ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lesões esportivas




Nos Estados Unidos, mais de 10 milhões de lesões esportivas são tratadas anualmente. Os princípios da medicina esportiva podem ser aplicados ao tratamento de muitas lesões músculoesqueléticas, as quais assemelham-se às lesões esportivas mas que possuem causas diferentes. Por exemplo, o cotovelo de tenista (tennis elbow) pode ser causado pelo ato de carregar uma mala, apertar um parafuso ou abrir uma porta emperrada. O joelho do corredor pode ser causado pela rotação excessiva do pé para o interior (pronação) ao caminhar.

Causas

As lesões esportivas são provocadas por métodos inadequados de treinamento, alterações estruturais que sobrecarregam mais determinadas partes do corpo do que outras e pela fraqueza muscular, tendinosa e ligamentar. Muitas dessas lesões são causadas pelo desgaste crônico e por lacerações, os quais são decorrentes de movimentos repetitivos que afetam os tecidos suscetíveis.

Métodos Inadequados de Treinamento

A causa mais comum das lesões musculares e articulares são os métodos inadequados de treinamento: o indivíduo que se exercita não permite uma recuperação adequada após uma série de exercícios ou não pára de se exercitar ao sentir dor. Todas as vezes em que os músculos são sobrecarregados por um período de exercícios intensivos, algumas fibras musculares são lesadas e outras utilizam sua energia disponível, a qual foi armazenada sob a forma de glicogênio (um carboidrato). São necessários mais de 2 dias para as fibras cicatrizem e para que o glicogênio seja reposto.

Como somente as fibras não lesadas e nutridas funcionam adequadamente, os períodos de exercícios intensivos, com pequenos intervalos de repouso, acabam exigindo um trabalho comparável por parte de uma menor quantidade de fibras saudáveis, aumentando a probabilidade de lesão. Conseqüentemente, um intervalo de no mínimo dois dias entre treinamentos intensivos ou a alternância de treinamentos que sobrecarregam partes diferentes do corpo podem ajudar a evitar a ocorrência de lesões crônicas. A maioria dos programas de treinamento alternam um período de treinamento intensivo em um dia com repouso ou um treinamento mais leve no dia seguinte. Por exemplo, muitos halterofilistas alternam um treinamento intensivo em um dia com repouso no dia seguinte.

Um corredor 1,5 km em 5 minutos em um dia e a mesma distância em um período de 6 a 8 minutos no dia seguinte. Se o atleta treinar duas vezes por dia, cada série de exercícios intensivos deve ser seguida por no mínimo três séries mais leves. Apenas os nadadores podem realizar treinamentos intensivos e leves diariamente sem risco de lesão. A força de ascenção da água os ajuda a proteger seus músculos e articulações. A dor, a qual precede a maioria das lesões por desgaste e laceração, ocorre pela primeira vez quando um certo número de fibras musculares e de tendões começa a se romper. A interrupção do exercício ao primeiro sinal de dor limitará a lesão dessas fibras, resultando em uma recuperação mais rápida. A continuidade do exercício com dor acarretará a laceração de mais fibras, agravando a lesão e retardando a recuperação.

Anormalidades Estruturais

As anormalidades estruturais tornam o corpo suscetível a lesões esportivas por causa do esforço desigual de várias partes do corpo. Por exemplo, quando as pernas apresentam comprimentos diferentes, uma maior força é exercida sobre o quadril e o joelho da perna mais longa. Habitualmente, correr em acostamentos de estradas apresenta o mesmo efeito. O ato de pisar repetidamente com um pé sobre a superfície um pouco mais elevada aumenta o risco de dor e de lesão desse lado do corpo.

O indivíduo que apresenta uma curvatura exagerada na coluna vertebral pode sentir dor nas costas ao balançar um bastão de beisebol. Em geral, a dor desaparece quando a atividade é interrompida, mas ela retorna sempre que a mesma intensidade de exercício é atingida. O fator biomecânico que causa a maioria das lesões do pé, da perna e do quadril é a pronação excessiva – uma rotação interna dos pés após eles entrarem em contato com o solo. Um certo grau de pronação é normal e previne as lesões uma vez que ele ajuda a distribuir a força por todo o pé.

No entanto, uma pronação excessiva pode causar dor no pé, no joelho e na perna. Nos indivíduos que apresentam pronação excessiva, os tornozelos são tão flexíveis que o arco dos pés toca o chão durante a marcha ou a corrida, fazendo com que os pés apresentem o aspecto de pés planos. Um corredor com pronação excessiva pode sentir dores nos joelhos ao correr longas distâncias. O problema oposto – uma pronação muito pequena – pode ocorrer em indivíduos que apresentam rigidez de tornozelos. Nelas, o pé parece possuir um arco muito elevado e não absorver bem os choques, aumentando o risco de ocorrência de pequenas fissuras nos ossos (fraturas de fadiga) dos pés e das pernas.

Fragilidade dos Músculos, dos Tendões e dos Ligamentos

Os músculos, os tendões e os ligamentos sofrem laceração quando submetidos a forças superiores à sua força intrínseca. Por exemplo, eles podem ser lesados quando eles são muito fracos ou tensos para o exercício que está sendo tentado. As articulações apresentam uma maior propensão à lesão quando os músculos e os ligamentos que lhes provêem sustentação são fracos, como ocorre após um entorse. Os ossos enfraquecidos pela osteoporose podem fraturar facilmente.

Os exercícios de fortalecimento ajudam a evitar lesões. A prática regular de exercícios não aumenta nem fortalece significativamente os músculos. O único modo de fortalecimento dos músculos consiste no exercício dos mesmos contra uma resistência progressiva como, por exemplo, praticar um esporte mais intensamente, levantar pesos progressivamente maiores ou usar equipamentos especiais de fortalecimento.

