segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

INFECÇÃO DO TRATO URINARIO


INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA CRIANÇA

O problema urinário mais comum entre as crianças são as infecções. Estima-se que 3% das meninas e 1% dos meninos até 11 anos já tenham apresentado infecção do trato urinário. Estudiosos no assunto acreditam que essa estimativa seja baixa, pois muitas dessas infecções não são detectadas. Os sintomas nem sempre são óbvios para os pais, e as crianças menores são incapazes de descrever o que sentem. É muito importante reconhecer e tratar das infecções do trato urinário, pois não curadas podem causar sérios problemas renais, levando até a uma insuficiência renal.
Como é a função normal do Trato Urinário? Os rins filtram e removem as impurezas e a água do sangue produzindo a urina. São produzidos 20 ml por quilo por dia de urina nos adultos e um pouco menos na criança, dependendo de sua idade. A urina desce dos rins por dois tubos finos denominados ureteres e é então estocada na bexiga. Quando a bexiga está repleta, a criança relaxa os músculos da uretra e elimina a urina. O orifício externo da uretra nos meninos localiza-se na glande (cabeça do pênis) e nas meninas na vulva, acima do intróito vaginal.

Como o Trato Urinário torna-se infectado?

A urina normal não contém bactérias. As bactérias podem alcançar o Trato Urinário e a urina, provenientes da pele ao redor do reto e dos genitais, fazendo um trajeto ascendente, da uretra para a bexiga. Quando isso ocorre, a bactéria pode causar infecção e inflamação da bexiga, resultando em edema e dor nas regiões laterais e inferiores do abdome. É a chamada Cistite.
Se as bactérias sobem da bexiga pelos ureteres e alcançam os rins, uma Pielonefrite pode se instalar. Essa infecção é freqüentemente acompanhada de dor lombar e febre. As infecções renais são mais graves que as Cistites.

Quais são os sinais da Infecção do Trato Urinário?

As mucosas da bexiga, uretra, ureteres e rins ficam irritados com a ITU, como o nariz e a garganta no resfriado. Se a criança for um bebe ou tiver até dois anos de idade, os sinais de ITU podem não ser muito claros pois, ela não consegue contar o que sente. A criança pode ter febre alta, tornar-se irritada, ou simplesmente não se alimentar.
Uma criança maior com irritação da bexiga pode apresentar: 1) dor em baixo-ventre ou abdominal, 2) polaciúria ( urinar a todo instante, com ou sem dor, em pequena quantidade, às vezes só alguns pingos), 3) dor nas costas, 4) dificuldade em segurar a urina, molhando a roupa, e, 5) a urina pode ter mal cheiro ou parecer turva.


Como descobrir se a criança está com ITU?

O especialista que pode descobrir se a criança está com ITU ou não, deve ser um pediatra ou um urologista infantil.
A urina deve ser coletada no laboratório para os exames denominados: Urina tipo I, Urocultura e Antibiograma. Para a criança menor é usado um saco coletor estéril que se adere nos genitais dos meninos ou das meninas que ainda não adquiriram continência. Esse saco coletor deve ser trocado a cada 30 a 40 minutos enquanto a criança ainda não tiver urinado para que não se torne contaminado. As crianças maiores podem urinar em um coletor estéril com tampa. Antes dessa coleta, no laboratório, os genitais devem ser bem limpos, para que essa urina não se contamine com bactérias da pele ou da área perto do reto.
Nestes exames poderemos saber se a urina contém leucócitos (pus), hemácias (sangue), cristais ou bactérias. Também, através da urocultura poderemos conhecer o tipo de bactéria presente nessa urina e os antibióticos a que elas seriam sensíveis.

Como tratar a Infecção do Trato Urinário?

