HERPES ZOSTER
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ASPECTOS
CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença viral autolimitada, com ciclo
evolutivo de, aproximadamente, 15 dias, que atinge homens e mulheres, sendo
mais frequente na idade adulta e nos idosos. Antes do surgimento das lesões cutâneas,
a maioria dos doentes refere dores nevrálgicas, parestesias, ardor e prurido
locais, acompanhados de febre, cefaleia e mal-estar. A lesão elementar
constitui-se de vesículas sobre base eritematosa, que surgem de modo gradual e
levam de 2 a 4 dias para se estabelecerem. Essas vesículas podem confluir formando
bolhas contendo liquido transparente ou ligeiramente amarelado, seguindo o
trajeto de um nervo. Quando não ocorre infecção secundaria, em alguns dias, as lesões
secam e formam crostas que serão liberadas gradativamente, deixando discretas
manchas que tendem a desaparecer. Em pacientes imunossuprimidos, as lesões
surgem em localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. Em geral, o quadro
evolui para a cura em 2 a 4 semanas. Todavia, os sintomas dolorosos podem se
agravar, tornando-se muitas vezes insuportáveis, principalmente quando atinge
pessoas mais idosas. Embora a dor melhore gradativamente, nos idosos pode permanecer
por meses ou anos apos o final do quadro cutâneo, caracterizando a neuralgia
pos-herpetica. Os nervos atingidos, com maior frequência, são os intercostais
(entre as costelas), provocando manifestações no tronco, mas outros nervos também
podem ser afetados.
As regiões mais comprometidas são a torácica
(53% dos casos), cervical (20%), trigêmeo (15%) e lombossacra (11%). Quando os
nervos cranianos são acometidos, podem ocorrer sintomas, como ulceras da córnea,
vertigem ou surdez. O envolvimento do VII par craniano leva a uma combinação de
paralisia facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominado síndrome
de Hawsay-Hurt, cuja recuperação e pouco
provável. O surgimento do Herpes Zoster
pode ser um indicativo de baixa da imunidade.
Sinonímia
- Zoster, cobreiro, fogo selvagem.
Agente
etiológico - Varicella-zoster vírus, o mesmo vírus causador da
Varicela.
Modo
de transmissão - O
Herpes Zoster, geralmente, e decorrente da reativação do vírus da Varicela em
latência, em adultos e pacientes imunocomprometidos, como portadores de
doencas cronicas, neoplasias, aids e outras. Apos a fase de disseminação
hematogenica, em que atinge a pele, caminha centripetamente pelos nervos periféricos
ate os gânglios nervosos, onde poderá permanecer, em latência, por toda a vida.
Causas diversas podem levar a reativação do vírus, que, caminhando centrifugamente
pelo nervo periférico, atinge a pele, causando a característica erupção do
Herpes Zoster. Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem Herpes Zoster
apos contato com doentes de Varicela e, ate mesmo, com outro doente de
zoster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já
previamente imunizado. E também possível uma criança adquirir Varicela por
contato com doente de Zoster.
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Diagnóstico
A confirmação do diagnostico só e possível pelo isolamento
do vírus em linhagens celulares de cultura de tecidos susceptíveis, ou pela demonstração
de soroconversao, ou elevacao de 4 vezes ou mais nos titulos de anticorpos
entre as amostras de soro na fase convalescente e na fase aguda. A tecnologia da
reação da cadeia de polimerase para a detecção do ADN viral no liquido
vesicular e disponível em alguns laboratórios. As provas sorológicas mais
frequentemente utilizadas para avaliar a resposta do hospedeiro incluem a detecção
de anticorpos contra o antígeno de membrana (FAMA), a imuno-hemaglutinacao por aderência
e o ensaio imunossorvente ligado a enzima (ELISA). O teste FAMA e o ensaio
ELISA parecem ser os mais sensíveis. - Lesões vesiculares unilaterais em um padrão
de dermatomo sugerem o diagnostico de Herpes Zoster, embora se tenha relatado a
ocorrencia de Herpes Zoster na ausência de erupcao. Tanto as infeccoes pelo
herpesvirus-simples, quanto as infeccoes por virus Coxsackie, podem causar lesoes vesiculares em
dermátomos. A virologia diagnostica e a coloração fluorescente de raspados da
pele com anticorpos monoclonais ajudam estabelecer o diagnostico correto. No
estagio prodrômico, o diagnostico pode ser muito difícil.
