ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Distúrbios dos Ossos, das Articulações e dos Músculos - Problemas do Pé


Alguns problemas do pé tem origem no próprio local, por exemplo, devido a uma lesão. Outros problemas são decorrentes de determinadas doenças que afetam todo o organismo. Qualquer osso, articulação, músculo, tendão ou ligamento do pé pode ser afetado.

Entorse do Tornozelo

O entorse do tornozelo é uma lesão dos ligamentos (o tecido elástico e resistente que conecta os ossos entre si) do tornozelo. Qualquer ligamento do tornozelo pode ser lesado. Geralmente, os entorses ocorrem quando o tornozelo roda para fora, fazendo que a planta do pé fique voltada para o outro pé (inversão).

Os ligamentos frouxos do tornozelo, os músculos da perna fracos, as lesões dos nervos da perna, determinados tipos de calçados (p.ex., aqueles com saltos muito altos e finos) e certas formas de marcha tendem a provocara rotação do pé para fora, aumentando o risco de um entorse.

Sintomas

A gravidade do entorse depende do grau de distensão ou de laceração ligamentar. Em um entorse leve (de 1º grau), os ligamentos são distendidos, mas não chegam a sofrer laceração. O tornozelo comumente não dói ou incha muito, mas um entorse leve aumenta o risco de lesões de repetição.

Em um entorse moderado (de 2º grau), o ligamento sofre uma laceração parcial. O inchaço e a equimose evidentes são comuns e a marcha geralmente é dolorosa e difícil. Em um entorse grave (de 3º grau), o ligamento sofre uma ruptura completa, causando inchaço e, algumas, sangramento sob a pele. Como conseqüência, o tornozelo torna-se instável e incapaz de sustentar o peso.

Diagnóstico e Tratamento

O exame físico do tornozelo pode fornecer indícios sobre a extensão da lesão ligamentar. Freqüentemente, são realizadas radiografias para se determinar existe alguma fratura óssea, mas elas não conseguem determinar se houve um entorse de tornozelo. Outros exames raramente são necessários.

O tratamento depende da gravidade do entorse. Geralmente, os entorses leves são tratados com um enfaixamento do tornozelo e do pé com faixa elástica ou esparadrapo, aplicação de gelo na região, elevação do tornozelo e, à medida que os ligamentos se curam, um aumento gradual das caminhadas e dos exercícios. Para os entorses moderados, é utilizado um aparelho gessado que permite a deambulação, o qual é mantido por três semanas. Esse aparelho imobiliza a perna, mas permite que a indivíduo ande com o tornozelo lesado. Para os entorses graves, pode ser necessária a realização de uma cirurgia. No entanto, ainda existem controvérsias em relação à cirurgia.

Alguns cirurgiões acreditam que a reconstrução cirúrgica de ligamentos muito lesados e lacerados não é uma solução melhor que o tratamento não cirúrgico. A fisioterapia é muito importante para a restauração dos movimentos, o fortalecimento dos músculos e a melhoria do equilíbrio e do tempo de resposta, antes que o indivíduo retome as atividades mais exigentes do ponto de vista físico. Para os indivíduos que sofrem entorses de tornozelo com facilidade, as lesões subseqüentes podem ser prevenidas com o uso de suportes para o tornozelo e o uso de dispositivos no calçado para estabilizar o pé e o tornozelo.

Entorse Grave do Tornozelo

Um entorse pode ocorrer quando o tornozelo roda para fora (sofre inversão), lacerando o ligamento ao longo da parte externa do tornozelo.


Complicações

Algumas vezes, um entorse moderado ou grave causa problemas mesmo após a cicatrização do ligamento. Pode ocorrer a formação de um pequeno nódulo em um dos ligamentos do tornozelo, causando atrito constante na articulação e acarretando inflamação crônica e, finalmente, uma lesão permanente. Freqüentemente, a injeção de uma mistura de corticosteróides no tornozelo, visando reduzir a inflamação, e de um anestésico local, para diminuir a dor, melhora o quadro.

