ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Distúrbios do Pênis, da Próstata e dos Testículos


As anormalidades do pênis, da próstata e dos testículos podem ser tanto psicologicamente perturbadoras quanto fisicamente prejudiciais. O pênis pode ser afetado por lesões, inflamações ou infecções (p.ex., doenças sexualmente transmissíveis). Os defeitos congênitos podem causar dificuldade de micção e comprometimento do desempenho durante a relação sexual. O distúrbio mais comum que afeta a próstata é a hiperplasia benigna da próstata, a qual dificulta a micção. Outros distúrbios incluem a prostatite e o câncer de próstata (um dos cânceres mais comuns). O câncer também pode ocorrer nos testículos, ameaçando a fertilidade e, quando não tratado, leva à morte. Outros distúrbios que afetam os testículos incluem a torção de testículo e a hérnia inguinal.

Lesão e Inflamação do Pênis

Vários tipos de lesões podem afetar o pênis. É comum o órgão ficar preso no zíper da calça, mas o corte resultante em geral cicatriza rapidamente. Um corte ou uma irritação que se torna infectado é tratado com antibióticos. Dobrar excessivamente um pênis ereto pode causar dor, lesar gravemente as estruturas que controlam a ereção e causar dificuldades durante a relação sexual. O pênis também pode ser seccionado parcial ou totalmente. A refixação pode ser possível, mas a sensibilidade e a função do pênis raramente são totalmente recuperadas. A balanopostite é uma inflamação generalizada da glande (cabeça do pênis) e do prepúcio. A inflamação comumente é causada por uma infecção fúngica ou bacteriana localizada sob o prepúcio de um pênis não circuncidado. A inflamação causa dor, prurido (coceira), hiperemia (avermelhamento) e edema (inchaço) e pode acabar produzindo uma estenose (constrição) da uretra. Os homens com balanopostite apresentam o risco de, posteriormente, desenvolver balanite obliterante xerótica, fimose, parafimose e câncer. Na balanite obliterante xerótica, a inflamação crônica provoca o surgimento de uma área branca e endurecida próximo da extremidade do pênis. Geralmente a sua causa é desconhecida, mas ela pode ser decorrente de uma infecção ou de uma reação alérgica. O orifício uretral é freqüentemente envolto por essa pele branca e endurecida, a qual acaba obstruindo o fluxo da urina e do sêmen. Os cremes antibacterianos ou antiinflamatórios podem curar a inflamação, mas a uretra freqüentemente tem que ser reaberta cirurgicamente.

A fimose é uma constrição ou rigidez do prepúcio. Esta doença é normal em um recém-nascido ou em uma criança jovem e, normalmente, desaparece na puberdade sem tratamento. Nos adultos, a fimose pode ser decorrente de uma irritação prolongada. Como o prepúcio rígido não pode ser retraído, ele pode interferir na micção e na atividade sexual. O tratamento habitual é a circuncisão. Na parafimose, o prepúcio retraído não pode ser colocado novamente sobre a glande (cabeça do pênis). A parafimose pode ser curada através da circuncisão. A eritroplasia de Queyrat é uma área avermelhada, aveludada e bem delimitada que se forma sobre a pele do pênis, em geral, sobre a glande ou na base da mesma. Este distúrbio geralmente ocorre em homens não circuncidados. Quando não tratada, a área pode tornar-se cancerosa. Para confirmar o diagnóstico, o médico realiza uma biópsia (remoção de uma pequena amostra de pele para exame microscópico). A eritroplasia de Queyrat é tratada com um creme contendo a droga fluorouracil. Como a área pode tornar-se câncerosa, o médico a examina em intervalos de alguns poucos meses, durante e após o tratamento. Como tratamento alternativo, pode ser realizada a remoção do tecido anormal.


