ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

sábado, 14 de novembro de 2009

Distúrbios do Esôfago



O esôfago é a porção do tubo digestivo que conecta a garganta (faringe) ao estômago. As paredes do esôfago impulsionam o alimento até o interior do estômago com ondas rítmicas de contrações musculares denominadas peristaltismo. Próximo à junção da garganta com o esôfago, existe uma faixa muscular denominada esfíncter esofágico superior. Logo acima da junção do esôfago com o estômago, existe uma outra faixa muscular denominada esfíncter esofágico inferior. Quando o esôfago está em repouso, esses esfíncteres contraem e impedem o refluxo de alimento e de ácido gástrico do estômago para a boca. Durante a deglutição, os esfíncteres relaxam e, conseqüentemente, o alimento pode passar para o interior do estômago.

Dois dos sintomas mais comuns dos distúrbios esofágicos são a disfagia (sensação de dificuldade de deglutição) e a dor torácica ou nas costas. A disfagia é a sensação de que o alimento não progride normalmente da garganta até o estômago ou que ele está retido no meio do caminho. A sensação pode ser dolorosa (odinofagia). O movimento dos líquidos e sólidos podem, na realidade, ser impedido por anormalidades físicas da garganta, do esôfago e dos órgãos vizinhos ou por problemas do sistema nervoso ou musculares. A dificuldade de deglutição também pode ser fruto da imaginação.

A dor torácica ou nas costas inclui a azia, a dor durante a deglutição e a dor muscular esofágica.

A dor durante a deglutição pode ser decorrente de qualquer um dos problemas a seguir:

  • Destruição do revestimento esofágico (mucosa), que pode ser resultante da inflamação causada pelo refluxo gastroesofágico do estômago
  • Infecções bacterianas, virais ou fúngicas da garganta
  • Tumores, substâncias químicas ou distúrbios musculares, como a acalasia e o espasmo difuso do esôfago.

A dor pode ser percebida como uma sensação de queimação ou como um aperto sob o esterno, que ocorre tipicamente logo após o indivíduo deglutir alimento ou líquido. A dor torácica constritiva e intensa que ocorre com a dificuldade de deglutir líquidos quentes ou frios é um sintoma típico dos distúrbios musculares esofágicos. As dores musculares esofágicas podem ser difíceis de serem diferenciadas da dor torácica devido a uma cardiopatia (angina). As dores ocorrem quando os músculos esofágicos entram em espasmo.

Disfagia Causada por Distúrbios da Garganta

Um indivíduo pode apresentar dificuldades para mover o alimento da porção superior da garganta para o interior do esôfago por causa de distúrbios que afetam a garganta. O problema ocorre mais freqüentemente em indivíduos com distúrbios dos músculos voluntários (esqueléticos) ou dos nervos que os inervam. Os exemplos incluem a dermatomiosite, a miastenia grave, a distrofia muscular, a poliomielite, a paralisia pseudobulbar e os distúrbios cerebrais e medulares como, por exemplo, a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (doença de Lou Gehrig).

Um indivíduo que faz uso de fenotiazina (uma droga antipsicótica) também pode ter dificuldade de deglutição pelo fato da droga poder afetar os músculos da garganta. Quando qualquer um desses distúrbios provoca dificuldade de deglutição, o indivíduo freqüentemente regurgita o alimento através da porção posterior do nariz ou o aspira para o interior da traquéia e, em seguida, ele tosse.

Na incoordenação cricofaríngea, o esfíncter esofágico superior (músculo cricofaríngeo) permanece fechado ou abre de uma maneira descoordenada. Um esfíncter com função anormal permite que o alimento entre repetidamente na traquéia e nos pulmões, o que pode acarretar uma doença pulmonar crônica. O cirurgião pode corrigir o problema seccionando o esfíncter, de modo que ele permaneça constantemente relaxado. Se o problema não for tratado, o distúrbio acarretará a formação de um divertículo (uma protrusão que é formada quando o revestimento esofágico empurra para fora e para trás através do músculo cricofaríngeo).

Anel Esofágico Inferior

Provavelmente presente desde o nascimento, o anel esofágico inferior (anel de Schatzki) é um estreitamento da porção inferior do esôfago. Normalmente, a porção inferior do esôfago possui um diâmetro de 4 a 5 centímetros . Se ela apresentar um estreitamento, com seu diâmetro sendo reduzido para aproximadamente 1,5 cm ou menos, isto acarretará dificuldade de deglutição de alimentos sólidos.

