INFORME TÉCNICO XVI
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Acidentes por animais peçonhentos | Não é agente infeccioso | Padrão | Não se aplica | Não se aplica | Não se aplica | Não se aplica | Durante todo o período de internação | |
AIDS / Vírus HIV | Vírus HIV | Padrão | Sangue, secreção vaginal, esperma , leite materno | Exposição mucosa ou percutânea a fluídos corpóreos infectados | Semanas a anos | Desde o estabelecimento da infecção | Durante todo o período de internação | Acrescentar as precauções necessárias, conforme as infecções associadas |
Antrax ou carbúnculo | Bacillus anthracis | Padrão (forma cutânea e pulmonar) | Material de lesão drenante | Risco ocupacional (manipulação de herbívoros e seus produtos) | 1 a 7 dias | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Pós contendo esporos aerossolizados (bioterrorismo: precaução para aerossóis, até descontaminação do ambiente) |
Botulismo | | Padrão | | | | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | |
Cólera | Vibrio cholerae | Adulto:padrão* Criança:contato | Fezes | Contato direto e indireto (fecal / oral) | 1 – 5 dias | Enquanto persistir a diarréia | Até fezes normais | * adultos incontinentes ou com higiene precária: precauções de contato |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários | |||||||
Coqueluche* Sintomas respiratórios inespecíficos, síndrome coqueluchóide | Bordetella pertussis | Gotículas | Secreções respiratórias | gotículas | 6 a 20 dias | Até 3 semanas após o estabelecimento do paroxismo, se não tratada, ou até 5 dias de antibioticoterapia apropriada | Até 3 semanas após o estabelecimento do paroxismo, se não tratada. Ou até 5 dias de antibioticoterapia apropriada(1) | (1) – contatos próximos : quimioprofilaxia | |||||||
Dengue | Vírus do dengue | Padrão | Não se aplica | Transmitida pela picada do mosquito: Aedes | 3 a 15 dias (média: 5 a 6 dias) | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Importante: telas nas janelas, extinção ou controle de criadouros | |||||||
Difteria | Corynebacterium diphtheriae | Forma faríngea: gotículas | Secreções respiratórias | Gotículas ou contato direto | 2 a 5 dias | Se não tratada, 2 semanas a meses | Até 2 culturas (nariz e garganta) negativas* | * culturas colhidas após 24 horas de término da antibioticoterapia e com 24 horas de intervalo entre uma e outra. Portador: quimioprofilaxia | |||||||
Difteria | Corynebacterium diphtheriae | Forma cutânea: Contato | Lesão drenante | Contato direto ou indireto | 2 a 5 dias | Como forma faríngea | Durante todo o período de internação | Como forma faríngea | |||||||
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Doença de Chagas (agudo) | Tripanosoma cruzi | Padrão | Sangue | Vetor: triatomídeo | | Variável | Durante todo o período de internação | Na forma aguda pode haver transmissão do agente por transfusão de sangue, e da mãe para o feto |
D. Creutzfeldt-Jacob variante E outras doenças priônicas | Proteína do príon | Padrão | | Alimentar: ingestão de carne de animais contaminados ou Iatrogênica* | | | Durante todo o período de internação | * através de hormônio de crescimento contaminado, transplante de córnea e dura-mater de indivíduos portadores da doença, utilização de instrumentos neurocirúrgicos e eletrodos contaminados |
D. Invasiva Haemophilus influenzae | Haemophilus influenzae Tipo b | Gotículas | Secreções respiratórias | Gotículas, contato direto | Variável | Semana que antecede a doença até o início tratamento | Até 24 horas depois do início antibiotico terapia efetiva | Quimioprofilaxia: todos os contatos próximos, se entre os contatos houver criança menor de 5 anos, independente do estado vacinal |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Doença Meningocócica | Neisseria meningitidis | Gotículas | Secreções respiratórias | Gotículas, contato direto | 2 a 10 dias | Até 24 horas de antibioticoterapia efetiva | Até 24 horas de antibioticoterapia efetiva | Contatos próximos precisam receber quimioprofilaxia |
Esquistossomose mansônica | Schistossoma mansoni | Padrão | | | Variável (2 a 6 semanas infecções agudas) | Não se transmite pessoa a pessoa* | Durante todo o período de internação | * - Contato com água contendo caracóis contaminados com larvas |
Eventos adversos após vacinação | | Padrão | | | | | Durante todo o período de internação | |
Febre amarela | Vírus da febre amarela | Padrão | sangue | Vetor: mosquito | 3 a 6 dias após a picada do mosquito infectado | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Sangue do paciente é infectante pouco antes da febre e nos 4 primeiros dias da doença |
Febre do Nilo Ocidental | Vírus da febre do Nilo Ocidental (flavivirus) | Padrão | | Vetor: mosquito | | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Febre Maculosa Brasileira | Ricketsia ricktsii | Padrão | | | 2 a 14 dias (média: 7 dias) | Não se transmite pessoa a pessoa | | Transmissão pela picada do carrapato infectado |
