sábado, 31 de outubro de 2009

Tumores cardíacos


É denominado tumor qualquer tipo de crescimento anormal, seja ele canceroso (maligno) ou não canceroso (benigno). Os tumores originários do coração são denominados tumores primários e podem ocorrer em qualquer um de seus tecidos. Eles podem ser cancerosos ou não cancerosos e são raros. Os tumores secundários originam- se em alguma outra parte do corpo – geralmente no pulmão, na mama, no sangue ou na pele – e, em seguida, disseminam-se (produzem metástases) ao coração.

Eles sempre são cancerosos. Os tumores secundários são trinta a quarenta vezes mais comuns que os primários, mas, ainda assim, são considerados incomuns. Os tumores cardíacos podem não provocar sintomas ou podem produzir uma disfunção cardíaca potencialmente letal, simulando outras cardiopatias. Exemplos de tais disfunções incluem a insuficiência cardíaca súbita, o surgimento abrupto de arritmias e uma queda súbita da pressão arterial decorrente do sangramento no pericárdio (a membrana que envolve o coração).

Os tumores cardíacos são de difícil diagnóstico, tanto por serem relativamente incomuns, quanto pelo fato de seus sintomas serem semelhantes aos de de muitos outros distúrbios. Para chegar ao diagnóstico, é necessário que o médico tenha indícios de sua presença. Por exemplo, se um indivíduo apresenta um câncer em qualquer outra região do corpo, mas procura auxílio médico por causa de sintomas relacionados à disfunção cardíaca, o profissional pode suspeitar da presença de um tumor cardíaco.

Mixomas

O mixoma é um tumor não canceroso e, geralmente, apresenta uma forma irregular e uma consistência gelatinosa. Metade de todos os tumores cardíacos primários são mixomas. Três quartos dos mixomas localizam-se no átrio esquerdo, a câmara do coração que recebe o sangue rico em oxigênio proveniente dos pulmões. Geralmente, os mixomas do átrio esquerdo originam- se de um pedículo e podem oscilar livremente com o fluxo sangüíneo, igual a uma bola fixada a um fio. Ao oscilarem, os mixomas podem mover-se para dentro e para fora da válvula mitral próxima – a via entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.

Essa oscilação pode obstruir e desobstruir a válvula continuamente, de modo que o fluxo sangüíneo é interrompido e reiniciado de forma intermitente. Na posição ortostática, o indivíduo pode apresentar desmaios ou episódios de congestão pulmonar e de dificuldade respiratória, pois a força da gravidade faz com que o tumor se mova para baixo, até a abertura da válvula. O decúbito diminui os sintomas.

O tumor pode lesar a válvula mitral e, conseqüentemente, ocorre um refluxo de sangue por essa abertura, com a produção de um sopro cardíaco que o médico ausculta com o auxílio de um estetoscópio. Baseando-se nas características do do sopro cardíaco, o médico considera se o sopro é resultante de um refluxo causado por uma lesão decorrente do tumor, de uma causa rara ou de uma causa mais comum como, por exemplo, a cardiopatia reumática.

Fragmentos de um mixoma ou coágulos sangüíneos que se formam na superfície do mixoma podem soltar-se, circular até outros órgãos e obstruir os vasos sangüíneos nesses locais. Os sintomas dependem do vaso obstruído: a obstrução de um vaso sangüíneo cerebral pode causar um acidente vascular cerebral; a obstrução de um vaso pulmonar pode causar dor e expectoração sanguinolenta.

Outros sintomas de mixomas incluem a febre, perda de peso, dedos das mãos e dos pés frios e doloridos ao serem expostos à baixa temperatura (fenômeno de Raynaud), anemia, contagem baixa de plaquetas (pois as plaquetas estão envolvidas na coagulação sangüínea) e sintomas sugestivos de infecção grave.

Como um Mixoma Pode Obstruir o Fluxo Sangüíneo do Coração

Um mixoma no átrio esquerdo pode crescer a partir de um pedículo, oscilando livremente com o fluxo sangüíneo. Ao oscilar, o mixoma pode entrar e sair da válvula mitral próxima – a via de passagem entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.

Outros Tumores Primários

Os tumores cardíacos não cancerosos menos comuns, como os fibromas e os rabdomiomas, podem crescer diretamente a partir das células do tecido fibroso do coração e das células do miocárdio. Os rabdomiomas, o segundo tipo mais comum de tumor primário, desenvolvem-se na infância ou na pré-adolescência, geralmente associados a uma rara doença infantil denominada esclerose tuberosa. Outros tumores cardíacos primários, como os cancerosos primários, são extremamente raros e, para eles, não existe um tratamento satisfatório.

As crianças que apresentam esses tumores apresentam uma expectativa de vida inferior a um ano. Vários exames são utilizados no diagnóstico dos tumores cardíacos. Com freqüência, para o delineamento dos tumores usa-se a ecocardiografia (exame que utiliza ondas ultrassônicas para investigar as estruturas internas do coração). As ondas ultrassônicas podem atravessar a parede torácica ou o lado interno do esôfago (procedimento chamado ecocardiografia transesofagiana).

Um cateter inserido através de uma veia até o coração pode ser utilizado para injetar substâncias que delineiem um tumor cardíaco nas radiografias; mas esse procedimento é menos freqüentemente necessário. A tomografia computadorizada (TC) e imagens por ressonância magnética (RM) também são utilizadas. Se for detectado um tumor, uma pequena amostra poderá ser removida por meio de um cateter especial; a amostra será, então, utilizada para identificar o tipo de tumor, o que ajudará na seleção do tratamento adequado.

Um tumor cardíaco primário não canceroso isolado pode ser removido por cirurgia, o que, em geral, cura o paciente. Os médicos não costumam tratar tumores primários quando existem diversos presentes, nem tratam de tumores que são tão grandes a ponto de impossibilitar a remoção. Tumores cancerosos primários e secundários são incuráveis; apenas seus sintomas podem ser tratados.

Fonte: Manual Merck