Esse sintoma pode ter início em qualquer idade, mas, em geral, ele somente se manifesta após os 25 anos de idade. Os anéis com diâmetro superior a 2 cm comumente não causam sintomas. No anel esofágico inferior, a dificuldade na deglutição vem e vai. Freqüentemente, o estudo contrastado é realizado para se detectar o problema. A mastigação adequada dos alimentos geralmente minimiza o problema.

Caso isso não seja eficaz, o anel responsável pela constrição deverá ser aberto cirurgicamente. Alternativamente, o médico pode usar um dilatador ou pode passar um endoscópio (um tubo de visualização flexível com dispositivos conectados) através da boca e da garganta para alargar a passagem.

Membranas Esofágicas

As membranas esofágicas (síndrome de Plummer-Vinson, disfagia sideropênica) são membranas finas que crescem transversalmente no interior do esôfago, a partir de seu revestimento superficial (mucosa). Embora sejam raras, as membranas ocorrem com maior freqüência em indivíduos que apresentam anemia ferropriva grave. As membranas da porção superior do esôfago normalmente tornam difícil a deglutição de sólidos.

O melhor método para se diagnosticar o problema é a realização de filmes radiográficos (cinerradiografias) enquanto o paciente deglute uma solução de bário (exame denominado trânsito esofágico). Após a anemia ser tratada com sucesso, as membranas desaparecem. Quando isso não ocorre, o médico pode rompê-las utilizando um dilatador ou um endoscópio.

Disfagia Lusoria

A disfagia lusoria é uma dificuldade de deglutição causada pela compressão do esôfago por um vaso sangüíneo. Trata-se de um defeito congênito que na maioria das vezes envolve uma artéria subclávia direita mal posicionada. A dificuldade de deglutição pode ocorrer na infância ou pode desenvolver-se posteriormente devido à aterosclerose do vaso anormal. Os estudos contrastados podem revelar a compressão esofágica. É necessária a realização de uma arteriografia (radiografia de uma artéria após a injeção de um contraste) para se confirmar que a compressão é causada por uma artéria. A cirurgia é raramente necessária.

Outras Causas de Obstrução

Em alguns indivíduos, a estenose (estreitamento) do esôfago é congênita, enquanto em outros, ela é decorrente da lesão causada pelo refluxo repetido de ácido do estômago (refluxo gastroesofágico). A estenose também pode ser causada pela compressão externa do esôfago. Por exemplo, a compressão pode ser decorrente de dilatação ou do aumento do átrio direito do coração, de um aneurisma da aorta, de uma artéria subclávia malformada, de uma glândula tireóide anormal, de um crescimento ósseo a partir da coluna vertebral ou de um câncer (mais comumente, o câncer pulmonar).

A causa mais grave de obstrução é o câncer do esôfago. Como todos esses distúrbios reduzem o diâmetro do esôfago, eles normalmente causam dificuldade de deglutição de alimentos sólidos (em especial, de carne e pão), mas não de líquidos. Quando a estenose é causada pelo refluxo gastroesofágico, a dificuldade de deglutição é acompanhada por sintomas prolongados como, por exemplo, a azia intensa e a dor aguda periódica sob o esterno à noite ou quando o indivíduo flexiona o tronco para frente. A dificuldade de deglutição piora progressivamente ao longo dos anos. No câncer de esôfago, a dificuldade de deglutição evolui rapidamente, em semanas ou meses. Habitualmente, é realizada uma radiografia para se detectar a causa e a localização de uma obstrução. O tratamento e o prognóstico dependem da causa.

Espasmo Difuso do Esôfago

O espasmo difuso do esôfago (esôfago em contas de rosário ou em saca-rolha) é um distúrbio dos movimentos de propulsão (peristaltismo) do esôfago causado por um mal funcionamento dos nervos. As contrações de propulsão normais que movem os alimentos através do esôfago são substituídas periodicamente por contrações não propulsoras. Em 30% dos casos, o esfíncter esofágico inferior abre e fecha normalmente.

Sintomas

Tipicamente, os espasmos musculares ao longo do esôfago são sentidos como uma dor torácica subesternal que coincide com a dificuldade de deglutição de líquidos ou sólidos. A dor também ocorre à noite, e pode ser suficientemente intensa a ponto de despertar o indivíduo. Os líquidos muito quentes ou muito frios pioram a dor. No decorrer de muitos anos, esse distúrbio pode evoluir para a acalasia. O espasmo difuso do esôfago também pode causar dor intensa sem dificuldade de deglutição. Essa dor, freqüentemente descrita como uma dor constritiva subesternal, pode ocorrer após o exercício ou o esforço, o que torna difícil diferenciá-la da angina (dor torácica devido a uma cardiopatia).

