Causas
A pneumonia não é uma doença única, mas muitas doenças diferentes, cada uma sendo causada por um microrganismo diferente. Geralmente, a pneumonia inicia após a inalação de microrganismos para o interior dos pulmões, mas, algumas vezes, a infecção é levada aos pulmões através da circulação sangüínea ou migra aos pulmões diretamente a partir de uma infecção próxima. Nos adultos, as causas mais comuns são as bactérias (p.ex., Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Legionella e Haemophilus influenzae). Os vírus (p.ex., da gripe e o da varicela) também podem causar pneumonia.
O Mycoplasma pneumoniae, microrganismo semelhante às bactérias, é uma causa particularmente comum de pneumonia em crianças maiores e em adultos jovens. Alguns fungos também causam pneumonia. Alguns indivíduos são mais suscetíveis à pneumonia que outros. O alcoolismo, o tabagismo, o diabetes, a insuficiência cardíaca e a doença pulmonar obstrutiva crônica são condições que, sem exceção, predispõem à pneumonia. Os indivíduos muito jovens e os muito idosos também apresentam maior risco do que a média. Isto também é verdadeiro para os indivíduos que apresentam supressão do sistema imune pelo uso de determinadas drogas (como as utilizadas no tratamento do câncer e para evitar a rejeição de um órgão transplantado).
Os indivíduos debilitados, acamados, paralisados, inconscientes ou que apresentam uma doença que compromete o sistema imune (p.ex., AIDS) também correm risco. A pneumonia pode ocorrer após uma cirurgia, principalmente após uma cirurgia abdominal, ou após um traumatismo, sobretudo um traumatismo torácico, em decorrência da respiração superficial resultante, do comprometimento da tosse e da retenção de muco. Freqüentemente, os agentes causadores da pneumonia são o Staphylococcus aureus, os pneumococos, o Haemophilus influenzae ou uma combinação desses microrganismos.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas comuns da pneumonia são a tosse produtiva, a dor torácica, os calafrios, a febre e a dificuldade respiratória. Entretanto, esses sintomas podem variar de acordo com a extensão da doença e com o microrganismo causador. Quando um indivíduo parece apresentar pneumonia, o médico realiza a ausculta pulmonar com o auxílio de um estetoscópio para avaliar o seu estado. Geralmente, a pneumonia produz alterações características na transmissão dos sons, que podem ser detectadas através do estetoscópio.
Na maioria dos casos, o diagnóstico da pneumonia é confirmado por uma radiografia torácica, que também auxilia na determinação do microrganismo causador da doença. Também são examinadas amostras de escarro e de sangue com o objetivo de se identificar o microrganismo responsável. No entanto, em 50% dos indivíduos com pneumonia, a identificação do microrganismo responsável é impossível.
Tratamento
Os exercícios de respiração profunda e a terapia para eliminar secreções são úteis na prevenção da pneumonia em indivíduos de alto risco, como os debilitados ou submetidos a uma cirurgia torácica. Os indivíduos com pneumonia também precisam eliminar as secreções. Freqüentemente, os indivíduos que não se encontram muito doentes podem utilizar antibióticos pela via oral e permanecer em casa.
Os idosos e aqueles que apresentam dificuldade respiratória ou uma doença cardíaca ou pulmonar preexistente geralmente são hospitalizados e medicados com antibióticos administrados pela via intravenosa. Esses indivíduos também podem necessitar de suplementação de oxigênio, da administração de líquidos pela via intravenosa e de suporte ventilatório mecânico.
Pneumonia Pneumocócica
O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a causa bacteriana mais comum de pneumonia. O indivíduo infectado com um dos oitenta tipos conhecidos de pneumococos adquire uma imunidade parcial contra a reinfecção desse tipo, mas não se torna imune aos demais tipos. Geralmente, a pneumonia pneumocócica inicia após uma infecção viral do trato respiratório superior (resfriado, faringite ou gripe) ter lesado suficientemente os pulmões, a ponto de permitir que pneumococos infectem a área.
O paciente apresenta tremores e calafrios, acompanhados por febre, tosse produtiva, dificuldade respiratória e dor torácica (no lado do pulmão afetado). Também são comuns a náusea, o vômito, a fadiga e as dores musculares. Freqüentemente, o escarro apresenta uma cor de ferrugem devido à presença de sangue. Existe uma vacina que protege até 70% dos indivíduos contra infecções pneumocócicas graves.
A vacinação é recomendável para os indivíduos com alto risco de pneumonia pneumocócica, como aqueles que apresentam uma doença pulmonar ou cardíaca, um comprometimento do sistema imune ou diabetes, e aqueles com mais de 65 anos de idade. A proteção decorrente da vacinação quase sempre se prolonga por toda a vida, embora os indivíduos com risco máximo algumas vezes sejam revacinados após cinco ou dez anos. Em aproximadamente 50% das vezes, as vacinações produzem rubor e dor no local da injeção. Apenas 1% dos indivíduos apresentam febre e dores musculares após a vacinação. Um número ainda menor de vacinados apresenta reação alérgica grave.
