terça-feira, 4 de maio de 2010

Atendimento Inicial ao Politraumatizado


Introdução

A faixa etária entre a segunda e quarta décadas de vida é a mais acometida pelo traumatismo.

A avaliação inicial sistematizada de vítimas de traumas trouxe importantes avanços na condução destes doentes. Diante de um paciente politraumatizado, separar as medidas diagnósticas das terapêuticas com frequência é impraticável. A restrição do tempo, imposta pela gravidade das lesões, impede a utilização dos recursos propedêuticos sofisticados. Muitas vezes, as indicações e os procedimentos terapêuticos são baseadas no exame clínico inicial.

Apesar da complexidade do quadro, o politraumatizado deve ser encarado como portador de uma entidade patológica única. Deve ser atentido, examinado e tratado de forma global.

A complexidade e a multiplicidade das lesões, somadas à necessidade de iniciar rapidamente o atendimento do politraumatizado, predispõem a um atendimento caótico. É importante que se estabeleçam prioridades de avaliação e tratamento no atendimento inicial desses pacientes, baseadas nas lesões que impedem as funções vitais.

Por razões didáticas, dividiremos o atendimento inicial nas seguintes fases:

• avaliação inicial

• ressuscitação

• avaliação secundária

• tratamento definitivo

• Aérea

• Boca- boca

• Circulação

• Défict neurológico

• Exposição do paciente

• Ressuscitação

• Simultânea à avaliação inicial

• Avaliação secundária

• Tratamento definitivo


Avaliação inicial

Durante a avaliação inicial são identificadas e tratadas as condições que oferecem risco de vida ao paciente, obedecendo às seguintes prioridades:

·aérea - obstrução das vias aéreas e controle da coluna cervical

·boca-boca - respiração

·circulatório - alteração da circulação e controle da hemorragia

·déficit neurológico

·exposição completa do paciente


Obstrução das vias aéreas

O politraumatizado pode ter suas vias aéreas obstruídas devido a queda da língua quando inconsciente, presença de corpos estranhos, restos alimentares, sangue ou hematomas e edema da laringe por traumatismo direto. Deve-se suspeitar de obstrução das vias aéreas principalmente naqueles pacientes com TCE, trauma bucomaxilofacial e na região cervical.

O diagnóstico de obstrução das vias aéreas deve ser realizado de forma imediata. O primeiro contato deve ser através de uma pergunta ao paciente. A ausência de resposta implica à alteração do nível de consciência e uma resposta verbal apropriada indica que as vias aéreas estão permeáveis, a ventilação intacta e a perfusão cerebral adequada.

Observar se o paciente está agitado ou sonolento auxilia o diagnóstico. Agitação sugere hipóxia e sonolência sugere hipercapnia. Respiração ruidosa ou com estridor e disfonia deve ser investigada. A respiração ruidosa pode ser sinal de obstrução da faringe e a presença de disfonia e estridor implica obstrução de laringe.

Os objetivos das condutas na obstrução das vias aéreas são sua permeabilização, obtenção e manutenção. As manobras a serem realizadas dependem da causa da obstrução, quando é consequente de queda da língua a conduta mais adequada é tracioná-la através da elevação da mandíbula, seguida da colocação de uma cânula de Guedel. Sangue e secreções podem ser removidos com aspiração.

Nas situações de ventilação inadequada faz-se necessária a obtenção de uma via aérea . As alternativas disponíveis são:

• ventilação com Ambu e máscara

• intubação orotraqueal

• intubação nasotraqueal

• cricotireoidotomia por punção

• cricotireoidotomia cirúrgica

Uma vez decidida pela necessidade da obtenção da via aérea, todos os pacientes devem ser ventilados com Ambu e máscara até que se tenha todo o material testado à disposição.

Há circunstâncias como o edema de glote, fratura de laringe ou intensos sangramentos orofaríngeos que não permitem a intubação da traquéia via oral ou nasal, passando a necessitar de uma cricotireoidotomia. A cricotireoidotomia por punção é uma alternativa temporária e aceitável. Permite ventilação adequada por 30 a 45 minutos. A cricotireoidotomia cirúrgica é facilmente realizada atrvés de uma incisão sobre a membrana cricotireoideana e colocação de uma cânula de traqueostomia de 5-7mm. Nos pacientes que necessitam de intubação por longo tempo, a cricotireoidotomia deve ser substituída por uma traqueostomia clássica.

Nesta etapa inicial do atendimento primário deve-se considerar que todo paciente politraumatizado, principalmente aquele com lesões acima da clavícula, é portador de uma fratura de coluna cervical até prova em contrário. Todas as manobras devem ser realizadas com a mínima movimentação possível, evitando-se a hiperextensão e hiperflexão da cabeça.

O exame neurológico não descarta a possibilidade de lesão na coluna cervical. A integridade da coluna pode ser avaliada adequadamente realizando uma radiografia da coluna cervical, em posição lateral, e com todos os sete corpos vertebrais visíveis.


Respiração

A permeabilidade da via aérea não assegura uma respiração adequada. As condições traumáticas que mais frequentemente comprometem a respiração são:

• Pneumotórax hipertensivo

• Pneumotórax aberto

• Hemotórax

• Afundamento torácico com contusão pulmonar

• Hérnia diafragmática traumática

O diagnóstico pode ser realizado através da inspeção da caixa torácica. Observar a expansão adequada, a simetria e a presença de movimento paradoxal. Na palpação, pesquisar crepitações de arcos costais e presença de enfisema de subcutâneo. Auscutar o MV em ambos os hemitórax. Observar presença de cianose e a frequência respiratória.

No politraumatizado com problemas respiratórios a ventilação inicial deve ser realizada com ar enriquecido com oxigênio. As condutas iniciais para solucionar as dificuldades ventilatórias resumem-se em assistência ventilatória e drenagem da cavidade pleural.

Circulação

Avalia-se o estado de perfusão tecidual através do pulso, da coloração da pele e do enchimento capilar. Geralmente, quando o pulso radial é palpável, a pressão sistólica está acima de 80 mmHg. A pressão arterial, a palidez cutânea e a sudorese são parâmetros que ajudam no diagnóstico.

Quando o volume de sangue circulante se reduz pela metade ou mais, a perfusão cerebral torna-se comprometida, levando o paciente à perda da consciência. Ao contrário, se o paciente encontra-se orientado e consciente, podemos presumir que a volemia é suficiente para manter a perfusão cerebral.

A causa principal de instabilidade hemodinâmica no politraumatizado é a perda sanguínea. O tamponamento e a compressão das lesões controlam adequadamente os sangramentos externos. As hemorragias externas não controladas com o tamponamento da lesão são melhor tratadas levando o paciente para a sala de cirurgia e realizando a exploração cirúrgica do ferimento, sob anestesia geral. Além disso, deve-se assegurar acesso venoso através da punção de no mínimo 2 veias periféricas com catéter calibroso, tipo “Jelco”. Antes de iniciar a infusão de líquido, deve-se colher amostras de sangue para tipagem sanguínea, provas cruzadas e exames hematológicos e bioquímicos necessários. Quando há necessidade de acesso venoso para reposição volêmica e monitorização da PVC, a melhor opção é através da dissecção da veia basílica ou da veia safena interna.

A obtenção de vias de acesso venoso profundo por punção está contra-indicado.


Déficit Neurológico

O estado neurológico é rapidamente avaliado verificando o nível de consciência e o estado das pupilas. A avaliação do nível de consciência é realizada pelo tipo de resposta ao estímulo verbal e ao doloroso. Deve-se observar se as pupilas estão isocóricas e fotorreagentes.

Um exame neurológico mais apurado deve ser realizado à nível de atendimento secundário, através da Escala de Coma de Glasgow. A deterioração do estado neurológico pode indicar a presença de lesão intracraniana ou a diminuição da oxigenação do SNC.


Exposição

Deve-se retirar todas as vestimentas do paciente, o que permitirá e facilitará a avaliaçao global do mesmo.


Ressuscitação

As fases de ressuscitação e avaliação inicial são realizadas simultâneamente.

O objetivo desta etapa tem a finalidade de assegurar o metabolismo aeróbio das células , através da manutenção de uma perfusão adequada. A oxigenação e a reposição volêmica são os meios utilizados para atingir estas metas. Durante a ressuscitação, realizam-se reavaliações repetidas dos parâmetros vitais para averiguar a eficácia das medidas adotadas.


Avaliação secundária

A avaliação secundária não deve ser iniciada até que a avaliação primária tenha sido completada e a fase de ressuscitação tenha sido iniciada.

Nesta etapa do atendimento, realiza-se o exame minucioso de todos os segmentos do corpo. Deve-se recorrer às técnicas de propedêutica convencional, como medida da PA, Fc, Fr e PVC. À inspeção, palpação, percussão e ausculta são realizadas cuidadosamente, incluindo cabeça, face, pescoço, tórax, abdome e membros.

Cabeça-Couro cabeludo, ferimentos e deformidades.

Olhos-Diâmetro das pupilas, reflexo fotomotor, hemorragias conjuntivais, ferimentos ou corpos estranhos e acuidade visual.

Orelha-Presença de sangue ou líquor.

Exame neurológico-Escala de Coma de Glasgow para detectar alterações de consciência e acompanhar sua evolução.

Exame dos ossos da face e cavidade oral

Região cervical-Face anterior e posterior, cartilagem tireóide, traquéia, apófises espinhosas da coluna cervical.

Tórax- Região anterior e posterior, ferimentos , deformidades, respiração paradoxal, clavículas, arcos costais, enfisema subcutâneo. Auscutar as bulhas cardíacas e o MV.

