ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O que é osteoartrite?


A osteoartrite (artrose, artrite degenerativa, doença articular degenerativa, artropatia degenerativa) é um distúrbio crônico das articulações caracterizado pela degeneração da cartilagem articular e do osso adjacente, podendo causar dor e rigidez articulares. A osteoartrite, o distúrbio articular mais comum, afeta em um certo grau muitos indivíduos aproximadamente em torno dos 70 anos de idade. Os homens e as mulheres são igualmente afetados, mas o distúrbio tende a ocorrer mais precocemente nos homens.

A osteoartrite também ocorre em todos os animais vertebrados (que contêm coluna vertebral), inclusive nos peixes, nos anfíbios e nas aves. Os animais aquáticos, como os golfinhos e as baleias, podem apresentar osteoartrite, mas os animais que costumam ficar grande parte do tempo de cabeça para baixo (p.ex., morcegos e preguiças) não apresentam osteoartrite. Como se trata de um distúrbio altamente disseminado no reino animal, alguns estudiosos acreditam que a osteoartrite pode ter evoluído a partir de um método antigo de reparação da cartilagem.

Muitos mitos sobre a osteoartrite ainda persistem. Por exemplo, que trata-se de um fato inevitável do processo de envelhecimento, como os cabelos grisalhos e as alterações da pele; que a osteoartrite produz incapacidades mínimas; e que o seu tratamento não é eficaz. Embora a osteoartrite seja mais comum em indivíduos idosos, ela não é causada pelo simples desgaste que ocorre com o processo de envelhecimento. Quase todos os indivíduos que apresentam esse distúrbio, especialmente os mais jovens, são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas. Entretanto, alguns individuos idosos apresentam incapacidades importantes.

Causas

Normalmente, as articulações apresentam um nível de atrito tão baixo que não sofrem desgaste, exceto quando utilizadas excessivamente ou quando sofrem lesões. A osteoartrite começa com uma alteração das células que sintetizam os componentes da cartilagem, como o colágeno (proteína fibrosa e resistente encontrada no tecido conjuntivo) e os proteoglicanos (substâncias que provêem a elasticidade da cartilagem).

Em seguida, a cartilagem pode crescer exageradamente, mas, finalmente, ela diminui de espessura e apresenta fissuras em sua superfície. Ocorre a formação de pequenas cavidades na medula óssea localizada sob a cartilagem, enfraquecendo o osso. Pode ocorrer um crescimento ósseo excessivo nas bordas da articulação, produzindo tumefações (osteófitos) que podem ser observados e palpados. Essas protuberâncias podem afetar o funcionamento normal da articulação, causando dor. Em última instância, a superfície lisa e deslizante da cartilagem torna-se irregular e apresenta depressões puntiformes, impedindo que a articulação mova-se suavemente.

Ocorre alteração da articulação em decorrência da deterioração de todos os seus componentes, isto é, os ossos, a cápsula articular (tecido que envolve algumas articulações), a membrana sinovial (tecido que reveste a articulação), os tendões e a cartilagem. A osteoartrite é classificada como primária (idiopática), quando a sua causa é desconhecida, e como secundária, quando ela é decorrente de um outro problema (p.ex., doença de Paget ou uma infecção, deformidade, lesão ou uso excessivo da articulação).

Os indivíduos que utilizam determinadas articulações de forma repetitiva, como os operários de fundições mineiros e motoristas de ônibus, apresentam maior risco. Entretanto, os corredores de longa distãncia treinados não apresentam um maior risco de desenvolver esse distúrbio. A obesidade pode ser um fator importante no desenvolvimento da osteoartrite. No entanto, não existem evidências conclusivas a respeito.

Sintomas

Ao atingirem os 40 anos de idade, muitos indivíduos apresentam algumas evidências radiográficas de osteoartrite, especialmente nas articulações que sustentam o peso, como a do quadril. No entanto, um número relativamente pequeno apresenta sintomas. Geralmente, os sintomas apresentam um desenvolvimento gradual e afetam apenas uma ou algumas poucas articulações.