Os exercícios de reabilitação para o fortalecimento de músculos e tendões já recuperados geralmente são realizados com levantamentos ou pressão contra resistência, em séries de oito a doze repetições e nunca em uma freqüência superior que em dias alternados.

Diagnóstico

Para diagnosticar uma lesão esportiva ou qualquer lesão músculoesquelética, o médico questiona ao paciente quando e como a lesão ocorreu e quais foram as atividades recreativas e ocupacionais realizadas recentemente ou de maneira rotineira. Ele também realiza o exame da área lesada.

O paciente pode ser encaminhado a um especialista, para a realização de exames mais detalhados. Os exames diagnósticos incluem radiografias, a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM), a artroscopia (visualização da articulação lesada com o auxílio de um pequeno aparelho visualizador inserido na articulação), a eletromiografia, e investigações computadorizadas da função muscular e articular.

Prevenção

O aquecimento antes do início de um exercício extenuante ajuda a evitar lesões. O exercício em um ritmo relaxado durante 3 ou 10 minutos aquece os músculos o suficiente para torná-los mais flexíveis e resistentes à lesão. Esse método ativo de aquecimento prepara os músculos para a prática de exercícios extenantes de modo mais eficaz que os métodos passivos (p.ex., água quente, bolsas e almofadas térmicas, ultra-som ou lâmpadas infravermelhas). Os métodos passivos não aumentam significativamente a circulação sangüínea.

O resfriamento – redução gradual da velocidade antes da interrupção do exercício – evita a tontura ao manter o fluxo sangüíneo. Quando um exercício extenuado é interrompido abruptamente, o sangue pode acumular-se nas veias das pernas, reduzindo temporariamente o fluxo sangüíneo à cabeça. Isto pode acarretar tontura e inclusive desmaio. O resfriamento também auxilia na eliminação de produtos metabólicos dos músculos (p.ex., ácido lático), mas parece que ele não impede a ocorrência da dor muscular de início retardado, a qual é causada pelas fibras musculares lesadas.

Os exercícios de alongamento não parecem evitar as lesões, mas eles alongam os músculos de tal forma que eles podem contrair mais eficazmente e apresentar um melhor desempenho. Para evitar a lesão muscular durante um alongamento, o indivíduo deve realizá-lo após o aquecimento ou o exercício e cada alongamento deve ser suficientemente confortável para ser mantido até a contagem atingir 10. As palmilhas para calçados (órteses) freqüentemente podem corrigir problemas dos pés, como a pronação. As palmilhas – flexíveis, semirígidas ou rígidas – podem variar de comprimento e devem ser adequadas a calçados de corridas adequados.

Os bons calçados de corrida possuem um contraforte (a parte que circunda o calcanhar) de material rígido para controlar os movimentos da parte posterior do pé, um suporte que atravessa o dorso do pé (gáspea) para evitar uma pronação excessiva, e uma abertura acolchoada (contorno) para sustentar o tornozelo. O sapato deve possuir um espaço adequado para a palmilha. Normalmente, a órtese reduz a em umeração do calçado em um ponto. Por exemplo, ao ser colocada uma órtese, um calçado de número 40 passa a apresentar o tamanho de um calçado 39.

Tratamento

O tratamento imediato para quase todas as lesões esportivas consiste no repouso, na aplicação de gelo, na compressão e na elevação. A parte lesada é imediatamente colocada em repouso, para que sejam minimizados o sangramento interno e o edema e também para se evitar o agravamento da lesão. O gelo produz constrição dos vasos sangüíneos, ajudando a limitar a inflamação e a reduzir a dor.

O enfaixamento da parte lesada com esparadrapo ou com uma faixa elástica (compressão) e a elevação da parte lesada em um nível acima do coração (elevação) ajudam a limitar o edema. Pode ser feita a aplicação de uma bolsa de gelo ou um saco plástico contendo gelo esmagado ou picado (que se ajusta aos contornos do pé melhor que o gelo em cubos) sobre a parte lesada, com uma toalha entre ele e a pele, durante dez minutos. Pode ser feito um enfaixamento frouxo com uma faixa elástica em torno da bolsa ou do saco de gelo e da parte lesada.

A parte lesada é mantida elevada, mas o gelo é removido por dez minutos e, em seguida, é reaplicado por mais dez minutos ao longo de um período de uma hora a uma hora e meia Esse processo pode ser repetido várias vezes durante as primeiras 24 horas. O gelo reduz a dor e o edema de várias maneiras. A parte lesada incha porque ocorre escape de líquido dos vasos sangüíneos. Ao provocar a contração dos vasos sangüíneos, o frio reduz a tendência ao escape e, conseqüentemente, restringe a quantidade de líquido e o edema na área lesada. A diminuição da temperatura da pele sobre a lesão pode reduzir a dor e os espasmos musculares.

Ela também limita a destruição dos tecidos através do alentecimento dos processos celulares. Entretanto, a aplicação de gelo durante muito tempo pode lesar produzir lesão tissular. A pele reage de forma reflexa quanto ela atinge uma temperatura baixa (em torno de 15 °C) provocando uma dilatação dos vasos sangüíneos da região. A pele torna-se vermelha, quente e pruriginosa e pode doer. Geralmente, esses efeitos ocorrem 9 a 16 minutos após a aplicação de gelo, desaparecendo aproximadamente 4 a 8 minutos após o gelo ser removido. Por essa razão, o gelo deve ser removido quando esses efeitos ocorrerem ou após 10 minutos, mas ele pode ser reaplicado após um intervalo de10 minutos.