Abdome- Escoriações, hematomas , equimoses (lesão intra-abdominal) , dor à palpação e RHA.

MMSS, MMII e ossos da bacia- Fraturas e lesão neuro-vascular.

Na avaliação secundária devem ser realizados os exames ginecológico e o toque retal, à procura de sangramento, espículas ósseas, flutuação da próstata e ferimentos da vagina ou reto. Utilizam-se as sondas nasogástrica e vesical quando não contra-indicadas.

A indicação de exames subsidiários, procedimentos diagnósticos e a necessidade da participação de especialistas são avaliadas nesta etapa.

Escala de Coma de Glasgow

a. Abertura ocular espontânea = 4

• ordem verbal = 3

• dor = 2

• nenhuma =1

b. Melhor resposta verbal orientado = 5

• confuso = 4

• palavras = 3

• sons = 2

• nenhuma = 1

c. Melhor resposta motora obedece a comando = 6

• localiza dor = 5

• flexão normal = 4

• flexão anormal = 3

• extensão à dor = 2

• nenhuma = 1


Tratamento definitivo

Nesta fase as lesões recebem o tratamento específico. Portanto, o hospital deve ser adequado para o tratamento das lesões que põem em risco a vida do paciente.


Bibliografia

In: Cirurgia de Emergência-Dario Birolini, Edivaldo Utyiama, Eliana Steinman


Referências Bibliográficas

1.In: Cirurgia de Emergência-Dario Birolini, Edivaldo Utyiama, Eliana Steinman

fonte: http://estudmed.com.sapo.pt/traumatologi/atendimento_inicial_politraumatizado_2.htm

Aspectos Radiológicos do Trauma


Introdução

O estudo radiológico do politraumatizado, em conjunto com a história do trauma e os achados clínicos do paciente, são informações fundamentais na determinação da conduta a ser tomada pela equipe. Dependendo das condições físicas do local de atendimento pode-se então sugerir a realização de um estudo diagnóstico mais detalhado utilizando para isto, a ultra-sonografia, endoscopia, tomografia computadorizada, métodos invasivos ou mesmo indicar uma intervenção cirúrgica imediata.

As radiografias solicitadas inicialmente dependerão das queixas do paciente, bem como da história do trauma. Contudo, padronizou-se a realização de um estudo radiológico específico para o politraumatizado, consistindo em radiografias da coluna cervical, tórax, bacia e abdome, e se necessário complementa-se com radiografias do crânio e extremidades.

Este capítulo tem como finalidade apresentar os aspectos radiológicos mais freqüentes do trauma e citar superficialmente outros métodos específicos, já que a radiologia convencional, na maioria das vezes, é o único método diagnóstico disponível para o atendimento. hospitalar inicial do politraumatizado.


Trauma Abdominal

Técnicas Convencionais

A avaliação radiológica da cavidade peritoneal pode ser obtida por radiografias com o paciente em decúbito dorsal e em posição ortostática , que quando impossibilitada pelas condições do paciente, deve ser substituída por incidência em decúbito lateral com raios horizontais, sempre acompanhadas por uma radiografia de tórax, avaliando as condições respiratórias e diagnosticando lesões torácicas sem suspeitas clínicas.

Deve-se procurar lesões de partes moles , fraturas , pneumoperitôneo , além da possibilidades de sangramentos intra ou retroperitoneais , analisando também as dimensões e os contornos das vísceras abdominais e presença de corpos estranhos.

Sinais Radiológicos de Sangramentos na Cavidade Abdominal

O exame radiológico no trauma abdominal tem como propósito demostrar possíveis hematomas subcapsulares, intramurais, ou intraparenquimatosos, ocasionados por traumatismos menores, alterando os contornos normais das vísceras parenquimatosas , além de evidenciarem a presença de líquidos (sangue) na cavidade peritoneal, em casos de traumas abdominais graves, acompanhados de laceração de vasos calibrosos e lesão de peritôneo , que permitem o acúmulo do sangue no saco peritoneal.

Na radiografia com o paciente em DDH o sangue estará coletado nas porções mais baixas da cavidade abdominal, geralmente pélvis e nos flancos. Na pélvis o líquido hemorrágico deslocará cólon e delgado cranialmente , substituindo seus conteúdos gasosos (radiotransparentes) por um velamento difuso e homogêneo, envolvendo toda região pélvica, inclusive a bexiga urinária. Deve-se lembrar que outras patologias, onde há acúmulo de líquidos na cavidade peritoneal (cirrose ascítica, peritonite), apresentarão o mesmo quadro radiológico. Outros sinais radiológicos observados na hemorragia intraperitoneal são: surgimento de uma linha (pequeno volume de sangue) ou faixa (grande volume de sangue) regular e homogênea entre a goteira para cólica e a gordura retroperitoneal, separando o cólon da gordura retroperitoneal; ausência de visualização da sombra do psoas, sugerindo que o processo tem extensão retroperitoneal; borramento dos contornos inferior e lateral do fígado; abaulamento dos flancos; deslocamento das alças intestinais para a porção média do abdome; aumento da distância entre as alças intestinais; aumento difuso da densidade abdominal.

O estudo radiológico no trauma abdominal pode ainda demonstrar lesões específicas de algumas vísceras, com sinais radiológicos característicos.

• Lesões do Fígado e Vias Biliares

O fígado é facilmente delimitado na radiografia, mas raramente é possível uma demonstração direta da lesão ou ruptura hepática. A presença de hematomas intra-hepáticos pode ser avaliada por um aumento das dimensões, alteração dos contornos (abaulamentos) e deslocamento das vísceras vizinhas, avaliado pelas radiografias simples ou exames contrastados(EED). Se a ruptura é situada na face inferior, alças intestinais distendidas podem penetrar na fenda e esta ser evidenciada.

A ultra-sonografia e a tomografia computadorizada avaliam as dimensões e a extensão destes hematomas com precisão, sendo a angiografia utilizada como método suplementar.

A laceração das vias biliares geralmente são acompanhadas de outras lesões, podendo não ser observadas logo após o trauma, sendo a ultra-sonografia o estudo diagnóstico mais indicado.

• Lesões Esplênicas

Existem diversos sinais radiológicos diretos e indiretos de lesão esplênica que devem ser observados nas radiografias simples do abdome. Contudo este diagnóstico é freqüentemente difícil, sendo utilizado outros recursos, como a radiografia contrastada de estômago, a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada e a angiografia para a melhor precisão diagnóstica. Deve-se lembrar que no primeiro estágio, o baço é móvel com a respiração, mas logo se imobiliza. A fratura simultânea de costelas esquerdas deve levantar sempre a suspeita de ruptura do baço. Entre os sinais diretos, temos o aumento e a obliteração da sombra esplênica; entre os indiretos, deve-se destacar o deslocamento gástrico para a direita e para baixo, aumento da distância entre o diafragma e o fundo gástrico por interposição de líquido, reação pleural na base esquerda, dilatação gástrica , pregas mucosas espessadas na grande curvatura, rebaixamento do ângulo esplênico do cólon e das alças delgadas. Importante ressaltar que estes sinais, podem ocorrer certo tempo até que se manifestem, devido a contração espontânea do baço, combinada à alterações trombolíticas em pequenos vasos, o assim chamado tamponamento espontâneo.

• Lesões do Estômago

A laceração do estômago causa o extravasamento para a cavidade abdominal de grande quantidade de fluídos e gases, podendo dessa forma ser facilmente identificado o PNEUMOPERITÔNEO, nas radiografias com o paciente em posição ortostática ou então em decúbito lateral com raios horizontais. Nas radiografias com o paciente em DDH, quando impossibilitado de se mover, observa-se uma bolha de ar em meio ao fluído da cavidade abdominal e o reconhecimento do ligamento falciforme como uma linha vertical no abdome superior.

• Lesões do Duodeno

O duodeno é lesado com certa freqüência nos traumas abdominais, por ser pouco móvel e por cruzar a linha mediana na frente da coluna vertebral.

Os achados são diferentes se ocorrer perfuração na parede anterior ou posterior, ocorrendo extravasamento de ar e sangue, para a cavidade peritoneal ( produzindo pneumoperitôneo) ou para o espaço retroperitoneal (produzindo enfisema retroperitoneal com borramento do psoas e do contorno renal, além da presença de gás que não se mobiliza com diferentes decúbitos).

Pode ocorrer ainda, um hematoma intramural do duodeno, diagnosticado por estudos contrastados, que evidenciam espessamento da mucosa, podendo acarretar em obstrução parcial ou total da luz duodenal.

• Lesões do Delgado

Neste tipo de lesão o diagnóstico radiológico é muito difícil, sendo mais freqüentemente observado a presença de líquido na cavidade do que o pneumoperitôneo (menos de 50% dos casos), em razão de pequena quantidade de gás no intestino delgado e também porque este encontra-se agrupado, sendo que aderências e fibrina não deixam passar os gases. Isto pode também tamponar a perfuração e limitar a peritonite local.

Ao sinais radiológicos dependem inicialmente do tempo decorrido entre a lesão e o exame. Pode ocorrer também distensão gasosa, níveis hidroaéreos, hematoma ou retropneumoperitôneo.

• Lesões do Cólon

Produz geralmente grande pneumoperitôneo ou retropneumoperitôneo, além de se observar presença de líquido na cavidade. Hematomas de parede são diagnosticados por exames contrastados (enema opaco) com redução da luz.

Quando há lesão do reto, observa-se enfisema de partes moles na pélvis e coxas na radiografia simples.