As articulações dos dedos das mãos, da base dos polegares, do pescoço, da região lombar, dos dedos dos pés, dos quadris e dos joelhos são as comumente afetadas. A dor, a qual geralmente piora com a prática de exercícios, é o primeiro sintoma. Alguns indivíduos podem apresentar rigidez articular após um período de sono ou após um período de inatividade, mas, normalmente, a rigidez desaparece 30 minutos após a articulação começar a ser movimentada. À medida que a lesão causada pela osteoartrite piora, a articulação pode tornar-se menos móvel e, finalmente, ela pode congelar em flexão.

O novo crescimento da cartilagem, do osso ou de qualquer outro tecido pode fazer com que as articulações aumentem de tamanho. A cartilagem irregular produz rangido e crepitação quando as articulações são movimentadas. Freqüentemente, ocorre a formação de protuberâncias ósseas (nódulos de Heberden) nas pontas dos dedos das mãos. Em algumas articulações, como a do joelho, os ligamentos (que circundam e sustentam a articulação) são distendidos e provocam instabilidade articular. A palpação ou a movimentação da articulação podem ser muito dolorosas.

Em contraste, o quadril torna-se mais rígido, com redução da amplitude dos movimentos. A movimentação dessa articulação também é muito dolorosa. Freqüentemente, a osteoartrite afeta a coluna vertebral. A dor nas costas é o sintoma mais comum. Em geral as articulações lesadas da coluna vertebral causam somente dor leve e rigidez. Entretanto, no caso do crescimento ósseo excessivo comprimir nervos, a osteoartrite da coluna cervical (pescoço) ou da região lombar (porção baixa das costas) pode causar adormecimento, sensações incomuns, dor e fraqueza de um membro superior ou inferior.

Raramente, ocorre compressão dos vasos sangüíneos que irrigam a parte posterior do cérebro. Quando isto ocorre, o indivíduo pode apresentar problemas de visão, vertigem, náusea e vômito. Algumas vezes, os crescimentos ósseos comprimem o esôfago, dificultando a deglutição. Mais freqüentemente, a osteoartrite evolui lentamente após o surgimento dos sintomas e muitos indivíduos terminam apresentando um certo grau de invalidez, mas, ocasionalmente, a degeneração articular cessa ou chega mesmo a ser revertida.

Tratamento

Exercícios apropriados, incluindo os de alongamento, de musculação e posturais – ajudam a manter a cartilagem saudável, aumentam a amplitude dos movimentos da articulação e fortalecem os músculos circunvizinhos, de modo que eles possam absorver melhor os choques. O exercício deve ser equilibrado com o repouso das articulações doloridas. No entanto, é mais provável que a imobilização de uma articulação piore a osteoartrite ao invés de aliviá-la. O uso de cadeiras, poltronas reclináveis, colchões e assentos de carro excessivamente macios pode piorar os sintomas. Comumente, recomenda-se o uso de cadeiras de encosto reto, colchões duros e estrados de cama inteiriços.

Para a osteoartrite da coluna vertebral, exercícios específicos algumas vezes são úteis e, quando o quadro é grave, pode ser necessário o uso de suportes ou coletes ortopédicos para as costas. A manutenção das atividades cotidianas, de um papel ativo e independente no seio da família e da atividade laborativa é importante. A fisioterapia, freqüentemente terapia com calor, pode ser útil. Por exemplo, para o tratamento de dor nos dedos das mãos, pode ser recomendado o uso de cera de parafina quente misturada a um óleo mineral a temperaturas de 47°C-52°C, o banho de parafina e banhos com água quente ou morna. As talas ou os suportes podem proteger articulações específicas durante a realização de atividades que provocam dor. Nos casos de osteoartrite da região cervical, a massagem realizada por terapeutas treinados, a aplicação de tração e o tratamento térmico profundo com diatermia ou ultra-som podem ser úteis.

