ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

domingo, 26 de junho de 2011

O ENÍGMA DO IDOSO


O ENÍGMA DO IDOSO
Mestrando Sérgio Antonio Martini
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Maria - Campus - 97105-900, Santa Maria, RS
Profª. Doutora Leoni Pentiado Godoy
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Maria - Campus - 97105-900, Santa Maria, RS


Quem nascia por volta do ano de 1900, tinha uma expectativa de vida, com uma duração em torno de 35 anos, enquanto que hoje, a expectativa é de 63 anos para os homens e 70 para as mulheres. O espetacular salto ocorrido na longevidade, tem como principal causa, entre outras, os avanços ocorridos na Medicina, nos últimos cem anos, que permitiram que a nossa expectativa de vida fosse consideravelmente aumentada, quase duplicada.
A varíola, sinônimo de horror desde a Antigüidade, foi erradicada tão completamente que seus últimos vírus estão guardados em cofres, como uma relíquia preciosa, tudo isso graças à descoberta e utilização dos antibióticos. A tuberculose, a sífilis, a lepra e a paralisia infantil, que eram os fantasmas do início do século e tantas outras doenças que não existiam, porque as pessoas não alcançavam a idade de contraí-las, tais como cataratas e câncer de próstata, foram curadas, ou controladas, a tal ponto que hoje a ênfase da medicina já não é tanto na luta contra a morte, mas sim na busca de manter os indivíduos saudáveis pelo máximo tempo possível, e com qualidade de vida, através de procedimentos preventivos e curativos.
Uma vez conquistada a maior quantidade de vida, fica a expectativa quanto a ocorrência desse evento, inserido na nossa atual condição sócio-econômica, onde a qualidade e a dignidade de vida dos idosos podem e devem serem mantidas. Uma das
previsões sobre a medicina do século 21, era a idéia de que haveria uma espécie de supermercado no qual se encontraria qualquer órgão humano para reposição.
Talvez isso ainda se torne realidade um dia, mas a ciência e a medicina do futuro prometem algo muito mais revolucionário e fabuloso do que simplesmente peças sobressalentes. Em alguns anos, as doenças não serão mais diagnosticadas pelos órgãos nos quais se exprimem, mas diretamente na bagagem hereditária da pessoa, e serão tratadas e curadas antes mesmo de se manifestarem, através da identificação do nosso código genético.

2 AS TEORIAS DO ENVELHECIMENTO
É surpreendente o fato de não sabermos exatamente por que envelhecemos. Muito embora o envelhecimento seja um dos processos biológicos naturais mais claramente percebidos e até aceitos na natureza, não há explicação científica satisfatória para o envelhecimento humano, exceto afirmar que nossos organismos são feitos para envelhecer, pois segundo Michael F. ROIZEN (1999, p. 20) envelhecer faz parte da vida e ninguém sabe dizer exatamente por quê.
A ciência tenta explicar de várias formas os motivos que nos levam ao envelhecimento através de várias teorias, entre outras, a teoria dos telômeros, a teoria dos radicais livres, a teoria do desgaste, a teoria da toxidade da glicose e a teoria da entropia.