• Lesões do Pâncreas

As lesões pancreáticas são geralmente acompanhadas de lesões duodenais. No estudo radiológico podemos observar a presença de alça sentinela, alargamento do arco duodenal, edema de mucosa, deslocamento anterior do estômago e duodeno por acúmulo de líquido no espaço pancreático retroperitoneal, além da presença de sangue na cavidade peritoneal devido à lesões do ligamento gastro-hepático ou do mesentério gastrocólico. A reação pleural pode estar presente nas radiografias de tórax.

O pseudocisto é uma complicação comum do trauma pancreático (cerca de 10% dos casos), sendo a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada seguros métodos diagnósticos para a avaliação da extensão do trauma, bem como a localização de hematomas, abcessos e pseudocistos.

Trauma do Trato Urinário

Lesões Renais

A urografia excretora é o exame fundamental nos casos em que há suspeita de lesões do trato urinário alto. Toda urografia excretora deve ser precedida por uma radiografia simples para avaliação de partes moles e esqueleto. A seguir injeta-se o contraste intravenoso, sendo habitualmente um composto triiodado aquoso, dose de 1cc por Kg de peso para adultos e 1 a 2cc para crianças, injetando-se rapidamente em adultos e lentamente em crianças.

Este exame estuda dois aspectos renais, a parte funcional, estudada nos filmes precoces até 10 minutos e a parte morfológica nos filmes mais tardios. A urografia excretora é composta, portanto, de uma sequência de radiografias:

Inicial - 3 a 5 minutos

Compressão - 10 a 15 minutos

Descompressão - 20 a 25 minutos

Cistogramas, residuais e eventualmente filmes com retardo(1h, 2h, 4h, 6h, 12h, 24h, 36h)

Deve-se ressaltar que a urografia excretora para avaliação traumática, em casos de emergência, deve sempre que possível corresponder ao exame normal, à exceção da compressão ureteral que não deve ser aplicada.

As contra-indicações para a urografia se resumem em insuficiência renal ou processos que levam a taxa de uréia acima de 150-170mg, além da intolerância ao iodo.

• Sinais Radiológicos

Na radiografia simples as anormalidades encontradas incluem a obliteração da sombra do psoas e do contorno renal, traduzindo a hemorragia retroperitoneal, o aumento do contorno renal, a escoliose, o deslocamento das alças intestinais por massas retroperitoneal e o íleo paralítico. Fraturas das apófises transversas vertebrais e das últimas costelas deve-se suspeitar de possíveis comprometimento renal.

No trauma renal leve, representado por contusão do parênquima, caracteriza-se por urografia normal ou discreta assimetria da excreção renal, com diminuição da densidade do nefrograma ou do sistema pielocalicial, podendo não ser visualizada parte deste.

No trauma renal moderado podemos visualizar extravasamento do meio de contraste dos cálices e pélvis para o parênquima renal, causando compressão extrínseca com deformidades destas estruturas.

Nas lesões graves que causam secção da pélvis e ureter, observaremos boa excreção renal, cálices intactos, obliteração da sombra do psoas e visualização do contraste extravasado sem opacificação do ureter abaixo do local lesado. Quando há lesões dos vasos do pedículo com hemorragia, ocorre obliteração do contorno renal e o rim comprometido não se contrasta. Nestes casos a arteriografia renal é obrigatória.

O traumatismo penetrante mostra, na urografia excretora, alterações urográficas do tipo laceração, podendo apresentar fístulas arteriovenosas e aneurismas como complicações, que podem desaparecer espontaneamente.

A pielografia retrógrada é raramente utilizada no trauma já que a urografia fornece os dados suficientes, além dos riscos de infecção e de hemorragia recorrente.

A ultra-sonografia deve ser utilizada na presença de coleções líquidas perirrenais, como hematomas, e no seguimento de sua evolução.

Deve-se destacar que o trauma renal apresenta seqüelas importantes, observadas na urografia excretora, na ultra-sonografia e outros exames diagnósticos. Dentre eles, podemos citar: obstrução com hidronefrose, cistos traumáticos, calcificações renais e perirrenais, aneurismas e malformações arteriovenosas, hematoma subcapsular e infarto com atrofia de parte ou todo o rim comprometido.

• Lesões do Ureter

O traumatismo do ureter é raro por sua localização profunda no retroperitôneo, sendo mais freqüente no trauma penetrante por arma de fogo. Os sinais radiológicos incluem o extravasamento de contraste a partir da parede ureteral na urografia excretora; este extravasamento pode ser volumoso a ponto de produzir massas de partes moles com deslocamento de rim e do próprio ureter.

• Lesões da Bexiga

A urografia excretora como já foi citado deve ser realizada inicialmente para avaliar o trato urinário alto e ao mesmo tempo pode demonstrar extravasamento do contraste a partir de uma lesão vesical, mas a cistografia retrógrada é exame de melhor escolha para a avaliação do trauma vesical. Contudo na radiografia simples pode-se observar a presença de fraturas de ossos da bacia, de borramento da sombra do psoas e da faixa pré-peritoneal, além de fragmentos ósseos projetando-se na região vesical.

Quando ocorre ruptura intraperitoneal da bexiga, geralmente após trauma com bexiga distendida, o contraste mostra deformidade desta acumulando-se na cavidade pélvica peritoneal devido ao extravasamento, delineando as alças intestinais que contêm ar, provocando indentações nas haustrações cólicas. Contornos superiores da bexiga estarão velados, nas radiografias em pé, além de uma faixa de contraste nas goteiras para cólicas, junto da gordura preperitoneal e visualização dos contornos do baço, fígado e diafragma. Sinais de peritonite com íleo paralítico estão freqüentemente presentes.

A ruptura extraperitontal é uma lesão rara, que, como regra, é associada com trauma direto e fratura de pélvis, podendo ser difícil de ser reconhecida dependendo das dimensões e da localização da laceração. O padrão radiológico do contraste extravasado varia desde pequenas linhas densas extravesicais, até um aspecto em raios de sol, com apagamento da base da bexiga e concomitante hematoma perivesical. A diferenciação entre ruptura extra e intraperitoneal da bexiga nem sempre é fácil.

• Lesões da Uretra

Quando a radiografia simples evidencia lesões de bacia e o doente não consegue urinar espontaneamente, deve ser realizada uretrocistografia retrógrada para avaliação da integridade da uretra. Se o paciente com suspeita de trauma uretral já estiver cateterizado, não se deve retirar este cateter para realização de uretrocistografia, injetando-se o contraste por outro cateter colocado ao lado do já presente, método descrito por Mc Lawghlim e Pfister. Os sinais de ruptura de uretra posterior são os mesmos descritos para a ruptura extraperitoneal da bexiga sendo o diagnóstico diferencial impossível em termos radiológicos. Na ruptura da uretra anterior o contraste extravasado pode se estender ao períneo e ao escroto, sendo sua passagem para a pélvis impedida pelo diafragma urogenital.


Trauma Torácico

Sempre que possível, o estudo radiológico do tórax traumatizado deve ocorrer com o paciente em posição ortostática com incidências postero-anterior (PA) ou antero-posterior (AP), já que as radiografias de tórax com o paciente em decúbito não fornecem o mesmo número de informações. Além da radiografia torácica convencional, outras posições e incidências (decúbito lateral com raios horizontais) bem como outros métodos diagnósticos (tomografia, ultra-sonografia) podem ser utilizadas para identificar possíveis comprometimento das partes moles da parede torácica, lesões ósseas, pleurais, pulmonares, pericárdias, esofagianas, e outras estruturas localizadas no tórax.

Comprometimento das Partes Moles

Contusões superficiais com hemorragia e edema subcutâneo apresentarão na radiografia convencional de tórax um apagamento dos planos gordurosos com aumento da opacificidade no local da lesão.

A presença de ar nas partes moles (enfisema subcutâneo), com pontos radiotransparentes locais, indica provavelmente um acometimento pleural ou esofágico, mais comum nos traumas do tipo perfurante.

Lesões Ósseas

As fraturas mais comum incluem desde a 4ª até a 10ª costela, mas estas podem não ser observadas nas incidências convencionais, salvo a presença de um hematoma que simula espessamento pleural localizado, portanto será necessário a complementação do estudo com posições oblíquas e tangenciais, além de ser usado maior penetração.

Fraturas das primeiras costelas representam traumas torácicos graves e eventual comprometimento traqueal, bronquiolar e hilos pulmonares. Lesões das três últimas costelas podem estar associadas à lesões hepáticas ou esplênicas.

As clavículas e principalmente o esterno necessitam geralmente de incidências especiais e outros métodos para a melhor identificação da fratura e suas conseqüências.

Lesões Pleurais

A ruptura pleural leva ao acúmulo de ar, fluído ou ambos no espaço pleural com diversas manifestações radiológicas, sendo estas mais comum no trauma perfurante, contudo pode ocorrer no trauma fechado.

• Hemotórax

Pode ser causado por ruptura de vasos da parede torácica, do diafragma, dos pulmões ou do mediastino. O sangue penetra no espaço pleural e desloca-se para as porções mais baixas deste. Na radiografia postero-anterior em posição ortostática observa-se velamento do seio costofrênico; linha côncava característica de derrame pleural, podendo desviar o mediastino para o lado contralateral, quando há grandes coleções. Na radiografia obtida em perfil observa-se o diafragma elevado, perdendo sua nitidez e convexidade, além do aumento da distância entre a bolha gástrica e o parênquima pulmonar, se o hemotórax localizar à esquerda. Outra técnica que pode ser utilizada para visualização de hemotórax com pequenas coleções de sangue, são radiografias obtidas em decúbito lateral com raios horizontais.

