Um parasita é um organismo como, por exemplo, um animal unicelular (protozoário) ou um verme, que sobrevive habitando o interior de outro organismo, geralmente muito maior (o hospedeiro). As infecções parasitárias são comuns nas zonas rurais da África, da Ásia e da América do Sul, mas são raras nos países desenvolvidos. Contudo, os indivíduos oriundos de países desenvolvidos que visitam países em desenvolvimento podem ser infectados por parasitas e retornam ao seu país sem saber que são portadores de uma infecção, que pode não ser prontamente diagnosticada pelo fato de ser muito pouco freqüente.
Geralmente, os vermes penetram o organismo através da boca, embora alguns penetrem através da pele. Os vermes que infectam o intestino podem permanecer neste órgão ou podem penetrar a parede intestinal e infectar outros órgãos. Os vermes que penetram a pele freqüentemente perfuram a planta dos pés ou penetram a pele quando o indivíduo nada em águas infectadas. Quando o médico suspeita que um indivíduo pode apresentar uma infecção parasitária, ele pode ser solicitados exames de amostras de sangue, de fezes ou de urina. Além disso, ele pode realizar a coleta de uma amostra do líquido de um órgão ou de um tecido que parece estar infectado. Geralmente, são necessários vários exames para se detectar a presença de parasitas nessas amostras.
Os parasitas freqüentemente se reproduzem no hospedeiro que eles infectam, de modo que seus ovos algumas vezes são encontrados no hospedeiro. Se os parasitas se reproduzirem no trato digestivo, os ovos podem ser encontrados nas fezes do hospedeiro. Para estabelecer o diagnóstico de uma infecção parasitária, o médico geralmente realiza a coleta de três amostras de fezes com intervalos de 1 a 2 dias. Em algumas situações, as amostras de fezes são coletadas com o auxílio de um sigmoidoscópio (tubo de visualização flexível utilizado para examinar a porção inferior do intestino grosso). O indivíduo que fornece a amostra de fezes não deve utilizar antibióticos, laxantes ou antiácidos, pois esses medicamentos podem reduzir o número de parasitas e tornar a sua detecção laboratorial mais difícil. Alternativamente, para realizar o diagnóstico, é realizada a coleta de líquido do duodeno (porção superior do intestino delgado) ou a coleta de uma amostra do conteúdo intestinal com o auxílio de um fio de náilon passado através da boca.
Amebíase
A amebíase é uma infecção do intestino grosso causada pela Entamoeba histolytica, um parasita unicelular. A Entamoeba histolytica existe em duas formas durante o seu ciclo de vida: o parasita ativo (trofozoíto) e o parasita inativo (cisto). Os trofozoítos vivem no meio do conteúdo intestinal e alimentam-se de bactérias ou da parede intestinal. No início da infecção, os trofozoítos podem causar diarréia, que os expele do corpo. Fora do corpo, os frágeis trofozoítos morrem. Quando o indivíduo não apresenta diarréia, os trofozoítos geralmente transformam-se em cistos antes de deixar o intestino. Os cistos são muito resistentes e podem disseminar-se tanto diretamente (de um indivíduo a outro), ou indiretamente (através dos alimentos ou da água).
A transmissão direta, a via mais comum nos Estados Unidos, ocorre através do contacto com fezes infectadas. A disseminação da amebíase é mais provável entre indivíduos internados que apresentam más condições de higiene que entre os não internados e através do contacto sexual (particularmente entre homossexuais do sexo masculino) que através do contacto casual. A transmissão indireta dos cistos é mais comum em áreas onde as condições sanitárias são insatisfatórias (p.ex., campos de trabalho não permanentes). As frutas e os vegetais podem ser contaminados quando crescem em solo fertilizado com fezes humanas, quando lavados com água poluída ou quando preparados por alguém que está infectado.
Sintomas
A maioria dos indivíduos infectados, sobretudo aqueles que vivem em climas temperados, são assintomáticos. Algumas vezes, os sintomas são tão vagos que quase passam despercebidos. Os sintomas podem incluir a diarréia intermitente e a constipação, a flatulência (aumento de gases e dores abdominais tipo cólicas). O abdômen pode ser sensível à palpação e as fezes podem conter muco e sangue. O indivíduo pode apresentar uma discreta febre. Entre os episódios, os sintomas são reduzidos a cólicas recorrentes e a fezes líquidas ou muito moles. A emaciação e a anemia são comuns.
A invasão da parede intestinal pelos trofozoítos pode causar a formação de um grande nódulo (ameboma). O ameboma pode provocar a obstrução intestinal e ser confundido com o câncer. Ocasionalmente, os trofozoítos perfuram a parede intestinal. A liberação do conteúdo intestinal para o interior da cavidade abdominal produz uma dor abdominal intensa e uma peritonite (infecção abdominal), a qual exige atenção médica imediata. A invasão do apêndice e do intestino circunvizinho por trofozoítos pode causar uma forma leve de apendicite. A cirurgia de retirada do apêndice pode provocar a disseminação de trofozoítos por toda a cavidade abdominal.
Por essa razão, a cirurgia pode ser retardada 48 a 72 horas para que sejam administrados medicamentos que matam os trofozoítos. Pode ocorrer a formação de um abcesso cheio de trofozoítos. Os sintomas incluem a dor ou o desconforto na área sobre o fígado, febre intermitente, sudorese, calafrios, náusea, vômito, fraqueza, perda de peso e, ocasionalmente, icterícia discreta. Em determinados casos, os trofozoítos disseminam- se através da corrente sangüínea, causando infecção nos pulmões, no cérebro e em outros órgãos. A pele também pode ser infectada, sobretudo em torno das nádegas e dos órgãos genitais, assim como em feridas causadas por cirurgias ou por lesões.