As injeções de corticosteróides em uma região lesada ou no tecido circunjacente aliviam a dor, reduzem o edema e, em alguns casos, podem ser um adjuvante útil ao repouso. No entanto, essas injeções podem retardar a cura, aumentam o risco de lesões tendinosas e cartilaginosas e permitem que o indivíduo use uma articulação lesada antes que ela esteja totalmente curada e pode agravar a lesão. Além dos exercícios propriamente ditos, os fisioterapeutas podem adicionar o calor, o frio, a eletricidade, ondas sonoras, a tração ou os exercícios na água ao plano terapêutico. Pode ser recomendado o uso de palmilhas especiais para calçados ou outros tipos de órteses.

A duração da fisioterapia dependerá da gravidade e da complexidade da lesão. A atividade ou o esporte responsável pela lesão deve ser evitado até a sua cura. A prática de atividades substitutas que não sobrecarreguem a parte lesada é preferível à abstenção de todas as atividades físicas, pois a inatividade completa faz com que os músculos percam massa, força e resistência. Por exemplo, uma semana de repouso exige pelo menos duas semanas de exercício para que o indivíduo retorne ao nível de condicionamento que ele apresentava antes da lesão.

As atividades substitutas incluem o ciclismo, a natação, o esqui e o remo, quando a lesão for localizada na perna ou no pé; a corrida sem sair do lugar ou preso a uma uma correia, a natação e o remo, quando a lesão for localizada na coxa; o ciclismo e a natação, quando a lesão for na região lombar; e a corrida (jogging), a patinação e o esqui, quando a lesão for no ombro ou no membro superior.

Lesões Esportivas Comuns

As lesões esportivas comuns são a fraturas de estresse (por sobrecarga), as dores dos músculos anteriores da tíbia, a tendinite, o joelho do corredor, as lesões dos músculos posteriores da coxa, a dorsalgia do levantador de peso, o cotovelo de tenista, os traumatismos crânio-encefálicos e as lesões nos pés. Essas lesões podem ser causadas por muitas atividades diferentes.

Fraturas do Pé por Estresse

Fraturas por estresse (ou de esforço ou por sobrecarga) são pequenas fissuras ósseas que ocorrem freqüentemente em decorrência de um impacto excessivo e crônico. Nos corredores, os ossos da parte média do pé (metatarsais) apresentam uma tendência especial a esse tipo de fratura. Os ossos que apresentam maior probabilidade de fratura são os metatarsais dos três dedos médios. O osso metatarsal do hálux é relativamente imune à lesão, devido à sua força e ao seu tamanho, e o osso metatarsal do dedo mínimo do pé habitualmente fica protegido, pois a maior força de impulsão é exercida pelo hálux e pelo dedo adjacente (segundo pododáctilo).

Os fatores de risco das fraturas por estresse do pé incluem os arcos acentuados, os calçados de corrida com mecanismo de absorção de choque inadequado e o aumento súbito da intensidade ou do tempo do exercício. As mulheres na pós-menopausa podem ser particularmente sensíveis às fraturas por estresse devido à osteoporose. O principal sintoma é a dor na parte anterior do pé, geralmente durante uma série longa ou intensa de exercícios. Inicialmente, a dor desaparece alguns segundos após a interrupção do exercício. Contudo, caso o programa de exercícios seja continuado, a dor retorna mais precocemente durante o treinamento e dura mais tempo após o indivíduo parar de se exercitar.

Finalmente, a dor intensa pode impossibilitar a corrida e persistir mesmo durante o repouso. A área em torno da fratura pode tornar-se edemaciada. O médico pode freqüentemente estabelecer o diagnóstico baseando-se na história dos sintomas e no exame do pé. O local fraturado dói à palpação. As fraturas por estresse são tão delicadas que é comum não serem detectadas imediatamente nas radiografias. No entanto, elas podem detectar o calo ósseo que se forma em torno do osso fraturado duas a três semanas após a lesão, à medida que o osso cicatriza.

A cintilografia óssea pode confirmar o diagnóstico mais precocemente, mas esse procedimento raramente é necessário. O indivíduo não deve correr até tenha ocorrido a consolidação da fratura por estresse, mas lhe é permitido praticar atividades esportivas substitutas. Após a consolidação, a recorrência do quadro pode ser evitada com o uso de calçados esportivos com suportes adequados com boa absorção de impacto e da prática de corrida sobre grama ou outras superfícies macias.

O uso de aparelho gessado raramente é necessário. Quando utilizado, o aparelho é removido após uma ou duas semanas, para evitar o enfraquecimento da musculatura. O processo de cura geralmente leva de três a doze semanas, mas pode levar mais tempo nos indivíduos idosos ou enfermos.

Fratura por Estresse do Pé

As fraturas por estresse, as quais são pequenas fissuras causadas por impactos repetidos, ocorrem comumente nos ossos da parte intermediária do pé – os metatarsais. Visão Superior.

Lesões Musculares da Tíbia

A dor muscular sobre a tíbia é devida à lesão dos músculos situados ao longo da mesma A causa habitual desta lesão é o esforço prolongado e repetido sobre a perna. Dois grupos musculares da tíbia apresentam propensão à este tipo de dor. A localização da dor depende do grupo afetado. A dor ântero-lateral afeta os músculos das partes frontal (anterior) e externa (lateral) da tíbia. Esse tipo de lesão é decorrente de um desequilíbrio natural no tamanho dos músculos oponentes.

Os músculos tibiais tracionam o pé para cima e os músculos da panturrilha, maiores e mais fortes, tracionam o pé para baixo cada vez que o calcanhar toca o chão durante a marcha ou a corrida. Os músculos da panturrilha exercem tanta força que podem lesar os músculos da região anterior da perna. O principal sintoma é a dor ântero-lateral ao longo das faces anterior e lateral da tíbia. Inicialmente, a dor é sentida apenas logo após que o calcanhar tocar o chão durante uma corrida. Se o indivíduo continuar a correr, a dor ocorre em cada passo e, finalmente, torna-se constante. Geralmente, ao ser examinada por um médico, o indivíduo refere dor à palpação da região.