Drogas que Podem Causar o Priapismo

Drogas utilizadas no tratamento da impotência Anticoagulantes Clorpromazina Cocaína Corticosteróides Marijuana Prazosina Tolbutamida Trazodona

Tumores do Pênis

Embora um câncer de pele possa ocorrer em qualquer local do pênis, o mais comum é a glande, especialmente em sua base. Os homens circuncidados raramente apresentam câncer de pele no pênis. Este câncer é raro nos Estados Unidos. O câncer normalmente manifesta-se inicialmente como uma área hiperemiada com lesões que não cicatrizam em poucas semanas, mas que são geralmente indolores. Normalmente, trata-se de um carcinoma epidermóide. Os cânceres de pele mais raros localizados no pênis incluem a doença de Bowen e a doença de Paget. O câncer é removido cirurgicamente, juntamente com uma pequena área do tecido normal circunjacente. No entanto, o médico tenta deixar o máximo possível de tecido peniano. Outras tumorações localizadas no pênis podem ser causadas por uma infecção. Por exemplo, uma lesão pequena e indolor pode ser um sinal de sífilis. Pequenas vesículas dolorosas geralmente são causadas pelo herpes simples. Ocasionalmente, o cancróide pode acarretar a formação de bolhas que, posteriormente, ulceram. Um ou mais nódulos elevados e firmes são comumente verrugas genitais, causadas por um vírus. Pequenos tumores firmes e com diminutas depressões (molusco contagioso) são causados por outro vírus.

Priapismo

O priapismo é uma ereção dolorosa e persistente, a qual não é acompanhada por desejo ou excitação sexual. Na maioria dos casos, o priapismo é conseqüência do uso de medicamentos ou é de causa desconhecida. Outras causas possíveis incluem distúrbios sangüíneos (p.ex., coágulos sangüíneos, leucemia ou doença das células falciformes), um tumor pélvico ou da coluna vertebral ou uma infecção dos genitais. A doença provavelmente ocorre porque as alterações vasculares e nervosas acarretam a retenção de sangue no tecido erétil (corpos cavernosos) do pênis. O tratamento do priapismo depende da causa. Quando um medicamento parece ser a causa, ele deve ser imediatamente suspenso. Quando a causa parece ser uma lesão neurológica, uma anestesia espinhal contínua pode ser ú til. Quando a causa provável é um coágulo sangüíneo, este deve ser removido cirurgicamente ou deve ser criada uma derivação cirúrgica para restaurar a circulação normal do pênis. A maioria dos casos de priapismo pode ser tratada através da drenagem do sangue excessivo do pênis com uma agulha e uma seringa e através da irrigação dos vasos sangüíneos com um líquido para eliminar coágulos ou qualquer outra obstrução. Dependendo da causa subjacente, várias drogas também podem ser utilizadas. A probabilidade de um homem recuperar a função sexual é mínima quando o priapismo não responde rapidamente ao tratamento.

Doença de Peyronie

A doença de Peyronie é um espessamento fibroso que provoca contraturas no pênis e deforma a ereção. A causa da doença de Peyronie, a qual afeta homens adultos, é desconhecida. O tecido fibroso que provoca as contraturas acarreta um encurvamento do pênis ereto que pode tornar a penetração difícil ou impossível. A doença pode tornar a ereção difícil. O tecido fibrose pode inclusive estender-se para o interior do tecido erétil (corpos cavernosos), impedindo totalmente a ereção. A doença de Peyronie tende a curar espontaneamente ao longo de vários meses. Injeções de corticosteróides diretamente na área afetada também podem ser úteis. Para alguns homens, os sintomas podem ser aliviados por tratamentos com ultra-som. Mais comumente, as áreas fibrosas devem ser removidas cirurgicamente. A cirurgia pode curar a doença, mas, algumas vezes, ela produz mais cicatrizes e piora o quadro. A cirurgia também pode causar impotência.

Hiperplasia Benigna da Próstata

A hiperplasia benigna é um tumor não canceroso (benigno) da próstata. A hiperplasia benigna da próstata é comum em homens com mais de 50 anos de idade. A sua causa não é conhecida, mas pode envolver alterações das concentrações hormonais que ocorrem com o envelhecimento. A próstata envolve a uretra e, por essa razão, um glândula que aumenta de volume provoca um estreitamento gradual da uretra. No decorrer do tempo, ocorre obstrução do fluxo urinário. Em conseqüência, os músculos da bexiga tornam-se mais espessos e mais fortes para poder eliminar a urina. No entanto, quando um homem com hiperplasia benigna da próstata urina, a bexiga pode não esvaziar completamente. Conseqüentemente, ocorre um estagnamento de urina na bexiga, tornando o indivíduo suscetível à infecção e à formação de cálculos. A obstrução prolongada pode lesar os rins. Em um homem com hiperplasia benigna da próstata, os medicamentos que reduzem o fluxo urinário (p.ex., anti-histamínicos de venda livre) podem causar uma obstrução.

