terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Helicobacter pylori (Hp)



O Helicobacter pylori (Hp) acomete a metade da população mundial. Sua prevalência, com alta variabilidade segundo a região geográfica, etnia, raça, idade, e fatores socioeconômicos, é maior nos países em desenvolvimento e menor no mundo desenvolvido. Em geral, no entanto, nos últimos anos pode-se perceber uma tendência decrescente na prevalência do Hp em muitas partes do mundo.
As comparações epidemiológicas diretas da Úlcera Péptica (UP) entre os países em desenvolvimento e desenvolvidos são complexas devido a que as úlceras pépticas podem ser assintomáticas, e a disponibilidade e acessibilidade dos testes necessários para o diagnóstico variam amplamente.
Nos países em desenvolvimento, a infecção pelo Hp é uma questão de saúde pública. A alta prevalência da infecção requer o desenvolvimento de intervenções sanitárias. A vacinação com uma vacina terapêutica seria, provavelmente, a única estratégia que levaria a uma diferença decisiva na prevalência e incidência mundiais. No entanto- desde que os recursos o permitam - a estratégia de curto prazo seria uma estratégia de "testar e tratar" a infecção pelo Helicobacter pylori para aqueles indivíduos com risco de desenvolver úlcera péptica ou câncer gástrico, além daqueles com dispepsia problemática.

Epidemiologia – Aspectos em nível mundial
Globalmente, diferentes cepas de Hp são associadas a diferenças na virulência, que interagindo com fatores ambientais e do hospedeiro levam a diferenças subseqüentes na expressão da doença. Idade, etnia, gênero, geografia e condição socioeconômica são fatores que influenciam a incidência e prevalência da infecção pelo Hp.
A prevalência geral é alta nos países em desenvolvimento e menor nos países desenvolvidos; além disso, dentro de um mesmo país a mesma variação pode ocorrer entre populações urbanas, de maior nível econômico, e populações rurais.
As principais razões destas variações envolvem as diferenças socioeconômicas entre populações. A transmissão do Hp ocorre principalmente por via oral-oral ou fecal-oral. São muitos os fatores que intervêm na prevalência geral da infecção, como a falta do saneamento adequado, água potável segura, higiene básica, dietas pobres e superpopulação.
• A prevalência global da infecção pelo Hp é maior que 50%
• A prevalência do Hp pode variar significativamente dentro e entre países
• Em geral, as taxas de soropositividade do Hp aumentam progressivamente com a idade, refletindo um fenômeno de coorte.
• Nos países em desenvolvimento, a infecção pelo Hp é marcadamente mais prevalente em idades mais jovens que nos países desenvolvidos.

2. Diagnóstico da infecção pelo Helicobacter pylori
Os testes diagnósticos para detectar a infecção pelo Hp incluem métodos endoscópicos e não endoscópicos. As técnicas utilizadas podem ser diretas (cultura, demonstração microscópica do microorganismo) ou indiretas (usando urease, antígenos fecais, ou uma reação por anticorpos como marcador da doença).
A escolha do teste depende de fatores como custo e disponibilidade; além disso, deve-se diferenciar entre os testes utilizados para estabelecer o diagnóstico de infecção e aqueles visando confirmar a erradicação da infecção. Outros fatores importantes são: situação clínica, prevalência da infecção na população, probabilidade de infecção pré-teste, diferenças na realização do teste e fatores que possam influenciar os resultados dos testes, como o uso de tratamento contra a secreção e antibióticos.
3. Manejo da infecção pelo Helicobacter pylori
A finalidade da erradicação do Hp é curar a úlcera péptica e reduzir o risco de câncer gástrico ao longo da vida. Apesar da carga do câncer gástrico ir aumentando, fundamentalmente nos países em desenvolvimento devido ao aumento da longevidade, a erradicação da infecção pelo Hp tem o potencial de reduzir o risco de aparecimento de câncer gástrico.
Não está claro em qual estágio da história natural da infecção pelo Hp, a erradicação evitaria o câncer gástrico. Pode haver um ponto de não retorno, antes do qual a erradicação conseguiria evitar o desenvolvimento posterior do câncer gástrico. Talvez, o aparecimento de lesões precursoras mucosas demonstre ser este ponto de não retorno. Uma vez que estas lesões precursoras apareceram, a erradicação do Hp poderia não ser mais efetiva na prevenção do câncer gástrico. Visto que a maioria dos indivíduos se infecta logo após o nascimento, estas lesões precursoras podem estar aparecendo precocemente na vida e precisamos de melhor informação de diferentes partes do mundo para poder determinar o momento ótimo para as intervenções.
mundo sendo, em geral, seguro e bem tolerado. O tratamento padrão se baseia em regimes com múltiplos medicamentos.
• Atualmente não há vacina disponível e, visto que a fonte da infecção pelo Hp ainda não é bem conhecida, é difícil fazer recomendações para evitar a infecção.
• De modo geral, no entanto, é sempre prudente respeitar boas medidas de saúde pública, lavar as mãos minuciosamente, ingerir alimentos que tenham sido preparados corretamente e beber água de fonte segura e limpa.
• Os pacientes pediátricos requerendo avaliações diagnósticas amplas por sintomas abdominais devem ser encaminhados ao especialista para sua avaliação
• A erradicação do Hp não provoca Doença do Refluxo Gastroesofágico (ERGE).
Escolha do regime de erradicação
A seguir são apresentados os fatores que devem ser levados em conta ao escolher uma estratégia de tratamento em particular. Muitos desses fatores podem variar segundo o continente, país ou região. O manejo da infecção Hp nas áreas de alta prevalência deveria ser semelhante àquele das áreas de baixa prevalência.
Fatores a considerar na escolha dos regimes de tratamento
• Prevalência da infecção pelo Hp
• Prevalência do câncer gástrico
• Resistência a antibióticos
• Nível de custos e orçamento disponível
• Disponibilidade do bismuto
• Disponibilidade de endoscopia, testes de Hp
• Etnia
•Alergias aos medicamentos e intolerâncias medicamentosas
• Tratamentos anteriores, resultados
• Efetividade dos tratamentos locais
• Facilidade de administração
• Efeitos adversos
• Doses recomendadas, duração do tratamento.
Aderência
É necessário contar com o compromisso por parte do paciente para tomar três ou quatro combinações de drogas duas a quatro vezes ao dia por até 14 dias, com probabilidade de presença de efeitos adversos como indisposição, náuseas e diarréia.
Ponto de boa prática
Deve-se sempre enfatizar que o sucesso na erradicação depende de uma aderência plena ao tratamento. Deve-se ter tempo suficiente para assessorar o paciente, explicar os procedimentos envolvidos nas terapias medicamentosas complicadas, como a terapia quádrupla, e seus efeitos colaterais – melhorando assim a aderência do paciente e seus resultados.

Fonte: WGO Practice Guidelines : Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento.