A
partir de agora, os bebês cujas mães foram infectadas pelo vírus zika
durante a gestação passam a ser acompanhados até os três anos de idade.
Além da medida da cabeça, principal critério para notificação de
microcefalia, outras malformações decorrentes do vírus serão
investigadas. O cuidado com as gestantes também será ampliado. O
Ministério da Saúde recomenda uma segunda ultrassonografia no pré-natal
para identificar alterações neurológicas durante a gestação. Assim, o
exame deverá ser realizado no primeiro trimestre, como já era previsto, e
repetido por volta do sétimo mês de gravidez. Os repasses federais para
esse atendimento serão de R$ 52,6 milhões por ano.
As medidas, anunciadas um ano depois da declaração de emergência de
saúde por causa da microcefalia, atendem às recentes evidências
científicas sobre os efeitos do zika na formação do bebê durante a
gestação. A ampliação do período para o diagnóstico possibilita a
inclusão de mais crianças no monitoramento da síndrome congênita
associada à infecção pelo vírus, qualificando a vigilância. Além da
microcefalia, já foram identificadas outras malformações, como problemas
na visão, audição ou nos membros. Essas alterações podem ser observadas
nos três primeiros anos do bebê, período fundamental para o seu
desenvolvimento.
Clique na imagem e confira apresentação com balanço de 1 ano com o zika
De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a recomendação de
realização da segunda ultrassonografia obstétrica durante o pré-natal,
em torno da 30ª semana gestacional, será importante para identificar,
antes do nascimento, alterações no desenvolvimento do feto. Durante o
anúncio da nova recomendação, nesta sexta-feira (18), o ministro assinou
portaria que libera R$ 52,6 milhões para o custeio de 2,1 milhões de
exames neste período gestacional. A quantidade atende todas as mulheres
que fazem o acompanhamento da gestação no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A realização da segunda ultrassonografia no SUS e os novos
investimentos em serviços de reabilitação, associados ao acompanhamento
até os três anos dos bebês de mães submetidas ao vírus zika, vão
permitir uma assistência mais qualificada tanto para os que tiveram a
microcefalia identificada ao nascimento quanto, agora, para os que
apresentarem consequências dessa infecção identificadas ao longo deste
primeiro período da vida, ampliando a oportunidade de desenvolvimento”,
afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
A investigação dos casos nas gestantes e nos bebês também será
reforçada com a disponibilidade do Teste Rápido de Zika, que mostra se
já houve infecção pelo vírus. Em outubro deste ano, o Ministério da
Saúde anunciou a compra de 3,5 milhões de testes e o primeiro lote, de
2,5 milhões, chega até o fim do ano. O investimento na aquisição foi de
R$ 119 milhões.
O ministro reforçou também a importância das ações de prevenção e enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti,
transmissor da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya. Ele
convocou a população para manter a mobilização de combate ao vetor,
especialmente às sextas-feiras, dia escolhido para intensificação das
ações. No próximo dia 2 de dezembro haverá o Dia D de Mobilização contra
o mosquito Aedes aegypti. “O engajamento de todos os cidadãos,
assim como a continuidade do bom trabalho desenvolvido pelo setor
público, com as forças de combate e agentes de saúde, é fundamental para
continuarmos avançando na eliminação do mosquito e na garantia de mais
segurança para a população”, alertou Ricardo Barros.
Assistência
A rede de reabilitação vinculada ao SUS conta com 1.541 serviços,
sendo 147 Centros Especializados em Reabilitação (CER), que trabalham
com a estimulação precoce e a reabilitação dos bebês, 4.375 Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF, que apoiam o atendimento da estimulação
precoce), 2.338 Centros de Apoio Psicossocial (Caps, que atendem as
famílias das crianças). Até dezembro, haverá a habilitação de 16 novos
serviços, por meio do Plano Estratégico de Apoio aos Estados e
Municípios, que tem o objetivo de melhorar a capacidade de atendimento
das crianças e suas famílias, no contexto da epidemia do vírus zika.
Além das habilitações, a proposta deste programa é ampliar a resposta
de profissionais e gestores à demanda assistencial, com a realização de
encontros locais e regionais, e um processo de apoio para a realização
de ações que deverão estar previstas em cada plano de ação municipal e
estadual definidas nos eixos: 1) saúde sexual e saúde reprodutiva; 2)
atenção as crianças com microcefalia ou alteração do sistema nervoso
central; 3) cuidado as famílias; e 4) capacitação permanente.
Orientação para o cuidado
Serão utilizados como instrumentos para qualificar o atendimento os
novos manuais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, como a Unificação
de protocolos de Vigilância e de Atenção à Saúde e Resposta à Ocorrência
de Microcefalia relacionada à infecção pelo Vírus Zika. Este documento
aponta novas orientações para qualificar a atenção e a vigilância,
modificando a definição de caso, ampliando os casos a serem notificados e
investigados. Agora, não serão somente as crianças com suspeita de
microcefalia que serão investigadas, mas também aquelas com outras
malformações, como craniofaciais, comprometimento de membros, perda de
visão e audição, entre outras.
O Ministério também está ofertando aos profissionais a nova versão
das Diretrizes de Estimulação Precoce: crianças de 0 a 3 anos com atraso
no desenvolvimento neuropsicomotor (2ª edição), que atualiza as
iniciativas de cuidado para os recém-nascidos com alterações
neurológicas decorrentes do vírus zika. Também será voltado aos
profissionais o Guia para abordagem do desenvolvimento neuropsicomotor
pelas equipes de Atenção Básica, Saúde da Família e Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (Nasf) no contexto da Síndrome Congênita por Zika, um
material de orientação para qualificar profissionais da Atenção Básica
para o cuidado às crianças com alterações no desenvolvimento psicomotor,
reforçando que muitos cuidados podem ser realizados na atenção básica,
presente em todos os municípios.
Clique na imagem e veja vídeo com detalhes do manual: 'O cuidado às crianças em desenvolvimento'
Também direcionado à ampliação da assistência, o Ministério desenvolveu O Cuidado às Crianças em Desenvolvimento: orientações para famílias e cuidadores,
que oferece informações às famílias e cuidadores dos bebês, com
práticas simples, de cuidado e estimulação, que podem ser aplicadas em
casa, no dia a dia, como massagens e estímulos orofaciais para a
amamentação (crianças a partir de 3 meses podem perder o estímulo
natural de sucção). As práticas não dispensam os tratamentos por
profissionais de saúde.
Fonte: https://agencia.fiocruz.br/