A cirurgia raramente é necessária. Um nervo que percorre sobre um dos ligamentos do tornozelo também pode ser lesado em um entorse. A administração de uma injeção de um anestésico local freqüentemente alivia a dor e o formigamento (neuralgia), algumas vezes de forma permanente. Os indivíduos com um entorse no tornozelo podem andar de uma maneira que sobrecarrega os tendões (os cordões de tecido fortes e flexíveis que ligam um músculo a um osso ou um músculo a outro músculo) do lado externo do tornozelo, acarretando uma inflamação. Esse distúrbio, conhecido como tenossinovite fibular, pode causar edema crônico e dor no lado externo. O tratamento consiste no uso de suportes para o tornozelo que limitam os movimentos da articulação.

A administração de injeções de cortisona na bainha do tendão também podem ser eficazes, não devendo ser feito um uso abusivo desse tipo de tratamento. Ocasionalmente, o choque de um entorse grave provoca espasmo dos vasos sangüíneos da região do tornozelo com conseqüente redução do fluxo sangüíneo. Devido a essa redução, algumas áreas do osso e de outros tecidos podem ser afetadas por causa da privação sangüínea e podem começar a atrofiar. Esse problema, conhecido como distrofia simpática reflexa ou atrofia de Sudeck, pode provocar edema e dor no pé. A dor, freqüentemente intensa, pode passar de um local a outro do tornozelo e do pé.

Apesar da dor, o indivíduo afetado deve continuar andando. A fisioterapia e o uso de analgésicos pela via oral podem ser úteis. A injeção de um anestésico local no nervo que inerva o tornozelo, ou em torno dele (bloqueio nervoso), o uso de corticosteróides e a assistência psicológica podem auxiliar o paciente a conviver com a dor intensa e crônica. A síndrome do seio do tarso é a dor persistente na área situada entre o osso do calcanhar (calcâneo) e o osso do tornozelo (tálus), após um entorse. Essa síndrome pode estar relacionada à laceração parcial de ligamentos situados profundamente no pé. Freqüentemente, as injeções de corticosteróides e de anestésicos locais são úteis.

Algumas vezes, um entorse moderado ou grave causa problemas mesmo após a cicatrização do ligamento. Pode ocorrer a formação de um pequeno nódulo em um dos ligamentos do tornozelo, causando atrito constante na articulação e acarretando inflamação crônica e, finalmente, uma lesão permanente. Freqüentemente, a injeção de uma mistura de corticosteróides no tornozelo, visando reduzir a inflamação, e de um anestésico local, para diminuir a dor, melhora o quadro.

A cirurgia raramente é necessária. Um nervo que percorre sobre um dos ligamentos do tornozelo também pode ser lesado em um entorse. A administração de uma injeção de um anestésico local freqüentemente alivia a dor e o formigamento (neuralgia), algumas vezes de forma permanente. Os indivíduos com um entorse no tornozelo podem andar de uma maneira que sobrecarrega os tendões (os cordões de tecido fortes e flexíveis que ligam um músculo a um osso ou um músculo a outro músculo) do lado externo do tornozelo, acarretando uma inflamação. Esse distúrbio, conhecido como tenossinovite fibular, pode causar edema crônico e dor no lado externo. O tratamento consiste no uso de suportes para o tornozelo que limitam os movimentos da articulação.

A administração de injeções de cortisona na bainha do tendão também podem ser eficazes, não devendo ser feito um uso abusivo desse tipo de tratamento. Ocasionalmente, o choque de um entorse grave provoca espasmo dos vasos sangüíneos da região do tornozelo com conseqüente redução do fluxo sangüíneo. Devido a essa redução, algumas áreas do osso e de outros tecidos podem ser afetadas por causa da privação sangüínea e podem começar a atrofiar. Esse problema, conhecido como distrofia simpática reflexa ou atrofia de Sudeck, pode provocar edema e dor no pé. A dor, freqüentemente intensa, pode passar de um local a outro do tornozelo e do pé.