Como o Esôfago Funciona

Quando um indivíduo deglute, o alimento movese da boca para a garganta (faringe)(1). O esfíncter esofágico superior abre (2), permitindo a entrada do alimento no esôfago, onde ondas de contrações musculares (peristaltismo) (3), impulsionam o alimento para baixo. Em seguida, o alimento passa através do esfíncter esofágico inferior (4) e entra no estômago (5).

Diagnóstico

O estudo radiográfico realizado enquanto o indivíduo ingere uma solução contendo bário pode mostrar que o movimento descendente do alimento não é normal e que as contrações da parede esofágica ocorrem de modo desorganizado. A cintilografia do esôfago (um exame sensível que mostra o movimento do alimento marcado com uma pequena quantidade de um marcador radioativo) é utilizada para detectar movimentos anormais do alimento através do esôfago. As mensurações da pressão (manometria) provêem a análise mais sensível e detalhada dos espasmos. Se esses estudos forem inconclusivos, a manometria pode ser realizada após uma refeição ou após a administração de edrofônio para provocar espasmos dolorosos.

Tratamento

Freqüentemente, o espasmo difuso do esôfago é de difícil tratamento. A nitroglicerina, os nitratos de ação prolongada, os anticolinérgicos (p.ex., diciclomina) ou os bloqueadores do canal de cálcio (p.ex., nifedipina) aliviam os sintomas. Algumas vezes, é necessário o uso de analgésicos potentes. A insuflação de um balão no interior do esôfago ou a passagem de velas dilatadoras (dilatadores metálicos progressivamente mais grossos) para dilatar o esôfago pode ser útil. A secção da camada muscular ao longo de toda a extensão do esôfago pode ser necessária quando outras formas menos radicais de tratamento não forem eficazes.

Acalasia

A acalasia (cardioespasmo, aperistaltismo esofágico, megaesôfago) é um distúrbio devido a uma alteração do sistema nervoso de causa desconhecida que pode interferir em dois processos: as ondas rítmicas de contração que promovem a impulsão dos alimentos ao longo do esôfago (denominadas peristaltismo) e a abertura do esfíncter esofágico inferior. A acalasia pode ser causada por um mal funcionamento dos nervos que envolvem o esôfago e inervam os seus músculos.

Sintomas e Complicações

A acalasia pode ocorrer em qualquer idade, mas, normalmente, ela inicia, de modo quase imperceptível, entre os 20 e 40 anos de idade e evolui gradualmente ao longo de muitos meses ou anos. O principal sintoma é a dificuldade de deglutição tanto de sólidos quanto de líquidos. O esfíncter esofágico inferior contraído acarreta a dilatação da porção do esôfago localizada acima do mesmo.

Outros sintomas podem incluir a dor torácica, a regurgitação do conteúdo do esôfago dilatado e a tosse noturna. Embora seja incomum, a dor torácica pode ocorrer durante a deglutição ou sem causa aparente. Aproximadamente um terço dos indivíduos com acalasia regurgitam alimento não digerido durante o sono. A aspiração de alimento para os pulmões é comum, o que pode causar abcesso pulmonar, bronquiectasia (dilatação e infecção das vias aéreas) ou pneumonia aspirativa. A acalasia também é um fator de risco para o câncer de esôfago, apesar de provavelmente menos de 5% dos indivíduos com acalasia desenvolverem esse tipo de câncer.

Diagnóstico e Prognóstico

O estudo radiológico do esôfago realizado enquanto o paciente ingere uma solução de bário revela a ausência de peristaltismo. O esôfago encontra- se dilatado, freqüentemente em enormes proporções, mas apresenta uma estenose ao nível do esfíncter esofágico inferior. As mesurações das pressões intra-esofágicas (manometria) indicam uma ausência de contrações, um aumento da pressão de fechamento do esfíncter esofágico inferior e uma abertura incompleta do mesmo durante a deglutição.

A esofagoscopia (exame do esôfago com o auxílio de um tubo de visualização flexível e de uma câmera de vídeo) mostra uma dilatação, mas não uma obstrução. Utilizando um esofagoscópio (tubo de visualização flexível), o médico realiza uma biópsia (coleta amostras de tecido para exame microscópico) para certificar-se de que os sintomas não são causados por um câncer localizado na extremidade inferior do esôfago. O indivíduo também é examinado para se descartar a possibilidade da esclerodermia, um distúrbio muscular que pode comprometer a deglutição. Freqüentemente, a causa da acalasia não é grave e não acarreta uma doença importante. O prognóstico não é tão bom quando o conteúdo gástrico é aspirado para os pulmões, pois as complicações pulmonares são de difícil tratamento.