Diagnóstico
A amebíase é diagnosticada através do exame de fezes do indivíduo infectado. Pode ser necessária a coleta de 3 a 6 amostras de fezes para que o diagnóstico seja estabelecido. Um proctoscópio (tubo de visualização flexível) pode ser utilizado para o exame do interior do reto e a coleta de uma amostra de tecido de qualquer úlcera que seja detectada nessa área. Os indivíduos com um abcesso hepático quase sempre apresentam concentrações séricas elevadas de anticorpos contra o parasita. No entanto, como esses anticorpos podem permanecer na corrente sangüínea durante meses ou anos, as concentrações elevadas de anticorpos não indicam necessariamente a existência de um abcesso. Por essa razão, quando um médico suspeita de um abcesso hepático, ele pode prescrever um medicamento amebicida (que mata amebas). Quando o medicamento é eficaz, considera-se que a amebíase é o diagnóstico correto.
Tratamento
Vários amebicidas administrados pela via oral (p.ex., iodoquinol, paromomicina e diloxanida) matam os parasitas intestinais. O metronidazol ou a dehidroemetina são administrados nos casos de doença grave e de doença localizada fora do intestino. São realizados exames de fezes 1, 3 e 6 meses após o tratamento para se assegurar que o paciente está curado.
Giardíase
A giardíase é uma infecção do intestino delgado causada pela Giardia lamblia, um parasita unicelular. A giardíase ocorre em todo o mundo, sendo especialmente comum entre crianças e nos locais onde as condições sanitárias são ruins. Nos Estados Unidos, a giardíase é uma das infecções parasitárias intestinais mais comuns. Ela é mais comum em homossexuais do sexo masculino e em indivíduos que viajaram para países em desenvolvimento. Ela também é mais freqüente em indivíduos que apresentam uma baixa acidez gástrica, que foram submetidos à remoção cirúrgica do estômago, que apresentam pancreatite crônica ou um comprometimento do sistema imune. O parasita é transmitido de um indivíduo a outro através de cistos eliminados nas fezes. A transmissão pode ocorrer diretamente entre as crianças ou parceiros sexuais ou indiretamente através de alimentos ou de água contaminados.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas, os quais são geralmente discretos, incluem a náusea intermitente, a eructação, a flatulência, o desconforto abdominal, fezes volumosas e fétidas e a diarréia. Quando a infecção é grave, o indivíduo pode tornar-se incapaz de absorver nutrientes alimentares importantes resultando na perda significativa de peso. A razão pela qual a giardíase interfere na absorção de nutrientes permanece desconhecida. Os sintomas sugerem o diagnóstico ao médico. Os resultados dos exames laboratoriais que revelam a presença do parasita nas fezes ou na secreção coletada do duodeno confirmam o diagnóstico. Como os indivíduos que estão infectados há muito tempo tendem a excretar os parasitas em intervalos imprevisíveis, pode ser necessária a realização de vários exames de fezes.
Tratamento
Administrada pela via oral, a quinacrina é muito eficaz contra a giardíase. Contudo, a quinacrina pode causar desconforto gastrointestinal e, raramente, ela produz um comportamento extremamente anormal (psicose tóxica). O metronidazol também é eficaz e causa menos efeitos colaterais, mas ele não foi até o momento aprovado para o tratamento da giardíase pela Food and Drug Administration. A furazolidona é menos eficaz que a quinacrina ou o metronidazol, mas, como está disponível na forma líquida, ela pode ser prescrita para as crianças. As mulheres grávidas podem ser tratadas com a paromomicina, mas somente quando os sintomas são graves. Os indivíduos que vivem com uma pessoa infectada ou que tiveram contato sexual com a mesma devem consultar um médico para a realização de exames e, quando necessário, realizar o tratamento.
Malária
A malária é uma infecção dos eritrócitos (glóbulos vermelhos, hemácias) causada pelo Plasmodium, um microrganismo unicelular. A malária é transmitida pela através da picada do mosquito fêmea infectado do gênero Anopheles, de uma transfusão de sangue contaminado ou de uma injeção com agulha anteriormente utilizada por uma pessoa infectada. Quatro espécies de parasitas – Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae – podem infectar o ser humano e causar a malária.
Os medicamentos e os inseticidas tornaram a malária rara nos Estados Unidos e na maioria dos países desenvolvidos, mas a infecção continua sendo comum nos trópicos. Os visitanes dos trópicos ou os viajantes que retornam dessas áreas algumas vezes são portadores da infecção e podem ser responsáveis pela ocorrência de uma pequena epidemia. O ciclo de vida do parasita da malária começa quando um mosquito fêmea pica um indivíduo com malária. O mosquito suga o sangue contendo parasitas, os quais deslocam-se até as glândulas salivares do mosquito.
Quando o mosquito pica um outro indivíduo, os parasitas são injetados juntamente com a saliva do mosquito. Uma vez no interior do indivíduo, os parasitas instalam-se no fígado, onde eles se multiplicam. Os parasitas amadurecem durante uma média de 2 a 4 semanas e, em seguida, deixam o fígado e invadem os eritrócitos. Os parasitas multiplicam- se nos eritrócitos e, finalmente, provocam a ruptura das células infectadas. O Plasmodium vivax e o Plasmodium ovale podem permanecer nas células hepáticas e liberam periodicamente parasitas maduros na corrente sangüínea, provocando episódios com sintomas da malária.
O Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae não permanecem no fígado; mas, quando a infecção não é tratada ou é tratada de modo inadequado, a forma madura do Plasmodium falciparum pode permanecer na corrente sangüínea durante meses e a forma madura do Plasmodium malariae durante anos, causando repetidos episódios com sintomas da malária.
