ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA


esde 1994 este termo vem sendo usado para se referir a pacientes que se apresentam com dor torácica isquêmica, sendo que elas representam, não apenas, o que é referido pelo paciente, mas um processo contínuo. Em outras palavras, este termo quer dizer que é uma condição em que não se tem a certeza de que é uma crise anginosa ou um infarto em andamento.

Estudos da American Heart Association (AHA) detectaram que de cinco milhões de pessoas que foram avaliadas nos serviços de emergência dos Estados Unidos, em 1997, devido a um quadro de dor torácica, em 2 milhões foi feito o diagnóstico de Síndrome Coronária Aguda, sendo que destes 500.000 foram hospitalizados com diagnóstico de angina instável, e 1,5 milhão sofreu Infarto Agudo do Miocárdio sendo que 1/3 destes morreram.

Síndromes coronárias agudas englobam as situações em que o médico não pode em tempo hábil definir se é apenas uma crise anginosa ou um infarto agudo do miocárdio. Didaticamente as sindromes coronárias agudas são classificadas da seguinte forma:

Angina Instável

Considerando o caráter dinâmico da doença coronariana, isto é, a sua evolução como um processo contínuo. Esta síndrome inicia-se devido à ruptura de uma placa ateromatosa instável em uma artéria coronária. A ruptura quebra a placa e ativa a adesão de plaquetas, e pode levar à formação de coágulo de fibrina e trombose coronariana. No caso de uma angina instável, uma oclusão por trombo pode ser intermitente, isto é, uclui e depois libera o fluxo de sangue para a artéria coronária, ficando assim por algum tempo. Este processo pode evoluir para a oclusão definitiva, o que irá determinar o infarto do miocárdio.

Infarto Agudo do Miocárdio

Ocorre na sequência de uma angina instável em pessoas portadoras de doença coronariana, ou pode ocorrer abruptamente em pessoas não portadoras conhecidas de doença coronariana. O infarto significa a obstrução total de uma artéria coronária que foi causada pela ruptura de uma placa ateromatosa instável e que ativou a adesão de plaquetas, a formação de coágulo de fibrina e, por fim, a trombose. O termo popular mais conhecido para o infarto é o entupimento de uma artéria do coração. Os danos para o organismo são sérios, porque quando esta obstrução ocorre, uma determinada região do músculo cardíaco fica privada de suprimento cardíaco. Ficando sem sangue, o músculo não consegue se contrair adequadamente, afetando a sua função, que é bombear sangue para todos os tecidos. Outra explicação para que ocorra o infarto em pessoas sem fatores de risco como dislipidemia (colesterol e triglicérides altos), é o espasmo ou colabamento de uma artéria coronária . Dependendo da duração deste espasmo, pode ocorrer o infarto.

Ilustração de um Infarto

O ataque cardíaco ou infarto do miocárdio, como é chamado na linguagem médica, é um dos mais temidos e comuns problemas médicos. A cada ano, cerca de 900.000 pessoas nos Estados Unidos tem ataque cardíaco. Destas, aproximadamente 225.000 morrem, incluindo as 125.000 que nem chegam a receber atendimento médico hospitalar. Toda a gama de avanços nos tratamentos dá um significado promissor de que mais vítimas de IAM poderão sobreviver e levar uma vida normal e saudável. O que se considera primordial para as suas chances de sobrevivência após um ataque cardíaco (infarto do miocárdio) é saber o mais precocemente possível os sinais e sintomas e buscar atendimento médico o mais rápido possível. As terapias para o infarto do miocárdio, como a desobstrução através de medicamentos ou a cirurgia, são mais efetivas quando iniciadas dentro de 6 horas do início dos sintomas.

Nem todos os sinais e sintomas, listados abaixo, podem estar presentes em todos os infartos do miocárdio e algumas pessoas nem mesmo chegam a apresentar sintomas. Se você tiver qualquer combinação dos sintomas descritos abaixo, procure ajuda médica nos locais (hospitais ou clínicas) mais próximos de onde você estiver.

SINTOMAS QUE PODEM SIGNIFICAR UM INFARTO DO MIOCÁRDIO

  • Pressão desconfortável, sensação de aperto ou dor no centro do tórax que tem duração maior do que 10 minutos, que pode ter diferentes intensidades, ou ainda sumir e voltar espontaneamente;
  • Dor intensa e prolongada no peito;
  • Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou braços;
  • Dor prolongada na "boca do estômago";
  • Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento;
  • Respiração curta mesmo no estado de repouso;
  • Sentir tonteira;
  • Náusea, vômito e intensa sudorese;
  • Ataques de dor no peito que não são causados por exercício físico;

É imperativo que você saiba o que fazer num evento cardíaco de emergência. Ao preparar um plano de ação de emergência, você pode reduzir o tempo entre o começo de seus sintomas e o atendimento médico, aumentando assim a chance de sobreviver ao infarto do miocárdio.

CAUSAS E RESULTADOS

Um infarto do miocárdio ocorre quando células dentro do músculo cardíaco ficam privadas de oxigênio devido a um inadequado suprimento de sangue pelas artérias coronárias. Estas células ficam danificadas ou morrem, dependendo de quanto tempo dura a interrupção da circulação sanguínea e do quanto do músculo cardíaco foi afetado pela mesma. Estas células mortas ou danificadas afetam o coração em sua capacidade de contrair-se limitando assim a sua habilidade de bombear o sangue para o corpo.