Sintomas

A hiperplasia benigna da próstata causa sintomas pela primeira vez quando a próstata aumentada começa a bloquear o fluxo urinário. Inicialmente, o indivíduo pode apresentar uma dificuldade para iniciar a micção. Ele também pode ter uma sensação de que a micção foi incompleta. Como a bexiga não esvazia completamente durante a micção, ele tem que urinar mais freqüentemente. Ele sente necessidade de urinar à noite mais freqüentemente (noctúria) e esta necessidade torna-se cada vez mais premente. O volume e a força do fluxo urinário podem tornar- se notavelmente menores e pode ocorrer um gotejamento de urina no final da micção. Finalmente, a bexiga pode encher excessivamente , produzindo incontinência urinária. As pequenas veias da uretra e da bexiga podem romper quando o homem força para urinar, provocando o surgimento de sangue na urina. A obstrução total torna a micção impossível, acarretando uma sensação de repleção e, a seguir, uma dor intensa na região abdominal inferior. As infecções da bexiga costumam causar uma sensação de queimação durante a micção e febre. O refluxo de urina também provoca aumento da pressão sobre os rins, mas isto raramente acarreta lesões renais permanentes.

Diagnóstico

Quando o médico suspeita de uma hiperplasia benigna da próstata baseando-se nos sintomas, ele realiza um exame físico. Palpando a próstata durante um exame retal, ele normalmente consegue determinar se o seu tamanho está aumentado. Ele também realiza uma palpação em busca de nódulos, os quais podem indicar um câncer, e de dor, a qual pode indicar uma infecção. Geralmente, são realizados exames de sangue que avaliam a função renal, assim como o exame de sangue que determina se o indivíduo apresenta um câncer de próstata. Este exame mensura a concentração do antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific antigen).

Os resultados revelam concentrações elevadas em aproximadamente 30 a 50% dos homens com hiperplasia benigna da próstata. Esta elevação significa que deve ser realizada uma avaliação mais minuciosa para determinar se o indivíduo apresenta especificamente um câncer de próstata, e não se ele apresenta um câncer. Ocasionalmente, outros exames são necessários. O médico pode usar um cateter para mensurar a quantidade de urina presente na bexiga após a micção. Contudo, o mais comum é o médico fazer o paciente urinar em um urofluxômetro (dispositivo que mensura a taxa do fluxo urinário). A ultra-sonografia pode mensurar o tamanho da próstata e ajuda a determinar se o câncer é uma causa possível. Em raros casos, um endoscópio (um tubo de visualização flexível) é introduzido através da uretra para determinar se a obstrução do fluxo urinário é devida a uma outra razão que não o aumento da próstata.

Tratamento

Os sintomas podem ser aliviados por drogas alfa-adrenérgicas que relaxam os músculos da saída da bexiga (p.ex., terazosina ou doxazosina). Para reduzir o tamanho da próstata e postergar a necessidade de cirurgia, podem ser utilizadas drogas como o finasteride, mas o alívio dos sintomas pode levar 3 meses ou mais para ocorrer. Quando os sintomas tornam-se insuportáveis, ocorre uma infecção do trato urinário, a função renal é comprometida ou ocorre uma obstrução total do fluxo urinário, são necessários tratamentos adicionais. Um homem que não consegue absolutamente urinar necessita da passagem de uma sonda de Foley para drenar a bexiga. Qualquer infecção é tratada com antibióticos.

O maior alívio é provido pela cirurgia. O procedimento mais comum é uma ressecção transuretral da próstata, na qual o médico introduz um endoscópio através da uretra e remove parte da próstata. Este procedimento não exige uma incisão cirúrgica e, normalmente, um anestésico é administrado através de uma punção lombar. No entanto, 5% ou menos dos homens submetidos a este procedimento apresentam posteriormente um certo grau de incontinência urinária. Em raros casos, o indivíduo torna-se impotente ou necessita de uma outra ressecção transuretral nos 3 anos seguintes. Alternativamente, o médico pode utilizar um endoscópio equipado com um laser para queimar o tecido prostático, causando menos danos aos nervos e menos complicações. Contudo, ainda não existem estudos disponíveis sobre as conseqüências a longo prazo deste procedimento. Outros tratamentos recentemente desenvolvidos incluem o uso de calor por microondas para reduzir o tecido prostático e o uso de um balão para dilatar a uretra.