Febre Purpúrica do Brasil | Haemophilus influenzae aegyptyus | Padrão | Secreção de conjuntiva | Contato direto ou indireto por vetor (mosca) | 1 a 60 dias (média 7 a 16 dias) | Enquanto perdura a conjuntivite | Durante a duração da doença | |
Febre tifóide | Salmonella typhi | Adulto: padrão* Crianças: contato | Fezes | Fecal-oral, contato, alimentar | 6- 72 horas (diarréia), FT: 3-60 dias | variável | Durante a duração da doença | * adultos incontinentes ou com higiene precária: precauções de contato |
Hanseníase | Mycobacterium leprae | Padrão | | Contato direto | 2 a 7 anos | Pacientes multibacilares não tratados disseminam o bacilo | Durante todo o período de internação | |
Hantavirose | Hantavírus | Padrão | | | variável | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Controle de roedores |
Hepatite A, E | Vírus Hepatite A, E | Adulto: padrão* Crianças: contato | Fezes | Fecal-oral, contato direto e indireto | A: 15-50 dias E: 15-60 dias | A**- 2 semanas antes a 1 semana depois do início dos sintomas E: pelo menos 2 semanas | Até 1 semana depois do início dos sintomas. Durante toda a internação se RN | * adultos incontinentes ou com higiene precária: contato **- RN período disseminação do vírus mais prolongado |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Hepatite B, C, Delta | Vírus Hep B, C e Delta | Padrão | Sangue e certos fluidos corpóreos | Exposição mucosa ou percutânea a fluidos corpóreos infectantes | Semanas a anos | Desde o estabelecimento da infecção | Durante todo o período de internação | |
Influenza | Vírus Influenza | Gotículas e contato | Secreções respiratórias | Gotículas, contato direto e indireto | 1 a 3 dias | 5 dias (período de transmissibilidade pode ser maior em RN) | Durante todo o período de duração da doença | Minimizar a exposição de pacientes imunocomprometidos, com doenças cardíacas ou pulmonares e RN |
Intoxicação por agrotóxicos | Não é agente infeccioso | Padrão | | | | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | |
Leishmaniose Tegumentar Americana | Leishmania | Padrão | | | 2 meses (2 semanas a 2 anos) | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Transmitida por picada de insetos infectados |
Leishmaniose Visceral | Leishmania | Padrão | | | 10 a 24 meses (média 2 a 4 meses) | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Controle de vetores |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Leptospirose | Leptospira | Padrão | | | 2 a 26 dias | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Controle de ratos |
Malária | Plasmodium vivax, P. malariae, P. falciparum | Padrão | Sangue | Vetor: mosquito | variável | Não se transmite pessoa a pessoa, exceto através de transfusão de sangue | Durante todo o período de internação | Telas em janelas e portas em áreas endêmicas; uso de roupas que cubram as extremidades; repelentes de mosquitos |
Peste (bubônica – linfadenite) | Yersinia pestis | Padrão | | | 2 a 6 dias | | Durante todo o período de internação | |
Peste pneumônica | Yersinia pestis | Gotículas | Secreções respiratórias | gotículas | 2 a 4 dias | Até 72 horas de antibioticoterapia apropriada | Até 72 horas de antibioticoterapia apropriada | Contatos próximos: quimioprofilaxia |
Poliomielite / Paralisia flácida aguda | Vírus da poliomielite | Contato | Fezes e secreções respiratórias | Contato direto e indireto | 3 a 21dias | Duração da disseminação do vírus (em torno de 6 semanas) | Até 6 semanas do estabelecimento da doença ou cultura de fezes negativa | |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Raiva humana | Vírus da raiva | Padrão | Saliva | Exposição mucosa ou percutânea à saliva | 5 dias a vários meses | | Durante todo o período de internação | Profilaxia pós-exposição quando exposição percutânea ou mucosa à saliva de paciente com raiva |
Rubéola | Vírus da rubéola | Gotículas | Secreções respiratórias | Gotículas, contato direto | 14 a 21 dias | Poucos dias antes até 7 dias depois do início do “rash” | Até 7 dias depois do início do “rash” | Precauções p/ gotículas para pacientes suscetíveis expostos, durante o período de 7 dias após o primeiro contato até 21 dias após o último contato |
Rubéola congênita | Vírus da rubéola | Gotículas e contato | Secreções respiratórias e urina | Contato direto e indireto; gotículas | | Disseminação prolongada em secreções respiratórias e urina; até 1 ano | 1 ano, a menos que culturas de nasofaringe e urina após 3 meses de idade, forem negativas | |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Sarampo (febre e exantema + tosse ou coriza ou conjuntivite) | Vírus do sarampo | Aerossóis | Secreções respiratórias | Aerossóis | 7 a 18 dias | 5 dias antes do “rash” até 4 dias depois (maior em imunocomprometidos) | Durante o período de duração da doença | Imunoprofilaxia para contatos suscetíveis, segundo normas oficiais Instituir Precauções para Aerossóis para RN de mães com sarampo no momento do parto |