A dor póstero-medial afeta os músculos das faces posterior e medial (interna) da tíbia, os quais são responsáveis pela elevação do calcanhar imediatamente antes dos dedos dos pés deixarem o chão. Esse tipo de lesão freqüentemente é resultante de corridas em pistas inclinadas ou em estradas ou ruas muito movimentadas e pode piorar se os pés rodarem excessivamente para o interior ou se o indivíduo utilizar calçados de corrida que não impedem adequadamente essa rotação dos pés.

A dor produzida por esse tipo de distúrbio geralmente inicia ao longo da face medial da perna, cerca de 2 a 20 centímetros acima do tornozelo, e piora quando o corredor apóia-se sobre os dedos dos pés ou roda o tornozelo para dentro. Se ele continuar a correr, a dor se deslocará para a frente, afetando a face medial do tornozelo e podendo se estender pela tíbia, até quatro ou dez centímetros abaixo do joelho. A intensidade da dor aumenta com a progressão do quadro. Inicialmente, apenas os tendões musculares tornam-se inflamados e dolorosos. No enanto, se o indivíduo insistir em correr, os próprios músculos podem ser afetados. Finalmente, a tensão sobre o tendão inflamado pode chegar mesmo a arrancá-lo de sua inserção no osso, causando sangramento e uma maior inflamação.

Em alguns casos, a parte da tíbia unida ao tendão é arrancada (avulsão). O tratamento principal consiste na interrupção da corrida consiste em parar de correr e na realização de outros tipos de exercício até que a corrida não seja mais uma atividade dolorosa. Os calçados de corrida com um contraforte (a parte do sapato que envolve o calcanhar) rígido e com apoios especiais para o arco do pé podem impedir que o pé rode excessivamente para dentro. Evitar corridas sobre superfícies inclinadas ajuda a evitar as recorrências do quadro. Os exercícios de fortalecimento dos músculos lesados podem ser úteis.

Nos casos graves em que um fragmento da tíbia foi arrancado, pode ser indicado um procedimento cirúrgico para fixálo. Após este tipo de tratamento, o indivíduo não poderá correr durante longos períodos. Um tratamento experimental, o qual consiste na administração diária de calcitonina (um hormônio formador de tecido ósseo) sob a forma injetável ou de alendronato (substância que retarda a perda de tecido ósseo) pela via oral, curou alguns casos não responsivos às outras medidas terapêuticas. Em alguns casos, nenhum dos tratamentos disponíveis é eficaz e o corredor deve abandonar definitivamente a prática da corrida.

Tendinite Poplítea

A tendinite poplítea é uma laceração no tendão poplíteo, o qual se estende da superfície externa da extremidade inferior do fêmur (osso da coxa) diagonalmente através da face posterior do joelho até a face medial (interna) da extremidade superior da tíbia. O tendão poplíteo impede que a perna sofra rotação externa durante a corrida. A rotação interna excessiva do pé (pronação) e as corridas descendentes tende a causar tensão excessiva sobre esse tendão, podendo provocar a sua ruptura.

A dor e a inflamação, particularmente quando o indivíduo realiza corridas descendentes, ocorrem ao longo do lado de fora do joelho. O indivíduo não deve correr até deixam de apresentar dor na região e não deve realizar corridas descendentes após retomar a prática dessa atividade. O ciclismo é um bom exercício alternativo durante o período de convalescença. As palmilhas para calçados, especialmente uma cunha triangular (cunha de varo) colocada na frente do calcanhar, podem ajudar a impedir que o pé rode para dentro.

Dores dos Músculos da Tíbia

As dores dos músculos da tíbia podem ocorrer nos músculos das faces anterior e lateral da tíbia (dor ântero-lateral) ou nos músculos das faces posterior e medial da tíbia (dor póstero-medial). A região dolorosa varia de acordo com os músculos afetados.

Tendinite de Aquiles

A tendinite de Aquiles é uma inflamação do tendão de Aquiles, o cordão resistente que se estende dos músculos da panturrilha até o calcanhar. Os músculos da panturrilha e o tendão de Aquiles abaixam a parte anterior do pé após o calcanhar tocar o solo e elevam o calcanhar quando os dedos deixam o solo, imediatamente antes de ser iniciado o passo com o outro pé. A tendinite de Aquiles ocorre quando as pressões aplicadas sobre o tendão são maiores que a resistência. A corrida descendente produz pressões extras sobre o tendão de Aquiles, pois o antepé (a parte anterior do pé) deve avançar antes de tocar o solo.

A corrida ascendente também tensiona o tendão, pois os músculos da panturrilha devem exercer uma maior força para elevar o calcanhar, quando os dedos deixam o chão. Um contraforte do calcanhar (a parte posterior do calçado que circunda o calcanhar) macio permite um movimento excessivo do calcanhar, tensionando o tendão de Aquiles de forma desigual e aumentando a possibilidade de sua laceração. Os calçados de sola rígida, os quais não se dobram onde os dedos se articulam com o pé, causam grande tensão no tendão de Aquiles, imediatamente antes dos dedos deixarem o chão.

Vários fatores biomecânicos predispõem esse tendão à lesão. Eles incluem a rotação excessiva dos pés para o interior (pronação), o hábito de utilizar demasiadamente a região posterior do calcanhar (a inspeção da sola do calçado de corrida pode mostrar onde a área do calcanhar está mais desgastada), o arqueamento das pernas, a contração dos músculos posteriores da coxa e da panturrilha, arcos plantares acentuados, a contração dos tendões de Aquiles e as deformidades do calcanhar.

A dor, o sintoma principal, é geralmente mais intensa quando o indivíduo começa a movimentar- se após haver permanecido sentado ou deitado ou quando ele começa a correr ou a praticar o jogging. Freqüentemente, a dor alivia com a continuidade da caminhada ou da corrida apesar da dor e da rigidez. O tendão de Aquiles é envolto por uma bainha protetora. Entre o tendão e a bainha, existe uma fina camada de gordura, a qual permite a livre movimentação do tendão.