Apesar da dor, o indivíduo afetado deve continuar andando. A fisioterapia e o uso de analgésicos pela via oral podem ser úteis. A injeção de um anestésico local no nervo que inerva o tornozelo, ou em torno dele (bloqueio nervoso), o uso de corticosteróides e a assistência psicológica podem auxiliar o paciente a conviver com a dor intensa e crônica. A síndrome do seio do tarso é a dor persistente na área situada entre o osso do calcanhar (calcâneo) e o osso do tornozelo (tálus), após um entorse. Essa síndrome pode estar relacionada à laceração parcial de ligamentos situados profundamente no pé. Freqüentemente, as injeções de corticosteróides e de anestésicos locais são úteis.

Fraturas do Pé

Praticamente qualquer osso no pé pode fraturar. Muitas dessas fraturas não necessitam de cirurgia, enquanto que outras devem ser reparadas cirurgicamente, para se evitar a incapacitação permanente. A área sobre o local de um osso fraturado comumente torna-se edemaciada e dolorosa. Se houver contusão de tecidos moles da área, o edema e a dor podem estender-se além do local da fratura.

As fraturas do tornozelo e em torno deste ocorrem mais comumente quando o tornozelo roda para dentro, de tal modo que a planta do pé roda para fora (entorse do tornozelo por inversão), ou quando o tornozelo roda para fora (entorse do tornozelo por reversão). Podem ocorrer dor, edema e sangramento. Essas fraturas podem ser graves se não forem tratadas imediatamente. Como regra, todas as fraturas de tornozelo devem ser imobilizadas com um aparelho gessado.

Pode ser necessária a realização de uma cirurgia para corrigir as fraturas de tornozelo graves, nas quais os ossos estão muito separados ou desalinhados. As fraturas de ossos do metatarso (ossos da parte intermediária do pé) são comuns. Mais comumente, essas fraturas são decorrentes da marcha excessiva ou do estresse indireto devido ao uso excessivo, apesar delas poderem ser resultantes de um impacto súbito e forte. Na maioria dos casos, tudo o que se faz necessário para a consolidação da fratura é a imobilização em um calçado com sola rígida ao invés de uma imobilização com um aparelho gessado.

Raramente, é necessário o uso de um aparelho gessado abaixo do joelho. Se os ossos estiverem muito afastados, pode ser necessária uma cirurgia para alinhar os segmentos fraturados. Uma fratura do osso metatarsal do hálux (dedão do pé) ou do do quinto pododáctilo tende a ser mais complicada, exigindo um aparelho gessado ou uma cirurgia. Os ossos sesamóides (dois pequenos ossos arredondados localizados sob a ponta do osso metatarsal do hálux) podem fraturar. As corridas, as caminhadas longas e os esportes que envolvem um choque muito forte contra o solo da superfície plantar do antepé (p.ex., basquetebol e tênis), podem fraturar esses ossos.

O uso de coxins ou de órteses especialmente fabricadas (palmilhas) para o calçado auxilia no alívio da dor. Se a dor persistir, pode ser necessária a realização da remoção cirúrgica do osso sesamóide. As lesões dos dedos dos pés, particularmente do quinto pododáctilo, são comuns, especialmente quando o indivíduo anda com os pés descalços. Fraturas simples dos quatro dedos menores dos pés consolidam sem a necessidade de um aparelho gessado. A imobilização dos dedos dos pés com esparadrapo ou com uma faixa de velcro, utilizando os dedos adjacentes como apoio, durante quatro ou seis semanas, pode ser útil.

O uso de calçados com sola rígida ou de calçados um pouco mais largos podem ajudar no alívio da dor. Se o indivíduo sentir muita dor ao andar com sapatos normais, ele deve utilizar botas feitas sob medida ou calçados prescritos pelo médico. Geralmente, a fratura do hálux tende a ser mais grave, provocando dor intensa, edema e sangramento subcutâneo. O hálux pode ser fraturado em decorrência de uma tropeção ou da queda de um objeto pesado sobre ele. As fraturas que afetam a articulação do hálux podem exigir cirurgia.