Tratamento
As
lesoes da pele tem involução espontânea, mas medidas para evitar a infecção
secundaria devem ser tomadas. O tratamento deve ser iniciado assim que os sintomas
forem observados, visando reduzir a dor aguda associada ao Herpes Zoster, a infecção
viral aguda e prevenir a nevralgia pos-herpetica. Os agentes antivirais tem demonstrado
eficácia pela cicatrização acelerada das lesoes e resolução da dor associada ao
zoster. A ação efetiva dos agentes antivirais para a prevenção da nevralgia
pos-herpetica e controversa. A terapia com Aciclovir parece produzir uma redução
moderada do desenvolvimento de nevralgia pos-herpetica. A posologia do
Aciclovir oral e de 800mg/ dia, durante 7 a 10 dias. Outros agentes antivirais,
como Valaciclovir e Famciclovir, parecem ser, pelo menos, tão efetivo quanto o
Aciclovir. O uso de Prednisona em conjunto com Aciclovir mostrou que reduz a intensidade
e a duração da dor associada ao Herpes Zoster. A dose oral de Prednisona e de
60mg/dia, nos 1o ao 7o dias, e de 30mg/dia, nos 15º ao 21o dias. Pacientes com
dor leve ou moderada podem responder a analgésicos. Dor mais severa pode
necessitar da adição de medicamentos narcóticos. Loções contendo Calamina podem
ser utilizadas nas lesoes abertas para reduzir a dor e o prurido. Quando as
lesoes ganham crosta, Capsaicin creme pode ser aplicado. Lidocaína e
bloqueadores nervosos tem um efeito na redução da dor. Não existem tratamentos que
revertam os danos causados pelo zoster, apenas existe tratamento para aliviar a
dor associada a nevralgia pos-herpetica.
Características epidemiológicas
Ocorre em todas as idades, porem a sua incidência e maior
nos idosos. Pacientes com infecção pelo HIV, doença de Hodgkin, leucemia ou
linfoma, com transplante de medula, em uso de medicamentos imunossupressivos e
anticancerígenos são de risco. A incidência de Herpes Zoster em pacientes
infectados pelo virus HIV e cerca de 15 vezes maior do que em pessoas não
infectadas. Pacientes com disseminação cutânea, apresentam risco de pneumonite,
meningoencefalite, Hepatite E outras complicações graves. Cerca de 20% dos
pacientes com zoster desenvolvem nevralgia pos-herpetica.
Herpes Zoster e Aids
A partir de 1981, o Herpes Zoster
passou a ser reconhecido como uma infecção frequente em pacientes portadores de
HIV. Posteriormente, observações epidemiológicas demonstraram que era uma manifestação
inicial de infecção pelo HIV, cuja ocorrencia e preditiva de soropositividade
para HIV, em populações de risco. A incidência de Herpes Zoster e
significativamente maior entre indivíduos HIV positivos do que entre os
soronegativos (15 vezes mais frequente nos primeiros). A incidência cumulativa
de zoster por 12 anos apos a infecção pelo HIV foi de 30%, ocorrendo segundo uma
taxa relativamente constante, podendo ser manifestação precoce ou tardia da infecção
pelo HIV. Complicações, como retinite, necrose aguda de retina e encefalite
progressiva fatal, tem sido relatadas com mais frequência em pacientes HIV
positivos.