As drogas são o aspecto menos importante do programa global de tratamento. Um analgésico (p.ex., acetaminofeno) pode ser suficiente. O paciente pode tomar uma droga antiinflamatória não esteróide (p.ex., aspirina ou ibuprofeno) para diminuir a dor e o edema. Se uma articulação torna- se abruptamente inflamada, edemaciada e dolorida, pode ser realizada a injeção intra-articular de corticosteróides. Geralmente, esse tratamento proporciona apenas um alívio de curta duração. A cirurgia pode ser útil quando todos os demais tratamentos não propiciaram alívio ao paciente. Algumas articulações, mais comumente a do quadril e a do joelho, podem ser substituídas por uma articulação artificial. A substituição costuma ser muito eficaz, quase sempre melhorando os movimentos e a função e reduzindo a dor de forma dramática. Por essa razão, quando a função torna-se limitada, a substituição da articulação deve ser aventada.

fonte: Manual Merck

Infecções Fúngicas


Sendo um tipo de planta, os fungos incluem os mofos e os cogumelos. O meio ambiente está carregado de esporos de diversos fungos e, geralmente, estes flutuam no ar. Entre a ampla variedade de esporos que pousam na pele ou são inalados até os pulmões, alguns podem causar pequenas infecções, que raramente disseminamse a outras partes do corpo. Alguns poucos tipos de fungo (p.ex., Candida) conseguem viver normalmente sobre a superfície do corpo ou nos intestinos. Apenas ocasionalmente esses habitantes normais do organismo causam infecções locais da pele, da vagina ou da boca. No entanto, em raros casos, eles causam danos maiores. Algumas vezes, determinadas espécies de fungo podem causar infecções graves dos pulmões, do fígado e do resto do corpo.

Os fungos apresentam uma tendência especial para causar infecções em indivíduos com o sistema imunológico comprometido. Por exemplo, os indivíduos com AIDS ou aqueles que estão sendo submetidos a um tratamento antineoplásico apresentam uma maior probabilidade de desenvolver infecções fúngicas graves. Algumas vezes, os indivíduos com comprometimento da imunidade apresentam infecções causadas por fungos que dificilmente causam males aos indivíduos que possuem um sistema imunológico normal. Essas infecções incluem a mucormicose e a aspergilose. Algumas infecções fúngicas são mais comuns em certas regiões geográficas.

Nos Estados Unidos, a coccidioidomicose ocorre quase que exclusivamente no sudoeste, enquanto que a histoplasmose é comum no leste e no meio-oeste, especialmente nos vales dos rios Ohio e Mississipi. A blastomicose ocorre apenas na América do Norte e na África. Como muitas infecções fúngicas evoluem lentamente, podem transcorrer meses ou anos antes que o indivíduo infectado perceba a necessidade de cuidado médico. Essas infecções podem ser de difícil tratamento e este normalmente é prolongado. Existem disponíveis vários medicamentos antifúngicos.

Histoplasmose

A histoplasmose é uma infecção causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, que afeta principalmente os pulmões, mas que pode algumas vezes disseminar-se por todo o corpo. Os esporos do Histoplasma estão presentes no solo, particularmente em certos estados do leste e do meio-oeste dos Estados Unidos. Os fazendeiros e outros trabalhadores que manipulam o solo infectado são os que apresentam maior risco de inalar esporos. Uma doença grave pode ocorrer quando o indivíduo inala uma grande quantidade de esporos. Os indivíduos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) apresentam uma maior probabilidade de contrair a histoplasmose, especialmente a forma que se dissemina por todo o corpo.

Sintomas e Prognóstico

A maioria dos indivíduos infectados é assintomática. Contudo, naqueles que apresentam sinais de infecção, a histoplasmose pode manfestar-se sob três formas: a forma aguda, a forma progressiva disseminada e a forma crônica cavitária. Na forma aguda, os sintomas geralmente iniciam 3 a 21 após a inalação de esporos do fungo. O indivíduo pode sentir-se doente e apresentar febre e tosse. Os sintomas comumente desaparecem sem tratamento em 2 semanas e raramente duram mais do que 6 semanas. Esta forma de histoplasmose raramente é fatal. A forma progressiva disseminada normalmente não afeta adultos sadios. Ela ocorre em lactentes e nos indivíduos com comprometimento do sistema imunológico (p.ex., indivíduos com AIDS). Os sintomas podem piorar lentamente ou de modo extremamente rápido. Pode ocorrer aumento do fígado, do baço e de linfonodos. Menos comumente, a infecção produz úlceras na boca e nos intestinos. Em raros casos, as glândulas adrenais são lesadas, causando a doença de Addison. Quando não tratada, a forma progressiva disseminada da histoplasmose é fatal em 90% dos casos. Mesmo com o tratamento, os indivíduos com AIDS podem morrer. A forma crônica cavitária é uma infecção pulmonar que evolui gradualmente ao longo de várias semanas, produzindo tosse e uma maior dificuldade respiratória. Os sintomas incluem a perda de peso, a sensação de mal-estar generalizado e a febre baixa. A maioria dos indivíduos recuperam-se sem tratamento em 2 a 6 meses. No entanto, a dificuldade respiratória pode aumentar gradualmente e alguns indivíduos podem expectorar sangue, algumas vezes em grandes quantidades. A lesão pulmonar ou a invasão bacteriana dos pulmões pode acarretar a morte.