Num infarto do miocárdio moderado, a dor ou outros sintomas, são fracos e não se desenvolvem totalmente – este tipo de infarto é chamado de "infarto silencioso". Este tipo de infarto pode passar desapercebido, sendo detectado, às vezes até por acaso, durante exames períódicos. Por outro lado, um infarto severo pode até mesmo levar imediatamente à morte em questão de poucas horas. Pode também deixar o músculo tão danificado a ponto de provocar arritmias (descompasso no ritmo de batimentos do coração) e também enfraquecê-lo (causar insuficiência cardíaca).

Um infarto do miocárdio é causado por uma doença dos vasos que irrigam o músculo cardíaco (miocárdio). A doença das artérias que irrigam o coração é chamada tecnicamente de coronariopatia. A alteração de suprimento de sangue para o miocárdio é o que produz efetivamente a dor no peito, que tecnicamente e chamada de angina. Considerando este conceito, pode-se dizer que o infarto ocorre por duas causas maiores:

  • Bloqueio de uma determinada artéria – o infarto do miocárdio ocorre quando o suprimento a uma determinada parte do músculo é severamente reduzido ou interrompido. Isto ocorre quando uma das artérias é bloqueada, com maior frequência por um trombo que se forma inicialmente sobre um placa devido a ateroesclerose (doença que faz com que placas de material lípidico fiquem aderidas no interior dos vasos). Este evento é chamado de trombose coronária ou oclusão coronária. – o infarto do miocárdio ocorre quando o suprimento a uma determinada parte do músculo é severamente reduzido ou interrompido. Isto ocorre quando uma das artérias é bloqueada, com maior frequência por um trombo que se forma inicialmente sobre um placa devido a ateroesclerose (doença que faz com que placas de material lípidico fiquem aderidas no interior dos vasos). Este evento é chamado de trombose coronária ou oclusão coronária.

  • Espasmo – Às vezes uma determinada artéria coronária se contrai temporariamente e então ocorre o espasmo. Quando isto ocorre, a artéria fica estreitada e o fluxo de sangue a um determinado segmento muscular fica diminuído ou interrompido. O que causa o espasmo ainda não está completamente entendido pelos pesquisadores. O que se sabe é que este evento pode ocorrer tanto em coronárias normais como em coronárias parcialmente obstruídas pela ateroesclerose (pessoa que já tem a doença coronariana). Se um espasmo acontece, pode também ocorrer o infarto do miocárdio.

Como Diferenciar um Infarto de uma Crise Anginosa?

Em primeiro lugar deve-se saber diferenciar a dor que a pessoa está sentindo. Muitas outros problemas de saúde podem causar dor no peito, por exemplo: uma indigestão, a ansiedade, uma dor muscular, a dissecção de aorta, a pericardite, entre outras. No caso da dor no peito por doença coronariana, as características são as seguintes:

INFARTO

CRISE ANGINOSA

  • Dor em aperto no peito que surge sem que exista um fator predisponente como exercício físico, exposição ao frio, ou outro qualquer. Pode acontecer em repouso;
  • Não é aliviada com o repouso e uso de medicações vasodilatadoras;
  • É acompanhada de náuseas ou vômitos;
  • Irradia-se para o pescoço, ombros e braços;
  • A pessoa tem a sensação de morte eminente;
  • Presença de palidez, suór frio e cianose ao redor dos lábios..
  • Dor em aperto ao centro do peito, surge em decorrência de um fator predisponente como o exercício físico, a exposição ao frio, ou outro qualquer.
  • É aliviada com o repouso e o uso de medicações vasodilatadoras.


Se você encontrar alguém que está tendo dor no peito com as características acima, encaminhe-o (a) o mais rápido possível para um serviço de atendimento médico.

Não espere! O atraso no encaminhamento para o hospital reduz a eficiência de certas medidas terapêuticas!

Pessoas portadoras de doença coronariana, hipertensão arterial e diabetes são as que mais demoram a procurar o serviço de atendimento médico.

Familiares de pessoas portadoras de doença coronariana devem conhecer de antemão a qual hospital se encaminhar no caso de uma emergência. É de grande utilidade ter em mente um caminho a seguir para evitar os problemas de trânsito comuns nas grandes cidades.

Para a pessoa que fica sozinha durante o dia, mantenha um bloco com as orientações escritas em um lugar visível, para que pessoas desconhecidas (empregados, vizinhos ou parentes) possam ajudar em caso de emergência.

Diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio

ECG - Informações Técnicas

No eletrocardiograma são observadas três alterações básicas:

  • Aparecimento da onda Q anormal - está onda significa que uma área miorcárdica está eletricamente inativa, ou seja infartada. A característica desta onda é que ela pode ficar maior do que 1/3 da altura total do complexo QRS. Normalmente esta altura não chega a 1/3 da altura do complexo QRS.

  • Elevação do segmento ST - esta alteração indica que o infarto está acontecendo. O nome técnico para esta alteração é a presença de uma corrente de lesão. Esta alteração pode ser também chamada de supradesnivelamento ou, infradesnivelamento quando ocorrer para baixo.

  • Onda T invertida - esta alteração ocorre depois de alguns dias do infarto e indica que houve isquemia de uma região miocárdica.

Exames Laboratoriais

Algumas substâncias são liberadas pelas células miocárdicas assim que o suprimento de sangue fica bloqueado. Estas enzimas aparecem na circulação sanguínea e podem ser dosadas e ser verificado o seu aumento após 6 horas do infarto. Estas enzimas são a CPK (creatino fosfo-quinase) e a CKMB (creatino quinase do músculo cardíaco). Outras enzimas aparecem alteradas no dia seguinte. São elas: DHL (desidrogenase láctica), TGO (transaminase glutâmica oxalacética) e TGP (transaminase glutâmico pirúvica).