As ITU são tratadas com antibióticos. Após a coleta da urina, o médico já deve iniciar o tratamento com uso de antibiótico que mais freqüentemente é sensível às bactérias que comumente atacam o trato urinário. Ao ter o resultado da urocultura, o médico pode ou não necessitar trocar o antibiótico.
A via de administração e os dias necessários para o cura, serão determinados de acordo com o tipo da bactéria, a gravidade da infecção e o tipo de antibiótico empregado. Após poucos dias do início da medicação, a criança costuma estar bem melhor, mas é importante que seja administrada todo o antibiótico prescrito, para que a bactéria não adquira resistência àquela droga, e o paciente fique totalmente curado.
Outro ponto importante no tratamento e na prevenção das infecções do trato urinário é a adequada ingestão de líquidos que a criança deve ter durante todo o dia. Muitas vezes a criança, envolvida em seus afazeres e brincadeiras, esquece de pedir para tomar água; por isso devemos oferecer-lhe sempre que possível. Conte ao médico se a aceitação de líquidos pela criança não estiver sendo adequada, e por conseqüência a diurese (produção de urina) não for suficiente.

Quais exames realizar após a melhora da ITU?

Após a cura da infecção, deve-se fazer uma investigação do Trato Urinário com exames que estarão a cargo do Pediatra ou do Urologista Pediátrico solicitar. O tipo de exame pedido vai depender da idade da criança, dos sintomas e das circunstâncias encontradas com a ITU, e, com o tipo de infecção ocorrida. Serão aqui citados os exames existentes, não querendo dizer que se aplicam a todas as ITU nas crianças. Cada paciente deve ser analisado pelo seu médico e este deve solicitar um ou mais exames.


- Ultrassonografia de Rins e Vias Urinárias: exame que mostra, através de ondas sonoras, os rins e a bexiga. Através de sombras dos rins e da bexiga, poderemos saber sobre certas anormalidades congênitas ou não e sobre medidas de como estão funcionando os rins. É o primeiro exame que deve ser realizado sempre que uma criança tiver uma Infecção do Trato Urinário.


- Uretrocistografia Miccional: é um tipo de Raio-X contrastado que examina a uretra e a bexiga durante seu enchimento e esvaziamento. Um líquido iodado é introduzido na bexiga através de um cateter (sonda) colocado na uretra da criança, até que a bexiga esteja cheia e a criança inicie a micção. Esse exame demonstra anormalidades da uretra e da bexiga, e se a urina não retorna para os ureteres durante o seu enchimento ou o esvaziamento (Refluxo Vésico-Ureteral).


-Urografia Excretora: é um exame que demonstra todo o trato urinário através da injeção endovenosa de uma substância iodada, que aparece ao RX durante sua excreção pelos rins, ureteres e bexiga. O inconveniente do exame é a radiação recebida pela criança.
- Cintilografia Renal: exame que através da injeção endovenosa de uma substância radioisotópica, um aparelho capta as radiações e pode demonstrar a quantidade de função de cada rim, a sua excreção para o trato urinário e a presença ou não de lesões renais denominadas cicatrizes, que ocorrem em consequência de infecção urinária. A vantagem do exame em relação a Urografia Excretora é que, a cintilografia, não expõe a criança a radiações desnecessárias.

Quais anormalidades podem ser encontradas na criança com ITU?

Muitas crianças que apresentam ITU têm rins e bexigas normais, mas as que têm alguma anormalidade devem tê-la detectada o mais cedo possível, para que se tente proteger seus rins de maiores danos. Podem ocorrer as seguintes anormalidades:


- Refluxo Vésico-Ureteral: a urina normalmente desce dos rins para os ureteres em direção à bexiga. Com o refluxo, quando a bexiga se enche, a urina faz também o trajeto contrário, subindo até os rins. Essa anormalidade é comumente encontrada em crianças com infecção urinária.


- Obstrução Urinária: bloqueios do fluxo urinário podem ocorrer em qualquer parte do trato urinário. Muito comum é o aparecimento de bloqueios se o ureter ou uretra são muito estreitos ou também se ocorrer algum cálculo (pedra) renal. Ocasionalmente o ureter pode desembocar em local errado na bexiga.

As crianças menores são as mais predispostas ao risco de danos renais a partir de uma ITU. Esses danos incluem: cicatrizes renais, pequeno crescimento renal, função renal anormal, aumento da pressão arterial e outros problemas. Por essa razão, é importante que as crianças com Infecção do Trato Urinário tenha seu diagnóstico confirmado e o seu tratamento iniciado rapidamente, assim como, tenha um acompanhamento médico adequado.

INSTITUTO ISEXP: Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática