ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

TUMOR CEREBRAL

TUMOR CEREBRAL

Introdução

Um tumor cerebral é uma massa de células que crescem de forma anormal no cérebro. O tumor pode ser benigno (não canceroso, que tem pouca chance de esparramar) ou maligno (canceroso, que provavelmente vai se esparramar). Tanto benigno como maligno, os tumores cerebrais são graves porque é um tumor que cresce comprimindo e causando lesão às outras estruturas no cérebro.

Há duas categorias de tumores cerebrais: primários e secundários. Os tumores primários originam-se do tecido cerebral, podem ser benignos ou malignos, e são classificados pelo tecido o qual eles começam:

  • Gliomas: São os tumores cerebrais primários mais comuns, começam dentro do tecido glial do cérebro (tecido de suporte). Os gliomas incluem os astrocitomas, os glioblastomas, os oligodendrogliomas e os tumores do epêndima.
  • Meduloblastomas: Tumores que vêm de células embrionárias jovens e acontecem mais geralmente em crianças.
  • Meningiomas: São relacionados ao tipo de célula de revestimento das membranas que envolvem o cérebro e a espinha dorsal. Eles geralmente são benignos, mas podem ser recorrentes (que voltam freqüentemente) ou malignos.
  • Glioblastoma Multiforme: É um tumor de alto-grau que pode surgir de gliomas de baixo-grau.
  • Linfomas: Surgem dos linfócitos, normalmente em outras partes do corpo, mas também podem acontecer só dentro do cérebro ou da medula espinha.

Um tumor cerebral também pode ser um câncer que esparramou para o cérebro, vindo de outra parte do corpo. Estes são chamados tumores secundários (ou metastáticos), e geralmente vem dos pulmões ou da mama. Quando isto acontece, o câncer será igual ao câncer original. Por exemplo, câncer do pulmão que se espalha para o cérebro é conhecido como câncer metastático de pulmão porque as células do tumor se assemelham às células pulmonares anormais, em lugar de células cerebrais anormais. Os tumores cerebrais secundários são mais comuns que os tumores primários. Eles acontecem em aproximadamente 25 por cento das pessoas que têm câncer em outro lugar.

Milhares de pessoas em todo o mundo são diagnosticadas com tumores cerebrais a cada ano, de acordo com a Sociedade Americana de Câncer. Embora os tumores cerebrais possam aparecer em qualquer idade, eles geralmente se incidem em adultos de 40 a 70 anos de idade e crianças entre 3 e 12 anos de idade.

Quadro Clínico

Os sintomas de um tumor cerebral são freqüentemente iguais àqueles de outras doenças, podendo desenvolver-se gradualmente. Dessa forma, eles freqüentemente passam desapercebidos por muito tempo antes do diagnóstico.

Embora um tumor cerebral raramente cause dor de cabeça, as dores de cabeça em alguém sem história prévia, devem ser avaliadas por um profissional (neurologista). As dores de cabeça de um tumor cerebral tendem a ser pior ao despertar e a aliviar durante o dia. Outros sintomas dos tumores cerebrais incluem:

  • Vômitos e náuseas
  • Ataques epiléticos
  • Fraqueza nos braços ou nas pernas
  • Dificuldades na fala ou nos movimentos
  • Falta de coordenação ao caminhar
  • Mudanças na visão ou movimentos anormais dos olhos
  • Sonolência
  • Mudanças na memória ou na personalidade

Os sintomas específicos de um tumor cerebral dependem de seu tamanho e do local em que ele se encontra no cérebro. Eles podem ser causados por vários fatores, incluindo:

  • Pressão aumentada dentro do crânio (hipertensão intra-craniana)
  • Lesão de uma área vital do cérebro
  • Inchaço (edema) e retenção de fluidos em volta do tumor
  • Hidrocefalia, às vezes chamada de "água no cérebro", resultante do bloqueio do fluxo de líquido cérebro-espinhal (líquor) produzido no cérebro, que se acumula no interior do crânio
Diagnóstico