Câncer de Próstata

O câncer de próstata é extremamente comum, embora a sua causa exata seja desconhecida. Quando se examina ao microscópio um tecido prostático obtido através de uma cirurgia prostática ou de uma autópsia, é detectado um câncer em 50% dos homens com mais de 70 anos de idade e praticamente em todos com mais de 90 anos. A maioria desses cânceres nunca produz sintomas porque eles disseminam-se muito lentamente. No entanto, alguns cânceres de próstata crescem mais agressivamente e disseminamse por todo o corpo. Embora menos de 3% dos homens com a doença morram devido a ela, o câncer de próstata permanece sendo a segunda causa mais comum de morte por câncer entre os homens norte-americanos.

Sintomas

Geralmente, o câncer de próstata evolui lentamente e não causa sintomas até atingir um estágio avançado. Algumas vezes, ocorrem sintomas semelhantes aos da hiperplasia benigna da próstata, como a dificuldade de micção e a necessidade de urinar freqüentemente. Estes sintomas ocorrem porque o câncer obstrui parcialmente o fluxo urinário através da uretra. Posteriormente, o câncer de próstata pode causar urina sanguinolenta ou retenção urinária súbita. Em alguns casos, o câncer de próstata somente é diagnosticado quando ele dissemina-se (produz metástases) para os ossos (sobretudo a pelve, as costelas e as vértebras) ou para os rins, produzindo insuficiência renal. O câncer ó sseo tende a ser doloroso e pode enfraquecer suficientemente os ossos a ponto de causar fraturas. Após a disseminação do câncer, a anemia é comum. O câncer de próstata também pode disseminar-se para o cérebro, causando convulsões, confusão mental e outros sintomas mentais ou neurológicos.

Diagnóstico

Como o câncer de próstata é muito comum, muitos médicos realizam o exame preventivo, de modo que o diagnóstico possa ser realizado em um estágio inicial, quando o câncer ainda pode ser curado. O melhor modo para se prevenir o câncer de próstata consiste na realização anual do toque retal e do exame de sangue. Durante o toque retal, o médico palpa a próstata. Quando o indivíduo apresenta um câncer de próstata, o médico freqüentemente consegue palpar um nódulo. O exame de sangue mensura a concentração do antígeno prostático específico (PSA), uma substância que normalmente está elevada nos indivíduos com câncer de próstata, mas que também pode estar elevada (geralmente em menor grau) em indivíduos com hiperplasia benigna da próstata. Este exame não detecta aproximadamente um terço dos cânceres de próstata (resultado falso-negativo) e em aproximadamente 60% das vezes indica a presença de câncer, quando ele na realidade não existe (resultado falso-positivo). Embora o exame preventivo aumente a chance da detecção precoce, ele também pode acarretar a realização de exames e tratamentos onerosos e desnecessários baseando-se em um resultado falso-positivo.

Algumas instituições, como a American Cancer Society e a American Urological Association, recomendam a realização do PSA para a investigação do câncer, enquanto outras, como o National Cancer Institute não endossam o uso do PSA como exame preventivo. Quando o médico palpa um nódulo, a próstata deve ser mais investigada através de uma ultrasonografia, um exame que usa ondas sonoras. Quando a ultra-sonografia revela um nódulo suspeito, o médico geralmente realiza a coleta de várias amostras de tecido prostático. Antes da coleta das amostras, o indivíduo é submetido a uma anestesia local. O procedimento não exige hospitalização. As amostras de tecido são examinadas ao microscópio e podem ser submetidas a exames bioquímicos.

Esses exames ajudam a determinar se o câncer é do tipo agressivo que pode se disseminar rapidamente ou do tipo mais comum que tende a crescer e a se disseminar mais lentamente. Eles também indicam a extensão do comprometimento da glândula pelo câncer. Os tumores ósseos metastáticos podem ser detectados através de exames radiográficos ou da cintilografia óssea. Dois parâmetros ajudam o médico a determinar a possível evolução do câncer e o melhor tratamento:
• Até onde o câncer disseminou. Se ele estiver confinado a uma pequena parte da próstata, levará muitos anos para que o tumor se dissemine para as áreas circunvizinhas da glândula e, em seguida, para os ossos e outras partes do corpo.
• O quão maligno é o aspecto das células. As células do câncer de próstata mais anormais ao microscópio tendem a crescer e a disseminar-se mais rapidamente.