Ossos do Pé Vista Inferior (pela sola)

Esporão de Calcâneo

Um esporão de calcâneo é um crescimento ósseo extra no osso do calcanhar (calcâneo). O esporão pode formar-se quando a fáscia plantar – o tecido conjuntivo que se estende desde o calcâneo até a base dos dedos – faz excessiva tração sobre o calcanhar. Normalmente o esporão causa dor durante seu desenvolvimento, mas pode tornar-se menos doloroso à medida que o pé vai se ajustando a esse crescimento ósseo. A maioria dos esporões pode ser tratada sem cirurgia.


Esporões do Calcâneo

Os esporões do calcâneo são excrescências ósseas que se formam no calcâneo (osso do calcanhar) que podem ser causadas por uma tração excessiva desse osso pelos tendões ou pela fáscia (o tecido conjuntivo aderido ao osso). A dor na parte inferior do calcanhar pode ser causada por um esporão de calcâneo. O pé plano (um achatamento anormal da sola e do arco do pé) e distúrbios nos quais a contratura do tendão de Aquiles é permanente podem tensionar a fáscia excessivamente, aumentando o risco de formação de esporões do calcâneo. Os esporões do calcâneo geralmente provocam dor enquanto se desenvolvem, especialmente quando o indivíduo caminha.

Algumas vezes, uma bolsa contendo líquido (bursa) desenvolve- se sob o esporão e inflama. Geralmente, nssa condição, denominada bursite inferior do calcâneo, a dor torna-se do tipo latejante e esta pode ocorrer mesmo na ausência de um esporão. Algumas vezes, o pé adapta-se ao esporão de tal forma que a dor chega a diminuir à medida que o esporão cresce. Por outro lado, um esporão indolor pode tornar-se doloroso após uma pequena lesão na área como pode ocorrer, por exemplo, durante a prática de um esporte.

Comumente, os esporões do calcâneo podem ser diagnosticados durante o exame físico. Quando existe um esporão, a aplicação de pressão no centro do calcanhar provoca dor. Radiografias podem ser realizadas para confirmar o diagnóstico, mas elas podem não detectar esporões recém-formados. O tratamento visa o alívio da dor. Uma combinação de corticosteróide com um anestésico local pode ser injetada na área dolorida do calcanhar. O enfaixamento do arco do pé com atadura e o uso de uma órtese (palmilha para o calçado) que ajude a estabilizar o calcanhar são medidas que, além de reduzirem a dor, diminuem a distensão da fáscia.

A maioria dos esporões do calcâneo dolorosos curam sem necessidade de cirurgia. A cirurgia de remoção do esporão somente deve ser realizada quando a dor interferir na deambulação. No entanto, os resultados da cirurgia são imprevisíveis. Ocasionalmente, a dor persiste após a cirurgia.

Doença de Sever

A doença de Sever é a talalgia (dor no calcanhar) apresentada por crianças e causada por uma lesão da cartilagem. O calcâneo (osso do calcanhar) desenvolvese em duas partes. Até o osso endurecer completamente, entre os 8 e os 16 anos, as duas partes mantêm-se conectadas por uma cartilagem, a qual é mais macia que o osso. Ocasionalmente, uma atividade vigorosa ou uma tensão excessiva provoca o rompimento da cartilagem, causando uma dor localizada geralmente ao longo da borda do calcanhar.

A doença de Sever é diagnosticada quando uma criança que tenha participado de atividades atléticas sente dor ao longo da borda do calcanhar. Em alguns casos, o calcanhar encontrase discretamente inchado e com um leve aumento de temperatura à palpação. Como as radiografias não detectam a lesão cartilaginosa, elas não são úteis para o médico, exceto para excluir a presença de uma fratura como como causa da dor. A cartilagem rompida acaba consolidando, geralmente após alguns meses.

Almofadas para o calcanhar colocadas nos calçados podem ser úteis, pois elas reduzem a pressão sobre o calcâneo. Algumas vezes, a imobilização do pé com um aparelho gessado pode ser útil.

Bursite Posterior do Tendão de Aquiles

A bursite posterior do tendão de Aquiles (deformidade de Haglund) é uma inflamação da bursa (saco cheio de líquido) localizada entre a pele do calcanhar e o tendão de Aquiles (o tendão que fixa os músculos da panturrilha ao osso). Esse distúrbio ocorre principalmente em mulheres jovens, mas pode ocorrer também em homens.