As radiografias obtidas com o paciente em DDH, apresentarão diminuição difusa da transparência pulmonar do lado comprometido, sendo o diagnóstico dificultado.

• Pneumotórax

A visualização do pulmão parcialmente colapsado com a presença de ar entre este e a parede torácica, além de trama vasobrônquica não chegando até a periferia da parede torácica e uma linha fina, correspondendo à pleura visceral que delimita nitidamente a separação entre o pulmão e a coleção gasosa no espaço pleural, sendo demonstrações facilmente observadas na radiografia convencional de um pneumotórax. A radiografia em decúbito lateral com raios horizontais e lado suspeito para cima é muito útil para identificar pneumotórax com pequenas coleções de ar.

A superposição de curativos, faixas ou dobras de pele junto à periferia pulmonar pode equivocar o diagnóstico radiológico de pneumotórax.

Lesões Pulmonares

• Contusões

O padrão radiológico das contusões é muito semelhante ao da broncopneumonia, infiltrado peribrônquico reticular ou áreas de densidades mal definidas sem caracterização de lobo ou segmento, aumentando nas primeiras 48h, regredindo e desaparecendo em 8 a 10 dias. Em cerca da metade destes casos ocorre lesão óssea associada.

• Hematomas

Usualmente desenvolve-se a partir de laceração, mas inicialmente fica camuflada pela contusão pulmonar, apresentando-se mais nitidamente com sua regressão, como uma lesão do tipo nodular. Sua retração é lenta (5-6 semanas), persistindo como nódulo de pequenas dimensões por cerca de um ano e freqüentemente apresentando cicatriz fibrótica como seqüela tardia. Portanto no achado de um nódulo pulmonar solitário deve-se pesquisar história de traumas anteriores.

• Laceração Pulmonar

Observa-se uma cavidade de tamanho variável com presença de ar (ruptura de paredes alveolares - pneumatoceles), e sangue (extravasamento dos vasos alveolares),no seu interior, identificando-se portanto a existência de níveis hidroaéreos. A ruptura da cavidade para o espaço pleural pode ser observada na radiografia convencional.

Trauma Traqueobrônquico

A ruptura da traquéia e dos brônquios é mais comum em impactos com desaceleração violenta, sendo freqüentemente associado à fratura de uma das três primeiras costelas. Seus padrões radiológicos dependerão da integridade do tecido peribrônquico e pleural. Quando estiverem lesados, encontraremos pneumotórax de aspecto característico, com o pulmão colapsado nas porções mais baixas da cavidade pleural (base) ao invés de retrair-se no hilo, além da visualização de pneumomediastino e enfisema subcutâneo. Quando os tecidos peribrônquicos e pleurais estiverem íntegros os achados são discretos, sendo necessário outros métodos para a identificação da lesão.

Trauma Esofágico

A ruptura do esôfago apresenta como sinal radiológico mais precoce, a presença de enfisema cervical ou mediastinal, podendo ser observado ainda, o aumento da silhueta mediastínica, que posteriormente apresentar-se-á alargado, com contornos irregulares, aspecto heterogêneo e com níveis hidroaéreos, devido a instalação de processo inflamatório (mediastinite) e conseqüente formação de abcesso. Pode ser observado pneumoperitôneo quando a ruptura ocorrer junto à cárdia. O diagnóstico definitivo é obtido pelo estudo contrastado do esôfago.

Trauma Diafragmático

Geralmente ocorre por traumatismo abdominal fechado ou difuso, sendo mais comum a ruptura à esquerda. Os sinais na radiografia de tórax incluem: herniação de vísceras ocas à esquerda e herniação hepática à direita; hemotórax; contorno anormal da cúpula frênica com aparente elevação do diafragma afetado; desvio contralateral do mediastino. Deve-se destacar que a ruptura diafragmática passa freqüentemente desapercebida, sendo descoberta 4 a 5 anos após o traumatismo, tornando sua correção mais dificultada.

Trauma Pericárdico e Cardíaco

A radiografia convencional ocupa papel secundário no diagnóstico precoce destas lesões, podendo ser utilizadas para identificar hemopericárdio com grandes volumes de sangue (maior de 300cc), que podem ser confundidos com aumento de câmaras cardíacas; pneumopericárdio, com o ar restrito à região dos grandes vasos, diferindo-o do pneumomediastino; localização de corpos estranhos (projéteis) e avaliação de aneurismas resultantes de lesões do miocárdio. Deve-se lembrar que a angiografia é utilizada após a fase de traumatismo agudo para verificar as extensões das lesões cardíacas.

Traumatismo da Aorta Torácica

A radiografia torácica convencional e em perfil esquerdo são muito úteis para a avaliação da aorta torácica, já que radiografias em decúbito deformam as imagens do mediastino. Os sinais radiológicos precoces são o borramento do contorno aórtico, causado pelo hematoma no local da lesão, além de fraturas das primeiras costelas. O aumento do hematoma causará deslocamento da traquéia para direita e do brônquio esquerdo para baixo e para frente, chegando ao velamento completo do ápice pulmonar esquerdo e mais tarde ao derrame pleural.

Quando ocorre lesão da aorta ascendente, intrapericádica, encontra-se sinais de hemopericádio.

Na suspeita de lesão, a aortografia é obrigatória para demonstração de possíveis extravasamento de contraste e de outras alterações da própria aorta e de seus ramos.


Referências Bibliográficas

1. SUTTON, D.-- Chest Trauma. In Textbook of Radiology E & S Livingstone LTD,Londres, 19 391-393 ,1969

2. TOLEDO, P A-- Estudo Radiológico do Abdome Agudo, In Radiologia Básica Livraria Atheneu, São Paulo, XV, 227-228, 1978

3. TOLEDO, P. A.--Radiologia Pulmonar, In Radiologia Básica Livraria Atheneu, São Paulo, XVI, 271,275 e 277, 1978

4. BAUER, R. --.Diagnóstico Radiológico em Medicina Interna, Editora Manole, Chicago,1977

5. BIROLINI, D. --Aspectos Radiológicos do Trauma, In Cirurgia do Trauma

FONTE: http://estudmed.com.sapo.pt/traumatologia/aspectos_radiologicos_trauma_2.htm

Trauma de Tórax


INTRODUÇÃO

O traumatismo torácico nos dias atuais assume grande importância devido, em parte, à sua incidência e, por outro lado, pelo aumento da gravidade e da mortalidade das lesões. Isto se deve pelo aumento do número, poder energético e variedade dos mecanismos lesivos, como por exemplo, a maior velocidade dos automóveis, a violência urbana, e dentro desta, o maior poder lesivo dos armamentos, além de outros fatores. As lesões de tórax são divididas naquelas que implicam em risco imediato à vida e que, portanto, devem ser pesquisadas no exame primário e naquelas que implicam em risco potencial à vida e que, portanto, são observadas durante o exame secundário. Do 1º grupo fazem parte: obstrução das vias aéreas, pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tórax instável e tamponamento cardíaco. Já, no 2º grupo, incluem-se: contusão pulmonar, contusão miocárdica, ruptura aórtica, ruptura traumática do diafragma, laceração traqueo-brônquica e laceração esofágica.

Incidência

É a causa direta de cerca de 25% das mortes traumáticas na América do Norte, visto que este segmento corpóreo aloja órgãos de vital importância, como o coração, os pulmões, os grandes vasos (aorta, artéria pulmonar), etc, que, muitas vezes, quando lesados, podem levar o paciente rapidamente ao óbito. Aproximadamente 50% das mortes por trauma têm alguma lesão torácica associada. Outros dados ainda por demais significantes apontam que cerca de 80% dos pacientes morrem no local do trauma. Dos 20% que chegam vivos ao hospital, 85% apresentam, em geral, uma boa evolução, enquanto os 15% restantes têm uma alta taxa de mortalidade, em parte, devido a outros tipos de traumas (ex: TCE ). Desse modo, dos indivíduos que não morrem no local do trauma e que morrerão posteriormente, 70%-80% obituarão dentro de 48h e 20%-25% após essas 48h, por complicações decorrentes do trauma.

Visto isso, conclui-se que os métodos diagnósticos e terapêuticos devem ser precoces e constar do conhecimento de qualquer médico, seja ele clínico ou cirurgião, pois, na maioria das vezes, para salvar a vida de um traumatizado torácico, não se necessita de grandes cirurgias, mas sim de um efetivo controle das vias aéreas, manutenção da ventilação, da volemia e da circulação. Algumas estatísticas mostram que só, aproximadamente, 15% dos casos requerem um cirurgião torácico e o restante, qualquer outro médico está habilitado a diagnosticar e tratar as lesões potencialmente letais.

Classicamente, os traumatismos torácicos (TT) se classificam em abertos (penetrantes ou não) e fechados. No entanto, essa classificação não tem grande valor prático, pois qualquer destes tipos podem causar lesões em qualquer víscera torácica, tornando-se pouco confiáveis para o norteamento terapêutico.

Fisiopatologia

A hipóxia tecidual, a hipercarbia e a acidose são resultados freqüentes do trauma torácico. A hipóxia tecidual resulta de uma oferta inadequada de oxigênio aos tecidos causada pela hipovolemia, por alteração da relação ventilação/perfusão pulmonar (contusão, hematoma, colapso alveolar, etc.), e por alterações nas relações pressóricas intratorácicas (pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, etc). A hipercarbia implica em hipoventilação. Agudamente, a hipóxia é mais importante. A acidose respiratória é causada pela ventilação inadequada, por alterações nas relações pressóricas intratorácicas, por depressão do nível de consciência, etc. Já a acidose metabólica é causada pela hipoperfusão dos tecidos (choque).