Quando o tendão é lesado, formam-se cicatrizes entre ele e a bainha, fazendo com que o tendão puxe a bainha em cada movimento. É por essa razão que o movimento é doloroso. A continuidade da caminhada ou da corrida alivia a dor porque ela aumenta a temperatura da bainha, tornando-a mais flexível, e, dessa forma, o tendão consegue movimentar-se mais livremente. Geralmente, a pressão exercida sobre o tendão também causa dor.

Se o indivíduo ignorar a dor e continuar a correr, o tendão elástico é substituído por um tecido cicatricial rígido, e o tendão sempre doerá durante o exercício, sem chance de cura. Deixar de correr e pedalar uma bicicleta enquanto a dor persistir são parte importante do tratamento. Outras medidas dependem da causa provável ou das condições predisponentes: uso de calçados com solas flexíveis e aplicação de palmilhas aos sapatos de corrida, para reduzir a tensão no tendão e estabilizar o calcanhar.

Os exercícios de alongamento dos músculos do jarrete são iniciados tão logo possam ser efetuados sem dor. Também ajudam os exercícios para fortalecimento do tendão de Aquiles, como, por exemplo, elevações do corpo na ponta dos dedos. Depois que voltou a correr, a indivíduo não deve praticar corridas em aclive ou declive em ritmo rápido, até que o tendão tenha ficado completamente curado, o que pode levar semanas e até anos.


Fortalecimento dos Músculos da Tíbia

Exercício da alça de balde
Enrole uma toalha em torno da alça de um balde de água vazio. Sente-se sobre uma mesa ou sobre uma outra superfície suficientemente alta para que os pés não toquem o chão. Coloque a alça do balde sobre a parte anterior de um calçado. Lentamente, eleve a parte anterior do pé flexionando o tornozelo e, em seguida, estenda o pé lentamente com os dedos apontados para frente. Repita dez vezes e, em seguida, repouse durante alguns segundos. Realize mais duas séries de dez. Para aumentar a resistência, coloque água no balde – mas não a ponto de tornar o exercício doloroso.

Elevações na ponta dos dedos
Fique em pé. Lentamente, levante apoiando-se sobre as pontas dos dedos e, em seguida, abaixe lentamente os calcanhares até o assoalho. Repita dez vezes e, em seguida, repouse por um minuto. Realize mais duas séries de dez. Quando esse exercício tornar-se fácil, execute-o sustentando pesos progressivamente maiores.

Rotações externas
Fique em pé. Lentamente, rode o tornozelo para fora, de modo que a parte interna da planta do pé se eleve e fique acima do chão. Lentamente, abaixe a planta do pé de volta ao chão. Realize três séries de dez.

Joelho do Corredor

O joelho do corredor (síndrome de tensão patelofemoral) é um distúrbio no qual a patela (rótula) atrita contra a extremidade do fêmur quando o joelho se move. A patela é um osso circular preso a ligamentos e tendões em torno do joelho. Durante a corrida, a patela move-se discretamente para cima e para baixo sem tocar o fêmur. O joelho do corredor pode ser causado por um defeito estrutural, como a patela localizada muito alto em relação à articulação do joelho (patela alta), ou a contração dos músculos posteriores da coxa, a contração dos tendões de Aquiles e a fraqueza da musculatura da coxa – a qual normalmente auxilia na estabilização do joelho.

A causa tratável mais comum é a rotação excessiva dos pés para o interior (pronação) quando o indivíduo anda ou corre, enquanto os músculos da coxa (quadríceps) tracionam a patela para fora (lateralmente). Em conjunto, essas forças fazem com que a patela atrite contra a extremidade do fêmur. A dor e algumas vezes o edema geralmente iniciam durante a corrida e concentram-se sob a superfície da patela No início, somente as corridas descendentes provocam dor. No entanto, após algum tempo, qualquer corrida produz dor e, finalmente, mesmo os outros movimentos do membro inferior são dolorosos, especialmente o ato de descer escadas.

É importante que o indivíduo evite correr até que a corrida não cause mais dor. Para manter o condicionamento físico, ele pode realizar outros exercícios, como o ciclismo (quando este não causar dor), o remo e a natação. Também são úteis os exercícios de alongamento dos músculos posteriores e anteriores (quadríceps) da coxa e de fortalecimento do vasto medial (um músculo interno da coxa que traciona a patela medialmente). Podem ser úteis os suportes para o arco do pé, adquiridos em estabelecimentos comerciais, utilizados tanto em calçados esportivos quanto nos calçados comuns. Algumas vezes, é necessária a confecção de palmilhas sob medida.

Joelho do Corredor

Normalmente, a patela (rótula) move-se discretamente para cima ou para baixo sem tocar o fêmur durante a corrida. Se os pés rodarem excessivamente para o interior (pronação), a perna roda medialmente, tracionando também a patela medialmente, enquanto que o músculo quadríceps da coxa traciona a patela lateralmente. Essas forças opostas fazem a parte posterior da rótula atritar contra a extremidade do fêmur, o que provoca dor.



Fortalecimento do Músculo Vasto Medial

1. Fique em pé com os dois joelhos estendidos. Contraia os músculos quadríceps da coxa (da região anterior das coxas), elevando as patelas. Mantenha essa posição contando até 10 e, em seguida, relaxe. Repita freqüentemente durante todo o dia.

2. Sente-se no chão com os dois joelhos estendidos e com as pernas bem afastadas. Realize a rotação das pernas para fora de modo que os dedos apontem o máximo possível para os lados. Lentamente, eleve a perna lesada a partir do quadril e, em seguida, abaixe-a, mantendo o joelho estendido. Realize três séries de dez em dias alternados.