O ato de caminhar pressionando repetidamente o tecido mole sob o calcanhar contra o suporte traseiro rígido de um calçado pode agravar o problema. Inicialmente, ocorre o desenvolvimento de um um ponto sensível, endurecido e levemente avermelhado na parte posterior do calcanhar. Quando este aumenta de tamanho, a bursa inflamada aparece como uma proeminência avermelhada sob a pele do calcanhar, causando dor na região e também acima dela. Se o distúrbio tornar-se crônico, o inchaço pode endurecer.

O tratamento visa a redução da inflamação e o ajuste da posição do pé no calçado para aliviar a pressão sobre o calcanhar. Calcanheiras (almofadas de espuma de borracha ou de feltro colocadas sob o calcanhar) podem ser colocadas nos calçados para eliminar a pressão com a elevação do calcanhar. O alargamento da parte posterior do calçado ou a aplicação de um acolchoamento em torno da bursa inflamada pode ser útil.

Algumas vezes, são fabricados calçados especiais para ajudar no controle dos movimentos anormais do calcanhar. Se essas medidas não surtirem efeito, antiinflamatórios nãoesteróides (p.ex., ibuprofeno) podem aliviar temporariamente a dor e a inflamação, assim como injeções de uma mistura de corticosteróides e anestésicos locais na área inflamada. Quando esses tratamentos não forem eficazes, uma parte do calcâneo pode ser removida cirurgicamente.

Bursite Anterior do Tendão de Aquiles

Alteração da Cor das Unhas A bursite anterior do tendão de Aquiles (doença de Albert) é uma inflamação da bursa (saco cheio de líquido) localizada em frente à inserção do tendão de Aquiles ao calcâneo (osso do calcanhar). Qualquer problema que acarrete uma maior tensão sobre o tendão de Aquiles, o tendão que fixa os músculos da panturrilha ao calcanhar, pode causar esse tipo de bursite. Lesões do calcanhar, doenças como a artrite reumatóide e mesmo o apoio sobre o suporte posterior rígido do calçado pode causar esse distúrbio.

Quando a bursa inflama após uma lesão, os sintomas geralmente surgem subitamente. Quando a inflamação é causada por uma doença, os sintomas podem surgir de modo gradual. Em geral, os sintomas são o edema e o calor na parte posterior do calcanhar. A aplicação de compressas (quentes ou frias) sobre a área pode ajudar a reduzir a dor e a inflamação. Injeções de um corticosteróide misturado a um anestésico local na bursa inflamada também aliviam os sintomas.

Neuralgia Tibial Posterior

A neuralgia tibial posterior é a dor no tornozelo, no pé e nos dedos causada pela compressão ou pela lesão do nervo que inerva o calcanhar e a planta do pé (nervo tibial posterior). O nervo tibial posterior percorre ao longo da parte posterior da panturrilha, atravessa um canal ósseo próximo ao calcanhar e chega à planta do pé. Quando os tecidos em torno desse nervo inflamam, eles podem comprimi-lo e causam dor.

A dor, o sintoma mais comum desse distúrbio, geralmente é do tipo queimação ou formigamento. A dor ocorre quando o indivíduo fica em pé, anda ou usa determinados tipos de calçados. Localizada geralmente em torno do tornozelo e estendendo-se até os dedos, a dor piora quando a indivíduo anda e alivia com o repouso. Ocasionalmente, o indivíduo também sente dor em repouso. Para diagnosticar essa condição, o médico manipula o pé durante o exame físico.

A percussão sobre a área lesada ou comprimida freqüentemente causa formigamento, o qual pode estender-se até o calcanhar, o arco do pé ou os dedos. Podem ser necessários vários exames para se determinar a causa da lesão, especialmente quando é aventada a possibilidade de uma cirurgia do pé. Injeções de uma mistura de corticosteróides e anestésicos locais na área podem aliviar a dor.