A pneumonia pneumocócica pode ser tratada com qualquer um dos diversos antibióticos existentes, inclusive a penicilina. Os indivíduos alérgicos à penicilina são medicados com eritromicina ou um outro antibiótico. Os pneumococos resistentes à penicilina podem ser combatidos com outras drogas. Entretanto, esses pneumococos também vêm se tornando mais resistentes às demais drogas.
Aumento da Resistência aos Antibióticos
Um número cada vez maior de bactérias causadoras de pneumonia vem desenvolvendo resistência a antibióticos. Por exemplo, muitos estafilococos produzem enzimas (penicilinases) que impedem a ação da penicilina contra eles. Os pneumococos também vêm se tornando mais resistentes à penicilina, mas através de um mecanismo diferente. A resistência aos antibióticos é um problema sério, particularmente no caso de infecções hospitalares. As infecções causadas por estafilococos resistentes podem ser tratadas com antibióticos eficazes mesmo na presença da penicilinase. No entanto, alguns estafilococos estão se tornando resistentes também a essas drogas. Para esses estafilococos, normalmente é utilizada uma droga denominada vancomicina. A pneumonia estafilocócica tende a responder lentamente aos antibióticos e o período de convalescença é longo.
Pneumonia Estafilocócica
O Staphylococcus aureus é responsável por apenas 2% dos casos de pneumonia adquirida fora do ambiente hospitalar, mas é a causa de 10 a 15% dos casos adquiridos no ambiente hospitalar enquanto os indivíduos são tratados de uma outra doença. Esse tipo de pneumonia tende a desenvolver-se em indivíduos muito jovens, muito idosos ou debilitados por outras doenças. Ela também tende a ocorrer em alcoolistas. A taxa de mortalidade varia entre 15 e 40% – em parte porque aqueles que desenvolvem a pneumonia estafilocócica geralmente apresentam-se gravemente enfermos.
O Staphylococcus produz os sintomas típicos da pneumonia, mas os calafrios e a febre são mais persistentes na pneumonia estafilocócica que na pneumocócica. O Staphylococcus pode produzir abcessos (coleções purulentas) nos pulmões e cistos pulmonares cheios de ar (pneumatoceles), sobretudo nas crianças. As bactérias podem ser transportadas dos pulmões pela corrente sangüínea e podem produzir a formação de abcessos em outras regiões do corpo. O acúmulo de pus no espaço pleural (empiema) é relativamente comum. Essa coleção purulenta é drenada com o auxílio de uma agulha ou de um tubo torácico.
Pneumonia Causada por Bactérias Gram-negativas
As bactérias são classificadas como Grampositivas ou Gram-negativas de acordo com o seu aspecto após serem coradas em uma lâmina e examinadas ao microscópio. A maioria dos casos de pneumonia é causada por pneumococos e estafilococos, que são bactérias Grampositivas. As bactérias Gram-negativas, como a Klebsiella e a Pseudomonas, causam pneumonias que tendem a ser extremamente graves.
As bactérias Gram-negativas raramente infectam pulmões de indivíduos sadios. Mais comumente, essas bactérias infectam bebês, idosos, alcoolistas e indivíduos com doenças crônicas, sobretudo aqueles que apresentam anomalias do sistema imune. Freqüentemente, as infecções Gram-negativas são adquiridas em um hospital ou em uma clínica de repouso. As bactérias Gram-negativas podem destruir rapidamente o tecido pulmonar e, por essa razão, a pneumonia causada por uma bactéria Gram-negativa tende a se tornar grave rapidamente. A febre, a tosse e a dificuldade respiratória são comuns.
O escarro expectorado pode ser espesso e com uma coloração vermelha (cor e consistência de uma geléia de groselha). Devido à gravidade da infecção, o paciente é hospitalizado para ser submetido a um tratamento intensivo que inclui a administração de antibióticos, a suplementação de oxigênio e a administração de líquidos intravenosos. Em alguns casos, o paciente necessita de ventilação mecânica. Apesar de receberem um tratamento excelente, aproximadamente 25 a 50% dos indivíduos com pneumonia causada por bactérias Gramnegativas morrem.
Pneumonia Causada pelo Haemophilus influenzae
O Haemophilus influenzae é uma bactéria. Apesar de seu nome, não se trata do vírus da influenza responsável pelo resfriado. As cepas do tipo b de Haemophilus influenzae são as mais virulentas e são responsáveis por doenças graves, como a meningite, a epiglotite e a pneumonia, normalmente em crianças com menos de 6 anos de idade. Entretanto, devido ao uso disseminado da vacina contra o Haemophilus influenzae do tipo b, a doença grave causada por esse microrganismo vem se tornando menos comum.