Tratamento

O tratamento pode afetar seriamente o estilo de vida do homem. A cirurgia de grande porte, a radioterapia e os medicamentos para tratar o câncer de próstata freqüentemente causam impotência e podem causar incontinência. O tratamento apresenta poucas vantagens para os homens com mais de 70 anos de idade do que para os homens jovens, pois os idosos apresentam maior chance de morrer por outras causas. Muitos homens com câncer de próstata, sobretudo os mais idosos com um câncer no estágio inicial que cresce lentamente, decidem que o melhor é uma atitude expectante sob controle. Quando o paciente e o seu médico decidem pelo tratamento, o tipo de terapia dependerá da extensão da doença. O câncer limitado à próstata freqüentemente pode ser curado através da remoção cirúrgica da glândula ou através da radioterapia.

Nos homens sexualmente ativos com certos tipos de câncer, um procedimento cirúrgico denominado prostatectomia radical com preservação da potência pode ser utilizado. Este procedimento, o qual preserva os nervos, também preserva a potência sexual em aproximadamente 75% dos pacientes. Menos de 5% tornam- se incontinentes. Contudo, as chances de sucesso do procedimento são menores para os tipos agressivos do câncer e ele é inútil para os cânceres que produziram metástases. A radioterapia pode ser utilizada para tratar o câncer confinado à próstata. Ela também é uma opção quando o câncer invadiu os tecidos além da próstata, mas ainda não se disseminou para órgãos distantes. A radiação é aplicada com um aparelho de emissão externa ou através de implantes radioativos que são inseridos na próstata. O câncer de próstata metastático avançado é incurável, mas os sintomas freqüentemente podem ser aliviados.

Como muitos cânceres de próstata dependem do nível de testosterona do indivíduo, os tratamentos que bloqueiam os efeitos deste hormônio podem tornar o crescimento dos tumores mais lento. Aproximadamente 80% dos homens com câncer de próstata apresentam uma resposta benéfica ao tratamento que bloqueia esses efeitos. Uma maneira de bloqueálos é administrando determinados medicamentos (p.ex., leuprolida). No entanto, este tratamento produz alterações importantes no corpo do homem, incluindo a redução da libido, a impotência e a ginecomastia (aumento das mamas). Além disso, em até um terço dos homens com doença avançada, o câncer torna-se resistente a esse tratamento em um ano. A orquiectomia bilateral (remoção de ambos os testículos) reduz enormemente o nível da testosterona, mas os efeitos físicos e psicológicos tornam este procedimento inaceitável para alguns homens. No entanto, a orquiectomia bilateral é eficaz, não exige tratamentos repetidos, é menos onerosa que a terapia medicamentosa e não exige que o paciente pernoite no hospital. Um câncer ósseo doloroso que não responde a outros tratamentos pode ser tratado com radioterapia ou com medicamentos que podem reduzir o tamanho dos tumores (p.ex., mestranol).

Prostatite

A prostatite é a inflamação da próstata . Normalmente, a prostatite não é causada por uma infecção identificável, mas, algumas vezes, uma infecção bacteriana dissemina-se até a próstata a partir do trato urinário. A infecção da próstata causa dor na região inguinal (virilha), na região localizada entre o pênis e o ânus e na região lombar, assim como calafrios e febre. O homem pode ter que urinar freqüentemente e com urgência e pode haver presença de sangue na urina. A infecção bacteriana pode propagar-se até o escroto, causando um grande desconforto, edema, hiperemia e dor intensa à palpação. O indivíduo também pode apresentar impotência em decorrência da dor. A prostatite também pode ser resultado de infecções fúngicas, virais e por protozoários.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico de prostatite é normalmente baseado nos sintomas e nos achados do exame físico. Quando o médico realiza um exame retal, a próstata pode estar aumentada de volume e sensível ao toque. Algumas vezes, o médico pode coletar uma amostra de urina ou de líquido prostático obtido através da compressão da próstata durante o exame para a realização de cultura. Quando a prostatite não é causada por uma infecção, os banhos de assento com água morna, as massagens prostáticas periódicas e a ejaculação freqüente são atividades recomendadas para aliviar os sintomas. Um analgésico (p.ex., acetaminofeno ou aspirina) alivia a dor. O uso de emolientes fecais e a ingestão de uma grande quantidade de líquido também podem ajudar a aliviar os sintomas. Quando a prostatite é decorrente de uma infecção bacteriana, um antibiótico oral (p.ex., sulfametoxazol-trimetoprim) é administrado durante um período de 30 a 90 dias. O uso de antibióticos durante um menor período pode curar a infecção apenas parcialmente e acarreta uma infecção crônica.