Outros tratamentos são o enfaixamento do pé e o uso de dispositivos especialmente confeccionados no calçado, para reduzir a pressão sobre o nervo. Quando outros tratamentos não aliviam a dor, pode ser necessária a realização de uma cirurgia para aliviar a pressão sobre o nervo.

Bursite no Calcanhar

Normalmente apenas uma bolsa é encontrada na região do calcanhar: entre o tendão de Aquiles e o calcâneo (osso do calcanhar). Essa bolsa pode ficar inflamada, inchada e dolorida, resultando em bursite anterior do tendão de Aquiles.

Em decorrência da pressão anormal e da disfunção do pé, uma bolsa protetora (adventícia) pode formar-se entre o tendão de Aquiles e a pele. Esta bolsa também pode ficar inflamada, inchada e dolorida, resultando em bursite posterior do tendão de Aquiles.


Dor na Superfície Plantar do Antepé

A dor na superfície plantar do antepé geralmente é causada pela lesão de nervos localizados entre os dedos ou de articulações entre os dedos e o pé.

Lesão Nervosa

Os nervos que inervam a planta do pé e os dedos localizam-se entre os ossos dos dedos. A dor na parte anterior da planta do pé pode ser causada por tumores não cancerosos de tecido nervoso (neuromas), localizados normalmente entre a base do terceiro e do quarto dedo (neuroma de Morton), embora possam ocorrer entre quaisquer dedos, os neuromas formam-se em apenas um pé e são mais comuns em mulheres que em homens.

Nos primeiros estágios, o neuroma pode causar apenas uma dor discreta em torno do quarto pododáctilo, o qual é ocasionalmente acompanhado por uma sensação de queimação ou de formigamento. Em geral, esses sintomas são mais acentuados quando o indivíduo calça determinados tipos de calçados. À medida que o distúrbio progride, uma sensação de queimação constante pode irradiar-se para a ponta dos dedos, independentemente do tipo de calçado utilizado. O indivíduo também pode sentir como se houvesse uma bola de gude ou uma pedrinha no interior da região anterior da superfície plantar do pé.

O médico diagnostica o distúrbio analisando a história do problema e examinando o pé do paciente. As radiografias, a ressonância magnética (RM) e ultra-sonografia não identificam com precisão esse distúrbio. A injeção de corticosteróides misturados a um anestésico local no pé e o uso de palmilhas geralmente aliviam os sintomas. Pode haver necessidade de se repetir as injeções duas ou três vezes, em intervalos de uma a duas semanas.

Se esses tratamentos não tiverem êxito, a remoção cirúrgica do neuroma muitas vezes alivia completamente o desconforto, mas ela apresenta o risco de produzir parestesia (adormecimento) permanente na área.

Dor nas Articulações dos Dedos do Pé

A dor que envolve as articulações dos quatro dedos menores do pé é muito comum, sendo geralmente causada por um mau alinhamento das articulações. Esse mau alinhamento pode ser resultante de um arco do pé muito alto ou muito baixo, fazendo com que os dedos permaneçam flexionados (dedos em martelo). O atrito constante contra os dedos flexionados faz com que a pele que reveste a articulação se torne espessa, resultando na formação de um calo. O tratamento visa o alívio da pressão provocada pelo mau alinhamento. O uso de calçados mais fundo, o uso de almofadas nos calçados, assim como a cirurgia para endireitamento dos dedos e a remoção de calos, podem ser úteis.

A artrite crônica (osteoartrite) do hálux, o qual é extremamente comum, pode ser decorrente de várias posições em pé e de vários modos de marcha, inclusive a tendência de rodar o pé para dentro durante a deambulação (pronação). Ocasionalmente, uma lesão do hálux também pode causar uma artrite dolorosa. A dor articular do hálux geralmente é agravada pelo uso de calçados. Posteriormente, o indivíduo pode tornar-se incapaz de flexionar o hálux ao caminhar. À palpação, a área não apresenta aumento de temperatura.