Diagnóstico e Tratamento

Para estabelecer o diagnóstico, o médico coleta amostras do escarro, de linfonodos, da medula óssea, do fígado, de úlceras bucais, da urina ou do sangue do indivíduo infectado. Essas amostras são enviadas ao laboratório para cultura e análise. Os indivíduos com a forma aguda da histoplasmose raramente necessitam de tratamento medicamentoso. Entretanto, aqueles com a forma progressiva disseminada freqüentemente respondem satisfatoriamente ao tratamento com anfotericina B administrada pela via intravenosa ou com itraconazol oral. Na forma crônica cavitária, o fungo pode ser eliminado pelo itraconazol ou pela anfotericina B, apesar da destruição causada pela infecção acarretar a formação de tecido cicatricial. Os problemas respiratórios similares aos causados pela doença pulmonar obstrutiva crônica normalmente persistem. Por essa razão, o tratamento deve ser instituído o mais breve possível para limitar o dano pulmonar.

Coccidioidomicose

A coccidioidomicose (febre de San Joaquin, febre do vale) é uma infecção causada pelo fungo Coccidioides immitis que geralmente afeta os pulmões. A coccidioidomicose ocorre tanto como uma infecção pulmonar leve que desaparece sem tratamento (forma aguda primária) quanto como uma infecção infecção progressiva grave que se dissemina por todo o corpo e, freqüentemente, fatal (forma progressiva). A forma progressiva é freqüentemente um sinal de que o indivíduo apresenta um comprometimento do sistema imunológico, normalmente em decorrência da AIDS. Os esporos do Coccidioides estão presentes no solo de certas áreas da América do Norte, da América Central e da América do Sul. Os fazendeiros e outros trabalhadores que manipulam o solo apresentam maior probabilidade de inalar os esporos e de tornarem-se infectados. Os indivíduos que são infectados durante uma viagem podem apresentar sintomas da doença somente após deixarem a área.


Fatores de Risco Para o Desenvolvimento de Infecções Fúngicas

Terapia que suprime o sistema imune
• Drogas antineoplásicas (quimioterapia)
• Corticosteróides e outras drogas imunossupressoras Doenças e outras condições
• AIDS
• Insuficiência renal
• Diabetes
• Doença pulmonar (p.ex., enfisema)
• Doença de Hodgkin ou outros linfomas
• Leucemia
• Queimaduras extensas

Sintomas

A maioria dos indivíduos com a forma aguda primária da coccidioidomicose não apresenta sintomas. Quando estes ocorrem, eles manifestam- se 1 a 3 semanas após o indivíduo ser infectado. A maioria apresenta sintomas leves e eles incluem a febre, a dor torácica e calafrios. Além disso, o indivíduo pode apresentar tosse com expectoração de escarro e, ocasionalmente, de sangue. Alguns apresentam o reumatismo do deserto, um condição caracterizada pela conjuntivite (inflamação da superfície do olho), pela artrite (inflamação das articulações) e pelo eritema nodoso (nódulos cutâneos). A forma progressiva da doença é incomum e pode ocorrer semanas, meses ou mesmo anos após a infecção aguda primária ou após o indivíduo ter vivido em uma área onde a doença é comum. Os sintomas incluem a febre baixa, a inapetência, a perda de peso e a fraqueza. A infecção pulmonar pode piorar, causando uma maior dificuldade respiratória. A infecção também pode disseminar-se dos pulmões para os ossos, as articulações, o fígado, o baço, os rins e o cérebro e as meninges.