Classificação

• Quanto ao tipo de lesão: como já mencionado anteriormente, divide-se em:

Aberto: são, a grosso modo, os ferimentos. Os mais comuns são os causados por arma branca (FAB) e os por arma de fogo (FAF).

Fechado: são as contusões. O tipo mais comum dessa categoria de trauma é representado pelos acidentes automobilísticos.

• Quanto ao agente causal

· FAF

· FAB

· Acidentes Automibilísticos

· Outros

• Quanto à manifestação clínica

· Pneumotórax (hipertensivo ou não)

· Hemotórax

· Tamponamento cardíaco

· Contusão pulmonar

· Lesão de grandes vasos (aorta, artéria pulmonar, vv cavas)

Outros

• Quanto ao órgão atingido


Mecanismos de lesão

Muitas vezes fica difícil isolar um único mecanismo de lesão, mas, para fins didáticos, são divididos para um melhor entendimento. Os principais são os seguintes:

Trauma direto- neste mecanismo, a caixa torácica é golpeada por um objeto em movimento ou ela vai de encontro a uma estrutura fixa. Nesse caso, a parede torácica absorve o impacto e o transmite à víscera. Além disso, nesse tipo de trauma é freqüente que o indivíduo, ao perceber que o trauma irá ocorrer, involuntariamente, inspire e feche a glote, o que poderá causar um pneumotórax no paciente. No trauma direto, geralmente, ocorrem lesões bem delimitadas de costelas e mais raramente de esterno, coração e vasos, apresentando um bom prognóstico.

Trauma por compressão- este mecanismo é muito comum em desmoronamentos, construção civil, escavações, etc. Apresenta lesões mais difusas na caixa torácica, mal delimitadas e, se a compressão for prolongada, pode causar asfixia traumática, apresentando cianose cérvico-facial e hemorragia sub-conjuntival. Em crianças, este mecanismo é de primordial importância, visto que a caixa torácica é mais flexível, podendo causar lesões extensas de vísceras torácicas (Síndrome do esmagamento) com o mínimo de lesão aparente. Em determinadas situações, a lesão do parênquima pulmonar é facilitada pelo próprio paciente, como já visto anteriormente (O acidentado, na eminência do trauma, "prende a respiração", fechando a glote e contraindo os músculos torácicos, com o intuito de se proteger, mas aumenta demasiadamente a pressão pulmonar. No momento do choque, a energia de compressão faz com que aumente ainda mais essa pressão, provocando o rompimento do parênquima pulmonar e até de brônquios.

Trauma por desaceleração (ou contusão) - Caracterizado por processo inflamatório em pulmão e/ou coração no local do impacto, causando edema e presença de infiltrado linfomonocitário o que caracterizará a contusão. Nesse tipo de trauma, o paciente terá dor local, porém sem alterações no momento do trauma. Após cerca de 24h, no entanto, o paciente apresentará atelectasia ou quadro semelhante à pneumonia (Rx de tórax com aspecto floconoso; diminuição do murmúrio vesicular; dispnéia; ausculta semelhante a quadro de pneumonia). No coração ocorre, geralmente, diminuição da fração de ejeção e alteração da função cardíaca (insuficiência cardíaca, arritmias graves, etc.). A insuficiência cardíaca deve ser tratada com diurético, digital e suporte hemodinâmico. As arritmias devem ser tratadas com antiarrítmicos específicos. Além disso, devem ser feitos RX seriados até 48h após o trauma. Seu diagnóstico é feito, basicamente, atrvés da clínica, de ECG (na entrada) e de dosagens de enzimas cardíacas de modo seriado. Esse tipo de trauma é muito comum em acidentes automobilísticos e quedas de grandes alturas. O choque frontal (horizontal) contra um obstáculo rígido, como por exemplo o volante de um automóvel, causa a desaceleração rápida da caixa torácica com a continuação do movimento dos órgãos intra-torácicos, pela lei da inércia. Isto leva a uma força de cisalhamento em pontos de fixação do órgão, causando ruptura da aorta logo após a emergência da artéria subclávia esquerda e do ligamento arterioso, que são seus pontos de fixação. Na desaceleração brusca, o coração e a aorta descendente basculam para frente rompendo a aorta no seu ponto fixo. Já em quedas de grandes alturas, quando o indivíduo cai sentado ou em pé, podem ocorrer lesões da valva aórtica. No momento da diástole ventricular (quando a valva está fechada), pela inércia vertical, ocorre uma grande força exercida pelo volume de sangue à montante da valva, forçando-a, causando seu rompimento.

Traumas penetrantes- (FAB/ FAF são seus tipos mais comuns) É o mecanismo mais comum de traumas abertos. Pode ser causado criminalmente ou acidentalmente por armas brancas, objetos pontiagudos, estilhaços de explosões, projéteis de arma de fogo etc. As armas brancas provocam lesões mais retilíneas e previsíveis, pela baixa energia cinética. Já as armas de fogo causam lesões mais tortuosas, irregulares, sendo por isso mais graves e de mais difícil tratamento.

Avaliação Inicial das Lesões Traumáticas Torácicas

O atendimento do paciente deve ser orientado inicialmente segundo os critérios de prioridade, comuns aos vários tipos de traumas (ABCD do trauma, que tem por objetivo manter a ventilação e perfusão adequados, evitando, assim, as deficiências respiratórias e circulatórias, respectivamente, pelo mecanismo de parada cardíaca anóxica.).

Mais especificamente, o TT leva com freqüência à hipóxia tecidual. Esta é resultado de um dos fatores abaixo, ou da associação destes, que são:

- Queda do volume sangüíneo circulante

- Distúrbio na ventilação pulmonar

- Contusão pulmonar

- Alterações do espaço pleural

Desse modo, os seguintes ítens deverão ser avaliados:

Vias aéreas- aqui deve-se certificar a permeabilidade das vias aéreas ( a sensação tátil e ruidosa pelo nariz e boca do paciente nos orienta sobre ela e também sobre distúrbios na troca gasosa.). Se identificada alguma obstrução, realizar o tratamento imediato, garantindo assim a ventilação ( exs: elevação do mento e tração da mandíbula, uso de cânula orofaríngea ou nasofaríngea, traqueostomia, etc.) . Também pode ser notado sinais de insuficiência respiratória, como tiragem de fúrcula, batimento da asa do nariz, etc. A orofaringe sempre deve ser examinada à procura de obstrução por corpos estranhos, particularmente em pacientes com alterações da consciência.

Respiração- fazer uma rápida propedêutica do tórax, avaliando o padrão respiratório ,através da amplitude dos movimentos torácicos, presença de movimentos paradoxais (afundamento torácico), simetria da expansibilidade, fraturas no gradeado costal, enfisema de subcutâneo, etc. Nesta fase, também deve-se suspeitar, frente a sintomas característicos, de pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco pois são lesões que se não identificadas e tratadas prontamente, levam rapidamente ao óbito.

Circulação- para sua avaliação, faz-se a monitorização da pressão arterial, do pulso (qualidade, freqüência, regularidade, etc. Ex: os pacientes hipovolêmicos podem apresentar ausência de pulsos radiais e pediosos), bem como de estase jugular e perfusão tecidual. Estes parâmetros são muito úteis para uma avaliação geral do sistema cárdio-circulatório. Visto isso, passaremos agora a um estudo pormenorizado das lesões que mais comumente acometem o segmento torácico, dando ênfase às suas etiologias, diagnósticos e tratamentos.

Toracotomia- para as lesões que, potencialmente, ponham em risco a vida do paciente, este poderá, eventualmente, ser um procedimento necessário. A massagem cardíaca externa convencional em caso de parada cardíaca ou dissociação eletromecânica (DEM) é inefetiva em pacientes hipovolêmicos. Os pacientes que chegam com perdas volêmicas maciças (perda maior que 1500 ml. ou 100 a 200ml/h de sangue contínuo na drenagem), com lesão penetrante em região precordial (área de Ziedler, área de projeção do coração e dos grandes vasos- ex: ferimento miocárdico, em vasos da base), sem pulso, porém com atividade elétrica miocárdica podem ser candidatos à toracotomia na sala de emergência; em casos de lesão do parênquima e/ou do hilo pulmonares, do brônquio ; casos de laceração de parede costal; casos de quilotórax (embora essa seja uma situação rara, por lesão do ducto torácico, que geralmente ocorre do lado esquerdo); lesões de artérias intercostais, de esôfago, etc. Presumindo-se que um cirurgião esteja presente, deve ser realizada uma toracotomia anterior esquerda com clampeamento da aorta torácica descendente e pericardiotomia, e deve ser iniciada a massagem cardíaca aberta, paralelamente à reposição do volume intravascular. No entanto, para pacientes com trauma contuso, nos quais não se evidencia atividade elétrica cardíaca, a toracotomia na sala de emergência raramente é efetiva. É importante se ressaltar que, muitas vezes em casos de hemorragia intratorácica ou pneumotórax, antes de um procedimento mais invasivo como a toracotomia, opta-se pela drenagem do tórax (85% dos casos); nesse caso, é realizada com um tubo plástico multifenestrado, no 6º ou 7º E.I.C., na linha axilar média, sob sistema de selo d'água. Outras indicações para o uso do dreno de tórax seriam:

1) Pacientes selecionados, com suspeita de lesão pulmonar grave, especialmente aqueles que necessitam ser transferidos, por transporte aéreo ou terrestre.

2) Pacientes que necessitam de anestesia geral para tratamento de outras lesões (ex: crânio ou membros), nos quais se suspeita de lesão pulmonar significativa.