Sintomas e Padrões da Malária
Malária Vivax e Ovale O episódio pode iniciar abruptamente com calafrios e tremores, acompanhados por sudorese e febre intermitente. Em uma semana, o padrão típico de episódios intermitentes é estabelecido. Um período de cefaléia ou de mal-estar pode ser seguido por calafrios com tremores. A febre dura 1 a 8 horas. Após o desaparecimento da febre, o indivíduo sente-se bem até os próximos calafrios. Na malária vivax, novos ataques tendem a ocorrer a cada 48 horas. Malária Falciparum O episódio pode iniciar com calafrios. A temperatura corpórea aumenta gradualmente e, a seguir, cai abruptamente. Esse episódio pode durar 20 a 36 horas. O indivíduo pode sentir um mal-estar mais acentuado que o provocado pela malária vivax e apresenta uma cefaléia intensa. Entre os episódios, durante intervalos que variam de 36 a 72 horas, o paciente normalmente sente-se muito mal e apresenta uma febre discreta. Malária Malariae Freqüentemente, o episódio inicia abruptamente. Ele é semelhante ao da malária vivax, mas recorre a cada 72 horas. |
Dados Que Devem Ser Recordados Sobre a Malária
• Os medicamentos utilizados para a prevenção não são 100% eficazes • Os sintomas podem iniciar um mês ou mais após a picada pelo mosquito infectante • Os sintomas iniciais são inespecíficos e freqüentemente confundidos com os da gripe • O rápido diagnóstico e o tratamento precoce são importantes, particularmente nos casos de malária falciparum, a qual é fatal em até 20% dos indivíduos infectados |
Sintomas e Complicações
Geralmente, os sintomas iniciam 10 a 35 dias após o mosquito haver injetado o parasita no indivíduo. Freqüentemente, os sintomas iniciais são a febre baixa e intermitente, a cefaléia, as dores musculares e os calafrios, juntamente com uma sensação de mal-estar generalizado. Algumas vezes, os sintomas começam com calafrios com tremores acompanhados por febre. Esses sintomas duram 2 a 3 dias e são freqüentemente considerados como sintomas do resfriado. Os sintomas subseqüentes e os padrões da doença variam de acordo com o tipo de malária. Na malária falciparum, pode ocorrer uma disfunção cerebral, uma complicação denominada malária cerebral.
Os sintomas incluem uma febre de no mínimo 40°C, cefaléia intensa, sonolência, delírio e confusão mental. A malária cerebral pode ser fatal. Ela ocorre com maior freqüência em lactentes, mulheres grávidas e indivíduos que viajam para áreas de alto risco. Nos casos de malária vivax, o indivíduo pode apresentar delírio quando a febre é alta, mas, além do que, os sintomas cerebrais são incomuns. Em todos os tipos de malária, a contagem leucocitária geralmente é normal, mas o número de linfócitos e monócitos (dois tipos específicos de leucócito) encontra-se elevado.
Quando a malária não é tratada, é comum a ocorrência de uma icterícia discreta e aumento do fígado e do baço. A baixa concentração sérica de açúcar (glicose) é comum, podendo ser grave em indivíduos que apresentam uma quantidade elevada de parasitas. A concentração sérica de açúcar pode cair ainda mais nos indivíduos tratados com quinina. Algumas vezes, a malária persiste quando baixos níveis de parasitas permanecem no sangue. Os sintomas incluem a apatia, cefaléias periódicas, mal-estar, inapetência, fadiga e episódios de calafrios e febre. Os sintomas são consideravelmente mais leves e os episódios não duram tanto quanto o primeiro.
Quando o indivíduo não é tratado, os sintomas da malária vivax, ovale ou malariae desaparecem espontaneamente em 10 a 30 dias, podendo retornar em intervalos variáveis. A malária falciparum não tratada é fatal em até 20% dos casos. A febre hemoglobinúrica (febre de urina negra) é uma complicação rara da malária causada pela ruptura de grandes quantidades de eritrócitos. A ruptura libera a hemoglobina (um pigmento vermelho) na corrente sangüínea. A hemoglobina, a qual é então excretada na urina, a torna escura. A febre hemoglobinúrica ocorre quase que exclusivamente em indivíduos com malária falciparum crônica, especialmente naqueles que utilizaram a quinina no tratamento.
Toxoplasmose: Sintomas e Problemas
Os sintomas da toxoplasmose variam de acordo com a forma da infecção. A toxoplasmose linfática leve pode assemelhar-se à mononucleose infecciosa. Os sintomas incluem o aumento de tamanho (geralmente indolor) dos linfonodos do pescoço e das axilas, mal estar, dores musculares e febre baixa e flutuante que pode durar semanas ou meses e, finalmente desaparece. O indivíduo também pode apresentar uma anemia discreta, hipotensão arterial, baixa contagem leucocitária e resultados discretamente anormais das provas da função hepática. Comumente, no entanto, os indivíduos infectados apresentam apenas linfonodos aumentados de volume e indolores no pescoço. A toxoplasmose crônica produz inflamação no interior do olho. Freqüentemente, os outros sintomas são vagos. A toxoplasmose aguda disseminada pode produzir erupção cutânea, febre alta, calafrios e fadiga extrema. Este tipo de toxoplasmose ocorre principalmente em indivíduos com comprometimento do sistema imune. Em alguns, a infecção produz meningoencefalite (inflamação do cérebro e de seu revestimento), hepatite (inflamação do fígado), pneumonite (inflamação dos pulmões) ou miocardite (inflamação do coração). A toxoplasmose em indivíduos com AIDS pode disseminar-se por todo o corpo. Mais freqüentemente, ela causa encefalite (inflamação do cérebro), a qual pode paralisar metade do corpo, diminuir a sensibilidade em áreas específicas e causar convulsões, tremores, cefaléia, confusão mental ou coma. |
Diagnóstico
O médico suspeita de malária quando um indivíduo apresenta episódios periódicos de calafrios e febre sem causa aparente. A suspeita é maior quando no ano precedente o indivíduo visitou uma área onde a malária é prevalente e quando ele apresenta um baço aumentado de volume. A identificação do parasita em uma amostra de sangue confirma o diagnóstico. Podem ser necessárias várias amostras para se estabelecer o diagnóstico, uma vez que a concentração de parasitas no sangue varia no decorrer do tempo. O resultado do exame laboratorial identifica a espécie de Plasmodium encontrada na amostra, pois o tratamento, as complicações e o prognóstico variam de acordo com a espécie envolvida.
Prevenção e Tratamento
Os indivíduos que habitam áreas infestadas pela malária ou que viajam para esses locais devem tomar precauções. Eles podem utilizar aerossóis inseticidas de ação prolongada nas casas e nas áreas externas, devem colocar telas nas portas e janelas, usar mosquiteiros sobre as camas e aplicar repelentes de mosquitos sobre a pele. Eles também podem utilizar vestimentas suficientes, particularmente após o pôr-do-sol, para proteger a pele o máximo possível contra as picadas de mosquitos. Drogas podem ser indicadas para se evitar a malária durante uma viagem a uma área com risco de contágio.