O médico irá perguntar por seus sintomas e sobre sua história clínica pessoal e familiar. Ele fará um exame físico e neurológico completo. O exame neurológico irá checar os reflexos, a coordenação, a sensibilidade, a resposta à dor e a força muscular. Ele examinará seus olhos com um aparelho iluminado, para conferir possíveis sinais de pressão intracraniana aumentada ou inchaço cerebral. Dependendo dos sintomas ou do exame físico, ele pode solicitar um ou mais dos seguintes exames:
  • Tomografia computadorizada (TC)

A TC cria uma visão tridimensional do cérebro através de uma máquina de radiografia (RX) que gira ao redor do corpo. Um contraste (tintura que aparece no RX) às vezes é injetado em uma veia antes do exame para facilitar a identificação do tumor.
  • Imagem de Ressonância Magnética (IRM) —

Este exame oferece uma imagem do cérebro utilizando um ímã potente, um transmissor de radiofreqüência e um computador. Na IRM pode-se ver melhor algumas partes do cérebro que a imagem da TC. Um contraste especial pode ser injetado no sangue para intensificar as imagens e torná-las mais claras. Uma Angiografia por Ressonância Magnética (ou Angioressonância) é semelhante a IRM, mas mostra especificamente o fluxo de sangue nas artérias. Isto é útil para diagnosticar aneurismas ou definir melhor os tumores.

  • Punção lombar (Punção espinhal) — Uma amostra do líquido espinhal (líquor) é tirada da parte mais baixa da coluna com uma agulha. O líquido pode ser checado para ver sinais de infecção ou células cancerosas. Se você tem dor de cabeça, é especialmente importante que este exame seja feito para identificar as meningites infecciosas. Este exame normalmente é feito quando o neurologista já viu a Tomografia Computadorizada ou a Ressonância Magnética. Este exame também é importante se o diagnóstico é de linfoma cerebral. O tratamento é diferente para o linfoma cerebral que se espalhou pelo líquido espinhal.

Se um possível tumor é encontrado, você pode fazer um dos seguintes exames antes de uma biópsia ou uma cirurgia ser realizada:

  • Ressonância Magnética Espectroscópica – Este exame é semelhante a uma IRM mas intensifica sinais de substâncias diferentes no corpo que às vezes dá uma imagem mais clara de um tumor. O uso deste método para tumores cerebrais ainda é experimental, e não é habitualmente usado.
  • Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) — Este exame identifica um tumor através do uso de um açúcar ou de outras substâncias diferentes daquelas encontradas no tecido cerebral normal. Este exame é mais usado para avaliar o sucesso do tratamento, distinguindo o tumor do tecido cicatricial. Para este exame, uma dose muito baixa de açúcar radioativo é injetada em uma veia, que irá aparecer realçada na imagem do exame.
  • Angiografia cerebral — Ela às vezes é usada para avaliação adicional do tamanho e local do tumor se a cirurgia foi planejada. É uma radiografia das veias e artérias, usando um contraste especial para definir os esboços dos vasos sanguíneos.

Às vezes, tumores cerebrais são cânceres que se esparramaram de outras partes do corpo. Se isto é suspeitado, também podem ser feitos exames de Raios X de outros órgãos.

Uma vez o tumor tenha sido identificado, uma biópsia é necessária para identificar o tipo de tumor. Em uma biópsia, uma amostra pequena de tecido é retirada e examinada em um laboratório de patologia clínica. Um neurocirurgião pode usar a TC, a IRM e técnicas de estereotaxia para guiar uma agulha cuidadosamente ao local do tumor e tirar uma pequena amostra de tecido na sala de cirurgia. Ele também pode decidir fazer biópsias enquanto a cirurgia é feita para remover o máximo de tecido do tumor quanto possível.

Prevenção

Não há nenhum modo de prevenir o desenvolvimento de tumores cerebrais. Quanto mais se aprende sobre as causas dos tumores cerebrais, mais se poderá fazer para ajudar a preveni-los. Entre as áreas de investigação estão os fatores genéticos e hereditários, a exposição ambiental a certas substâncias químicas, e a exposição a certos vírus.