3 OS AVANÇOS DA MEDICINA NOS ÚLTIMOS CEM ANOS
O espetacular salto da longevidade ocorrida nos últimos cem anos a que já nos referimos, entre outros fatores, tem como principal causa o avanço da medicina nesse período. A magia, a ciência e a arte de curar, se constituem numa das mais antigas ocupações humanas. As evidências do início dessas práticas ritualísticas, artísticas, e científicas de cura, foram encontradas junto com os mais antigos vestígios deixados pelo homem, através de inscrições encontradas em cavernas.
3.1 Os avanços da primeira década
Em 1900, o patologista austríaco Karl Landsteiner identificou, os tipos sanguíneos A, B, AB e O, tornando possíveis as transfusões de sangue, o tratamento de doenças do sangue, como a anemia, baixou os riscos e facilitou as cirurgias, e os socorros a acidentes, onde ocorriam grande perda de sangue.
Em 1903, o fisiologista alemão Willem Einthoven, inventou um aparelho que registra as alterações da corrente elétrica que passa pelo coração, surgindo então o eletrocardiograma.
Em 1905, o russo Nikolai Korotkoff, criou o primeiro aparelho para medir a pressão arterial, surgia então o esfigmomanômetro, importante indicador vital. Ainda em 1905, foi feito o primeiro transplante de córnea, pelo oftalmologista austríaco Edward Zirm. Ainda neste ano, o neurologista alemão Alois Alzheimer, identificou um distúrbio que causa a deterioração progressiva do cérebro e a morte do paciente. O distúrbio identificado leva o nome do seu descobridor, o Mal de Alzheimer, ainda sem cura. A radioterapia foi usada pela primeira vez, também nesse ano, quando o urologista Alfred Gray, destruiu um tumor na bexiga de um paciente, com a aplicação de raios-x.
Em 1910, o médico alemão Paul Ehrlich, usou um composto a base de arsênico para combater a sífilis. Foi o início do uso da quimioterapia, que consiste no ataque seletivo a células doentes por meio de substâncias tóxicas.
Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, foi dominada a tecnologia do Ultra-som, que foi imediatamente usada pela marinha, para detectar navios inimigos e icebergs, sendo logo adaptado para a medicina, mostrou-se capaz de produzir imagens do interior do corpo humano, muito mais nítidas e precisas que as imagens do raio-x.
A insulina do pâncreas foi isolada pelos fisiologistas canadenses Frederick Banting e Charles Best em 1921. Em pouco tempo, a substância passaria a ser utilizada em larga escala para o tratamento de diabetes.
Foram os bacteriologistas franceses Albert Calmette e Camille Guérin, que em 1923, desenvolveram a vacina BCG (Bacilus Calmette-Guérin), para combater a tuberculose. A eletro encefalografia foi desenvolvida no ano seguinte, pelo psiquiatra alemão Hans Berger, procedimento este, que até hoje é usado e que auxilia na detecção de distúrbios, como a epilepsia, os tumores e deficiências como a surdez.
O bacteriologista escocês Alexander Fleming, descobriu em 1928, a penicilina, droga que daria origem ao primeiro antibiótico. A detecção precoce do câncer no aparelho reprodutor feminino teve início nesse ano, graças a um teste criado pelo médico americano George Papanicolao. Ainda em 1928, a vitamina C foi identificada pelo bioquímico húngaro Albert Szent-Giörgyi, quando somente então a ciência conseguiu compreender os benefícios dessa substância.
Em 1937, foi desenvolvida uma vacina contra a febre amarela, pelo microbiologista americano Max Theiler. No ano seguinte, surgiu nos Estados Unidos, a escova de dentes com cerdas de náilon, em substituição às escovas de cerdas animais e vegetais. Foi uma das primeiras aplicações do náilon, material que recentemente havia sido descoberto.
3.2 Os avanços impulsionados pela guerra
Em 1940, a penicilina foi purificada pelos patologistas ingleses Howard Florey e Ernest Chain, possibilitando a aplicação clínica do antibiótico descoberto por Alexander Fleming em 1928, produzido a tempo de ser usado na assistência às muitas vítimas da Segunda Guerra Mundial. Ainda nesse ano, com base em pesquisas com macacos rhesus, o médico patologista austríaco Karl Landsteiner, descobriu o fator Rh no sangue. O médico oftalmologista australiano Norman Gregg, em 1941, apontou a rubéola durante a gravidez, como sendo a responsável por problemas congênitos como catarata e surdez em recém nascidos.
Em 1943, o fisiologista alemão Willem Kolff, desenvolveu uma máquina artificial de diálise que podia assumir as funções dos rins em pacientes com deficiência no órgão. No ano seguinte, o primeiro anti-histamínico, droga com propriedades antialérgicas, foi descoberto, pelo farmacologista suíço Daniel Bovet. Nesse mesmo ano, o cirurgião Alfred Blalock e a pediatra Helen Taussig, ambos americanos, realizaram a primeira operação numa criança com um problema cardíaco congênito. Ainda em 1944, os canadenses Oswald Avery e Colin MacLeod e o americano Maclyn McCarty demonstram, pela primeira vez, que o material genético está contido no DNA.
Os farmacologistas americanos Louis Goodman e Alfred Gilman descobriram em 1948, que aplicando pequenas quantidades do gás-mostarda em ratos com tumor nas células linfáticas, o câncer desaparecia. Até hoje a quimioterapia, é uma das principais formas de tratamento da doença. Ainda em 1948, o médico americano Philip Hench, descobriu a cortisona, uma substância com propriedades antiinflamatórias, que pode ser usada para tratar artrite reumatóide.
Em 1952, a primeira vacina injetada contra a poliomielite foi desenvolvida pelo médico virologista americano Jonas Salk. Desenvolvida ainda nesse ano, pelo médico inglês Douglas Bevis, a amniocentese, é um exame que consiste na introdução de uma agulha no útero da gestante e retirar de uma amostra do líquido aminiótico. Uma máquina com funções cardíacas e pulmonares, foi utilizada, pelo americano John Gibbon Jr., pela primeira vez, em 1953 numa cirurgia, para criar uma circulação sanguínea artificial.
A Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), que permite enxergar o cérebro em plena ação, através do acompanhamento pelo monitor de uma substância radioativa administrada ao paciente, foi inventada pelos médicos americanos Gordon Brownell e
William Sweet, em 1953. Ainda nesse ano, o americano James Dewey Watson e o inglês Francis Harry Compton Crick descobrem a estrutura de dupla hélice do DNA.
Em 1954, o biólogo americano Gregory Goodwin Pincus, desenvolveu uma droga, a pílula anticoncepcional, que impede a ovulação evitando a gravidez. Ainda em 1954, os cirurgiões americanos John Merril, Joseph Murray e Warren Guild, realizaram com sucesso o primeiro transplante de rins.
O microbiologista americano Albert Sabin, desenvolveu em 1957, a primeira vacina oral contra a pólio, que passou a ser utilizada mundialmente por ser mais eficaz do que a injetada, que havia sido desenvolvida em 1952 por Jonas Salk.
3.3 Os avanços na cardiologia
O médico americano Rene Favaloro, em 1967, fez a primeira operação de ponte de safena, para liberar a passagem do sangue numa artéria coronária obstruída. O cirurgião sul-africano Christian Barnard, em 3 de dezembro de 1967, realizou o primeiro transplante cardíaco, na África do Sul.
Em 1971, o engenheiro eletricista inglês Godfredy Hounsfield e o físico americano Allan Cormack, inventaram a tomografia computadorizada, baseada na invenção do raio-x.
Os americanos Stanley Cohen e H. Boyer, criaram em 1973, uma técnica par introduzir um gene estranho no DNA de uma bactéria, dando início à era dos organismos manipulados geneticamente.
Em 1975, foi descoberta a endorfina, morfina endógena, um neurotransmissor elaborado pelo próprio organismo humano, que age no cérebro como um opiáceo natural. Um dos mais sofisticados métodos de diagnóstico, é a Imagem por Ressonância Magnética - MRI, que foi desenvolvida também neste ano pelo físico suíço Richard Ernst.
No dia 25 de julho de 1978, nasceu na Inglaterra, Louise Brown, a primeira criança a ser concebida por fertilização in vitro, ou seja, o primeiro bebê de proveta. Os responsáveis foram os obstetras ingleses Patrick Steptoe e Robert Edwards. No ano seguinte, a Organização Mundial da Saúde, declarava erradicada a varíola.
Em 1981, foram noticiados cinco casos de um tipo raro de pneumonia em homossexuais. A causa é uma doença no sistema imunológico que viria a se tornar uma das piores pragas do século: a Aids. Os americanos Richard Palmiter e Ralph Brinster, em 1982, criaram o primeiro animal por manipulação genética: um rato gigante, que contém o gene do hormônio de crescimento humano.
Os patologistas australianos Barry Marshall e R. Warren, em 1983, relacionaram a úlcera gástrica à bactéria Helicobacter pylori. Ainda em 1983, o HIV, vírus da Aids, foi isolado e identificado pelo virologista francês Luc Montagnier e pelo oncologista americano Robert Gallo.
Em 1985, Kary Mullis inventou a PCR - Polymerase Chain Reaction, técnica que permite recriar grande quantidade de um gene a partir de uma parte ínfima de DNA. No ano seguinte, o AZT, uma droga contra a Aids, começou a ser utilizada com sucesso em pacientes infectados pelo HIV.
3.4 A Genética e o Projeto Genoma Humano
Em 1990, teve início o mais audacioso projeto de investigação científica já imaginado e posto em prática pelo homem, o Projeto Genoma Humano, que objetivava desvendar, um a um, todos os segredos da hereditariedade e do código genético humano.
Em 1991, nasceu na Holanda o primeiro touro transgênico do mundo, cujas crias poderão produzir leite enriquecido com lactoferina, uma rara proteína humana que combate infecções. Foram divulgados em 1992, os primeiros mapas completos de dois cromossomas humanos: o sexual Y (presente apenas nos homens) e o 21 (associado à síndrome de Down e a problemas neurológicos). O geneticista americano Mark Skolnick,
em 1994, isolou o gene responsável pelo câncer de mama, abrindo novas possibilidades de tratamento da doença.
Em 1995, a primeira vacina eficaz contra a malária, criada pelo bioquímico colombiano Manuel Patarroyo, foi aprovada pela OMS - Organização Mundial da Saúde. Foi identificada na Inglaterra, em 1996, a doença vaca louca, provocada por estranhas proteínas infectantes, os prions, transmitidas por meio de carne bovina contaminada.
Em fevereiro de 1997, um grupo de cientistas escoceses liderados pelo inglês Ian Wilmut, anunciaram o nascimento da ovelha da raça finn dorset chamada Dolly, que foi o primeiro mamífero clonado, a partir de uma célula de um animal adulto. Ainda em 1997, o cirurgião brasileiro Luiz Antonio Rivetti, criou uma nova técnica de cirurgia no coração. Com ela, torna-se desnecessária a circulação artificial nas cirurgias de pontes de safena.
Em maio de 1998, a equipe do cirurgião francês, Alan Carpinter, fez a primeira operação cardíaca sem tocar no paciente, a uma distância de 2 metros, guiando as mão de um robô, através de um joystick e foi aberta a possibilidade para a realização de cirurgia a grande distância.
Em 1999, o geneticista brasileiro Tomas Alberto Prolla, identificou os genes responsáveis pelo envelhecimento nos ratos e conseguiu também, retardar os seus efeitos. Em junho de 1999, duas empresas americanas anunciaram que estão clonando embriões humanos a fim de obter células para transplante, cujo objetivo é obter células-tronco, existentes no início da formação do embrião. Numa experiência feita em 1998, ratos portadores do mal de Parkinson, doença identificada em 1817, pelo médico inglês James Parkinson, voltaram a andar normalmente depois de receber um tratamento com essas células.
Em 26 de junho de 2000, foi feito o anúncio do rascunho da decodificação do Genoma Humano. O anúncio foi feito em Washington, por Craig Venter, Presidente da Celera Genomics e por Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa sobre o Genoma Humano dos Estados Unidos. O projeto iniciado em 1990, foi integrado por 18 países, entre os quais encontra-se o Brasil e esta etapa foi concluída 5 anos antes da previsão inicial.
O mapeamento do genoma humano significa muito mais do que uma grande conquista científica. Por causa dele, nos próximos anos, a humanidade terá parte de sua rotina se alterando a cada dia.
Estas se constituem nas principais evoluções, descobertas e conquistas da medicina nos últimos cem anos, que deram continuidade a um processo evolutivo, permitiram uma imediata aplicação e abriram caminhos para novas conquistas e aplicações que contribuíram de maneira significativa para o acréscimo da extensão da nossa existência.

