ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

DRENAGEM DE ABSCESSO

Abscesso, por definição, constitui-se de coleção de pus na derme e tecidos profundos adjacentes. O furúnculo consiste na infecção de um folículo piloso, com material purulento se estendendo até as camadas mais profundas de derme e do tecido subcutâneo. O carbúnculo nada mais é do que a coalescência dos folículos severamente inflamados, resultando numa massa inflamatória com drenagem de secreção purulenta pelos vários orifícios. Abscessos de pele, furúnculos e carbúnculos podem se desenvolver em pessoas hígidas, sem outras condições predisponentes, a não ser portar na pele ou na cavidade nasal o Staphylococcus aureus. Fatores de riscos incluem a presença de Diabetes mellitus e alterações imunológicas. Qualquer processo que resulta na quebra de solução de continuidade da pele ou alterações dermatológicas como traumas abrasivos, escarificações ou picaduras de insetos pode resultar na formação de um abscesso.
Manifestações clínicas
Geralmente há sinais flogísticos locais como calor, rubor, edema e dor, além de nódulos eritematosos com sinais de flutuação. Pode ocorrer drenagem espontânea de secreção purulenta e adenopatia regional. Febre, calafrios, sinais de toxicidade sistêmica são incomuns. Furúnculos e carbúnculos se apresentam em áreas que contêm folículos pilosos que são expostos à fricção e perspiração, destacando-se a porção posterior do pescoço, face, axila e região da barba, nos homens (Figuras 1) 
 
Diagnósticos diferenciais
Foliculite, hidradenite supurativa, miíase, leishmaniose, blastomicose.
Indicações
O tratamento de escolha para o abscesso, independentemente da localização, consiste na drenagem
cirúrgica, para eliminar a dor e resolver o processo infeccioso. Atentar para locais especiais como face, principalmente para o triângulo formado pelo nariz e pela extremidade do lábio, pela facilidade de desenvolver flebite séptica e promover extensão para a região intracraniana, por meio do seio cavernoso. Faz-se necessário o uso de antibiótico associado e, às vezes, de avaliação de um cirurgião. Outro local que merece atenção especial é a região perianal. A drenagem nesse local se faz com urgência, não se espera apresentar sinal de flutuação, pois o risco de promover fasceíte necrotizante (síndrome de Fournier) é elevado. Na dúvida quanto ao diagnóstico, encaminhe com urgência para a avaliação de um cirurgião.
Materiais necessários para a realização do procedimento
• Solução de iodopovidina tópico ou clorexidina.
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor para anestesia local.
• Campos estéreis.
• Material para o procedimento: pinça hemostática curva.
• Lâmina de bisturi nº 11.
• Soro fisiológico para irrigação.
• Gaze.
• Dreno de Penrose.
• Fio de sutura nylon 3.0.
• Luva esterilizada.
• Seringa de 5 ml.
• Agulha 40 x 12 (rosa).
• Agulha hipodérmica (de insulina).
• Swab de cultura, se necessário.
• Máscara e óculos para proteção.
Técnica
1. Explique o procedimento ao paciente e obtenha autorização.
2. Verifique se o abscesso possui flutuação.
3. O procedimento deve ser realizado de maneira asséptica. Com as luvas estéreis, máscara e óculos de proteção, prepare a área afetada com um agente tópico disponível e cubra-a com o campo estéril. 
4. Usando a agulha 40 x 12, aspira-se o anestésico do frasco (dose de 7-10 mg/kg). Troca-se a agulha pela hipodérmica.
5. Introduza o anestésico numa técnica de bloqueio de campo regional. A anestesia deve realizar-se aproximadamente a 1 cm do perímetro de maior sinal de flutuação, com o cuidado de injetar no subcutâneo. Afinal, a anestesia é para a pele, para a confecção da abertura, nada a mais.
6. Depois, continue a fazer o bloqueio de maneira linear, ao longo da linha de incisão projetada, que deve ser longa.
7. Uma vez realizada a anestesia, faz-se uma incisão longa e profunda o suficiente ao longo da linha da pele para promover a drenagem espontânea da secreção purulenta. Não adianta fazer pequenas incisões, pois isso pode levar à recidiva dos abscessos (Figura 2).  
Complicações
• Recidiva do abscesso: se o tamanho da incisão não for grande o suficiente para drenagem adequada; local não explorado completamente, deixadas áreas loculadas;
• Sangramento;
• Disseminação sistêmica da infecção: endocardites, osteomielites, formação de abscessos pleurais, articulações etc.
Seguimento
• Pedir para o paciente retornar em um ou dois dias para remoção das gazes e do dreno, e para verificação da ferida.
• Orientar para o paciente:
› Associar compressas mornas no local, durante 15 minutos, 4x ao dia, até melhora.
› Trocar os curativos diariamente.
› Ficar alerta para sinais de infecção sistêmica.
• A antibioticoterapia está indicada se houver celulite coexistente, se o paciente for imunocomprometido ou tiver um corpo estranho (enxerto vascular, telas, cateteres e válvulas).
• Se necessário, os antibióticos utilizados são: penicilinas, cefalosporinas de 1ª geração e quinolonas
(nível ambulatorial).
• Podem-se associar analgésicos e anti-inflamatórios para a dor pós-drenagem.
Observações importantes
• A incisão deve cicatrizar entre 7 e 10 dias.
• Incisão com drenagem apenas é a terapia adequada para um abscesso subcutâneo simples.

 Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Procedimentos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 

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