submetidos a uma cirurgia abdominal ou que realizaram uma antibioticoterapia recente.

A cirurgia aumenta o risco de infecções estafilocócicas. A infecção pode produzir abcessos nos pontos cirúrgicos ou pode causar uma destruição extensa do local da incisão. Essas infecções normalmente manifestam-se de alguns dias a várias semanas após uma cirurgia. No entanto, elas podem evoluir mais lentamente quando o indivíduo recebe antibióticos no momento da cirurgia. Uma infecção estafilocócica pós-operatória pode piorar e evoluir para a síndrome do choque tóxico.

Tratamento

Para a maioria das infecções cutâneas, os antibióticos orais (p.ex., cloxacilina, dicloxacilina e eritromicina) são adequados. Para as infecções mais graves, especialmente as do sangue, é necessária a antibioticoterapia intravenosa, freqüentemente por até 6 semanas. A escolha de um antibiótico depende da localização da infecção, da gravidade da doença e de quais são os antibióticos que destroem mais eficazmente a bactéria específica. O Staphylococcus aureus resistente à meticilina é resistente à maioria dos antibióticos comumente utilizados e é objeto de uma grande preocupação porque ele está se tornando cada vez mais comum em hospitais de grandes cidades e hospitais universitários.

Entre os poucos antibióticos que são normalmente eficazes contra o Staphylococcus aureus resistente à meticilina podem ser citados a vancomicina e o sulfametoxazoltrimetoprim. A vancomicina mata as bactérias, enquanto o sulfametoxazol-trimetoprim atua inibindo a sua capacidade de multiplicação. Os abcessos devem ser drenados. A drenagem de um abcesso cutâneo é relativamente simples. O médico realiza uma pequena incisão na área e aplica pressão para eliminar o material infectado. Os abcessos localizados mais profundamente no corpo podem exigir cirurgia.

Síndrome do Choque Tóxico

A síndrome do choque tóxico é uma infecção normalmente causada por estafilococos, a qual pode evoluir rapidamente para o choque grave e não tratável. Em 1978, a síndrome do choque tóxico foi identificada pela primeira vez como uma síndrome distinta em várias crianças e adolescentes com idade entre 8 e 17 anos. Em 1980, ocorreu um grande número de casos, principalmente em mulheres jovens que quase sempre vinham fazendo uso de tampões. Em 1980, aproximadamente 700 casos foram relatados nos Estados Unidos. Em 1981, após uma ampla campanha e a retirada no mercado das variedades “superabsorventes” de tampões, a incidência da síndrome do choque tóxico reduziu drasticamente.

Ainda ocorrem casos em mulheres que não usam tampões e em mulheres que acabaram de ser submetidas a cirurgia ou de dar à luz. Aproximadamente 15% dos casos ocorrem em homens que foram submetidos a cirurgia. Os casos leves são bastante freqüentes. Embora a cepa de Staphylococcus responsável pela maioria dos casos de síndrome do choque tóxico seja conhecida, o evento que a desencadeia permanece desconhecido. A presença de um tampão pode estimular as bactérias a produzirem uma toxina que invade o sangue através de pequenos cortes no revestimento vaginal ou através do útero até o interior da cavidade abdominal. Essa toxina parece ser a responsável pelos sintomas.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas começam subitamente com uma febre de 39 a 40,5 °C. Rapidamente, o indivíduo passa a apresentar cefaléia, dor de garganta, hiperemia dos olhos, cansaço extremo, confusão mental, vômito, diarréia aquosa e profusa e uma erupção cutânea generalizada semelhante à queimadura solar. Em 48 horas, ele também pode apresentar desmaios e pode evoluir para o choque. Entre o terceiro e o sétimo dia, ocorre descamação da pele, sobretudo da palma das mãos e da planta dos pés.

A síndrome causa anemia. É comum a ocorrência de lesão renal, hepática e muscular, especialmente durante a primeira semana. Também podem ocorrer problemas cardíacos e pulmonares. A maioria dos órgãos recupera-se completamente após o desaparecimento dos sintomas. Normalmente, o diagnóstico é baseado nos sintomas apresentados pelo indivíduo. Embora não exista um exame laboratorial que identifique especificamente a síndrome do choque tóxico, comumente são realizados exames de sangue para excluir as outras causas possíveis dos sintomas.