Diagnóstico

O médico pode suspeitar de coccidioidomicose quando um indivíduo que habita ou que viajou recentemente a uma área infectada apresenta esses sintomas. São coletadas amostras de escarro ou de pus do indivíduo infectado e as mesmas são enviadas a um laboratório para análise. Os exames de sangue podem revelar a presença de anticorpos contra o fungo. Esses anticorpos surgem precocemente, mas desaparecem na forma aguda primária da doença. Eles persistem na forma progressiva.

Prognóstico e Tratamento

A forma aguda de coccidioidomicose geralmente desaparece sem tratamento e a recuperação normalmente é completa. Conduto, os indivíduos com a forma progressiva são tratadas com anfotericina B intravenosa ou com fluconazol oral. Alternativamente, o médico pode tratar a infecção com itraconazol ou cetoconazol. Embora as drogas possam ser eficazes contra as infecções localizadas (p.ex., cutânea, óssea ou articular), as recidivas ocorrem freqüentemente após a interrupção do tratamento. Os tipos mais graves de coccidioidomicose progressiva disseminada são freqüentemente fatais, especialmente a meningite (infecção das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal). Quando um indivíduo apresenta meningite, o fluconazol é utilizado. Alternativamente, pode ser utilizada a administração de anfotericina B no líquido cefalorraquidiano. O tratamento deve ser mantido por anos, freqüentemente pelo resto da vida. A meningite não tratada é sempre fatal.

Blastomicose

A blastomicose (blastomicose norte-americana, doença de Gilchrist) é uma infecção causada pelo fungo Blastomyces dermatitidis. A blastomicose é basicamente uma infecção pulmonar, mas, algumas vezes, ela dissemina-se através da corrente sangüínea. Os esporos do Blastomyces provavelmente penetram no organismo através do trato respiratório, quando eles são inalados. Desconhece-se a origem dos esporos no ambiente, mas uma epidemia foi relacionada a tocas de castor. A maioria das infecções ocorre nos Estados Unidos, sobretudo no sudeste e no vale do rio Mississipi. Também têm havido infecções em áreas muito dispersas da África. Geralmente são afetados homens com 20 a 40 anos de idade. A doença é rara em indivíduos com AIDS.

Sintomas e Diagnóstico

A blastomicose pulmonar começa gradualmente com uma febre, calafrios e sudorese profusa. O indivíduo pode apresentar tosse produtiva ou não, dor torácica e dificuldade respiratória. Apesar da infecção pulmonar normalmente piorar lentamente, algumas vezes ela melhora sem tratamento. A forma disseminada de blastomicose pode afetar muitas áreas do corpo. Uma infecção cutânea pode iniciar como pequenas proeminências (pápulas) que podem conter pus (papulopústulas). As pápulas e as papulopústulas duram pouco tempo e disseminam-se lentamente. A seguir, surgem na pele pequenas placas elevadas e verrucosas circundadas por abcessos diminutos e indolores (alguns possuem o tamanho de uma ponta de alfinete). Os ossos podem apresentar tumefações dolorosas. Nos homens, pode ocorrer um aumento doloroso do epidídimo (uma estrutura em forma de cordão aderida aos testículos) ou um profundo mal-estar devido a uma prostatite (infecção da próstata). O médico pode estabelecer o diagnóstico através do exame microscópico de uma amostra de escarro ou de tecido infectado (p.ex., pele). Quando são observados fungos, pode ser realizada uma cultura da amostra e o exame laboratorial para confirmar o diagnóstico.

Tratamento

A blastomicose pode ser tratada com anfotericina B intravenosa ou com o itraconazol oral. Com o tratamento, o indivíduo começa a sentirse melhor em 1 semana e o fungo desaparece rapidamente. Sem tratamento, a infecção piora lentamente e leva à morte.