Câncer de Testículo

O câncer de testículo pode causar um aumento do tamanho do testículo ou o surgimento de um nódulo no escroto. A maioria dos nódulos não é causada por um câncer de testículo, mas a maioria dos nódulos que se formam nos testículos o são. A sua causa é desconhecida, mas os homens cujos testículos não desceram para o interior do escroto até os 3 anos de idade apresentam um maior risco de apresentar um câncer de testículo do que aqueles cujos testículos desceram até essa idade. A maioria dos cânceres de testículo ocorre em homens com menos de 40 anos de idade. Existem quatro tipos de câncer que podem se desenvolver nos testículos: o seminoma, o teratoma, o carcinoma embrionário e o coriocarcinoma.

Sintomas e Diagnóstico

O câncer de testículo produz um nódulo duro e crescente no escroto, o qual pode ser doloroso. Algumas vezes, ocorre a ruptura de vasos sangüíneos no interior do tumor, resultando em uma massa que cresce rapidamente e causa uma dor intensa. Um nódulo duro no testículo sempre deve ser examinado o mais rapidamente possível por um médico. O exame físico e a ultra-sonografia ajudam o médico a determinar se o nódulo é originário do testículo. Quando o nódulo é sólido e está localizado sobre o testículo, o diagnóstico de câncer comumente é estabelecido na sala cirúrgica, mas, ocasionalmente, é realizada uma biópsia (coleta de uma amostra de tecido para exame microscópico). A cirurgia freqüentemente pode ser realizada com o paciente submetido a uma anestesia local. A concentração de duas proteínas presentes no sangue, a alfa-fetoproteína e a gonadotropina coriônica humana, tendem a aumentar nos homens com câncer de testículo. Exames de sangue podem ser utilizados tanto na investigação do câncer quanto no controle do tratamento. Quando a concentração dessas proteínas aumentam após o tratamento, a recorrência do câncer pode ter ocorrido.

Tratamento

O tratamento inicial do câncer de testículo é a remoção cirúrgica de todo o testículo. O outro testículo não é removido, de modo que o indivíduo manterá concentrações adequadas de hormônios masculinos e permanecerá fértil. Em certos tipos de tumores, os linfonodos abdominais também podem ser removidos porque o câncer tende a disseminar-se primeiramente para essas estruturas. O tratamento pode incluir a radioterapia assim como a cirurgia, especialmente no caso de um seminoma. A radiação é aplicada sobre os linfonodos abdominais, torácicos e cervicais (do pescoço) para tentar destruir as células câncerosas que se disseminaram. O câncer de testículo disseminado freqüentemente é curado com uma combinação de cirurgia e quimioterapia. O prognóstico depende do tipo e da extensão do tumor. Mais de 80% dos homens com seminomas, teratomas ou carcinomas embrionários sobrevivem 5 anos ou mais. Essa capacidade de curar a maioria dos cânceres de testículo metastáticos é um dos grandes triunfos da terapia antineoplásica. Muitos poucos indivíduos com coriocarcinoma altamente maligno, um tumor muito raro, chegam mesmo a apresentar uma sobrevida de até 5 anos.

Torção do Testículo

Torção do Testículo

A torção do testículo ocorre quando um testículo retorce sobre o seu cordão espermático. A torção do testículo ocorre devido a um desenvolvimento anormal do cordão espermático ou da membrana que reveste o testículo. Geralmente, ela ocorre nos homens entre a puberdade e os 25 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. A torção do testículo pode ocorrer após uma atividade extenuante ou sem razão aparente. Uma dor intensa e o aumento de volume do escroto acompanhos de náusea e vômito ocorrem imediatamente. O médico pode diagnosticar esta doença baseando-se somente na descrição dos sintomas pelo paciente e nos achados do exame físico. Alternativamente, ele pode solicitar uma cintilografia (com o uso de radionuclídeos) para estabelecer o diagnóstico. No entanto, os resultados deste exame nem sempre são confiáveis. O exame mais comumente utilizado é a ultra-sonografia colorida com análise do fluxo, a qual mostra tanto o tecido testicular quanto o fluxo sangüíneo. O cordão torcido interrompe o suprimento sangüíneo ao testículo. Por essa razão, a única esperança de salvá-lo é a cirurgia para desenrolar o cordão dentro das 24 horas subseqüentes ao início dos sintomas. Durante a cirurgia, o outro testículo é melhor fixado para se prevenir que ocorra uma torção nesse lado.