3. Sente-se no chão com dois ou mais travesseiros sob cada joelho, de modo que essa articulação permaneça fixa num ângulo de 135°. Coloque um peso de 2,5 quilos no tornozelo. Lentamente, eleve o pé estendendo o joelho e, em seguida, abaixe o pé devagar. Realize três séries de dez. Continue o exercício aumentando o peso e não o número de repetições.

Lesão dos Músculos Posteriores da Coxa

Uma lesão dos músculos posteriores da coxa (distensão do músculo femoral posterior, laceração dos músculos posteriores da coxa) é qualquer lesão dos músculos posteriores da coxa. Os músculos posteriores da coxa, que endireitam o quadril e flexionam o joelho, são mais fracos que seu oponente, o músculo quadríceps da coxa. Se os músculos posteriores da coxa não possuírem pelo menos 60% da força do quadríceps, este irá subjugá-los e acarretará uma lesão. Uma lesão dos músculos posteriores da coxa geralmente causa dor súbita na região posterior da coxa quando esses músculos contraem de forma súbita e violenta. O tratamento imediato inclui o repouso, a aplicação de gelo, a compressão e a elevação. O indivíduo não deve correr ou saltar, mas pode realizar corridas no lugar, remar ou nadar – exceto se essas atividades causarem dor – enquanto o músculo cicatriza. Após o início da cicatrização, os exercícios de fortalecimento dos músculos posteriores da coxa ajudam a evitar a recorrência do quadro.


Fortalecimento dos Músculos Posteriores da Coxa

1. Prenda um peso de 2,5 kg ao pé do lado lesado e coloque-se em decúbito ventral sobre uma cama, com a parte baixa do corpo (da cintura para baixo) fora da cama e com os dedos dos pés tocando o chão. Mantendo o joelho estendido, eleve e abaixe lentamente o membro inferior. Realize três séries de dez em dias alternados. À medida que a força for retornando, utilize pesos cada vez maiores. Esse exercício fortalece principalmente a parte superior dos músculos do posteriores da coxa.

2. Prenda um peso de 2,5 kg ao pé do lado lesado. Fique em pé, equilibrando-se sobre a outra perna. Lentamente, eleve o pé com o peso em direção às nádegas, flexionado o joelho, e abaixe o pé na direção do chão, estendendo o joelho. Realize três séries de dez em dias alternados. À medida que a força for retornando, utilize pesos cada vez maiores. Esse exercício fortalece principalmente a parte inferior dos músculos posteriores da coxa.

Dorsalgia do Levantador de Peso

A dorsalgia do levantador de peso (estiramento lombar) é uma lesão que ocorre nos tendões e músculos da região lombar, causando espasmos musculares e inflamação. Qualquer esforço importante pode causar lacerações musculares e tendinosas da região lombar. Este tipo de lesão é comum em esportes que exigem o ato de empurrar ou puxar contra uma grande resistência, como o ato de levantar um grande peso do chão no halterofilismo ou o ato de empurrar um adversário no futebol americano. Esse tipo de lesão também ocorre em esportes que exigem a rotação súbita das costas: a rotação para driblar o adversário após um rebote no basquetebol, o ato de balançar um bastão em um jogo de beisebol ou de balançar um taco de golfe.

Os fatores de risco de uma lesão da região lombar incluem uma curvatura exagerada da porção inferior da coluna vertebral, a inclinação para frente da pelve, a contratura ou fraqueza da musculatura da região, a fraqueza da musculatura abdominal ou a contratura ou fraqueza dos músculos posteriores da coxa. As costas também apresentam uma propensão à lesão quando a coluna vertebral apresenta um enfraquecimento decorrente de uma artrite, de um desalinhamento vertebral, de um deslizamento ou de uma ruptura discal ou de um tumor vertebral. Uma lesão da região lombar geralmente causa uma dor súbita nessa região durante uma rotação ou durante o ato de empurrar ou puxar algo. Inicialmente, a dor não é suficentemente intensa a ponto de impedir a continuação do exercício. exercício. No entanto, o músculo ou o tendão lacerado continua a sangrar e a edemaciar e, 2 a 3 horas mais tarde, ele entra em espasmo e causa uma dor intensa.

Como os espasmos musculares podem ser agravados por qualquer movimento das costas, o indivíduo geralmente prefere permanecer imóvel, freqüentemente assumindo a posição fetal. À palpação da região lombar, o indivíduo pode sentir dor e esta pode piorar quando ele flexiona o corpo para frente. Assim que possível após a lesão, o indivíduo deve repousar e aplicar gelo e compressão sobre a região afetada. Após o início do processo de cura, os exercícios de fortalecimento da musculatura abdominal, a qual auxilia na estabilização das costas, e os de alongamento e fortalecimento dos músculos das costas são benéficos. Um aparelho de remo é excelente para o fortalecimento das costas, desde que ele não provoque dor. Uma curvatura exagerada na região lombar, a qual tende a aumentar a tensão sobre os músculos de suporte da região lombar, é determinada em grande parte pela báscula da pelve.

Portanto, uma curvatura exagerada pode ser diminuída através de várias modalidades de exercícios que inclinem a porção superior da pelve para trás, para uma posição mais normal. Esses exercício incluem os de fortalecimento da musculatura abdominal (encurtando-os) e os de alongamento dos músculos da coxa (alongando-os). O uso de um cinto durante o levantamento de pesos ajuda a evitar as lesões das costas.


Prevenção de Lesões das Costas

Inclinação (báscula) da pelve (para diminuir uma curvatura exagerada da região lombar) Deite-se de costas com os joelhos flexionados, os calcanhares apoiados contra o solo e o peso sobre os calcanhares. Abaixe a região lombar até tocar o chão, eleve as nádegas cerca de 1,5 centímetro do chão e contraia os músculos abdominais. Mantenha essa posição durante uma contagem até dez. Repita 20 vezes. Realize esse exercício diariamente.