3) Pacientes que necessitam de ventilação com pressão positiva, nos quais se suspeite de lesão torácica importante.

2.4 Lesões da parede torácica

2.4.1 Tegumento e plano músculo-aponeurótico

As lesões superficiais que não atingem a fáscia endotorácica e o gradeado costal são tratadas de modo idêntico às lesões localizadas em outros segmentos corpóreos. As lesões potencialmente penetrantes no espaço pleural ou mediastino devem ser cuidadosamente investigadas. Ferimentos superficiais de aparente benignidade podem esconder graves lesões torácicas. A exploração digital ou instrumental de ferimentos superficiais deve ser evitada em áreas de trajeto vascular e região precordial, devido ao risco de sangramento de ferimento tamponado. A palpação e ausculta torácica nos dão indícios para suspeitar de ferimentos penetrantes, que podem ser confirmados com exames radiológicos.


Fraturas

São as lesões mais comuns do tórax e assumem fundamental importância, pois a dor causada por elas dificultam a respiração e levam ao acúmulo de secreção.

As etiologias mais comuns das fraturas são o trauma direto e a compressão do

tórax. Geralmente as lesões por trauma direto formam espículas que se direcionam para o interior do tórax, logo com maior potencialidade de lesar a cavidade pleural. Nas lesões por compressão, as espículas se direcionam para fora, diminuindo a potencialidade de acometimento da cavidade pleural, porém, com maior chance de levar a um tórax instável e lesões de órgãos internos.

As fraturas da caixa torácica dividem-se didaticamente em três tipos principais: fraturas simples de costelas, afundamentos e fraturas de esterno.

1) Fraturas de costelas- As costelas são as estruturas mais comumente lesadas da caixa torácica. A dor provoca restrição à ventilação e consequente acúmulo de secreção tráqueo-brônquica. A atelectasia e a pneumonia podem complicar o quadro, principalmente em pacientes com doença pulmonar pré-existente. Quando fraturadas, as 3 primeiras costelas indicam maior incidência de lesões da coluna cérvico-dorsal, traqueais e vasculares e por isso (gravidade das lesões associadas), a mortalidade pode chegar à 50%. Desse modo, deve ser solicitada avaliação cirúrgica.

A cintura escapular confere proteção relativa às costelas superiores, tornando-as sujeitas a fraturas apenas quando o trauma é de grande violência. Quando há fratura do 1º arco associada com 2º ou 3º arcos, deve-se sempre fazer endoscopia e nela pesquisar lesão esofágica, traqueal. Em geral, se houver fratura apenas do 1º arco costal será mais dificilmente encontrada lesão esofágica e/ou traqueal. Já as costelas intermediárias (4 a 9) sofrem a maioria dos traumas contusos; como a força aplicada diretamente sobre as costelas tende a fraturá-las e a direcionar os segmentos fraturados para dentro do tórax, aumenta, desse modo, o risco de lesões intratorácicas, tais como o pneumotórax. No caso de fraturas das últimas costelas (10 a 12) deve aumentar a suspeita de trauma hepato-esplênico. O diagnóstico das fraturas simples é dado pela sensibilidade e dor à palpação, onde se nota também a crepitação óssea e também por uma possível deformidade palpável ou visível. Esse diagnóstico é confirmado pelo Raio-X simples de tórax que também poderá evidenciar alguma outra lesão intratorácica. O tratamento dessa lesão costal é baseado no controle da dor, feito através de opiáceos, analgésicos ou infiltrações. A fisioterapia respiratória, hidratação e uso de fluidificantes visam o não acúmulo de secreções.

2) Afundamentos (fraturas múltiplas de costelas)- O afundamento do tórax

se dá quando há fraturas de várias costelas em múltiplos pontos, levando ao chamado "tórax oscilante". Como são, em geral, posteriores ou laterais, seu maior problema se constitui na probabilidade de causarem perfuração pulmonar. Já as inferiores, como mencionado anteriormente, poderão causar lesão em fígado e/ou baço e as mais superiores em traquéia e/ou esôfago.

O sinal patognomônico desta lesão é a respiração paradoxal (esse efeito isolado não causa hipóxia no paciente), pela qual, na inspiração, temos a retração da cavidade torácica, dada pela instabilidade do gradeado costal e pela pressão negativa na cavidade pleural, exercida pelo diafragma. O movimento do tórax é assimétrico e descoordenado. A dor, associada à restrição dos movimentos respiratórios e à lesão do parênquima pulmonar, contribuem para a hipóxia do paciente. O tórax instável pode não estar aparente inicialmente pelo efeito de suporte da parede torácica. O diagnóstico é complementado pela dor e pelo Raio-X simples de tórax, onde aparecem as fraturas múltiplas das costelas (embora não possa mostrar disjunção costocondral). A gasometria arterial, sugerindo insuficiência respiratória com hipóxia, também pode ajudar no diagnóstico de tórax instável.

O tratamento é feito pelo controle da dor e fisioterapia respiratória, sendo que nos casos mais graves é indicada a intubação orotraqueal (IOT) com ventilação mecânica assistida, além de reposição volêmica. É importante, então, frisar que a terapêutica inicial inclui a correção da hipoventilação, a administração de oxigênio umidificado e a reposição volêmica e a terapia definitiva consiste em reexpandir o pulmão, garantir a oxigenação mais completa possível, administrar líquidos judiciosamente e fornecer analgesia para melhorar a ventilação. Deve-se lembrar que está totalmente contra-indicada a imobilização da caixa torácica, pois esta, além de não proporcionar melhor prognóstico, ainda diminui a amplitude respiratória e favorece o acúmulo de secreções.

3) Fraturas do esterno- São lesões raras, mas de alta mortalidade, devido à ocorrência de lesões associadas (contusão cardíaca, rotura tráqueo-brônquica, ferimentos musculares) que devem ser pesquisadas concomitantemente.

A intensa dor e o aumento de volume locais e a crepitação óssea aos movimentos respiratórios nos orientam para esse diagnóstico, que é confirmado com o exame radiológico em incidência em perfil do tórax.

Deve-se seguir a mesma orientação terapêutica do afundamento torácico, com a diferença de que a indicação de fixação cirúrgica com fios de aço é mais frequente devido ao movimento paradoxal intenso e doloroso que pode ocorrer. A infiltração do foco de fratura esternal é conduta auxiliar de grande valor para o controle da dor.

Alterações da Cavidade Pleural

Pneumotórax (PTX)

O pneumotórax é definido como o acúmulo de ar na cavidade pleural, restringindo o parênquima pulmonar e prejudicando a respiração.

Pode-se seguir duas classificações para pneumotórax: 1) aberto x fechado; 2) simples x hipertensivo.

*Aberto:

É caracterizado pelo contato do espaço pleural com o meio ambiente ( solução de continuidade entre a cavidade e o meio externo), levando a uma equivalência entre as pressões atmosférica e intratorácica, o que ocasionará, em última instância, o colapso pulmonar, queda da hematose e uma hipóxia aguda. Se o diâmetro dessa abertura for de, aproximadamente, 2/3 do diâmetro da traquéia ou superior a esse valor, o ar entrará, preferencialmente, por esse orifício (de menor resistência), proporcionando uma maior gravidade. Esse tipo de pneumotórax geralmente não é causado por ferimentos por arma de fogo ou arma branca, já que, nesses casos, os músculos da parede torácica tamponam a lesão. Pode ser causado, no entanto, por, por exemplo, acidentes viários, devido a "arrancamentos" de caixa torácica, o que é incomum.

Seu tratamento baseia-se no tamponamento imediato da lesão através de curativo quadrangular feito com gazes esterilizadas (vaselinada ou outro curativo pouco permeável ao ar) de tamanho suficiente para encobrir todas as bordas do ferimento, e fixado com fita adesiva (esparadrapo, etc) em três de seus lados. A fixação do curativo oclusivo em apenas três lados produz um efeito de válvula; desse modo, na expiração, tem-se a saída de ar que é impedido de retornar na inspiração, evitando, assim, formar um pneumotórax hipertensivo. O dreno de tórax deve ser colocado longe do ferimento, tão logo seja possível. Qualquer curativo oclusivo (gaze, plástico, etc.) pode ser usado temporariamente para permitir que se prossiga na avaliação rápida. Geralmente o ferimento necessita ser fechado definitivamente por procedimento cirúrgico.

*Simples:

O PTX simples tem sua etiologia baseada, principalmente, no trauma penetrante e na contusão torácica.

Seu diagnóstico é dado pela hipersonoridade à percussão e diminuição ou ausência de murmúrio vesicular e complementado pelo Rx de tórax, onde há uma maior radiotransparência do pulmão acometido, devido ao acúmulo de ar no local que era para ser ocupado pelo parênquima pulmonar.

O tratamento preconizado para ele (ATLS) é a drenagem pleural feita no quinto ou

sexto espaço intercostal (EIC), na linha axilar média (LAM), a fim de se evitar

complicações como lesão de diafragma, fígado ou outros órgãos. Em casos onde há

borbulhamento persistente do selo d'água é indicado uma aspiração contínua com -20

a -30 cm de água de pressão.