4 HISTÓRICO EVOLUTIVO DA LEGISLAÇÃO
A população idosa, começa a aparecer de uma forma acelerada, a partir da década de 70, resultado em grande parte, dos avanços científicos experimentados pela medicina, que foram relatados no capítulo anterior. Juntamente com este processo, iniciam os movimentos sociais e as pressões movidas pela sociedade junto às autoridades governamentais, mais precisamente, os legisladores e as autoridades ligadas à área da Justiça, para que adotassem as medidas que o momento exigia. O nosso estado exerceu um importante papel neste contexto, tendo em vista que pelo fato de sermos em nosso país, o estado com a maior expectativa de vida média ao nascer, obviamente fomos os primeiros a contarmos com um elevado número de pessoas idosas.
Uma das primeiras medidas adotadas, ocorreu no âmbito federal, foi a edição da Portaria 3.286, de 27 de setembro de 1973, do Ministério do Trabalho e Previdência Social,
que regulamentou a aposentadoria por velhice em 65 anos ou mais para os homens e 60 anos ou mais para as mulheres.
O ano de 1982, foi instituído como "Ano Internacional do Idoso"; foi criado junto a Universidade Federal de Santa Catarina, o Núcleo de Estudos da Terceira Idade - NETI; foi promulgado em 3 de dezembro, a resolução 37/51, que estabelece o plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento.
A Constituição Brasileira promulgada em 1988, pela primeira vez, consta reconhecida e explicitamente, a importância da atenção ao Idoso, na Seção IV Assistência Social. O artigo 203 prevê que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos, a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e estabelece a garantia de um salário mínimo de benefício mensal ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família.
O Decreto Estadual no 32.989, de 11 de outubro de 1988, criou o Conselho Estadual do Idoso do Rio Grande do Sul, CEI/RS, com a finalidade de estabelecer as diretrizes de política social para a Terceira Idade, cuja proposta foi apresentada pela sociedade civil e em dezembro do mesmo ano, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria do Trabalho, Ação Social e Comunitária, realizou o seminário Preparatório para a Instalação do Conselho Estadual do Idoso.
Em 16 de fevereiro de 1990, através do Decreto Federal no 98.963, o Presidente da República, assegura a gratuidade nos transportes coletivos urbanos para pessoas com mais de 65 anos de idade, que regulamenta o segundo parágrafo do artigo 230 da Constituição Federal. A Resolução 45/106, da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU, adotou em 1990, a data de 1o de outubro como o Dia Nacional do Idoso.
A Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, 8.742, foi promulgada em 07 de dezembro de 1993, dispõe sobre a Organização da Assistência Social. Em 4 de janeiro do ano seguinte, foi sancionada pelo Presidenta da República a Lei Federal no 8.842, que instituiu a Política Nacional do Idoso.