O tratamento com drogas é iniciado uma semana antes da viagem, continuado durante a permanência no local e mantido por 1 mês após o retorno. A droga mais comumente utilizada é a cloroquina. Entretanto, em muitas regiões do mundo existem cepas de Plasmodium falciparum resistentes a essa droga. Outras drogas incluem a mefloquina e a doxiciclina. No entanto, as crianças com menos de 8 anos de idade e as gestantes não podem utilizar a doxiciclina. Não existe um tratamento medicamentoso totalmente eficaz para prevenir a infecção. Os viajantes que apresentam febre enquanto se encontram em uma região de risco devem ser imediatamente examinados por um médico.
A pirimetamina-sulfadoxina, uma combinação de drogas, pode ser utilizada para automedicação até que o indivíduo consiga auxílio médico. O tratamento depende do tipo de malária e da existência ou não na área geográfica de cepas do parasita que são resistentes à cloroquina. Contra um episódio agudo de malária falciparum em uma área que há incidência de cepas resistentes à cloroquina, o indivíduo pode utilizar a quinina ou pode lhe ser administrada a quinidina intravenosa. Para os demais tipos de malária, a resistência à cloroquina é menos comum e, por essa razão, o indivíduo normalmente deve utilizar cloroquina seguida pela primaquina.
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma infecção causada pelo Toxoplasma gondii, um parasita unicelular. A reprodução sexual desse parasita ocorre apenas nas células que revestem o intestino dos gatos. Os ovos (oocistos) são eliminados nas fezes desses mamíferos. Os indivíduos adquirem a infecção ao consumir carne crua ou cozida inadequadamente que contém a forma inativa (cistos) do parasita ou através do contacto com o solo que contém oocistos oriundos das fezes de gato. Quando uma mulher grávida é infectada, a infecção pode ser transmitida ao feto através da placenta. Ela pode abortar, o recém-nascido pode nascer morto ou com toxoplasmose congênita.
Sintomas
As crianças com toxoplasmose congênita podem apresentar sintomas graves e rapidamente fatais ou podem ser assintomáticos. Os sintomas incluem a inflamação dos olhos que evolui para a cegueira, icterícia intensa, equimoses fáceis, convulsões, uma cabeça muito grande ou muito pequena e um retardo mental grave. Sintomas muito discretos podem ocorrer logo após o nascimento, mas eles ocorrem mais freqüentemente meses ou vários anos depois. A toxoplasmose adquirida após o nascimento raramente causa sintomas e é geralmente diagnosticada quando um exame de sangue revela a presença de anticorpos contra o parasita. No entanto, algumas vezes ocorrem sintomas e eles variam de acordo com o tipo de toxoplasmose: linfática leve, toxoplasmose crônica ou toxoplasmose aguda disseminada. Nos doentes com AIDS, a toxoplasmose apresenta uma série de problemas diferentes.
Diagnóstico
O diagnóstico de toxoplasmose é normalmente estabelecido através de um exame de sangue que revela a presença de anticorpos contra o parasita. Entretanto, quando o indivíduo apresenta um comprometimento do sistema imune, pode ser necessária a realização de uma tomografia computadorizada (TC) ou de uma ressonância magnética (RM) do cérebro para se estabelecer o diagnóstico.
Tratamento e Prognóstico
A toxoplasmose em recém-nascidos e em indivíduos com comprometimento do sistema imune é tratada com espiramicina ou sulfadiazina associada à pirimetamina. A toxoplasmose em indivíduos com AIDS tende a recorrer com tanta freqüência que o tratamento é mantido indefinidamente. O tratamento durante a gestação é controverso, pois a droga pode causar lesão fetal. Como a doença desaparece espontaneamente na maioria dos adultos com sistema imune normal, as gestantes normalmente não são tratadas com medicamentos, exceto quando um órgão vital (p.ex., olhos, cérebro ou coração) é infectado ou quando os sintomas são suficientemente graves e afetem todo o corpo. O prognóstico para os indivíduos com toxoplasmose adquirida após o nascimento é bom, exceto para aqueles com comprometimento do sistema imune (p.ex., indivíduos com AIDS), para os quais a toxoplasmose é freqüentemente fatal.
Babesiose
A babesiose é uma infecção dos glóbulos vermelhos causada por parasitas do gênero Babesia. Carrapatos de carapaça dura – os mesmos carrapatos de cervos que causam a doença de Lyme – transmitem os parasitas Babesia. Embora a infecção seja comum em animais, o ser humano raramente é infectado. Os sintomas incluem a febre e a anemia causada pela ruptura dos eritrócitos. Para os indivíduos que tiveram o baço removido, o risco de morte é elevado. Nesses indivíduos, a infecção é muito semelhante à malária falciparum.
Ela produz febre alta, anemia, presença de hemoglobina na urina, icterícia e insuficiência renal. Um indivíduo com um baço funcionante apresenta uma doença mais leve que geralmente desaparece espontaneamente em semanas ou meses. A maioria dos casos dede babesiose nos Estados Unidos (que foram contraídos em ilhas situadas ao largo dos estados de Nova York e Massachusetts) são brandos. O diagnóstico é estabelecido através da identificação dos parasitas, os quais assemelham-se aos causadores da malária. O tratamento consiste no uso da clindamicina.
Tricuríase
A tricuríase é uma infecção causada por Trichuris trichiura, um verme nematódeo intestinal. Este parasita ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, onde as más condições sanitárias e o clima quente e úmido fornecem as condições necessárias para que os ovos sejam incubados no solo. A infecção ocorre quando um indivíduo consome alimentos que contêm ovos incubados no solo por 2 a 3 semanas. As larvas eclodem no intestino delgado, migram para o intestino grosso e enterram suas cabeças no revestimento intestinal. Cada larva cresce até atingir um comprimento de aproximadamente 11 centímetros. As fêmeas maduras produzem 5.000 ovos por dia, que são eliminados nas fezes.
Sintomas e Diagnóstico
Somente uma infecção maciça causa os sintomas de dor abdominal e diarréia. Infecções muito mais intensas podem causar sangramento intestinal, anemia, perda de peso e apendicite. Ocasionalmente, pode ocorrer prolapso retal (exteriorização do reto através do ânus), especialmente em crianças e em mulheres em trabalho de parto. Os ovos apresentam uma forma de barril e geralmente são visíveis ao exame microscópio de amostras de fezes.