*Hipertensivo:

O PTX hipertensivo é uma lesão grave que põe em risco imediato a vida do paciente e por isso deve ser tratado com extrema urgência. Ocorre quando há um vazamento de ar para o espaço pleural por um sistema de "válvula unidirecional" (geralmente por fratura do arco costal). O sistema de válvula faz com que o ar entre para a cavidade torácica sem a possibilidade de sair, colapsando completamente o pulmão do lado afetado. O mediastino e a traquéia são deslocados para o lado oposto, diminuindo o retorno venoso e comprimindo o pulmão oposto. Pode ocorrer óbito rápido do paciente devido à compressão do parênquima pulmonar contralateral (e não pela compressão de veias cavas), que leva à hipóxia. As causas mais comuns de PTX hipertensivo são a ventilação mecânica com pressão expiratória final positiva, o PTX espontâneo pela ruptura de uma bolha de enfisema com cicatrização deficiente e o trauma contuso de tórax com lesão do parênquima que não ficou selada. Ocasionalmente, lesões traumáticas da parede torácica podem causar PTX hipertensivo. Uma incidência significante de PTX decorre dos procedimentos de inserção de catéteres em veia subclávia ou jugular interna. É importante falar que o PTX hipertensivo é de diagnóstico clínico e nunca deve ser feito radiologicamente. É caracterizado por dispnéia intensa, taquicardia, hipotensão, desvio da traquéia, ausência de murmúrio vesicular unilateral, distensão das veias do pescoço (estase jugular), hipersonoridade, desvio do ictus e cianose como uma manifestação tardia. Pela semelhança dos sintomas, o PTX hipertensivo pode, inicialmente, ser confundido com tamponamento cardíaco. Contudo, o PTX hipertensivo é mais comum. A diferenciação pode ser feita pelo timpanismo notado à percussão sobre o hemitórax ipsilateral.

O PTX hipertensivo exige a descompressão imediata e é tratado inicialmente pela rápida inserção de uma agulha no 2º ou 3º E.I.C. na linha hemiclavicular do hemitórax afetado. Esta manobra converte a lesão em um PTX simples. É necessário proceder a uma reavaliação repetida. O tratamento definitivo geralmente consiste apenas na inserção de um dreno de tórax no 5º E.I.C. (linha do mamilo),anterior à linha axilar média.

Hemotórax (HTX)

O hemotórax é definido como o rápido acúmulo de mais de 1.500 ml. de sangue na cavidade torácica (ATLS). Suas etiologias mais freqüentes são: lesão da artéria intercostal, laceração do parênquima pulmonar (que geralmente é periférica), lesões em vasos da base, e lesão cardíaca. O hemotórax é assintomático até que dê choque hipovolêmico.

O diagnóstico do HTX é dado pela diminuição da expansibilidade torácica, dispnéia, diminuição ou ausência de murmúrio vesicular e pela macicez ou submacicez de base pulmonar à percussão. É complementado pelo Rx de tórax em posição ortostática, onde se nota uma imagem em "menisco" na base do hemitórax acometido. Se o Rx for feito em DDH, o diagnóstico se torna extremamente difícil e dependerá do volume de sangue represado na cavidade pleural; portanto, este procedimento é contra-indicado. No entanto, o Rx de tórax somente deve ser feito se o paciente estiver estável hemodinamicamente ( nesse caso, após constatado o derrame pleural, puncionar o hemitórax acometido ); caso contrário, deve-se partir diretamente para a punção. Durante a drenagem (que deve ser feita no 5º ou 6º E.I.C. na LAM), deve-se avaliar a estabilidade do doente através da monitorização do sangramento; caso o paciente se apresente instável hemodinamicamente, o passo seguinte será a realização de uma toracotomia.; se não, manter a monitorização (nesse caso, sangrando o doente continuamente nas 6 a 12 horas seguintes- 300 a 500 ml/h - mesmo que continue estável, operá-lo). É importante dizer que a drenagem torácica com auto-transfusão resolve cerca de 85% dos casos, enquanto 15% destes são solucionados por outros procedimentos, como por exemplo, a toracotomia (feita ântero-lateralmente, no 4º ou 5º E.I.C, para que se possa abordar todo o tórax do paciente, excetuando-se a artéria subclávia - para sua abordagem, deve ser feita toracotomia ântero-lateral + esternotomia + cervicotomia), citada anteriormente.

Além disso, a infusão de cristalóide para repor o volume sanguíneo perdido, deve ser feita simultaneamente à descompressão da cavidade torácica e assim que possível administra-se o sangue auto-transfundido ou outro, tipo-específico. Alguns autores alertam que, na presença de sangramento persistente, caracterizado por esses por drenagem inicial de 1.000 a 1.500 ml, seguido de sangramento contínuo de 200 a 300 ml/h, durante 4 horas consecutivas e em casos de HTX coagulado (ambas complicações do HTX), deve-se fazer toracotomia de urgência (lembrando sempre que esta deve ser feita por um cirurgião ou por um outro médico devidamente treinado e qualificado).

Quilotórax

O quilotórax é o acúmulo de líquido linfático na cavidade pleural. Sua etiologia geralmente é devido a um ferimento transfixante do tórax que acomete o ducto torácico.

O diagnóstico é semelhante ao HTX, porém quando se drena um líquido vertente, de aspecto leitoso e rico em células linfóides, é caracterizado o quilotórax.

Seu tratamento é feito pela drenagem pleural ou por toracocentese e, complementado por uma dieta rica em triglicerídeos, que aceleram a cicatrização da lesão do ducto.


Traumatismo Cardíaco

Os traumatismos cardíacos podem ser divididos em duas condições básicas, que são o tamponamento cardíaco e a contusão cardíaca, as quais põem em grande risco a vida do paciente.

Tamponamento Cardíaco

O tamponamento cardíaco resulta, mais comumente, de ferimentos penetrantes, principalmente aqueles que incidem na perigosa área de Ziedler. Sua fisiopatologia funciona como a de um choque hipovolêmico, no qual ocorre restrição de enchimento das câmaras cardíacas direitas, levando à restrição diastólica pela diminuição do retorno venoso, que diminui a pré-carga.O trauma contuso também pode causar um derrame pericárdico de sangue proveniente do coração, dos grandes vasos, ou dos vasos pericárdicos. No caso dos esmagamentos ou perfurações por pontas ósseas, o quadro é mais grave e esses pacientes raramente chegam vivos ao hospital. Nessas situações ocorre um derramamento de sangue no saco pericárdico e, como este é muito pouco distensível, faz com que ocorra uma limitação da diástole ventricular, causando um grande déficit da "bomba" cardíaca, mesmo quando a quantidade de sangue derramado for pequena.

A suspeita clínica é caracterizada pela tríade de Beck, que consiste na elevação da pressão venosa central (PVC), diminuição da pressão arterial e abafamento das bulhas cardíacas (este último item, no entanto, não está presente no TC agudo porque o pericárdio é inelástico; no TC "crônico", ao contrário, o pericárdio vai se acomodando e chega a suportar até 2 l. de sangue). Pode ocorrer também estase jugular, pulso paradoxal, dispnéia, taquicardia e cianose de extremidades , sendo que os dois primeiros sinais, em alguns casos, podem estar ausentes ou serem confundidos com pneumotórax hipertensivo. A dissociação eletromecânica, na ausência de hipovolemia e de pneumotórax hipertensivo, sugere TC. Quando o paciente está refratário às manobras de ressucitação e tem sinais de tamponamento, está indicada a pericardiocentese subxifoideana com auxílio de uma derivação de ECG imediato. Mas, se o paciente estiver em condições de se fazer uma investigação mais detalhada, devem ser feitos exames complementares como Rx de tórax, ECG, ecocardiograma, em busca de derrame pericárdico e pericardite. Meyer e cols., em estudos na universidade do Texas, mostraram que o ecocardiograma é um bom exame para detecção de lesões cardíacas em ferimentos penetrantes na ausência simultânea de hemotórax. Na vigência deste, o ecocardiograma mostrou sérias limitações na identificação das lesões, sendo a pericardiotomia a conduta de escolha nessas situações. Além disso, vale ressaltar que o ECG usado isoladamente não auxilia muito o diagnóstico, já que, ele somente sofre alteração em derrames pericárdicos graves, que aumentem a interface meio/coração. Mas se ainda persistir a dúvida, mesmo após estes exames, deve ser realizada uma pericardiotomia subxifoideana; se esta for livre de sangue, faz-se a sutura por planos; se ocorrer a saída de menos de 50 ml de sangue, procede-se uma drenagem pericárdica e observa-se por 48 a 72 h. A toracotomia exploradora somente está indicada em sangramento contínuo, ausência de resposta após aspiração, recorrência após aspiração ou a presença de projétil de arma de fogo no espaço pericárdico. O diagnóstico diferencial do tamponamento cardíaco deve ser feito com o pneumotórax hipertensivo, já citado anteriormente.

Contusão Cardíaca

Este tipo de lesão ocorre em traumatismos fechados, pelos quais se procede à compressão do coração entre o esterno e a coluna. Em grandes afundamentos frontais do tórax deve-se sempre suspeitar de contusão cardíaca. As queixas de desconforto referidas pelo paciente geralmente são interpretadas como sendo devidas à contusão da parede torácica e a fraturas do esterno e/ou de costelas. O diagnóstico é feito pela intensa dor torácica, pela ecocardiografia bidimensional, pela dosagem de enzimas (TGO, CK-MB, CPK), pela história do trauma e pelo traçado do ECG, que pode mostrar desnivelamentos do segmento ST, fibrilação atrial, bloqueio de ramo direito, extrasístoles, etc. A elevação da pressão venosa central, na ausência de uma causa óbvia, pode indicar disfunção ventricular direita secundária à contusão. O tratamento baseia-se no repouso e na monitorização cardíaca em regime de UTI.

Contusão Pulmonar (com ou sem tórax instável)

A contusão pulmonar é a lesão torácica potencialmente letal mais comumente vista na América do Norte. A insuficiência respiratória pode ser sutil e, inicialmente, passar despercebida e desenvolver-se depois de algum tempo. O tratamento definitivo pode exigir alterações à medida que o tempo passa, com base na cuidadosa monitorização e reavaliação do paciente.