Tratamento

O objetivo do tratamento é fazer com que o esfíncter esofágico inferior abra mais facilmente. A primeira abordagem consiste na dilatação mecânica do esfíncter (p.ex., insuflação de um balão em seu interior). Os resultados desse procedimento são satisfatórios em aproximadamente 40% dos casos, mas pode ser necessária a realização de várias dilatações. Algumas vezes, os nitratos (p.ex., nitroglicerina sublingual antes das refeições) ou os bloqueadores dos canais de cálcio (p.ex., nifedipina) podem retardar a necessidade de uma nova dilatação pelo fato de auxiliarem no relaxamento do esfíncter.

Em menos de 1% dos casos, o esôfago pode romper durante a dilatação, acarretando inflamação dos tecidos circunjacentes (mediastinite). A cirurgia imediata é necessária para fechar a ruptura da parede esofágica. Como uma alternativa à dilatação mecânica, o médico pode injetar a toxina botulínica no esfíncter esofágico inferior.

Essa terapia mais recente é tão eficaz quanto a dilatação mecânica, mas os seus efeitos a longo prazo ainda não são conhecidos. Se a dilatação ou o tratamento com toxina botulínica não forem eficazes, a cirurgia de secção das fibras musculares do esfíncter esofágico inferior é normalmente realizada. Essa cirurgia é bem sucedida em cerca de 85% dos casos. Entretanto, aproximadamente 15% dos indivíduos apresentam refluxo gastroesofágico após a cirurgia.

Refluxo Gastroesofágico

O refluxo gastroesofágico (refluxo ácido) é o fluxo retrógrado do conteúdo gástrico para o interior do esôfago. O revestimento do estômago o protege contra os efeitos de seus próprios ácidos. Como o esôfago não possui um revestimento protetor similar, o ácido gástrico que reflui para o seu interior causa dor, inflamação (esofagite) e danos. O ácido reflui quando o esfíncter inferior do esôfago não funciona adequadamente. A força da gravidade contribui para o refluxo quando o indivíduo permanece deitado. O grau de inflamação causado pelo refluxo depende da acidez do conteúdo gástrico, do volume de ácido gástrico presente no esôfago e da capacidade do esôfago de eliminar o líquido regurgitado.

Sintomas e Complicações

Sintomas e Complicações O sintoma mais evidente do refluxo gastroesofágico é a pirose (azia), uma dor tipo queimação subesternal. A dor, a qual sobe no tórax e pode irradiar-se ao pescoço, à garganta ou mesmo ao rosto, é causada pelo refluxo gastroesofágico. Em geral, a pirose ocorre após as refeições ou quando o indivíduo encontra-se deitado e pode ser acompanhada pela regurgitação do conteúdo gástrico até a boca ou por uma salivação excessiva. A salivação excessiva, resultante da irritação da porção inferior do esôfago pelo ácido gástrico, é denominada “ardor gástrico”

As complicações do refluxo gastroesofágico incluem o estreitamento de uma área do esôfago (estenose péptica esofágica), a úlcera esofágica e alterações pré-cancerosas do revestimento esofágico (síndrome de Barrett). A inflamação do esôfago costuma causar dor durante a deglutição e um sangramento, em geral pequeno, mas que pode ser abundante. O estreitamento (estenose) torna cada vez mais difícil a deglutição de alimentos sólidos.

As úlceras pépticas esofágicas são feridas abertas e dolorosas do revestimento esofágico. Normalmente, a dor situa-se sob o esterno ou logo abaixo do mesmo e ela é comumente aliviada com o uso de antiácidos. A cicatrização exige drogas que reduzem o ácido gástrico durante um período de quatro a doze semanas. As úlceras cicatrizam lentamente, tendem a recorrer e, geralmente, acarretam uma estenose esofágica após a cicatrização.

Diagnóstico

Os sintomas sugerem o diagnóstico. Algumas vezes, é necessária a realização de estudos radiográficos, da esofagoscopia (exame do esôfago com o auxílio de um tubo de visualização flexível), da manometria (mensuração das pressões) do esfíncter esofágico inferior, da pHmetria esofágica (para verificação da acidez) e da prova de Bernstein (teste de infusão de uma substância ácida no esôfago), para ajudar na confirmação do diagnóstico e verificar possíveis complicações.