Tratamento

O tratamento para um tumor cerebral depende de seu tamanho, local e tipo, como também a saúde da pessoa e sua idade. A equipe de médicos envolvida no tratamento pode incluir um neurologista, um oncologista e um neurocirurgião. Os principais métodos de tratamento incluem a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. Muitas vezes, uma combinação de tratamentos é usada, como a cirurgia e a radioterapia. Antes do tratamento, podem ser dadas drogas como corticosteróides para reduzir o inchaço do tecido cerebral, e também podem ser prescritas drogas anticonvulsivantes para prevenir ou controlar os ataques epiléticos relacionados aos tumores.

Quando possível, a cirurgia é a primeira linha de tratamento e pode remover alguns tumores cerebrais benignos e malignos com sucesso. Os meningiomas, alguns ependimomas, gangliogliomas, e astrocitomas de cerebelo (área do cérebro responsável pelo equilíbrio) podem ser mais provavelmente tratados e curados através da cirurgia que outros tipos de tumor. Até mesmo se o tumor não pode ser removido inteiro, porque está preso a um tecido cerebral vital, os médicos irão freqüentemente retirá-lo para ajudar a reduzir a pressão intracraniana e aliviar os sintomas.

Porém, alguns tumores não podem ser removidos, ou a cirurgia é considerada arriscada. Em tais casos, uma biópsia pode ser feita para ajudar a determinar se outros tratamentos podem ser mais efetivos. Na biópsia, um pedaço pequeno de tecido é removido para ser examinado em um laboratório. A Cirurgia Estereotáxica é especialmente útil para alcançar tumores localizados profundamente dentro do cérebro e também para ajudar a definir os limites do tumor de forma que o tecido cerebral normal seja afastado. Isto abaixa a chance de efeitos colaterais e de lesões cerebrais durante a cirurgia.

A radioterapia, que usa raios potentes para matar células cancerosas, é freqüentemente usada após a cirurgia para ajudar a remover as células cancerosas que sobraram, e que não puderam ser removidas através da cirurgia. Considerando que as altas doses de radiação podem danificar o tecido cerebral normal, o oncologista especializado em radioterapia tenta mirar as doses altas de radiação em direção ao tumor, com doses mais baixas possíveis para áreas do cérebro circunvizinhas (ao redor). A radioterapia também pode ser dada colocando-se um material radioativo diretamente no tumor.

A radioterapia só pode curar algumas formas de câncer cerebral. Por exemplo, até a metade de todos os meduloblastomas são curados através da radioterapia. A radioterapia também é usada quando a cirurgia não for uma opção.

A quimioterapia pode envolver uma droga ou uma combinação de drogas anticâncer, normalmente é tomada por via oral ou através de injeção. Os linfomas cerebrais respondem muito bem à quimioterapia, como também à radioterapia.

Qual médico procurar?

Procure um neurocirurgião para uma avaliação imediata se você teve ataques epiléticos inéditos, dores de cabeça recentes e severas, sonolência inexplicada, mudanças súbitas na visão ou dificuldade para falar ou para movimentar. Além disso, se você começou a sentir uma fraqueza súbita, ou mudanças na memória ou na personalidade, você deve procurar o médico imediatamente.

Prognóstico

A descoberta e o início do tratamento precoces são a melhor chance de recuperação dos tumores cerebrais cancerosos e benígnos. O prognóstico também depende do tipo de tumor, de seu tamanho, do local onde ele se encontra, da idade da pessoa, da extensão da cirurgia, e do quanto o tumor afetou as capacidades da pessoa. Em geral, tumores de baixo grau têm um prognóstico melhor. Os meningiomas também tendem a ter um prognóstico bom porque normalmente não são cancerosos e podem ser removidos mais facilmente. Os astrocitomas de alto-grau e os glioblastomas multiformes tendem a ter uma perspectiva ruim, mas há exceções.