Alguns pacientes em condições estáveis podem ser tratados seletivamente, sem intubação endotraqueal ou ventilação mecânica. Os pacientes com hipóxia significante devem ser intubados e ventilados já na primeira hora após a lesão ou até mesmo traqueostomizados, se necessário. Enfermidades associadas, tais como doença pulmonar crônica e insuficiência renal, predispõem à necessidade de intubação precoce e de ventilação mecânica.

A intubação e a ventilação mecânica devem ser consideradas sempre que o paciente não conseguir manter uma oxigenação satisfatória ou apresentar uma das complicações descritas acima. Para um tratamento adequado são necessários oxímetro de pulso, gasometrias arteriais, monitorização eletrocardiográfica e equipamento apropriado para ventilação. Qualquer indivíduo com as enfermidades pré-existentes já mencionadas e que será transferido, deve ser intubado e ventilado.


Lesão de Grandes Vasos

A desaceleração brusca pode levar à ruptura total ou parcial da Aorta, pela aplicação de uma força de cisalhamento em seus pontos de fixação. Além deste mecanismo, outro que comumente acomete os grandes vasos são os penetrantes, principalmente os que incidem em terço superior do tórax. Somente 20% dos pacientes com lesão aórtica chegam vivos ao hospital e correspondem àqueles que mantiveram a integridade da íntima arterial.

Se o mecanismo de trauma sugerir uma lesão de aorta, deve-se estabelecer outros parâmetros, como pressão arterial, que pode estar diminuída, pulso, que pode estar diminuído e desigual, bem como a presença de sopros na área de projeção da aorta. Ao Rx, pode-se encontrar hematoma extrapleural apical esquerdo, mediastino alargado, desvio da traquéia para a direita, apagamento do botão aórtico, depressão do brônquio principal esquerdo e desvio da sonda nasogástrica (SNG) para a direita. Para fechar o diagnóstico, faz-se uma arteriografia, mas o tratamento não deve ser muito retardado, pois quanto mais tardio, maior serão as chances de complicações e óbito. O tratamento se baseia na reparação cirúrgica direta.


Ruptura Traumática do Diafragma

A ruptura traumática do diafragma é mais comumente diagnosticada do lado esquerdo, onde o aparecimento de alças intestinais, do estômago ou de SNG facilita a sua identificação. Uma hérnia do lado direito fica praticamente obliterada pelo fígado, o que dificulta o diagnóstico. O trauma contuso produz rupturas radiais grandes que levam à herniação. O trauma penetrante produz perfurações pequenas que levam algum tempo, às vezes anos, para resultar em hérnias diafragmáticas.

Estas lesões são diagnosticadas inicialmente se o Rx de tórax for interpretado erroneamente como apresentando elevação da cúpula diafragmática esquerda, dilatação gástrica aguda, pneumotórax loculado ou hematoma subpulmonar. Se for suspeitada uma laceração do hemidiafragma esquerdo, deve-se passar SNG. Quando a SNG aparece na cavidade torácica ao Rx de tórax, torna-se desnecessário o estudo contrastado. Ocasionalmente o diagnóstico não é feito pelo estudo radiográfico inicial ou mesmo após a colocação de um dreno de tórax à esquerda. Se o diagnóstico não estiver claro, deve-se realizar um estudo contrastado do TGI. A saída de líquido usado na lavagem peritoneal pelo dreno de tórax também confirma o diagnóstico.

A ruptura do hemidiafragma direito raramente é diagnosticada no período pós-traumático imediato. O fígado freqüentemente bloqueia a herniação de outro órgão intra-abdominal para a cavidade torácica. O aparecimento da elevação do hemidiafragma direito no Rx de tórax pode ser o único achado. Freqüentemente, a ruptura do diafragma é descoberta durante uma intervenção motivada por outra lesão abdominal. O tratamento é a sutura primária.


Laceração Tráqueo-Brônquica

As principais etiologias que levam a esse tipo de lesão são a desaceleração horizontal (força tipo momento), ferimento transfixante do mediastino médio e superior e compressão torácica intensa e fugaz.

O diagnóstico é dado, principalmente, pela história clínica, pelo tipo de trauma, pelo borbulhamento contínuo do selo d'água, por um enfisema subcutâneo evidente e por episódios de hemoptise no início do quadro clínico.

Se as bordas da lesão estiverem alinhadas e tamponadas, o tratamento se dá espontaneamente, porém, caso isso não ocorra, haverá a necessidade de uma toracotomia póstero-lateral direita.

A mais frequente e grave complicação desta lesão é o PTX hipertensivo.


Lesão Esofágica

Dentre as possíveis etiologias que podem levar a lesões esofágicas, os ferimentos penetrantes são os de maior destaque, em qualquer porção do esôfago. Entretanto, cabe ressaltar que existem outras etiologias, que podem acometer as porções mais inferiores do esôfago. Uma delas é a síndrome de Boerheave ou pós-emética, a qual leva a um rompimento total ou parcial da parede póstero-lateral do esôfago, devido a violentas náuseas ou vômitos, muitas vezes decorrentes de traumas crânio-encefálicos associados. Estes vômitos violentíssimos elevam subitamente a pressão intraluminal esofágica, resultando nessa ruptura espontânea. Do mesmo modo, os traumas fechados abdominais determinam picos elevados da pressão abdominal, podendo levar a lesões lineares no terço inferior do esôfago torácico.

O diagnóstico deve ser um tanto quanto rápido, pois as lesões esofágicas podem ser devastadoras se não tratadas rapidamente. O quadro clínico levanta a suspeita de lesão, que se manifesta por dor retroesternal, enfisema de mediastino e cervical, empiema pleural e febre. Para fechar o diagnóstico e localizar melhor a lesão, está indicado o esofagograma com contraste hidrossolúvel (Gastrografina). Ao Rx, pode-se encontrar um alargamento do mediastino. A esofagoscopia também está indicada, mas deve ser feita com muita cautela, pois esta pode agravar as lesões.

Como já comentado, o tratamento deve ser o mais precoce possível. Se diagnosticado a tempo e as lesões forem pouco extensas, está indicada uma toracotomia póstero-lateral direita para a confecção da sutura primária e posterior drenagem pleural. Mas, se as lesões forem mais extensas ou o diagnóstico for feito mais tardiamente, faz-se, num primeiro tempo, uma esofagostomia terminal com sepultamento do coto distal e uma gastrostomia, e num segundo tempo, se realiza a reconstrução através de uma esofagocoloplastia retroesternal.

Na associação de ferimentos penetrantes da traquéia e do esôfago, tem-se preconizado a interposição de um segmento de pulmão ou de epíplon entre eles, evitando, assim, as fístulas tráqueo-esofágicas, as quais demonstram um péssimo prognóstico.


Fisiopatologia da Morte Precoce no Traumatismo Torácico

O mecanismo básico da morte precoce no TT é a parada cardíaca anóxica. Esta anóxia pode ser provocada tanto por distúrbios respiratórios, quanto por distúrbios circulatórios, ou por ambos.

Nos distúrbios respiratórios, o sangue circula normalmente mas não é oxigenado. Ele pode ser causado por obstrução das vias respiratórias por aspiração de sangue, vômitos, corpos estranhos, etc., os quais impedem a chegada do oxigênio aos alvéolos. Mais raramente, pode ser causado por broncoespasmos, resultando numa obstrução funcional. Outra causa muito importante de distúrbios respiratórios são as alterações do espaço pleural, como pneumotórax, principalmente o hipertensivo e hemotórax, os quais impedem a expansão pulmonar, prejudicando a ventilação. Em lesões extensas da caixa torácica que causam tórax oscilante, também pode ocorrer uma insuficiência, pois não são gerados gradientes pressóricos adequados para a ventilação alveolar.

Já nos distúrbios circulatórios, o sangue não está "disponível" para ser oxigenado no pulmão, levando igualmente à anóxia tecidual. Uma grande causa de distúrbio circulatório é a hemorrágica, geralmente por acometimento de grandes vasos, parênquima ou hilo pulmonar, que podem levar prontamente ao choque. Outra causa é o tamponamento cardíaco, que resulta em uma grande queda do débito cardíaco, resultando em anóxia tecidual.

As causas tardias de morte por TT não serão aqui abordadas.


Mecanismos Profiláticos e Atenuadores dos Traumatismos Torácicos

Infelizmente, não cabe aos médicos o papel de prevenir as lesões traumáticas, mas sim de alertar as autoridades para a importância dessa prevenção. Deve haver, então, um maior rigor no cumprimento das normas de segurança no trabalho, como em construções civis, indústrias, etc., com o objetivo de prevenir ou mesmo atenuar os possíveis acidentes que, por vezes, acometem o segmento torácico, resultando em grande morbidade e mortalidade.

Na área automobilística, o uso do cinto de segurança deve ser amplamente divulgado, tanto nas rodovias, quanto nas cidades e a combinação da direção com o álcool deve ser intensamente coibida. Outro mecanismo muito efetivo é o air bag. Segundo estudos realizados na Alemanha, por Kuner e cols., mostrou-se que este mecanismo tem reduzido bruscamente as lesões crânio-encefálicas, cervicais e torácicas. Este país, em 1994, possuía mais de 60% de sua frota equipada com este dispositivo e cabe a nós lutarmos pela implantação deste sistema no Brasil, a baixos custos, tentando, com isto, minimizar tais lesões.

fonte: http://estudmed.com.sapo.pt/traumatologia/trauma_torax_4.htm