ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Distúrbios Refrativos


Distúrbios Refrativos

Normalmente, o olho cria uma imagem nítida porque a córnea e o cristalino desviam (refratam) os raios luminosos que chegam ao olho para centralizá-los sobre a retina. A forma da córnea é fixa, mas o cristalino muda de forma para focalizar objetos localizados a distâncias variadas do olho. A forma do globo ocular também ajuda a criar uma imagem nítida sobre a retina. Os indivíduos hipermétropes apresentam dificuldade para ver objetos próximos e os míopes apresentam dificuldade para focalizar objetos distantes.

Quando os indivíduos atingem os 40 anos de idade, o cristalino torna-se cada vez mais rígido e não consegue focalizar os objetos próximos, uma condição denominada presbiopia. Quando um indivíduo é submetido à remoção do cristalino para tratar uma catarata, mas não recebe um implante de cristalino, os objetos parecerão borrados, qualquer que seja a distância. A ausência de cristalino é denominada afacia. Uma córnea com forma imperfeita pode causar distorção visual (astigmatismo).

Todo mundo deveria ser submetido a exames oftalmológicos regulares realizados por seu médico, por um oftalmologista ou por um optometrista. Os olhos são examinados em conjunto e individualmente. O exame oftalmológico comumente inclui avaliações não relacionadas aos erros de refração (p.ex., tese de capacidade de distinguir cores).

Tratamento

O tratamento habitual para os erros de refração consiste no uso de lentes corretivas. Contudo, certos procedimentos cirúrgicos e tratamentos a laser que alteram a forma da córnea também podem corrigi-los.

Lentes Corretivas

Os erros de refração podem ser corrigidos com lentes de vidro ou de plástico montadas em uma estrutura (óculos) ou com pequenas peças de plástico aplicadas diretamente sobre a córnea (lentes de contato). Para a maioria dos indivíduos, a escolha é uma questão de aparência, conveniência e conforto. As lentes plásticas para óculos são mais leves, mas tendem a riscar; as de vidro são mais duráveis, mas apresentam maior risco de quebrar. Ambas podem ser coloridas ou tratadas com uma substância química que as escurece automaticamente frente à exposição à luz.

As lentes também podem ser revestidas a fim de reduzir a quantidade de raios ultravioleta potencialmente lesivos que chegam aos olhos. As bifocais contêm duas lentes, uma superior que corrige a miopia e uma inferior que corrige a hipermetropia. Muitos indivíduos consideram as lentes de contato mais atraentes que os óculos e alguns acham que a visão com elas é mais natural. No entanto, as lentes de contato exigem mais cuidados que os óculos, podem causar lesões oculares e, em alguns indivíduos, não conseguem corrigir a visão de modo tão adequado quanto os óculos.

Os indivíduos idosos e aqueles com artrite podem apresentar problemas para manipular lentes de contato e colocá-las nos olhos. As lentes de contato duras (rígidas) são discos finos feitos de plástico rígido. Existem lentes permeáveis ao ar, feitas de silicone e outros compostos. Elas são rígidas mas permitem um melhor aporte de oxigênio à córnea. As lentes de contato macias hidrófilas, feitas de plástico flexível, são maiores e recobrem toda a córnea. A maioria das lentes macias não hidrófilas são feitas de silicone. Os indivíduos idosos geralmente acham que as lentes de contato moles são de manuseio mais fácil pelo fato de serem maiores. A probabilidade de queda ou de retenção de poeira e de outras partículas sob as mesmas também é menor.

Além disso, as lentes de contato moles habitualmente são confortáveis desde a primeira colocação. Entretanto, esse tipo de lente exige um cuidado escrupuloso. Os indivíduos devem utilizar o primeiro par de lentes de contato rígida durante até uma semana antes de se sentirem confortáveis durante um período prolongado. As lentes são usadas diariamente, durante um número de horas cada vez maior. Embora as lentes possam causar desconforto no início, elas não devem causar dor. A dor indica uma má adaptação. A maioria das lentes de contato devem der retiradas e limpas diariamente. Alternativamente, o indivíduo pode utilizar lentes descartáveis.

Algumas são trocadas semanalmente ou a cada duas semanas e outras são trocadas diariamente. O uso de lentes descartáveis dispensa a necessidade de limpeza e de armazenamento das lentes, pois cada lente é substituída regularmente por uma nova. O uso de qualquer tipo de lente de contato apresenta um risco de complicações graves e dolorosas, inclusive a ocorrência de úlcera de córnea em decorrência de uma infecção, a qual pode causar perda da visão. Os riscos podem muito menores se o indivíduo seguir as instruções do fabricante e do oftalmologista e usar o bom senso. Todas as lentes de contato reutilizáveis devem ser esterilizadas e desinfetadas.