5 POLÍTICAS DO IDOSO
5.1 Política Nacional do Idoso
É o título da Lei Federal no 8.842 de 04 de janeiro de 1994, que dispõem sobre a Política Nacional do Idoso. O público alvo da Política Nacional do Idoso, são as pessoas com idade a partir de 60 anos, para ações pragmáticas e 67 anos para fins de benefício de prestação continuada. Os recursos do benefício de prestação continuada são de total responsabilidade da União por intermédio da Secretaria de Estado de Assistência Social. Os programas e projetos são de co-responsabilidade técnico-financeira das três esferas de governo, em estreita parceria com organizações governamentais e não-governamentais, e são regidos por princípios e diretrizes.
5.2 Política Estadual do Idoso
A Política Estadual do Idoso no Rio Grande do Sul, foi definida a partir da criação do Conselho Estadual do Idoso CEI/RS, que nasceu da aspiração dos idosos de alcançarem seus plenos direitos como cidadãos, através do Decreto Estadual no 32.989, de 11 de outubro de 1988, sendo mais tarde ratificado através da Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994, com a finalidade de estabelecer as diretrizes de política social para a Terceira Idade.
O funcionamento do Conselho Estadual do Idoso, está embasado numa estrutura dinâmica e multidisciplinar, conta com uma estrutura mínima e obedece diretrizes. É um trabalho que se revela na articulação e engajamento de diferentes órgãos e técnicos preocupados em promover ações voltadas para a população idosa. Tal como aconteceu
com o Rio Grande do Sul, todos os estados brasileiros podem elaborarem a sua lei estadual.
5.3 Política Municipal do Idoso
A Lei 8.842/94, em seu capítulo III revela que a coordenação geral da política, deve ser exercida pelo órgão responsável pela assistência e promoção social do país, dividindo esta tarefa com a participação dos conselhos nacional, estadual e municipal dos idosos. A proposta de funcionamento do Conselho Municipal do Idoso, está no princípio básico da sua formação, que deve ter um caráter permanente, paritário e deliberativo, centrando-se na realidade de cada município e na vontade política e coletiva da comunidade, não afastando dessa discussão o seu contingente de idosos.