Sarampo (comunicantes suscetíveis) | Aerossóis | Secreções respiratórias | Aerossóis | | Dois últimos dias do período de incubação | 5 dias a partir da primeira exposição, até 21 dias depois da última exposição | | |
Sífilis em gestante* | Treponema pallidum | Padrão | Secreções genitais, lesão exsudativa | Sexual Mãe para o feto | 10 a 90 dias | | Durante todo o período de internação | *- todas as formas: primária,secundária, latente, terciária, e soropositividade sem lesões |
Sífilis congênita | Treponema pallidum | Padrão | | | | | Durante todo o período de internação | |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Síndromes Febris Hemorrágicas Virais | Vírus Lassa, Ebola, Marburg, Criméa-Congo | Aerossóis + Contato + com Proteção ocular* | Sangue e aerossóis | Aerossóis | Variável | | Durante a duração da doença | * - + luvas duplas, proteção para pernas e sapatos, aventais impermeáveis |
Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG* | Coronavírus - SARS | Aerossóis + Contato + com Proteção ocular | Secreções respiratórias | Aerossóis, fômites? (vírus viável no ambiente) | 2 a 10 dias (média 7 dias) | Desde o início de sintomas até 10 dias depois de cessar a febre ou os sintomas | Do momento da internação até 10 dias após cessar a febre ou os sintomas | * - considerar dados epidemiológicos |
Tétano acidental | Clostridium tetani | Padrão | | | 2 dias a 2 meses | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Adquirido a partir de esporos do solo que germinam em feridas ou tecidos desvitalizados |
Tétano neonatal | Clostridium tetani | Padrão | | | 7 dias (2 a 28 dias) | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | |
Tracoma | Chlamydia trachomatis | Contato | Secreção ocular e conjuntiva | Contato direto e indireto (objetos contaminados) | 5 a 12 dias | Enquanto houver lesões ativas em conjuntiva | Durante a duração da doença | Insetos: vetores mecânicos (mosca doméstica) |
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E PRECAUÇÕES DE ISOLAMENTO
Agravo | Agente | Precauções | Material infectante | Via de transmissão | Período de incubação | Período de transmissibilidade | Duração das precauções | Comentários |
Tuberculose (laríngea e pulmonar) Tuberculose extra-pulmonar com lesão drenante (1) | Mycobacterium tuberculosis | Aerossóis | Secreções respiratórias | aerossóis | Semanas a anos | Enquanto houver microrganismos no escarro | Até melhora clínica e 3 pesquisas de BK no escarro negativas (com pelo menos 24 horas de intervalo entre uma e outra)* | * - em caso de tuberculose multidroga resistente – precauções até cultura negativa |
Tuberculose extrapulmonar sem lesão drenante | Mycobacterium tuberculosis | Padrão | | | | | Durante todo o período de internação | Evitar procedimentos de drenagem que gerem aerossóis |
Tularemia | Francisella tularensis | Padrão | | | 1 a 21 dias | Não se transmite pessoa a pessoa | Durante todo o período de internação | Adquirida pelo contato com animais infectados |
Varíola | Vírus da varíola | Aerossóis e contato | Secreções respiratórias e vesículas escarificadas | Aerossóis e contato direto | 10 a 14 dias (7 a 19 dias) | Desde o início do “rash” até a cura | Durante todo o período de internação* | *- até as crostas caírem (3 a 4 semanas) Vacinação pós-exposição: até 4 dias após contato |
Referências Bibliográficas
· Guia de Vigilância Epidemiológica, Ministério da Saúde, 6a. edição, 2.005
· Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, Manuais Técnicos. In: www.cve.saude.sp.gov.br
· Febre Purpúrica Brasileira – Manual de Vigilância Epidemiológica – Normas e instruções, CVE/SP, 1.994.
· Garner, J.S. et all. Guideline for Isolation Precautions in Hospitals. Infection Control and Hospital Epidemiology, 17 (1): 54-73, jan. 1.996
· Bolyard, E.A et all. Guideline for Infection Control in health care personnel, 1.998 – Special Article. AJIC, June 1.998
· Centers for Disease Control and Prevention – CDC, Atlanta – SARS – Frequently Asked Questions About SARS, April 26, 2004. In: www.cdc.gov/ncidod/sars/sars-faq
· Centers for Disease Control and Prevention – CDC, Atlanta – Guide F – Environmental Control of Smallpox Virus – Smallpox Response Plan, March 20, 2.003. In: www.cdc.gov
· Centers for Disease Control and Prevention – CDC, Atlanta – DRAFT: Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission Of Infectious Agents in Healthcare Settings: Recommendations of the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, 2.005. In: www.cdc.gov.
· Laboratory Centre for Disease Control / Bureau of Infectious Diseases / Health Canada – Routine Practices and Additional Precautions for Preventing the Transmission of Infection in Health Care, 1.998. In: www.hc_sc.ca