A prova de que os sintomas são decorrentes do refluxo gastroesofágico é melhor fornecida por uma biópsia (exame microscópico de uma amostra de tecido) ou pela prova de Bernstein, independentemente dos achados radiográficos ou esofagoscópicos. A biópsia também é a única forma confiável para se detectar a síndrome de Barrett. Na prova de Bernstein, uma solução ácida é instilada na porção inferior do esôfago. A prova indica que o problema é refluxo gastroesofágico quando os sintomas surgem rapidamente e, em seguida, desaparecem quando é instilada uma solução salina na porção inferior do esôfago. A esofagoscopia pode identificar várias causas e complicações possíveis.

O exame microscópico de uma amostra de tecido (biópsia) coletada do esôfago pode identificar com precisão o refluxo gastroesofágico, mesmo quando não é observada uma inflamação durante a esofagoscopia As radiografias realizadas após o paciente ingerir uma solução de bário e deitar-se em um plano inclinado com a cabeça mais baixa que os pés revelam o refluxo do bário do estômago para o esôfago. O médico pode pressionar o abdômen para aumentar a probabilidade de refluxo. As radiografias realizadas após a ingestão do bário também podem revelar úlceras esofágicas ou uma estenose esofágica. A manometria (mensurações das pressões) ao nível do esfíncter esofágico inferior indicam a sua força e podem diferenciar entre um esfíncter normal de um com função comprometida.

Tratamento

Várias medidas podem ser tomadas para aliviar o refluxo gastroesofágico. A elevação da cabeceira da cama cerca de quinze centímetros pode impedir o refluxo de ácido gástrico durante o sono. Também pode ser útil a abstenção de café, bebidas alcoólicas e outras substâncias que estimulam fortemente o estômago a produzir ácido.

Além disso, o indivíduo pode tomar um antiácido uma hora após as refeições e um outro na hora de dormir para neutralizar o ácido gástrico e reduzir o escape através do esfíncter esofágico inferior. O uso de medicamentos (p.ex., cimetidina ou ranitidina) pode reduzir a acidez gástrica. Também devem ser evitados determinados alimentos (p.ex., gorduras e chocolate), o tabagismo e determinados medicamentos (p.ex., anticolinérgicos), pois todos esses fatores aumentam a tendência ao escape através do esfíncter esofágico inferior. O médico pode prescrever uma droga colinérgica (p.ex., betanecol, metoclopramida ou cisaprida) para fazer com que o esfíncter esofágico inferior feche com mais força.

A cirurgia de emergência não é necessária, exceto quando a hemorragia decorrente da esofagite é maciça. Entretanto, o sangramento pode recorrer. A estenose esofágica é tratada com medicamentos e dilatações repetidas, as quais são realizadas com o uso de balões ou velas (dilatadores metálicos com calibre progressivamente maiores). Se a dilatação for bem sucedida, a estenose não limitará seriamente o que o indivíduo pode comer. O tratamento, com omeprazol ou lansoprazol, ou a cirurgia podem reduzir a inflamação intensa, a hemorragia, a estenose, as úlceras ou os sintomas não responsivos a outros tratamentos. O omeprazol e o lansoprazol são os medicamentos mais eficazes para a cura rápida da inflamação do esôfago causada pelo refluxo. A síndrome de Barrett, um distúrbio pré-canceroso, pode ou não desaparecer quando o tratamento alivia os sintomas.

Lesão Causada por Substâncias Corrosivas

As substâncias corrosivas (p.ex., produtos de limpeza doméstica) podem lesar o esôfago quando ingeridas acidentalmente ou deliberadamente (p.ex., tentativa de suicídio). Algumas drogas podem causar uma grave irritação quando permanecem temporariamente no esôfago. Em conseqüência, o indivíduo pode apresentar dor durante a deglutição e, menos comumente, uma estenose esofágica.

Divertículos Esofágicos

Os divertículos esofágicos (bolsas esofágicas) são protrusões anormais do esôfago, que raramente causam dificuldades de deglutição. Existem três tipos de divertículos esofágicos: a bolsa faríngea ou divertículo de Zenker, a bolsa do terço médio do esôfago ou divertículo de tração e a bolsa epifrênica. Cada um desses tipos possui uma causa diferente, mas é provável que todos eles estejam relacionados a transtornos da deglutição e ao relaxamento muscular, como costuma ocorrer em distúrbios como a acalasia e o espasmo difuso do esôfago.