6 ABORDAGEM INSTITUCIONAL
6.1 Abordagem ao nível Federal
A Secretaria de Estado de Assistência Social - SEAS, órgão do governo Federal vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, é responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS, e pela normatização e articulação das ações governamentais e não-governamentais no campo da assistência social, apoiando técnica e financeiramente os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
6.2 Abordagem ao nível Estadual
A Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social STCAS, é o órgão responsável pelo desenvolvimento da política estadual de acesso ao mercado de trabalho, programas de qualificação profissional, saúde e segurança do trabalho, geração de emprego e renda. Também cabe à STCAS, a implementação das ações estaduais de assistência social, baseada na Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS. Através do seu departamento de cidadania, dá sustentação às demandas, dentre outras, as oriundas do Conselho Estadual do Idoso, instalado em nosso estado, em 1988.
6.3 Abordagem ao nível Municipal
A composição do Conselho Municipal do Idoso é feita com a participação de representantes de órgãos e entidades públicas e privadas e de grupos organizados da cidade. A sua organização, competência e composição, devem ser fixadas em lei, e o encaminhamento do respectivo projeto de lei, é competência privativa do Prefeito Municipal, com posterior referendo da Câmara de Vereadores.
A competência legal e institucional são necessárias, mas não suficientes, tendo em vista que é necessário um respaldo e um apoio por parte da sociedade, para que o Conselho Municipal tenha aceitação na comunidade e que os seus resultados sejam os esperados. É esta articulação, vinda da base, do local onde o cidadão reside, que dará sustentação para a maior alternativa de organização: o Conselho Municipal do Idoso.