Abdominais (para fortalecer a musculatura abdominal) Deite-se de costas com os joelhos flexionados e os pés apoiados contra o solo. Coloque as mãos sobre o abdômen. Mantendo os ombros em contato com o solo, eleve a cabeça lentamente. Eleve os ombros lentamente até 25 centímetros acima do solo. Em seguida, abaixe-os lentamente. Realize três séries de dez. Quando esse exercício tornar-se muito fácil, enrole um peso numa toalha e segure-o atrás do pescoço durante a execução do exercício. Aumente o peso à medida que sua força aumentar.

Alongamento do quadril e do quadríceps Fique em pé, com um dos pés em contato com o solo e o joelho da outra perna flexionado num ângulo de 90°. Com a mão do mesmo lado da perna flexionada, segure a região anterior do tornozelo. Mantendo os joelhos unidos, empurre o tornozelo para trás, levando o calcanhar em direção às nadegas. Mantenha a posição durante uma contagem de dez. Repita o exercício com a outra perna. Realize esse exercício dez vezes.

Alongamentos da região lombar Sentado, tocar os dedos dos pés Sente-se no chão com os joelhos estendidos e as pernas afastadas o máximo possível. Coloque as duas mãos sobre o mesmo joelho. Lentamente, deslize as mãos sobre a perna em direção ao tornozelo. Interrompa o exercício se sentir dor e não ultrapasse a posição que pode ser mantida confortavelmente durante dez segundos. Lentamente, solte a perna. Repita o exercício com a outra perna. Realize esse exercício dez vezes com cada perna.

Elevação de apenas uma perna com arqueamento da coluna vertebral Deite-se de costas, flexione os joelhos e apóie os dois calcanhares contra o solo. Mantendo os joelhos flexionados, segure um deles com as duas mãos e conduza-o até o peito. Mantenha a posição durante uma contagem até dez. Lentamente, abaixe a perna e repita o exercício com a outra perna. Realize essa série dez vezes.

Cisne (para aumentar a flexibilidade das costas) Posicione-se em decúbito ventral, com os cotovelos flexionados e as mãos tocando as orelhas. Simultaneamente, eleve os ombros e as pernas. Não flexione os joelhos. Mantenha essa posição durante uma contagem até dez e repita o exercício 20 vezes. Realize esse exercício diariamente. Cuidado! A extensão forçada da coluna vertebral pode piorar muitos problemas das costas. Realize esse exercício com cuidado e pare imediatamente ao sentir dor.

Cotovelo de Tenista

Os dois tipos de cotovelo de tenista – por backhand e por forehand – causam dor em diferentes áreas do cotovelo e do antebraço.

Cotovelo de Tenista por Backhand

O cotovelo de tenista por backhand (epicondilite lateral) é a lesão dos tendões responsáveis pela flexão dorsal do punho (para trás), causando dor nas faces posterior e lateral do antebraço. Os músculos do antebraço, os quais inseremse na parte lateral do cotovelo, tornam-se inflamados quando uma tensão excessiva é exercida sobre o ponto de inserção. O cotovelo de tenista por backhand é mais freqüentemente evidente durante uma devolução com um backhand. A força da raquete ao rebater a bola pode lesar os tendões no momento em que eles rodam sobre a extremidade do cotovelo.

Os fatores que aumentam a probabilidade de ocorrer um cotovelo de tenista por backhand incluem o uso de golpes de backhand inadequados, a fraqueza da musculatura do ombro e do punho, o uso de uma raquete de cabo curto ou com cordas excessivamente estiradas e os atos de golpear a bola fora do centro da raquete e de golpear bolas molhadas e pesadas. O primeiro sintoma é a dor durante um golpe de backhand ou outros movimentos repetidos similares. A dor é sentida ao longo das faces lateral e posterior do cotovelo e do antebraço (mesmo lado do polegar), quando a mão encontra- se ao longo do corpo e o polegar distante do corpo. A continuação da partida pode estender a área dolorosa, do cotovelo até o punho, com o tenista apresentando dor mesmo em repouso.

O cotovelo dói quando o indivíduo coloca o braço e a mão com a palma voltada para baixo sobre uma mesa e tenta levantar a mão contra uma resistência flexionando o punho. O tratamento consiste em evitar qualquer exercício que cause dor. Para manter o condicionamento físico e em substituição ao tênis, podem ser praticados esportes que não utilizam o punho de modo importante como, por exemplo, o jogging, o ciclismo, o basquetebol ou mesmo o frescobol ou o squash (nos quais a bola choca-se contra a raquete com menor força que no tênis). À medida em que o quadro melhora, podem ser iniciados os exercícios de fortalecimento. Geralmente, todos os músculos que flexionam e estendem o punho devem ser fortalecidos.


Fortalecimento dos Músculos do Punho

Para o cotovelo de tenista por backhand

1. Sente-se numa cadeira próximo a uma mesa. Coloque o antebraço lesado sobre a mesa, com a palma da mão voltada para baixo, o cotovelo estendido e o punho e a mão pendendo na borda da mesa. Lentamente, eleve e abaixe a mão, flexionando e estendendo o punho. Repita dez vezes. Repouse por um minuto e, em seguida, realize mais duas séries de dez. Se o exercício causar dor, pare imediatamente e tente novamente no dia seguinte. Realize esse exercício em dias alternados. Aumente o peso à medida que o exercício for se tornando mais fácil.

2. Com a palma da mão voltada para cima, segure um pedaço de madeira (com o diâmetro de um cabo de vassoura) com um peso de 500 g amarrado a ele com o auxílio de um cordão adequado. Levante o peso. Repita dez vezes. Interrompa o exercício se sentir qualquer dor. Realize esse exercício em dias alternados. Aumente o peso gradualmente, mas não aumente o número de repetições.


