ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ALZHEIMER






A doença de Alzheimer é uma doença que provoca deficiência cognitiva, afetando principalmente a memória necessária para reter novas informações. À medida que a doença evolui, várias outras funções cognitivas, como orientação, linguagem, julgamento, função social e habilidade de realizar tarefas motoras também declinam. Essa doença esta fortemente associada à idade, sendo bastante incomum antes dos 50 anos, mas podendo afetar metade das pessoas na faixa dos noventa anos. Ainda não foi encontrada uma cura, mas existem várias formas de tratamento que podem amenizar os sintomas de DA (doença de Alzheimer).Desde a descoberta da DA por Alois Alzheimer, surgiram muitas dúvidas e confusões sobre a relação dessa doença com o envelhecimento normal, uma vez que alterações microscópicas observadas no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer também se encontram em cérebros de pessoas idosas sadias. A diferença está na quantidade e distribuição dessas alterações. A senilidade é a deterioração das funções físicas e mentais resultantes da idade avançada, não tendo necessariamente relação com a DA.Demência é um termo médico utilizado para denominar disfunções cognitivas globais, podendo ocorrer em várias doenças diferentes, como doenças cerebrovasculares (AVCs), alcoolismo, AIDS, doença de Parkinson e doença de Alzheimer. Contudo, a DA é a causa mais comum de demência no mundo todo. Não se deve confundir distúrbios causados pelo envelhecimento normal com distúrbios causados pela demência, erro muito comumente cometido. Algumas alterações de memória e outras funções cognitivas são comuns em idosos sadios. Na demência, há um declínio cognitivo que resulta na perda da função (habilidade de administrar as responsabilidades em casa e no trabalho, nas atividades sociais ou nas atividades do dia-a-dia). A perda de memória sempre ocorre na demência, mas não é suficiente para o diagnóstico desta, sendo necessário o declínio de pelo menos uma outra área da função cognitiva.



Desde a época das primeiras descrições dos casos de doença de Alzheimer, sabe-se que as primeiras alterações microscópicas associadas à doença são os depósitos chamados amilóides, juntamente com anormalidades denominadas emaranhados neurofibrilares, que se desenvolvem dentro das células cerebrais. Determinar a natureza desses achados anormais trouxe opiniões importantes sobre as possíveis causas da doença de Alzheimer.
1) A proteína beta amilóide, que é a proteína específica de amilóide na doença de Alzheimer, deriva de uma proteína maior, denominada proteína precursora do amilóide (PPA), normalmente produzida por uma série de tipos diferentes de células orgânicas por vias metabólicas ainda não totalmente entendidas. Muitos pesquisadores (mas com certeza não todos) concluíram que o depósito de proteína amilóide no cérebro seja o evento-chave que leva ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Uma observação importante que sustenta a idéia de que o metabolismo da PPA é a chave para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer é a ocorrência dessa doença na maioria de indivíduos com Síndrome de Down sobreviventes além da idade de 50 anos.
2) Emaranhado neurofibrilar é uma expressão que descreve o aparecimento dentro dos neurônios de uma proteína citoesquelética densa, não sendo específicos da doença de Alzheimer e não estão uniformemente presentes em pacientes idosos com Doença de Alzheimer. O que chama a atenção é um componente particular dos emaranhados: a proteína tau, que é hiperfosforilada num paciente com Alzheimer o que difere da proteína tau de um cérebro normal. Alguns neurocientistas especulam que a fosforilação da tau e de outras proteínas pode ser um processo importante que traz disfunção celular na doença de Alzheimer.