Prevenção e Tratamento
A prevenção depende do uso de instalações sanitárias, da manutenção de uma boa higiene pessoal e evitando-se o consumo de vegetais crus que não tenham sido lavados. As infecções leves não necessitam ser tratadas. Quando o tratamento é necessário, o medicamento de escolha é o mebendazol. No entanto, ele não pode ser administrado a mulheres grávidas devido aos seus efeitos potencialmente nocivos ao feto.
Ascaridíase
A ascaridíase é uma infecção causada pelo Ascaris lumbricoides, um verme nematódeo intestinal. A infecção ocorre no mundo todo, mas é mais comum nas regiões quentes com más condições sanitárias, onde ela persiste em grande parte devido à defecação indiscriminada das crianças. O ciclo de vida do parasita Ascaris se parece com o do parasita causador da tricuríase, excetuando- se o fato das larvas do Ascaris também migrarem até os pulmões.
Assim que eclode, a larva migra através da parede do intestino delgado, sendo transportada pelos vasos linfáticos e pela corrente sangüínea até os pulmões. Nos pulmões, a larva passa para os alvéolos (sacos aéreos), ascende pelo trato respiratório e é deglutida. A larva amadurece no intestino delgado, onde permanece como verme adulto. Os vermes adultos possuem um comprimento que varia de 15 a 50 centímetros e um diâmetro de 2,5 a 5 milímetros. Os sintomas podem ser causados pela migração da larva através dos pulmões e pela presença dos vermes adultos no intestino.
Sintomas e Diagnóstico
A migração das larvas através dos pulmões pode causar febre, tosse e sibilos. Uma infecção intestinal maciça pode causar cólicas abdominais e, ocasionalmente, obstrução intestinal. A má absorção de nutrientes pode ser provocada por uma concentração maciça de vermes. Ocasionalmente, os vermes adultos provocam a obstrução do apêndice, das vias biliares ou do ducto pancreático. A infecção pelo verme adulto é geralmente diagnosticada através da identificação de ovos em uma amostra de fezes. Ocasionalmente, os exames laboratoriais revelam a presença de vermes adultos nas fezes ou no vômito ou de larvas no escarro. No sangue, o número de eosinófilos (um tipo de leucócito) pode aumentar. Em uma radiografia torácica, podem ser observados sinais da migração.
Prevenção e Tratamento
A prevenção exige uma condição sanitária adequada e o não consumo de vegetais não lavados. O tratamento consiste no uso de pamoato de pirantel ou de mebendazol. Entretanto, o mebendazol não pode ser utilizado por mulheres grávidas devido aos seus possíveis efeitos nocivos sobre o feto.
Infecção por Ancilostomídeos
A infecção por ancilostomídeos é causada por um verme nematódeo intestinal, seja o Ancylostoma duodenale ou o Necator americanus. Aproximadamente um quarto da população do mundo encontra-se infectado por ancilostomídeos. A infecção é mais comum em lugares quentes e úmidos onde as condições sanitárias são inadequadas. O Ancylostoma duodenale é encontrado na área do Mediterrâneo, na Índia, na China e no Japão; o Necator americanus é encontrado nas regiões tropicais da África, na Ásia e nas Américas.
Hoje em dia, eles são raramente transmitidos na região sul dos Estados dos Estados Unidos. No ciclo de vida de qualquer um desses ancilostomídeos, os ovos são eliminados nas fezes e eclodem no solo após uma incubação de 1 a 2 dias. Algumas vezes, as larvas são liberadas e vivem no solo. O ser humano pode ser infectado ao andar descalço em um campo contaminado com fezes humanas, pois as larvas podem penetrar através da pele. As larvas atingem os pulmões pelos vasos linfáticos e pela corrente sangüínea. A seguir, eles ascendem pelo trato respiratório e são deglutidas. Aproximadamente uma semana após haverem penetrado a pele, elas chegam ao intestino. As larvas fixam-se através da boca ao revestimento da porção superior do intestino delgado e sugam sangue.
Sintomas e Diagnóstico
No ponto em que as larvas penetram a pele, pode ocorrer a formação de uma erupção cutânea plana, um pouco elevada e pruriginosa .A migração das larvas através dos pulmões pode causar febre, tosse e sibilos. Freqüentemente, os vermes adultos causam dor na região abdominal superior. Devido ao sangramento intestinal, pode ocorrer anemia ferropriva e concentração sérica baixa de proteínas. Nas crianças, pode ocorrer retardo do crescimento, insuficiência cardíaca e edema tecidual generalizado em decorrência da perda de sangue intensa e prolongada. Quando a infecção produz sintomas, os ovos geralmente são visíveis em uma amostra de fezes. Quando as fezes são examinadas somente várias horas após a coleta, os ovos podem eclodir e liberar.
Tratamento
A prioridade do tratamento é a correção da anemia, que normalmente melhora com a administração de suplementos orais de ferro. No entanto, em determinados casos, pode ser necessária a administração de ferro injetável. Nos casos graves, a transfusão sangüínea pode ser necessária. Quando a condição do indivíduo é estável, pode ser administrado um medicamento oral (p.ex., pamoato de pirantel ou mebendazol) por 1 a 3 dias para matar os ancilostomídeos. Esses medicamentos não devem ser utilizados por mulheres grávidas.
Triquinose
A triquinose é uma infecção parasitária causada pela Trichinella spiralis. A triquinose ocorre na maioria das regiões do mundo, mas é rara ou ausente nas regiões onde os porcos são alimentados com raízes vegetais, como na França. Nos Estados Unidos, a triquinose tornou-se rara. A infecção é decorrente do consumo da ingestão de carne de porco ou de seus derivados cozidos ou processados de forma inadequada. Em raros casos, ela pode ser decorrente da ingestão de carne de urso, de porco do mato e de alguns mamíferos marinhos. Qualquer desses animais pode conter uma forma cística das larvas (triquina).