Prevenção, Tratamento e Prognóstico

É difícil estabelecer recomendações precisas para a prevenção da síndrome do choque tóxico. Em geral, as mulheres devem evitar o uso constante de tampões durante a menstruação. Os tampões superabsorventes, os quais apresentam maior probabilidade de causar a síndrome do choque tóxico, não devem ser utilizados. Uma pessoa com suspeita da síndrome do choque tóxico deve ser hospitalizada imediatamente. O tratamento é iniciado com a remoção do tampão, do diafragma ou de outros objetos estranhos e a antibioticoterapia é iniciada o mais rapidamente possível. Aproximadamente 8 a 15% dos indivíduos com síndrome do choque tóxico completo morrem. Os episódios recorrentes são freqüentes em mulheres que continuam a utilizar tampões nos 4 meses posteriores a um episódio, exceto quando a antibioticoterapia conseguiu eliminar os estafilococos.

Infecções Estreptocócicas

As infecções estreptocócicas são causadas por bactérias Gram-positivas denominadas estreptococos. As várias cepas patogênicas de estreptococos são agrupadas de acordo com seu comportamento, suas características químicas e seu aspecto. Cada grupo tende a produzir tipos específicos de infecções e sintomas.
• Os estreptococos do grupo A são as espécies mais virulentas para o ser humano, o qual é seu hospedeiro natural. Eles podem causar infecção estreptocócica da orofaringe, tonsilite, infecções de feridas e da pele, infecções do sangue (septicemia), escarlatina, pneumonia, moléstia reumática, coréia de Sydenham (dança de São Vito) e inflamação dos rins (glomerulonefrite).
• Os estreptococos do grupo B causam mais freqüentemente infecções perigosas nos recém-nascidos (sépsis neonatal) e infecções articulares (artrite séptica) e cardíacas (endocardite).
• Os estreptococos dos grupos C e G freqüentemente são transportados por animais, mas também crescem na garganta, no intestino, na vagina e na pele do ser humano. Esses estreptococos podem causar infecções graves, como a faringite estreptocócica, pneumonia, infecções cutâneas, infecções de feridas, sépsis pós-parto e neonatal, endocardite e artrite séptica. Após uma infecção por uma dessas bactérias, pode ocorrer uma inflamação renal.
• Os estreptococos do grupo D e os enterococos crescem normalmente no trato digestivo baixo, na vagina e na pele circunvizinha. Eles também podem causar infecções de feridas e de válvulas cardíacas, da bexiga, do abdômen e do sangue. As infecções causadas por determinados tipos de estreptococos podem causar uma reação auto-imune na qual o organismo ataca seus próprios tecidos. Essas reações podem ocorrer após uma infecção (p.ex., faringite) e pode acarretar a moléstia reumática, a coréia e a glomerulonefrite (lesão renal).

Sintomas

Os estreptococos podem viver no trato respiratório, no intestino, na vagina ou em qualquer outro local do corpo sem causar qualquer problema. Ocasionalmente, eles são encontrados em uma área inflamada (p.ex., garganta ou vagina) de um indivíduo portador e são erroneamente responsabilizados pela infecção. O tipo mais comum de infecção estreptocócica é a infecção de orofaringe. Normalmente, os sintomas surgem de modo súbito e incluem a dor de garganta, uma sensação mal-estar generalizado, calafrios, febre, cefaléia, náusea, vômito e aumento da freqüência cardíaca. A garganta apresenta uma cor vermelho escuro, as amígdalas tornam-se edemaciadas e os linfonodos do pescoço podem aumentar de volume e tornar-se dolorosos. As crianças podem apresentar convulsões.