Para o cotovelo de tenista por forehand

1. Sente-se numa cadeira próxima a uma mesa. Coloque o antebraço lesado sobre a mesa, com a palma da mão voltada para cima e o punho e a mão pendendo na borda da mesa. Lentamente, eleve e abaixe a mão, flexionando e estendendo o punho. Repita dez vezes. Repouse por um minuto e, em seguida, realize mais duas séries de dez. Se o exercício causar dor, pare e tente novamente no dia seguinte. À medida que o exercício for se tornando mais fácil, aumente o peso.

2. Com a palma da mão voltada para cima, segure um pedaço de madeira (com o diâmetro de um cabo de vassoura) com um peso de 500 g amarrado a ele com o auxílio de um cordão adequado. Levante o peso. Repita 20 vezes. Interrompa o exercício se ele provocar dor. Aumente o peso gradualmente, mas não aumente o número de repetições. 3. Várias vezes ao dia, aperte suavemente uma bola de esponja macia e, em seguida, relaxe.

Cotovelo de Tenista por Forehand

O cotovelo de tenista por forehand (cotovelo do jogador de beisebol, cotovelo do carregador de mala, epicondilite medial) é a lesão dos tendões responsáveis pela flexão palmar da mão (para frente), causando dor na face anterior do antebraço em direção ao punho. Esta lesão ocorre quando é realizada a flexão palmar da mão com uma força excessiva. Os fatores que produzem essa força incluem a fraqueza da musculatura do ombro ou da mão; servir com muita força durante uma partida de tênis; servir utilizando um golpe com spin; golpear bolas molhadas e pesadas; utilizar raquetes pesada demais, com uma cabo muito curto ou com um encordoamento muito tenso; rebater bolas de beisebol; arremessar dardos e carregar malas pesadas. Continuar a se exercitar mesmo com dor pode provocar o descolamento dos tendões do osso e causar sangramento.

O principal sintoma é a dor ao longo do cotovelo e do antebraço (na face anterior) durante a flexão palmar, contra uma resistência ou ao apertar uma bola de borracha dura. Para confirmar o diagnóstico, o médico solicita ao paciente que ele se sente em uma cadeira, com o braço lesado repousando sobre uma mesa e a palma da mão voltada para cima. O médico imobiliza o punho e pede ao paciente que ele eleve a mão flexionando o punho. O paciente com cotovelo de tenista por forehand sente dor no cotovelo. O indivíduo não deve realizar qualquer atividade que cause dor quando é realizada a flexão palmar ou a rotação do punho de modo que o quinto quirodáctilo (dedo mínimo) fique próximo do corpo. Após a cura da lesão, o jogador de tênis deve fortalecer os músculos do punho e do ombro, assim como os músculos lesados.


Fortalecimento dos Ombros

Banco de pesos

Deite-se de costas. Use um banco especial ou solicite ajuda de um observador para retirar o peso no final do exercício. Sustentar a barra com os polegares voltados um para o outro. Levantar e abaixar lentamente o peso a partir do peito. Realize três séries de dez repetições, interrompendo o exercício imediatamente caso sentir dor. À medida que a sua força for aumentando, aumente o peso. Atenção! O exercício deve ser iniciado com um peso muito leve, pois este força os músculos lesados.

Tendinite do Manguito Rotador

A tendinite do manguito rotador (ombro do nadador, ombro do tenista, ombro do arremessador de beisebol, síndrome da impactação do ombro) é a laceração e o edema do manguito rotador (os músculos e tendões que sustentam o braço na articulação do ombro). Freqüentemente, esses tendões são lesados durante a prática de esportes que dependem de movimentos repetidos de elevação do membro superior (acima da cabeça), como o arremesso no beisebol, o levantamento de grandes pesos acima dos ombros, o saque em esportes que utilizam raquetes e a natação nos estilos livre, borboleta ou de costas.

Os movimentos repetidos do membro superior acima da cabeça fazem com que o úmero (osso do braço) atrite contra uma parte da articulação do ombro e seus tendões e cause a laceração de fibras. Se o indivíduo continuar a realizar os movimentos apesar da dor, o tendão poderá lacerar ou mesmo arrancar parte do osso. A dor no ombro é o sintoma principal. Inicialmente, a dor ocorre somente durante as atividades que exigem a elevação do membro superior acima da cabeça e o retorno do mesmo para a frente e com força. Posteriormente, a dor pode ocorrer mesmo quando o membro superior é movido para frente como, por exemplo, em um simples aperto de mãos.

Geralmente, o ato de empurrar objetos para longe do corpo é doloroso,mas o ato de puxá-los em direção ao corpo não o é. O diagnóstico é estabelecido quando determinados movimentos, especialmente a elevação do membro superior acima do nível do ombro, causam dor e inflamação. Algumas vezes, a artrografia (radiografias realizadas após a injeção de um contraste no interior da articulação) pode detectar lacerações completas de algum tendão do manguito rotador. No entanto, a artrografia geralmente não é suficiente sensível para detectar lacerações parciais.

O tratamento consiste no repouso dos tendões lesados e no fortalecimento do ombro. Devem ser evitados os exercícios que incluam movimentos de empurrar algo (afastando o objeto do corpo) ou de elevar os cotovelos acima do nível dos ombros. Entretanto, desde que não produzam dor, o indivíduo pode continuar a praticar remo em pé sem resistência (flexionando e não elevando os cotovelos) e empurrar para baixo em aparelhos com pesos que exercitam os músculos grandes dorsais e os ombros. A cirurgia é algumas vezes necessária, quando a lesão é particularmente grave, quando a laceração do tendão é completa ou quando a lesão não cura em um ano.