Quando a parede do cisto é digerida no estômago ou no duodeno, as larvas são liberadas e penetram na parede do intestino delgado. Em dois dias, as larvas amadurecem e se reproduzem. Os vermes machos não têm mais qualquer papel na produção da infecção. As fêmeas permanecem aninhadas na parede intestinal e, em torno do sétimo dia, começam a liberar larvas vivas. Cada fêmea pode produzir mais de 1.000 larvas. A produção continua durante 4 a 6 semanas, após as quais a fêmea morre e é digerida.
As minúsculas larvas são transportadas por todo o corpo através dos vasos linfáticos e da corrente sangüínea. Apenas aquelas que conseguem atingir os músculos esqueléticos sobrevivem. Essas larvas penetram nos músculos e causam inflamação. No final do terceiro mês, elas formam cistos. Certos músculos (p.ex., língua, músculos dos olhos e músculos intercostais) são particularmente propensos à infecção. As larvas que atingem o miocárdio (músculo cardíaco) morrem devido à intensa reação inflamatória que provocam.
Sintomas
Os sintomas variam, dependendo do número de larvas invasoras, dos tecidos invadidos e do estado físico geral do indivíduo. Muitos indivíduos não apresentam qualquer sintoma. Algumas vezes, ocorrem sintomas intestinais e uma febre discreta 1 a 2 dias após o consumo de carne infectada. No entanto, os sintomas da invasão larvária geralmente ocorrem após 7 a 15 dias. O edema das pálpebras superiores é um dos sintomas iniciais mais característicos, ocorrendo de forma abrupta em torno do décimo-primeiro dia da infecção.
A seguir, ocorrem hemorragias da esclera e da porção porsterior dos olhos, dor ocular e sensibilidade à luz intensa. A sensibilidade e a dor muscular, juntamente com uma erupção cutânea e hemorragia subungueal, podem ocorrer logo em seguida. A dor é pronunciada nos músculos respiratórios, da fala, da mastigação e da deglutição. Pode ocorrer uma grande dificuldade respiratória, a qual pode inclusive acarretar a morte. Os sintomas adicionais podem incluir a sede, a sudorese abundante, a febre, calafrios e a fraqueza. Geralmente, a febre é intermitente, freqüentemente atingindo pelo menos 39 °C, permanecendo elevada durante vários dias e, a seguir, caindo gradualmente.
À medida que o sistema imunológico destrói as larvas fora dos músculos, os linfonodos, assim como o cérebro e as meninges, podem inflamar e o indivíduo pode apresentar distúrbios de visão e de audição. Os pulmões ou a pleura (a membrana que reveste os pulmões) e o coração também podem inflamar. A insuficiência cardíaca pode ocorrer entre a quarta e a oitava semana. A maioria dos sintomas desaparece em torno do terceiro mês, embora possa ocorrer a persistência de dores musculares vagas e de fadiga durante meses.
Diagnóstico
Enquanto o parasita permanece no intestino, não existe qualquer teste capaz de confirmar o diagnóstico. Uma biópsia de tecido muscular (coleta de uma amostra de tecido para exame microscópico), realizada após a quarta semana de infecção, pode revelar a presença de larvas ou cistos. O parasita raramente é encontra do nas fezes, no sangue ou no líquido cefalorraquidiano (líquido que circunda o cérebro e a medula espinhal).
Os exames de sangue são razoavelmente confiáveis, embora possam ocorrer resultados falsonegativos (resultados que não indicam infecção quando, na verdade, ela existe), particularmente quando eles são realizados nas 2 semanas subseqüentes ao início da doença. Normalmente, a concentração de eosinófilos (um tipo de leucócito) começa a aumentar em torno da segunda semana, atinge o máximo em torno da terceira ou quarta semana e, em seguida, diminui gradualmente. Os testes cutâneos não são confiáveis.
Prevenção e Tratamento
A triquinose é prevenida através do cozimento completo da carne de porco, de seus produtos derivados e de outras carnes. Alternativamente, as larvas podem ser mortas através do congelamento de carnes a –15 °C durante 3 semanas ou a –20 °C durante 1 dia. Contudo, as larvas dos mamíferos do Ártico parecem ser capazes de sobreviver a temperaturas mais baixas.
O mebendazol e o tiabendazol, medicamentos administrados pela via oral, são eficazes contra o parasita. O repouso ao leito ajuda a aliviar as dores musculares, mas pode ser necessária a administração de analgésicos (p.ex., aspirina ou codeína). Os corticosteróides (p.ex., prednisona) podem ser utilizados para reduzir a inflamação do coração ou do cérebro. A maioria dos indivíduos com triquinose recupera-se completamente.
Toxocaríase
A toxocaríase (larva migrans visceral) é uma infecção decorrente da invasão de órgãos por larvas de nematódeos, como a Toxocara canis e a Toxocara cati. Os ovos do parasita desenvolvem-se no solo contaminado por fezes de cães e gatos infectados. As caixas de areia para crianças, onde os gatos freqüentemente defecam, representam um perigo. Os ovos podem ser diretamente transferidos para a boca quando a criança brinca na areia contaminada ou a ingere.
Após serem deglutidos, os ovos eclodem no intestino. As larvas penetram a parede intestinal e são disseminadas através do sangue. Praticamente todos os tecidos do corpo podem ser envolvidos, sobretudo o cérebro, os olhos, o fígado, o pulmão e o coração. As larvas podem permanecer vivas durante muitos meses, produzindo lesões ao migrarem para os tecidos e causando inflamação pela sua presença.
Sintomas e Diagnóstico
Normalmente, a toxocaríase provoca uma infecção relativamente leve em crianças com idade entre 2 e 4 anos, mas as crianças maiores e os adultos também podem ser afetados. Os sintomas podem iniciar algumas semanas após a infecção ou podem ocorrer após vários meses, dependendo da intensidade e do número de exposições e da sensibilidade do indivíduo às larvas. Inicialmente, o indivíduo pode apresentar febre, tosse, sibilos e aumento do fígado.