7 A PREVIDÊNCIA SOCIAL
A aposentadoria é uma criação moderna, isto por que, até poucas décadas, as pessoas trabalhavam arduamente até esgotarem totalmente as suas forças e morriam antes de atingirem a idade hoje concebida para a aposentadoria.
Os sistemas previdenciários oficiais, dividem-se fundamentalmente em dois tipos, que são: o de transferência entre gerações e o de benefício autofinanciado.
No sistema de transferência entre gerações, uma geração está poupando, enquanto a outra está usufruindo dos benefícios. A geração que está usufruindo dos benefícios, também poupou, mas as variáveis econômicas, sociais, trabalhistas e demográficas que se alteram ao longo de todo esse tempo, acrescidos de desvios de objetivos na aplicação dos recursos captados, sem a respectiva devolução, fazem com que a equação não se iguale, pois
segundo Lester THUROW (1997, p.144) ninguém pode financiar um sistema no qual a expectativa de vida sobe e a idade de aposentadoria cai.
No sistema de benefício autofinanciado, é aquele em que se poupa uma determinada quantia ao longo do tempo em que nos encontramos no trabalho ativo, para depois de aposentados, termos um determinado retorno, que antecipadamente se sabe quanto será, quando se inicia o processo de poupança. A pergunta que deve ser feita e respondida, é quanto alguém deve poupar durante o período em que trabalha, caso deseja ter, depois de aposentado, um padrão de vida igual àquele que tinha quando trabalhava. No entanto, não se pode esquecer que nada é mais importante para os idosos do que o sucesso da nova geração, pois será ela em parte que além de ser sua herdeira natural, também irá sustentá-los.

9 CONCLUSÃO
Nascer, crescer, ser adulto e envelhecer. Este é o ciclo da vida imposto pela natureza e pela sociedade. Retardar o processo de envelhecimento e revertê-lo a nosso favor, é o melhor que podemos fazer, para promover a nossa saúde e consequentemente a nossa qualidade de vida. A ordem natural era, as crianças nascerem, crescerem rápido para se tornarem adultas, pois que este também era um desejo seu, para então depois, quando envelheciam, retirarem-se calma e silenciosamente.
Mas os avanços científicos realizados pela medicina, alteraram toda esta regra geral. A medicina declarou que toda a morte é prematura, pois a natureza sempre pode ser adiada. Não é possível nem é preciso preservar a juventude eternamente, mas é possível e imprescindível preservar a vitalidade e a qualidade de vida. A nossa atual cultura do conhecimento, onde o vigor físico não mais é o fator determinante, diminui ou elimina a diferença entre as idades cronológicas, e é por isso também, que a cada dia, percebe-se uma maior quantidade de pessoas grisalhas, o que atesta as suas respectivas idades, trabalhando e circulando em nossas ruas.
A medida em que cresce a idade média da população, cresce também a sua capacidade de consumo e o seu poder de influir nos resultados de eleições. Este será um choque inevitável do futuro. Num futuro muito próximo, a população idosa crescerá tanto que conquistará o direito de influir de maneira decisiva no resultado das eleições e no mercado.
Outro fator importante que nos defrontamos, é que, com a certeza do envelhecimento de uma população, surge a oportunidade da elaboração de novos velhos produtos para este público cada vez maior, e nesse contexto, a Engenharia de Produção, certamente terá respostas a estas demandas. Este trabalho não tem o privilégio de ser o único, nem o primeiro no gênero, mas sim mais um que percebe um momento em que a nossa sociedade vive.