Nas crianças com menos de 4 anos de idade, o único sintoma pode ser uma coriza. A tosse, a inflamação da laringe (laringite) e a obstrução nasal são incomuns nas infecções estreptocócicas. Eles sugerem uma outra causa como, por exemplo, um resfriado ou uma alergia. A escarlatina é causada por toxinas estreptocócicas que acarretam uma erupção cutânea generalizada róseo-avermelhada. A erupção cutânea é mais evidente no abdômen, nas faces laterais do tórax e nas pregas cutâneas. Outros sintomas incluem a palidez em torno da boca, o rubor facial, a língua vermelha e inflamada e linhas de cor vermelho escuro nas pregas cutâneas. A camada externa da pele hiperemiada freqüentemente descama após o desaparecimento da febre. Os estreptococos também causam vários tipos de infecção cutânea, embora raramente produzam abcessos.

Ao contrário, as infecções tendem a disseminar-se para as camadas subcutâneas profundas, produzindo uma celulite e, às vezes, erupções vermelhas e com aumento da temperatura, denominadas erisipela (fogo de Santo Antônio). Os estreptococos, isoladamente ou combinados com estafilococos, também podem disseminar-se ao longo das camadas superiores da pele, causando erupções ulceradas e com crostas (impetigo). Certas cepas de estreptococos podem causar uma infecção destrutiva que se dissemina rapidamente sob a pele (fascite necrosante). Por razões desconhecidas, houve recentemente um aumento dos surtos dessa infecção.

Diagnóstico

Embora os sintomas possam sugerir uma infecção estreptocócica, o diagnóstico deve ser confirmado por exames. A cultura de uma amostra da área infectada é a melhor maneira para se estabelecer o diagnóstico de uma infecção estreptocócica. Após o crescimento noturno, uma cultura revela colônias bacterianas características. Para diagnosticar uma faringite estreptocócica, é realizada uma cultura de uma amostra coletada através de um swab da região posterior da garganta. A seguir, a amostra é colocada em uma placa de Petri e espera-se uma noite para que ocorra o crescimento bacteriano. Opcionalmente, os estreptococos do grupo A podem ser detectados através de testes rápidos especiais, cujos resultados tornam- se disponíveis em poucas horas. Quando o resultado de um teste rápido for positivo, não é necessária a realização de uma cultura mais lenta, que necessita de toda uma noite. Como ambos os métodos podem detectar a presença de estreptococos em indivíduos que não necessitam de tratamento, a avaliação médica é necessária.

Tratamento

Os indivíduos com faringite estreptocócica ou com escarlatina geralmente melhoram em 2 semanas, mesmo sem tratamento. Não obstante, os antibióticos podem reduzir a duração dos sintomas em crianças jovens e impedir complicações graves (p.ex., moléstia reumática). Eles também auxiliam na prevenção da disseminação da infecção para o ouvido médio, os seios da face e o osso mastóide, assim como a disseminação para outras pessoas. Um antibiótico, geralmente a penicilina V oral, deve ser administrado imediatamente após o surgimento dos sintomas.

Outras infecções estreptocócicas, como a celulite, a fascite necrosante e a endocardite, são muito graves e exigem a administração intravenosa de penicilina, algumas vezes combinada com outros antibióticos. Normalmente, os estreptococos do grupo A são eliminados pela penicilina. Alguns estreptococos do grupo D e especialmente os enterococos são resistentes à penicilina e à maioria dos antibióticos. Não existe uma antibioticoterapia confiável disponível para muitas cepas de enterococos.

Sintomas como a febre, a cefaléia e a dor de garganta podem ser tratados com analgésicos e antitérmicos (p.ex., acetaminofeno). O repouso ao leito e o isolamento não são necessários. No entanto, os familiares ou os amigos que apresentam sintomas similares ou que apresentaram complicações decorrentes de uma infecção estreptocócica podem apresentar risco de infecção.

Infecções Pneumocócicas

As infecções pneumocócicas são infecções causadas pela bactéria Gram-positiva Streptococcus pneumoniae. Normalmente os pneumococos habitam o trato respiratório superior do ser humano, seu hospedeiro natural, particularmente durante o inverno e no início da primavera. Apesar de sua localização, os pneumococos causam pneumonia apenas ocasionalmente. Como a pneumonia pneumocócica raramente dissemina-se de um indivíduo a outro; aqueles com a doença não necessitam evitar o contato social. Os pneumococos também podem causar infecções no cérebro, no ouvido e em outros órgãos. Os indivíduos com um risco especial de apresentar uma pneumonia pneumocócica incluem aqueles com doenças crônicas e com comprometimento do sistema imunológico (p.ex., indivíduos com doença de Hodgkin, linfoma, mieloma múltiplo, desnutrição e doença das células falciformes). Como os anticorpos produzidos no baço normalmente ajudam na prevenção da infecção por pneumococos, os indivíduos que tiveram o baço removido ou com um baço não funcionante também apresentam risco. A pneumonia pneumocócica também pode ocorrer após uma bronquite crônica ou quando um vírus respiratório comum, sobretudo o vírus da gripe, lesa o revestimento do trato respiratório.