Uma série de fatores parece aumentar a probabilidade de um indivíduo desenvolver doença de Alzheimer. A maioria desses fatores parece estar fora de controle do indivíduo.
Idade: a incidência é muito maior em pessoas com mais de 80 anos.
Hereditariedade de certos genes: a história familiar de doença de Alzheimer geralmente aumenta a probabilidade de a pessoa desenvolver a doença. Uma idade inicial relativamente jovem para a doença indica um componente genético mais forte.
Genes ligados a doença de Alzheimer: - mutação do cromossomo 21, especificamente no gene da proteína precursora do amilóide (PPA)- os genes dos cromossomos 1 e 14 - formas específicas do gene para a proteína apolipoproteína E, localizado no cromossomo 19- Apolipoproteína E: pode estar relacionada no transporte e na disposição dos fragmentos amilóides. A presença da apolipoproteína E4 representa forte fator de risco.
Metais: o alumínio e o zinco têm sido associados às alterações do tecido cerebral que ocorrem na doença de Alzheimer. Porém não há evidências diretas que liguem a exposição física a esses metais com a doença.
Síndrome de Down e doença de Alzheimer: indivíduos com síndrome de Down têm cópia extra do cromossomo 21 onde se localiza o gene para a proteína precursora do amilóide (PPA) e, portanto, possuem 50% de capacidade a mais de gerar a fonte da proteína beta-amilóide, constituinte primário das placas amilóides que se depositam no cérebro com doença de Alzheimer.
Há também estudos de fatores que poderiam reduzir o risco de desenvolver o quadro clínico ou retardar a evolução da doença.
Altos níveis de instrução: Pessoas instruídas apresentam pontuações na variação normal em testes de triagem cognitiva durante os estágios precoces de doenças demenciantes. Testes cognitivos mais difíceis podem revelar um declínio substancial e sustentam o diagnóstico.
Estrogênio: O uso de estrogênio (reposição hormonal) pode ser mais comum entre mulheres com maior nível de instrução e melhor acesso a assistência médica, podendo tais mulheres apresentar menores taxas de doença de Alzheimer. Portanto, o uso do estrogênio pode ser um marcador de risco reduzido mais do que uma droga que realmente reduza o risco. Por outro lado, pesquisas laboratoriais básicas forneceram mecanismos plausíveis pelos quais o estrogênio pode ter um efeito protetor.
Antioxidantes: altas doses de vitamina E e a medicação antioxidante selegelina podem retardar a progressão clínica da doença de Alzheimer em estágio moderado da doença.Outro ensaio sugeriu que o uso de uma formulação de gingko biloba, devido aos seus efeitos anti-oxidantes, retarda levemente o declínio cognitivo da doença de Alzheimer.



Os pacientes com Doença de Alzheimer têm dificuldade com o pensamento (cognição), com os padrões de comportamento e com a rotina diária. Cognição inclui memória, orientação, linguagem, julgamento e resolução de problemas. Os padrões de comportamento abrangem a personalidade, o humor, o nível de atividade e as percepções do ambiente. A rotina diária refere-se à capacidade de trabalhar, cuidar das necessidades pessoais e da casa, e participar da comunidade. À medida que a doença evolui, o indivíduo afetado depara-se com mais e mais desafios nessas áreas.
Geralmente, a Doença de Alzheimer se divide em três estágios: leve, moderado e grave. Cada estágio pode durar alguns anos.
Estágio Leve
- Esquecimento de eventos recentes- Comprometimento do aprendizado de novas informações - Relações de tempo levemente alteradas - Orientação espacial prejudicada fora do ambiente familiar - Dificuldade em realizar tarefas complexas - Necessidade de ser lembrado sobre os cuidados pessoais e higiene
Estágio Moderado
- Esquecimento eventual do nome e identidade de familiares e amigos - Dificuldades com a noção de tempo - Desorientação espacial dentro de casa - Dificuldade em encontrar a palavra certa e em nomear objetos - Fala menos espontânea e complexa - Incapacidade de lidar com dinheiro - Dificuldade em lidar com emergências domésticas - Perda da iniciativa - Dificuldade em realizar as atividades da vida diária (AVDs) - Incontinência urinária e fecal - Irritabilidade, agressividade - Delírios e alucinações - Perambulação
Estágio Grave
- Problemas com a memória de longo prazo - Perda gradual da orientação de tempo, lugar e pessoa - Dificuldade em terminar uma frase - Comunicação é melhor por modo não verbal - Perda total da independência - Aparência fragilizada - Irritabilidade extrema .




O diagnóstico da doença de Alzheimer é feito com base na exclusão de diversas patologias que também podem evoluir para um quadro de demência, tais como:
Traumatismos cranianos
Tumores cerebrais
Acidentes Vasculares Cerebrais
Arterioesclerose
Intoxicações ou efeitos colaterais de medicamentos
Intoxicação por drogas e álcool
Depressão
Hidrocefalia
Hipovitaminoses
Hipotireoidismo
Apesar de a presença de alguns indicadores em exames de sangue, como a apolipoproteína E (APOE) aumentarem as chances de desenvolvimento da doença de Alzheimer, um diagnóstico conclusivo só é possível através da realização de uma biópsia ou necrópsia de tecido cerebral (ver animação das alterações macroscópicas do cérebro na DA). Uma outra dificuldade na realização do diagnóstico de Doença de Alzheimer é a aceitação da demência como consequência normal do envelhecimento, fazendo com que os pacientes demorem a procurar a ajuda de um médico. Ainda não existe tratamento preventivo ou curativo para a doença de Alzheimer. No entanto existe uma série de medicamentos que ajudam a aliviar alguns sintomas. Infelizmente, estes medicamentos são apenas eficazes em um número limitado de doentes, apenas por um breve período de tempo e podem causar efeitos secundários indesejáveis.