Candidíase

A candidíase (candidose, monilíase) é uma infecção causada por cepas de Candida, especialmente a Candida albicans. A infecção das membranas mucosas, como ocorre na boca ou na vagina, é comum em indivíduos com sistema imunológico normal. No entanto, essas infecções são mais comuns ou persistentes em indivíduos com diabetes ou AIDS e em mulheres grávidas. Os indivíduos com comprometimento do sistema imunológico normalmente apresentam uma candidíase que se dissemina por todo o corpo. Aqueles que apresentam uma baixa contagem leucocitária, a qual pode ser causada pela leucemia ou pelo tratamento de outros tipos de câncer, e aqueles com um cateter instalado em um vaso sangüíneo apresentam um maior risco de candidemia (infecção da corrente sanguínea pela Candida). Uma infecção das válvulas cardíacas (endocardite) pode ocorrer como conseqüência de uma cirurgia ou de outros procedimentos invasivos envolvendo o coração e os vasos sangüíneos.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas da candidíase variam, dependendo do tecido infectado. Por exemplo, a infecção bucal (“sapinho”) produz placas cremosas, brancas e dolorosas no interior da boca. A presença de placas no esôfago podem dificultar a deglutição ou a ingestão de alimentos. Uma infecção das válvulas cardíacas pode provocar febre, sopro cardíaco e aumento do baço. Uma infecção da retina (membrana sensível à luz situada na superfície interna da parte posterior do globo ocular) pode causar cegueira. Uma infecção do sangue (candidemia) ou do rim pode produzir febre, uma queda acentuada da pressão arterial (choque) e diminuição da produção de urina. Muitas infecções causadas por Candida são diagnosticas apenas através dos sintomas. Para um diagnóstico definitivo, é necessária a observação de fungos em uma amostra da pele examinada ao microscópio. A cultura de amostras de sangue ou de líquido cefalorraquidiano também pode revelar a presença de Candida.

Prognóstico e Tratamento

Quando a candidíase é limitada à boca ou à vagina, as medicações antifúngicas podem ser aplicadas diretamente na área ou pode ser utilizado o fluconazol oral. A candidíase que se disseminou por todo o corpo é uma doença grave, progressiva e potencialmente letal, sendo geralmente tratada com a anfotericina B intravenosa, embora, em alguns casos, o fluconazol seja eficaz. Certas doenças (p.ex., diabetes) podem piorar a candidíase e devem ser controladas para auxiliar na erradicação da infecção.

Esporotricose

A esporotricose é uma infecção causada pelo fungo Sporothrix schenckii. O Sporothrix é geralmente encontrado em roseiras, arbustos de uva-espim, musgo esfagno e outras matérias vegetais. Freqüentemente, os fazendeiros, os jardineiros e os horticultores são infectados. Geralmente, a esporotricose afeta a pele e os vasos linfáticos vizinhos. Ocasionalmente, os pulmões ou outros tecidos podem ser infectados.

Sintomas e Diagnóstico

Geralmente, uma infecção cutânea e dos vasos linfáticos vizinhos iniciam em um dedo da mão como um nódulo pequeno e indolor, o qual cresce lentamente e, a seguir, forma uma ferida. No decorrer dos dias ou semanas seguintes, a infecção dissemina-se através dos vasos linfáticos do dedo, da mão e do braço até os linfonodos, formando nódulos e úlceras ao longo do trajeto. Normalmente, o indivíduo não apresenta outros sintomas. A infecção pulmonar pode causar pneumonia, com uma discreta dor torácica e tosse, normalmente em indivíduos que apresentam alguma outra doença pulmonar (p.ex., enfisema). É menos comum ocorrer uma infecção em outras partes do corpo (p.ex., ossos, articulações, músculos ou olhos). Raramente, ocorre uma infecção no baço, no fígado, nos rins, nos órgãos genitais ou no cérebro. Os nódulos e as lesões característicos podem fazer o médico suspeitar de esporotricose. O diagnóstico é confirmado através da cultura e da identificação do Sporothrix em amostras de tecido infectado.

Tratamento

A esporotricose que afeta a pele geralmente dissemina-se muito lentamente e raramente é fatal. A infecção cutânea é tratada com o itraconazol oral. O iodeto de potássio, também administrado pela via oral, pode ser prescrito em lugar do itraconazol, mas ele não é tão eficaz e causa efeitos colaterais na maioria dos pacientes como, por exemplo, erupção cutânea, coriza e inflamação dos olhos, da boca e da garganta. Para as infecções generalizadas e potencialmente letais, é realizada a administração de anfotericina B intravenosa, mas o itraconazol oral tem se revelado eficaz ou mesmo mais eficaz à medida em que é utilizado em um número cada vez maior de casos.