A limpeza com enzimas não substitui a esterilização nem a desinfecção. O risco de infecções graves aumenta com a limpeza de lentes de contato com solução salina caseira, saliva, água corrente ou destilada e com a prática da natação utilizando lentes de contato. O indivíduo não deve usar lentes de contato moles (sejam as de uso diário, de uso prolongado ou descartáveis) durante a noite, exceto quando existe uma razão especial para fazê-lo. Quando o indivíduo sente um desconforto, lacrimeja excessivamente, apresenta alterações da visão ou seus olhos tornam-se vermelhos, as lentes devem ser retiradas imediatamente. Quando os sintomas não desaparecem rapidamente, ele deve entrar em contato com o oftalmologista.

Cirurgia e Laserterapia

Para corrigir a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo, podem ser utilizados certos procedimentos cirúrgicos e com laser (cirurgia refrativa). No entanto, esses procedimentos geralmente não corrigem a visão tão bem quanto os óculos e as lentes de contato. Antes de decidir- se por um desses procedimentos, o indivíduo deve discutir o assunto seriamente com um oftalmologista e deve considerar cuidadosamente os riscos e os benefícios. Os melhores candidatos à cirurgia refrativa são os indivíduos cuja visão não pode ser corrigida por óculos ou por lentes de contato e aqueles que não toleram o seu uso. No entanto, muitos optam por essa cirurgia por conveniência e por motivos estéticos e muitos sentem-se satisfeitos com os resultados.

Compreendendo a Refração

Estas ilustrações mostram como a córnea e o cristalino centram a luz sobre a retina quando a visão é normal, anormal e corrigida por óculos ou lentes de contacto.

Ceratotomia radial e astigmática

A ceratotomia é um procedimento cirúrgico utilizado para tratar a miopia e o astigmatismo. Na ceratotomia radial, o cirurgião realiza pequenas incisões radiais (em aros de roda de carroça) na córnea. Normalmente, ele realiza 4 a 8 incisões. Na ceratotomia astigmática (utilizada para corrigir o astigmatismo de origem natural e o astigmatismo decorrente de uma cirurgia de catarata ou de um transplante de córnea), o cirurgião realiza incisões perpendiculares. Como a córnea poussui apenas 1/2 milímetro de espessura, a profundidade das incisões deve ser determinada com precisão.

O cirurgião determina onde cada incisão deve ser realizada após analisar a forma da córnea e a acuidade visual do indivíduo. A cirurgia aplana a córnea, de modo que ela consiga concentrar melhor a luz que incide sobre a retina. Esta alteração de forma melhora a visão e aproximadamente 90% dos indivíduos submetidos à cirurgia conseguem ver de modo satisfatório e conduzir veículos sem óculos ou lentes de contato. Algumas vezes é necessária a realização de um segundo ou de um terceiro procedimento de retoque para melhorar a visão suficientemente.

Nenhum procedimento cirúrgico é isento de riscos, mas os riscos da ceratotomia radial e astigmática são pequenos. Os principais riscos são a correção excessiva e a correção insuficiente da visão. Como a correção excessiva normalmente não pode ser tratada de modo eficaz, o cirurgião tenta evitar realizar uma correção excessiva em uma só sessão. Como já foi mencionado, a correção insuficiente pode ser tratada através de um segundo ou de um terceiro procedimento de retoque. A complicação mais grave é a infecção, a qual ocorre em uma porcentagem muito inferior a 1% dos casos. Quando ela ocorre, deve ser tratada com antibióticos.

Ceratectomia Fotorrefrativa:

Este procedimento cirúrgico a laser volta a dar forma à córnea. A ceratectomia fotorrefrativa utiliza um feixe de luz altamente concentrado para remover pequenas quantidades da córnea e, conseqüentemente, altera a sua forma. Como nos procedimentos cirúrgicos, a alteração da forma da córnea concentra mais satisfatoriamente a luz sobre a retina e melhora a visão. Embora a cirurgia a laser pareça promissora para corrigir a visão deficiente, ela apresenta alguns problemas. Por exemplo, o período de recuperação é mais prolongado e mais doloroso que o dos outros procedimentos cirúrgicos refrativos. Contudo, os riscos são similares aos da ceratotomia radial e da ceratotomia astigmática.

fonte: Manual Merck