Alguns apresentam erupção cutânea, aumento do baço e pneumonia recorrente. As crianças maiories podem apresentar ou não sintomas discretos, podendo, no entanto, apresentar uma lesão ocular que compromete a visão e que pode ser confundida com um tumor maligno do olho. O médico pode suspeitar de toxocaríase em um indivíduo que apresenta concentração elevada de eosinófilos (um tipo de leucócito), aumento do fígado, inflamação dos pulmões, febre e concentrações séricas elevadas de anticorpos. O exame de uma amostra de tecido hepático (obtida através de uma biópsia) pode revelar a presença de larvas ou de inflamação decorrente da sua presença.
Prevenção e Tratamento
Os cães e gatos infectados, particularmente os com menos de 6 meses de idade, devem ser tratados regularmente com vermífugos, iniciando o tratamento antes deles atingirem 4 semanas de vida. A cobertura das caixas de areia quando não estão sendo utilizadas impede que os animais defequem nelas. No ser humano, a infecção geralmente desaparece espontaneamente em 6 a 18 meses. A eficácia de qualquer tratamento é incerta. O melhor tratamento é provavelmente o mebendazol e a dietilcarbamazina pode ser útil. Algumas vezes, a prednisona é administrada para controlar os sintomas.
Infecção pela Tênia Bovina
A infecção pela tênia bovina é a infecção causada pelo cestóide Taenia saginata. Esta infecção é particularmente comum na África, no Oriente Médio, no leste europeu, no México e na América do Sul. Embora seja incomum nos Estados Unidos, a infecção ocorre em muitos estados. produzindo lesões ao migrarem para os tecidos e causando inflamação pela sua presença.
Sintomas e Diagnóstico
Normalmente, a toxocaríase provoca uma infecção relativamente leve em crianças com idade entre 2 e 4 anos, mas as crianças maiores e os adultos também podem ser afetados. Os sintomas podem iniciar algumas semanas após a infecção ou podem ocorrer após vários meses, dependendo da intensidade e do número de exposições e da sensibilidade do indivíduo às larvas. Inicialmente, o indivíduo pode apresentar febre, tosse, sibilos e aumento do fígado.
Alguns apresentam erupção cutânea, aumento do baço e pneumonia recorrente. As crianças maiories podem apresentar ou não sintomas discretos, podendo, no entanto, apresentar uma lesão ocular que compromete a visão e que pode ser confundida com um tumor maligno do olho. O médico pode suspeitar de toxocaríase em um indivíduo que apresenta concentração elevada de eosinófilos (um tipo de leucócito), aumento do fígado, inflamação dos pulmões, febre e concentrações séricas elevadas de anticorpos. O exame de uma amostra de tecido hepático (obtida através de uma biópsia) pode revelar a presença de larvas ou de inflamação decorrente da sua presença.
Prevenção e Tratamento
Os cães e gatos infectados, particularmente os com menos de 6 meses de idade, devem ser tratados regularmente com vermífugos, iniciando o tratamento antes deles atingirem 4 semanas de vida. A cobertura das caixas de areia quando não estão sendo utilizadas impede que os animais defequem nelas. No ser humano, a infecção geralmente desaparece espontaneamente em 6 a 18 meses. A eficácia de qualquer tratamento é incerta. O melhor tratamento é provavelmente o mebendazol e a dietilcarbamazina pode ser útil. Algumas vezes, a prednisona é administrada para controlar os sintomas. Infecção pela Tênia Bovina A infecção pela tênia bovina é a infecção causada pelo cestóide Taenia saginata. Esta infecção é particularmente comum na África, no Oriente Médio, no leste europeu, no México e na América do Sul.
Embora seja incomum nos Estados Unidos, a infecção ocorre em muitos estados. O verme adulto vive no intestino humano e pode atingir 4,5 ou 9 metros de comprimento. Anéis do verme contendo ovos (proglotes) são eliminados nas fezes e ingeridos por bovinos. Os ovos eclodem no interior desses animais e invadem a parede intestinal. Em seguida, eles são transportados pela corrente sangüínea até os músculos esqueléticos, onde formam cistos (cisticercos). O ser humano é infectado ao consumir carne bovina crua ou mal cozida que contém cistos. Sintomas e Diagnóstico Apesar da infecção normalmente ser assintomática, alguns indivíduos sentem uma dor na região abdominal superior, apresentam febre e perda de peso. Ocasionalmente, um indivíduo infectado pode sentir a passagem de um fragmento do verme através do ânus.
O diagnóstico é geralmente estabelecido quando uma porção do verme é observada nas fezes. O médico pode pressionar a face adesiva de uma fita adesiva contra a área perianal e, em seguida, coloca a fita sobre uma lâmina e a examina ao microscópio, buscando a presença de ovos do parasita. Prevenção e Tratamento A infecção pela tênia bovina pode ser evitada através do cozimento da carne bovina a uma temperatura mínima de 56°C durante pelo menos 5 minutos. O indivíduo infectado é tratado com niclosamida ou praziquantel administrados pela via oral. Um novo exame de fezes é realizado 3 e 6 meses após para se assegurar que a infecção foi eliminada.
Infecção pela Tênia Suína
A infecção pela tênia suína é uma infecção intestinal causada pela Taenia solium adulta. A infecção pelo estágio larval do verme causa a cisticercose. As infecções pela tênia suína são comuns na Ásia, na antiga União Soviética, no leste europeu e na América Latina. Nos Estados Unidos, a infecção é rara, exceto entre os imigrantes e os indivíduos que viajam para áreas de alto risco. A tênia adulta mede 2,5 a 3 metros de comprimento.
Ela é composta por uma cabeça que contêm numerosos ganchos pequenos e por um corpo composto de 1.000 anéis que contêm ovos (proglotes). O seu ciclo de vida é semelhante ao da tênia bovina, com a diferença de que o hospedeiro intermediário são os suínos e não os bovinos. O ser humano também pode atuar como hospedeiro intermediário; os ovos atingem o estômago quando um indivíduo os ingere ou quando os proglotes são regurgitados do intestino para o estômago. Os embriões são liberados no estômago. Em seguida, eles penetram a parede intestinal e migram até os músculos, os órgãos internos, o cérebro e o tecido subcutâneo, onde formam cistos. Os cistos vivos causam apenas uma discreta reação tecidual, enquanto que os cistos mortos desencadeiam uma reação mais intensa.
