ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Distúrbios Capilares


O pêlo tem origem na derme, a camada da pele localizada imediatamente abaixo da camada superficial (epiderme). Os distúrbios capilares incluem a pilosidade excessiva, a calvície e os pêlos de barba encravados.

Pilosidade Excessiva

Tanto os homens quanto as mulheres podem apresentar hirsutismo (pilosidade excessiva) em á reas da pele que geralmente não são muito peludas. Essa característica é freqüentemente do tipo familiar, particularmente entre as pessoas de origem mediterrânea. Nas mulheres e nas crianças, a pilosidade excessiva pode ser decorrente de um distúrbio da hipófise ou das adrenais que causa a produção excessiva de esteróides masculinizantes (virilizantes). A pilosidade excessiva é comum após a menopausa e nos usuários de esteróides anabolizantes ou de corticosteróides. A condição também pode ocorrer em indivíduos que utilizam determinados medicamentos (p.ex., minoxidil, utilizado para controlar a pressão arterial). Os indivíduos com porfiria cutânea tarda também podem apresentar hirsutismo.

Tratamento

Em primeiro lugar, o médico determina a causa do crescimento excessivo de pêlos. Freqüentemente, os exames laboratoriais não são necessários, mas, quando existe uma suspeita de um distúrbio endócrino, podem ser solicitados exames de sangue. Como uma solução temporária, os pêlos podem ser raspados. Outras medidas temporárias incluem a depilação com cera e o uso de depiladores. Quando o pêlo é muito fino, o distúrbio pode ser mascarado com a descoloração do mesmo. Para eliminar o pelo de forma definitiva é necessária a destruição dos folículos pilosos. O único tratamento permanente e seguro é a eletrólise.

Calvície

A calvície (alopécia) é muito mais comum nos homens que nas mulheres. Ela pode ser decorrente de fatores genéticos, do envelhecimento, das condições cutâneas locais e de doenças sistêmicas (que afetam todo o organismo). Alguns medicamentos (p.ex., drogas antineoplásicas) também podem causar a queda de cabelo. A calvície de padrão masculino é o tipo mais comum de queda de cabelo que afeta os homens. Ela é rara em mulheres e crianças, pois depende da presença de hormônios masculinos (androgênios) e da concentração dos mesmos, que encontra-se elevada nos homens após a puberdade. Este tipo de calvície tem um caráter familiar. Geralmente, a queda de cabelo começa nas zonas laterais, próximo da fronte ou na parte superior da cabeça em direção a região posterior.

A queda de cabelo pode começar em qualquer idade, mesmo na adolescência. Alguns indivíduos perdem somente parte do cabelo e desenvolvem uma calvície na porção posterior ou em outra região do couro cabeludo. Outros, especialmentes aqueles cuja perda de cabelo começa na juventude, podem tornar- se completamente calvos. A calvície de padrão feminino é menos comum que a de padrão masculino. Comumente, esta condição produz uma rarefação de cabelo na frente, nas laterais e na coroa. Raramente, ela evolui até uma perda total do cabelo.

A calvície tóxica (alopécia tóxica) pode ocorrer após uma doença grave acompanhada de febre alta. Em doses excessivas, algumas drogas, sobretudo o tálio, a vitamina A e os retinóides. podem causar a calvície. Muitas drogas antineoplásticas também a causam. Além disso, a calvície pode ser decorrente de uma hipoatividade da tireóide, da hipófise ou mesmo da gravidez. O cabelo cai durante 3 a 4 meses após a doença ou outro transtorno. Geralmente, a queda de cabelo é temporária e o cabelo volta a crescer.

A alopécia areata é um distúrbio no qual ocorre uma queda súbita de pêlos em uma área determinada, habitualmente no couro cabeludo ou na barba. Raramente, pode ocorrer queda de toda a pilificação do corpo, uma condição denominada alopécia universal. Geralmente, os pêlos voltam a crescer em alguns meses, exceto nos indivídos com perda de pêlo generalizada, nos quais um novo crescimento é improvável. O arrancamento de cabelo (tricotilomania) é mais comum em crianças, mas o hábito pode persistir por toda a vida.

O hábito pode não ser percebido por muito tempo, o que leva os médicos e os pais a pensarem em uma doença (p.ex., alopécia areata) como sendo a causa da queda de cabelo. Algumas vezes, uma biópsia (coleta de uma amostra de pele para exame microscópico) ajuda o médico a estabelecer o diagnóstico. A alopécia cicatricial é a queda de cabelo que ocorre em áreas cicatrizadas. A pele pode apresentar cicatrizes por queimaduras , lesões graves ou radioterapia. As causas menos evidentes de cicatrização incluem o lúpus eritematoso sistêmico, o líquen plano, as infecções bacterianas ou fúngicas crônicas, a sarcoidose e a tuberculose. Os cânceres de pele também podem causar cicatrizes na pele.

Diagnóstico e Tratamento

A determinação do tipo de calvície simplesmente através da observação é algumas vezes difícil e, por essa razão, o médico pode necessitar de uma biópsia para estabelecer o diagnóstico. A biópsia ajuda a determinar se os folículos pilosos são normais. Quando eles são anormais, a biópsia pode indicar as causas possíveis. A maioria dos tipos de calvície ou alopécia não tem cura. Um indivíduo com calvície de padrão masculino ou feminino pode ser submetido a um transplante de cabelo, no qual os folículos pilosos são removidos de uma parte do corpo e transplantados. Alguns medicamentos (p.ex., minoxidil tópico) podem favorecer o crescimento do cabelo em uma pequena porcentagem de indivíduos.

A finasterida oral também pode promover o crescimento do cabelo. Os corticosteróides injetados sob a pele costumam ajudar as pessoas com alopécia areata, mas os resultados podem não ser duradouros. Um outro tratamento para a alo-pécia areata envolve a indução de uma reação alérgica ou de uma irritação discreta para promover o crescimento do cabelo. A alopécia cicatricial é particularmente difícil de ser tratada. Quando possível, a causa da formação de cicatrizes é tratada, mas após uma área da pele ter cicatrizado totalmente, o crescimento de pelo é improvável.

Pêlos de Barba Encravados

Um pêlo pode enrolar de tal modo que sua extremidade perfura a pele e causa inflamação (pseudofoliculite da barba). Isso ocorre mais freqüentemente com os pêlos encravados da barba, especialmente em homens da raça negra. O melhor tratamento consiste em deixar a barba crescer: quando os pêlos tornam-se mais longos, eles não encravam nem perfuram a pele. O homem que não deseja usar barba pode utilizar um produto depilatório feito de tioglicolato ou tretinoína (ácido retinóico), mas, freqüentemente, ele irrita a pele.