Sintomas, Diagnósticoe Tratamento

Um divertículo grande pode encher-se de alimento que pode ser regurgitado posteriormente, quando o indivíduo inclina-se para frente ou quando ele se deita. Isto faz com que o alimento seja aspirado para os pulmões durante o sono e acarreta uma pneumonia aspirativa. Raramente, o divertículo pode aumentar de volume e causar dificuldade de deglutição. A videorradiografia ou a cinerradiografia (estudo radiológico que produz uma imagem em movimento enquanto o paciente ingere uma solução de bário) é utilizada para diagnosticar um divertículo. Normalmente, não há necessidade de tratamento, embora possa ser realizada uma cirurgia de ressecção do divertículo quando o indivíduo apresenta comprometimento da deglutição ou possibilidade de aspiração aos pulmões.

Hérnia Hiatal

A hérnia hiatal é uma protrusão de uma porção do estômago de sua posição abdominal normal, através do diafragma. Em uma hérnia hiatal por deslizamento, a junção entre o esôfago e o estômago e uma porção do estômago, que estão normalmente localizadas abaixo do diafragma protruem acima do mesmo. Em uma hérnia hiatal paraesofágica, a junção entre o esôfago e o estômago encontra-se no local normal, abaixo do diafragma, mas uma porção do estômago é empurrada para cima, atravessa o diafragma, e localiza-se ao lado do esôfago. A causa da hérnia hiatal normalmente é desconhecida. Ela pode ser congênita ou pode ser resultante de uma lesão.

Sintomas

Mais de 40% dos indivíduos apresentam hérnia hiatal por deslizamento. Contudo, a maioria é assintomática. Os sintomas que ocorrem são pouco importantes. Geralmente, a hérnia hiatal paraesofágica é assintomática. No entanto, ela pode ser encarcerada ou comprimida pelo diafragma e o seu suprimento sangüíneo torna-se comprometido. Esse encarceramento (denominado estrangulamento) é uma condição dolorosa e grave que exige um tratamento cirúrgico imediato. Raramente, em ambos os tipos de hérnia, o indivíduo pode apresentar sangramento microscópico ou maciço do revestimento da hérnia.

Diagnóstico e Tratamento

Normalmente, as radiografias revelam claramente a presença de uma hérnia hiatal, embora possa ser necessário que o médico pressione o abdômen com força para revelar uma hérnia hiatal por deslizamento. Geralmente, a hérnia hiatal não requer um tratamento específico, mas o refluxo gastroesofágico concomitante deve ser tratado. A hérnia hiatal paraesofágica deve ser corrigida cirurgicamente para prevenir o estrangulamento.

Laceração e Ruptura do Esôfago

A laceração da parte inferior do esôfago e da parte superior do estômago durante o vômito forçado, o vômito seco ou soluços é denominada síndrome de Mallory-Weiss. Comumente, o sintoma inicial é o sangramento de uma artéria que se rompe. A síndrome de Mallory-Weiss é a causa de aproximadamente 5% dos episódios de sangramento do trato digestivo superior (gastrointestinal). O diagnóstico é feito através da endoscopia ou da arteriografia (radiografia de uma artéria realizada após a injeção de um contraste). A laceração não pode ser detectada através das radiografias de rotina.

Quase todos os episódios de sangramento cessam espontaneamente. No entanto, algumas vezes é necessário que o cirurgião realize a ligadura da artéria sangrante. O sangramento também pode ser controlado com a injeção de vasopressina (medicamento que promove a constrição da artéria) durante a arteriografia. O esôfago pode ser rompido durante a endoscopia ou outros procedimentos nos quais é realizada a passagem de instrumentos. Nessas rupturas, o risco de morte é muito alto.

Geralmente, as rupturas são causadas pelo vômito e, raramente, pelo levantamento de grandes pesos ou pelo esforço para evacuar. A ruptura do esôfago causa inflamação do tecido do tórax por fora do esôfago e permite a entrada de líquido no espaço situado entre a pleura que reveste os pulmões, uma complicação denominada derrame pleural. A reparação cirúrgica do esôfago e a drenagem da área circunjacente são realizadas imediatamente.

Compreendendo a Hérnia Hiatal

Uma hérnia hiatal é a protrusão de uma porção anormal do estômago através do diafragma.





Adenocarcinoma infiltrante en esofago distal

Adenocarcinoma con extensión subcardial

Introducción de Prótesis

Liberación inicial de prótesis