Sintomas e Diagnóstico
A infecção produzida pelo verme adulto geralmente é assintomática. A infecção maciça por cistos pode causar dores musculares, fraqueza e febre. Quando a infecção atinge o cérebro e as meninges (membranas que revestem o cérebro), essas estruturas podem inflamar. Convulsões também podem ocorrer. Nas infecções causadas por vermes adultos, podem ser observados ovos em torno do ânus ou nas fezes. Para diferenciar a tênia suína de outras tênias, é necessária a detecção de um proglote ou de uma cabeça do verme nas fezes e examiná-los ao microscópio.
Os cistos vivos localizados em tecidos como o cerebral são melhor visualizados através da tomografia computadorizada (TC) ou da ressonância magnética (RM). Algumas vezes, os cistos podem ser observados no exame microscópico de uma amostra de tecido de um nódulo cutâneo. Além disso, existem disponíveis exames de sangue que identificam a presença de anticorpos contra o parasita.
Outras Infecções por Vermes
Infecção | Fonte e Porta de Entrada | Sintomas Comuns | Indícios Diagnósticos | Tratamento |
Helmintos | ||||
Estrongiloidíase (verme filiforme) Ocorre nas regiões tropicais úmidas. Pouco freqüentemente, no sul dos Estados Unidos | Fonte: Contaminação fecal do solo (larvas) Porta de entrada: Pele, geralmente dos pés | Dor que se estende da boca ao estômago, diarréia, urticária ou erupção cutânea que forma um padrão linear | Larvas nas fezes ou no duodeno | Tiabendazol |
Enterobíase (oxiúro) Ocorre em todo o mundo, sobretudo em crianças | Fonte: Ovos provenientes de artigos contaminados, disseminados através do contacto ânusdedo- boca Porta de entrada: Boca | Prurido em torno do ânus | Ovos encontrados próximos ao ânus; vermes adultos próximos ao ânus | Pamoato de pirantel Mebendazol |
Tênias | ||||
Infecção pela tênia anã; Ocorre em todo o mundo. No sul dos Estados Unidos, em crianças | Fonte: Ovos que contaminam o ambiente Porta de entrada: Boca | Diarréia, desconforto abdominal nas crianças com infecção maciça | Ovos nas fezes | Praziquantel Niclosamida |
Equinococose Ocorre em áreas de criação de ovelhas em todo o mundo e no Alasca, Utah, Arizona e Nevada | Fonte: Fezes de cães Porta de entrada: Boca | Massa abdominal, dor, tosse e expectoração com sangue | Viver numa área onde existe a infecção, cisto hepático ou pulmonar; anticorpos contra os cestóides; mancha na radiografia torácica | Mebendazol Remoção cirúrgica |
Fascíolas | ||||
Fascíolas intestinais. Nos Estados Unidos, ocorrem apenas como infecções importadas do Extremo Oriente ou das regiões tropicais | Fonte: Vegetação ou peixes de água doce Porta de entrada: Boca | Geralmente assintomático; às vezes, dor abdominal, diarréia e obstrução intestinal | Ovos nas fezes | Praziquantel |
Fascíolas hepáticas de carneiros Ocorrem nos países criadores de ovelhas em todo o mundo | Fonte: Agrião contendo cistos Porta de entrada: Boca | Dor abdominal aguda e inflamação da vesícula biliar | Ovos imaturos nas fezes ou na bile | Praziquantel Bitionol |
Fascíolas de peixes (clonorquíase) Ocorrem no Extremo Oriente | Fonte: Peixes de água doce Porta de entrada: boca | Dor abdominal, icterícia e diarréia | Ovos nas fezes e no conteúdo intestinal | Praziquantel |
Fascíolas pulmonares Ocorrem amplamente na África, no Extremo Oriente e na América Latina; raramente, nos Estados Unidos e no Canadá | Fonte: Caranguejos e camarões de água doce contendo cistos Porta de Entrada: Boca | Dificuldade respiratória e expectoração sanguinolenta | Ovos imaturos nas fezes ou no escarro, resultados positivos dos exames de sangue | Praziquantel |
Fascíolas sangüíneas (esquistossomose) Ocorrem no Extremo Oriente, na África, na América Latina e no Oriente Próximo | Fonte: Água infestada contendo cercárias com cauda em garfo provenientes de caramujos hospedeiros Porta de Entrada: Pele | Diarréia intensa, formação de cicatrizes nas paredes intestinais ou da bexiga ou no fígado e sangue na urina | Ovos em desenvolvimento nas fezes ou na urina | Praziquantel Oxamniquina Metrifonato |
Prevenção e Tratamento
O cozimento completo da carne de porco evita a infecção. Esta é tratada com a niclosamida ou o praziquantel, administrados pela via oral.
Infecção pela Tênia de Peixe
A infecção pela tênia de peixe (difilobotriose) é uma infecção intestinal causada pelo Diphyllobothrium latum adulto. A infecção pela tênia de peixe ocorre na Europa (particularmente na Escandinávia), no Japão, na África, na América do Sul, no Canadá e nos Estados Unidos (especialmente no Alasca e na região dos Grandes Lagos). Freqüentemente, ela é causada pelo consumo de peixe de água doce cru ou cozido de modo inadequado.
O verme adulto possui vários anéis contendo ovos (proglotes) e pode atingir 4,5 a 9 metros de comprimento. Os ovos são liberados dos proglotes para o interior do intestino, sendo expelidos nas fezes. O ovo eclode na água doce e libera o embrião, o qual é ingerido por pequenos crustáceos. Por sua vez, os crustáceos são ingeridos pelos peixes. O ser humano é infectado quando come peixe de água doce cru ou cozido de modo inadequado.
Sintomas e Diagnóstico
Normalmente, a infecção é assintomática. No entanto, alguns indivíduos podem apresentar um discreto desconforto intestinal. Em raros casos, a tênia causa anemia pois consome vitamina B12. Os ovos são encontrados nas fezes.
Prevenção e Tratamento
O cozimento completo de peixes de água doce ou o seu congelamento a –10°C durante 48 horas evita a infecção. A infecção é tratada com a niclosamida ou o praziquantel, administrados pela via oral.
FONTE: MANUAL MERCK