BIBLIOGRAFIA
1. Assistência Social. Reverter a exclusão por meio da promoção humana e do desenvolvimento social. Disponível em:
. Acesso em 01/07/2000.

2. PROLLA, Tomas Alberto, Viveremos um século Veja, edição 1616, ano 32 - no 38, 22 de setembro de 1999, p. 11-15.

3. ROIZEN, Michael F. Idade verdadeira Como ficar emocional e fisicamente mais jovem. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999. 374 p.

4. THUROW, Lester C. O Futuro do capitalismo Como as forças econômicas moldam o mundo de amanhã. Tradução: Nivaldo Montingelli Jr. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. 2. ed. 456 p.
5. WERB, Elton O futuro está nos genes - Zero Hora, Porto Alegre, 17 de outubro de 1999, Revista ZH p. 4-7

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SÍFILIS


A sífilis é uma DST (doença sexualmente transmissível) causada por um bactéria chamada Treponema pallidum.

Na era pré-antibióticos, a sífilis era uma doença crônica, prolongada, dolorosa e que acometia todos os sistemas do organismo. Era extremamente temida e muito estigmatizada


Antes de falar da doença propriamente, vou abrir um rápido parênteses para escrever sobre o estudo Tuskegee, uma das maiores atrocidades da história da medicina.


O Tuskegee foi um estudo científico conduzido no Alabama, sul dos EUA entre 1932 e 1972 com intuito de estudar melhor o tratamento e a história natural da sífilis. Até 1947 não existiam antibióticos e os tratamentos primitivos eram extremamente tóxicos e ineficazes. O propósito do trabalho era descobrir se as pessoas não tratadas vivam melhor do que aquelas que recebiam tratamento. Até aí tudo bem.


O primeiro problema residia no fato dos 399 participantes serem todos negros. Os pacientes também não eram informados sobre detalhes do estudo e muitos não sabiam sequer que tinham sífilis. O diagnóstico era de "sangue ruim". Aproveitavam-se do fato dos selecionados serem pobres e iletrados para oferecer um suposto tratamento médico gratuito e refeições nas clínicas para aqueles que se inscrevessem no trabalho.


Se não bastasse isso, o estudo continuou até 1972, 25 anos depois da descoberta da Penicilina, e os pacientes ainda assim continuaram não sendo tratados. Os médicos seguiram os doentes por 40 anos sem tratamento apenas para estudar a história natural da sífilis não tratada. Mais grave ainda, como não sabiam dos seu diagnóstico e não recebiam tratamento, os pacientes além de morrerem, contaminavam suas esposas e filhos.


O estudo só foi interrompido quando o escândalo virou primeira página dos jornais americanos. Desde então, os trabalhos científico passaram a sofrer um rígido controle ético para evitar atrocidades como esta.


Bom, voltando então para a doença.


A sífilis é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum. A transmissão é basicamente sexual, mas pode também ser transmitida da mão para o feto. A doença é dividida em 3 fases, denominadas de sífilis primária, secundária e terciária. A camisinha é o melhor método para prevenir a transmissão da sífilis.


1.) Sintomas da sífilis primária


Sífilis primária - cancro duro
Sífilis - Cancro duro
A lesão primária apresenta-se como um úlcera, (parecida com uma afta de boca), não dolorosa nos órgãos genitais, que surge 2 semanas após o contacto sexual. Nas mulheres pode passar despercebida um vez que é indolor e costuma ficar escondida entre os pelos pubianos e a vulva.