A utilização de dispositivos (órteses) no calçado para corrigir o movimento inadequado do pé e para aliviar a pressão sobre as articulações afetadas é a medida principal do tratamento. A dor no hálux de início recente pode ser aliviada com a tração do hálux e a extensão da articulação. Injeções de um anestésico local podem aliviar a dor e diminuir o espasmo muscular, de modo que a articulação pode movimentar-se mais facilmente. Um corticosteróide também pode ser utilizado para diminuir a inflamação. Se esses tratamentos não forem bem-sucedidos, a cirurgia poderá aliviar a dor.

Unha Encravada

Uma unha do pé encravada é uma condição na qual as bordas da unha crescem no interior da pele que a rodeia. A unha encravada pode ocorrer quando uma unha deformada cresce inadequadamente sob a pele ou quando a pele em torno da unha cresce com uma rapidez anormal e envolve parte da unha.

O uso de calçados apertados, calçados inadequados e o corte das unhas em curva e com os cantos curtos, em vez de um corte em linha reta, podem causar o surgimento de unhas encravadas ou piorar as já existentes. No início, as unhas encravadas podem ser assintomáticas, mas, no decorrer do tempo, elas acabam causando dor, especialmente quando a área é pressionada. Geralmente, a área torna-se vermelha e quente. Quando não tratada, ela apresenta uma propensão à infecção.

Caso ela se torne infectada, a área torna-se dolorosa, vermelha e edemaciada, podendo ocorrer a formação de bolhas cheias de pus (paroníquia) e drenagem das mesmas. As unhas levemente encravadas podem ser cortadas, com a borda livre cuidadosamente elevada e a colocação de algodão estéril sob a unha até o desaparecimento do edema. Se o problema exigir cuidados médicos, geralmente é realizada uma anestesia local e, em seguida, a parte encravada da unha é cortada e removida. A inflamação pode então desaparecer e, em geral, não ocorre recorrência do quadro.

Onicomicose

A onicomicose é uma infecção fúngica das unhas. O fungo pode ser adquirido quando ao se andar com os pés descalços em locais públicos ou, mais comumente, como parte de uma infecção do “pé-de-atleta”. As infecções leves podem causar poucos ou nenhum sintoma. Nas infecções mais graves, as unhas tornamse esbranquiçadas e espessadas e descolam do leito ungueal. Geralmente, resíduos da unha infectada acumulam-se sob a borda livre.

O médico pode confirmar o diagnóstico através do exame microscópico de uma amostra de resíduos ungueais e da cultura desse material, para determinar qual é o fungo responsável pela infecção. A cura das infecções fúngicas é difícil e, por essa razão, o tratamento depende de quão graves ou incômodos são os sintomas. As unhas devem ser mantidas aparadas (bem curtas), para minimizar o desconforto.

As drogas antifúngicas, administradas pela via oral, podem melhorar o problema e, ocasionalmente, promovem a cura completa. Freqüentemente, a infecção retorna quando os medicamentos são suspensos. A aplicação de drogas antifúngicas diretamente sobre a unha infectada, como tratamento único, geralmente não produz bons resultados, exceto quando a infecção fúngica é apenas superficial.

Alteração da Cor das Unhas

Muitas condições alteram a cor e a textura das unhas do pé. Por exemplo, uma lesão, como a causada pela queda de um objeto pesado sobre um dedo, pode produzir o acúmulo de sangue sob a unha, fazendo com que ela apresente uma coloração negra. Se toda a unha for afetada, ela pode descolar do leito ungueal e cair.

A coloração negra sob uma unha deve ser sempre avaliada por um médico, para ser descartada a possibilidade de um melanoma (câncer de pele). As lesões podem causar o surgimento de manchas ou estrias esbranquiçadas na unha. A exposição excessiva a sabões concentrados, a substâncias químicas ou a algumas drogas pode fazer com que as unhas apresentem tonalidades negras, cinzas, amarelas ou castanhas. As infecções fúngicas também podem alterar a cor das unhas.

O tratamento envolve a correção da condição responsável pela alteração da cor e a espera do crescimento de unhas sadias. Após a remoção, as unhas levam cerca de 12 a 18 meses para crescer novamente.

FONTE: MANUAL MERCK