Doenças Causadas por Pneumococos


Pneumonia
• Talvez a infecção mais grave causada pelos pneumococos
• Usualmente, afeta apenas um lobo pulmonar por vez, mas pode disseminar-se aos outros lobos

Empiema torácico (infecção da pleura que envolve os pulmões)
• Os pneumococos são a causa mais comum dessa infecção piogênica (produtora de pus)
• Pode exigir drenagem cirúrgica

Otite média (infecção do ouvido médio)
• Os pneumococos causam aproximadamente 50% dos casos em lactentes e crianças
• Quando não tratada, a infecção pode disseminar-se para os seios da face, os ossos mastóides e as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, causando meningite

Meningite bacteriana (infecção das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal)
• Os pneumococos encontram-se entre as causas mais comuns em todas as faixas etárias • Pode disseminar-se de uma infecção do sangue, do pulmão, do ouvido, de seios faciais, de ossos cranianos (p.ex., mastoidite) ou de uma fratura do crânio

Bacteremia (infecção do sangue)
• Pode iniciar a partir de uma pneumonia ou meningite e disseminar-se até as válvulas cardíacas


Endocardite pneumocócica (infecção das válvulas cardíacas)
• Pode ser especialmente perigosa porque ocorre um acúmulo de bactérias e de resíduos nas válvulas cardíacas (sobretudo nas válvulas cardíacas lesadas, deformadas ou artificiais), causando danos às mesmas
• Nos casos graves, as válvulas cardíacas lesadas podem romper e acarretar uma insuficiência cardíaca rapidamente progressiva



Peritonite (infecção da cavidade abdominal)
• Normalmente, ela ocorre em mulheres jovens em decorrência de uma infecção que se dissemina de forma ascendente a partir da vagina, passando pelas tubas uterinas até atingir a cavidade abdominal
• Pode ocorrer em indivíduos com cirrose

Artrite pneumocócica
• É uma causa rara de infecção articular
• Normalmente, ela ocorre concomitantemente com a endocardite ou a meningite

Prevenção e Tratamento

Existe uma vacina pneumocócica altamente eficaz para os indivíduos com mais de 2 anos de idade. A vacina protege contra as cepas mais comuns de pneumococos e reduz em 80% as chances de ocorrência de pneumonia e de bacteremia pneumocócica e em 40% as chanches de óbito devido a esses distúrbios. A vacina é recomendada para os indivíduos idosos e para aqueles com doença cardíaca e pulmonar crônica, diabetes, doença de Hodgkin, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou distúrbios metabólicos. Ela também pode ser útil para as crianças com doença das células falciformes e os indivíduos submetidos à esplenectomia (remoção do baço) ou com um baço não funcionante. A penicilina é o antibiótico de escolha para o tratamento da maioria das infecções pneumocócicas. Ela é administrada pela via oral para as infecções de ouvido e de seios da face e pela via intravenosa para as infecções mais graves.

Infecções Causadas por Neisseria

A Neisseria meningitidis (meningococos) é uma bactéria tipo coco Gram-negativo cujo hospedeiro natural é o ser humano. Os meningococos podem causar infecção das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal (meningite), infecção do sangue e outras infecções graves em crianças e adultos. A Neisseria gonorrhoeae, taubém um coco Gram-negativo cujo hospedeiro natural é o ser humano, causa a blenorragia (gonorréia), uma doença sexualmente transmissível que pode infectar a uretra, a vagina e o ânus e que pode se disseminar até as articulações. Muitas outras espécies de Neisseria normalmente habitam a garganta, a boca, a vagina e o intestino, mas elas raramente causam doença.