Essa úlcera é chamada de cancro duro, e após 3 a 6 semanas desaparece mesmo sem tratamento, lavando a falsa impressão de cura espontânea.


Esse é o problema da Sífilis primária, é uma lesão indolor, que pode passar despercebida e que desaparece mesmo sem tratamento.


2.) Sintomas da sífilis secundária


Sífilis secundária
Sífilis secundária
Sífilis secundária
Sífilis secundária
Algumas semanas ou meses após o desaparecimento do cancro duro, a doença retorna, agora disseminada pelo organismo. Essa forma de sífilis se manifesta com erupções na pele, classicamente nas palmas das mãos e solas dos pés, febre, mal estar, perda do apetite e aumento dos linfonodos (gânglios) pelo corpo.

As lesões nas solas e palmas são características, mas as erupções podem ocorrem em qualquer local do corpo


Novamente a doença desaparece mesmo sem qualquer tratamento.


3.) Sintomas da sífilis terciária


Os pacientes podem ficar de um até vários anos, inclusive décadas, assintomáticos, até o retorno da doença.


A sífilis terciária apresenta 3 tipos de manifestação:

Sífilis terciária
Goma sifílitica

- Goma sifilítica = Lesões ulceradas que podem acometer pele, ossos e órgãos internos.

- Sífilis cardiovascular = Causa aneurismas da aorta torácica (leia:


- Neurosífilis = Acomete o sistema neurológico, lavando a demência, meningite, AVC e problemas motores por lesão da medula e dos nervos.
O diagnóstico da sífilis é feito através de exame de sangue. O tratamento é simples, com antibióticos como a penicilina. A bactéria também pode ser transmitido da mãe para o feto, levando a sífilis neonatal, uma doença grave com várias lesões estruturais do recém-nascido.

A sífilis na grávida pode causar aborto, parto prematuro, má formações e morte fetal.


Diagnóstico da sífilis


O diagnóstico da sífilis é feito basicamente através de 2 exames sorológicos:
VDRL e FTA-ABS.

O VDRL é o exame mais simples e é usado como
screening primário. O resultado é dado em formas de diluição. Ou seja, um resultado 1/8 significa que o anticorpo foi identificado até 8 diluições. Um resultado 1/64 mostra que podemos detectar anticorpos mesmo após diluirmos o sangue 64 vezes. Quanto maior for a diluição em que ainda se detecta o anticorpo, mais positivo é o resultado.

Como o VDRL pode estar positivo em várias outras doenças que não sífilis (lúpus, doença do fígado e até em idosos), consideramos apenas valores maiores de 1/32 como diagnóstico.


Todo VDRL positivo, mesmo em valores baixos, deve ser confirmado com o FTA-ABS.


Ao final, acabamos ficando com 3 situações:


- VDRL positivo e FTA-ABS positivo confirmam o diagnóstico de sífilis

- VDRL positivo e FTA-ABS negativo indicam outra doença que não sífilis
- VDRL negativo e FTA-ABS positivo indica sífilis tratada e curada. Se o paciente nunca tiver sido tratado, esse resultado sugere sífilis na fase latente.

Tratamento da sífilis


O tratamento da sífilis é diferente dependendo do estágio estágio da doença:

- Sífilis primária ou secundária = Penicilina benzatina (Benzetacil) 2.4 milhões de unidades em dose única
- Sífilis com mais de 1 ano de evolução ou de tempo indeterminado = Penicilina benzatina (Benzetacil) 2.4 milhões de unidades em 3 doses, com uma semana de intervalo entre cada.

Doentes alérgico a penicilina podem ser tratados com tetraciclina, doxiciclina ou azitromicina.


Seguimento pós tratamento


Todo paciente tratado para sífilis deve refazer o VDRL com 6 e 12 meses. O critério de sucesso é uma queda de 4 titulações na sorologia. Por exemplo, VDRL cai de 1:16 para 1:4 ou de 1:8 para 1:2.


O FTA-ABS não serve para controle de tratamento, já que ele não fica negativo logo após o tratamento.