Hérnia Inguinal

Na hérnia inguinal, o intestino exerce pressão através de um orifício localizado na parede abdominal até o canal inguinal (o conduto através do qual os testículos descem do abdômen para o interior do escroto pouco antes do nascimento). Quando a hérnia ocorre por causa de um orifício mais largo ou mais fraco do que o normal no nascimento, ela é denominada hérnia congênita ou indireta. Quando o intestino passa através de um defeito do assoalho do canal inguinal, o distúrbio é denominado hérnia adquirida ou direta. Em ambos os tipos de hérnia inguinal, o intestino tende a descer até o escroto, produzindo geralmente uma protuberância indolor na região inguinal e no escroto. A protuberância pode aumentar quando o indivíduo coloca-se em pé e pode diminuir quando ele se deita, pois o conteúdo move-se para frente e para trás sob a ação da força da gravidade. A correção cirúrgica pode ser recomendada dependendo do tamanho da hérnia e do desconforto que ela causa. Quando uma porção do intestino é aprisionada no escroto, o suprimento sangüíneo pode ser interrompido e a porção do intestino pode gangrenar. Neste caso, é realizada uma cirurgia de emergência para retirar o intestino do canal inguinal e fechar o orifício para que a hérnia não ocorra novamente.

Outros Distúrbios do Escroto e dos Testículos

A orquiepididimite é a inflamação do epidí-dimo e do testículo. Ela pode ser uma complicação de uma infecção da bexiga, de uma uretrite inespecífica, de uma blenorragia (gonorréia), de uma cirurgia prostática ou de algum outro procedimento (p.ex., sondagem vesical). O testículo torna-se edemaciado e doloroso, podendo estar quente à palpação. Normalmente, existe líquido no interior do escroto. O indivíduo também pode apresentar febre. O tratamento geralmente consiste no uso de antibióticos orais, repouso ao leito, aplicação de bolsa de gelo sobre o escroto e uso de um suspensor escrotal. O acetaminofeno e outros analgésicos podem ser necessários. Ocasionalmente, ocorre a formação de um abcesso (acúmulo de pus) que, à palpação, é detectado como um nódulo macio no escroto. O abcesso tende a drenar espontaneamente, mas, ocasionalmente, a drenagem cirúrgica é necessária. A parotidite (caxumba) é uma infecção viral geralmente afeta as crianças.

Quando um indivíduo contrai a parotidite, os testículos podem ser afetados. A doença causa um aumento de volume doloroso que pode comprometer de forma permanente a capacidade de produção de esperma pelos testículos. A hidrocele é o acúmulo de líquido na membrana que reveste os testículos, causando um aumento de volume mole de um dos testículos. Ela pode estar presente ao nascimento ou ocorrer posteriormente. A hidrocele é geralmente indolor, mas pode tornar-se tão volumosa que a remoção cirúrgica é recomendada para eliminar o desconforto. A hematocele é o acúmulo de sangue que normalmente ocorre após um traumatismo do escroto. Algumas vezes, o sangue é reabsorvido sem tratamento, mas as hematoceles volumosas freqüentemente exigem a remoção cirúrgica.

A espermatocele é o acúmulo de líquido que contém esperma, com uma localização adjacente ao epidídimo. A espermatocele que se torna volumosa ou incômoda é removida cirurgicamente. A varicocele é uma massa de veias alongadas, dilatadas e semelhantes a vermes (vermiformes) localizadas no escroto, muito parecidas com as veias varicosas. A varicocele comumente ocorre no lado esquerdo do escroto e, à palpação, parece um saco de vermes. A massa torna-se perceptível quando o indivíduo fica em pé, mas ela normalmente desaparece quando ele reclina, pois ocorre uma diminuição do fluxo sangüíneo às veias dilatadas. A varicocele pode ser corrigida cirurgicamente quando ela produz a sensação de que o escroto se encontra desconfortavelmente cheio ou quando ela compromete a fertilidade.


FONTE: MANUAL MERCK SAÚDE