Esse tipo de pneumonia é mais comum entre os índios norte-americanos, os esquimós, os indivíduos da raça negra e aqueles com anemia falciforme ou com imunodeficiência. Contudo, a maioria desses casos é produzida por outras cepas, distintas das utilizadas na vacina contra o Haemophilus influenzae do tipo b. Os sinais da infecção são os espirros e a coriza, acompanhados pelos sintomas típicos da pneumonia, como a febre, a tosse produtiva e a dificuldade respiratória. O derrame pleural (acúmulo de líquido no espaço pleural) é uma complicação comum.
A vacinação contra cepas do tipo b do Haemophilus influenzae é recomendável para todas as crianças. A vacina é administrada em três doses: aos 2, 4 e 6 meses de idade. Os antibióticos são utilizados no tratamento da pneumonia causada pelo Haemophilus influenzae do tipo b.
Doença do Legionário
A doença do legionário, causada pela bactéria Legionella pneumophila e por outras espécies de Legionella, é responsável por 1 a 8% de todas as pneumonias e por cerca de 4% das pneumonias fatais adquiridas no ambiente hospitalar. A doença do legionário tende a ocorrer no final do verão e no início do outono. As bactérias do gênero Legionella vivem na água e a epidemia ocorre quando as bactérias propagam-se pelos de sistemas de condicionamento de ar em hotéis e hospitais.
Em 1976, ocorreu uma epidemia de uma doença respiratória entre os membros da “American Legion” que participavam de uma convenção em um hotel, que levou à descoberta e à denominação da bactéria. Não foram descritos casos de infecção direta de um indivíduo a outro. Embora a doença do legionário possa ocorrer em qualquer idade, os indivíduos de meiaidade e os idosos são os mais freqüentemente afetados. Os tabagistas, os alcoolistas ou aqueles que fazem uso de corticosteróides parecem apresentar um maior risco. A doença do legionário pode produzir sintomas relativamente leves ou pode ser letal.
Os primeiros sintomas, que se manifestam de dois a dez dias após a transmissão da infecção, são: fadiga, febre, cefaléia e dores musculares. Em seguida, o indivíduo apresenta uma tosse seca, que, posteriormente, se torna produtiva. Os indivíduos com infecções graves podem apresentar uma grande dificuldade respiratória e, comumente, apresentam diarréia. A confusão mental e outros distúrbios mentais são menos comuns. Para a confirmação diagnóstica, são realizados exames de escarro, sangue e urina. Como os indivíduos infectados pela Legionella pneumophila produzem anticorpos para combater a doença, os exames de sangue revelam um aumento da concentração desses anticorpos.
No entanto, os resultados desses exames geralmente tornam-se disponíveis somente após a pneumonia já ter iniciado. A eritromicina (um antibiótico) é a medicação de primeira escolha para o tratamento desse tipo de pneumonia. Em casos menos graves, a eritromicina pode ser administrada pela via oral, enquanto nos casos mais graves o antibiótico é administrado pela via intravenosa. Cerca de 20% dos indivíduos que apresentam essa doença morrem. A taxa de mortalidade é muito mais elevada entre os indivíduos que contraem a doença em hospitais ou que apresentam uma imunodeficiência. Quase todos os indivíduos tratados com eritromicina melhoram, mas a recuperação pode ser prolongada.
Pneumonias Atípicas
As pneumonias atípicas são pneumonias causadas por microrganismos que não as chamadas bactérias típicas, vírus ou fungos. As causas mais comuns são o Mycoplasma e a Chlamydia – dois microrganismos semelhantes às bactérias. O Mycoplasma pneumoniae é a causa mais comum de pneumonia em indivíduos com idade entre 5 e 35 anos, mas é uma causa incomum nas outras faixas etárias. As epidemias ocorrem especialmente em grupos confinados, como os de estudantes, de militares e os de familiares. A epidemia tende a disseminar-se lentamente, pois o período de incubação é de dez a catorze dias.
É mais comum esse tipo de pneumonia ocorrer na primavera. Geralmente, os sintomas iniciais da pneumonia causada pelo Mycoplasma são a fadiga, a dor de garganta e a tosse seca. Os sintomas pioram lentamente. As crises de tosse intensa podem produzir escarro. Cerca de 10 a 20% dos indivíduos afetados apresentam uma erupção cutânea. Ocasionalmente, o indivíduo apresenta anemia, dores articulares ou problemas neurológicos. Geralmente, os sintomas persistem por uma ou duas semanas. Em seguida, o quadro melhora lentamente. Alguns indivíduos ainda sentem-se fracos e cansados após várias semanas.
Apesar de a pneumonia causada pelo Mycoplasma poder ser grave, normalmente ela é leve e a maioria dos indivíduos recupera-se sem tratamento. A Chlamydia pneumoniae é outra causa comum de pneumonia em indivíduos com idade entre 5 e 35 anos. Ela também afeta alguns indivíduos idosos. A doença é transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas expelidas com a tosse. Os sintomas são semelhantes aos da pneumonia causada pelo Mycoplasma. Na maioria dos casos, os indivíduos não apresentam um quadro grave, embora a taxa de mortalidade dos idosos seja de 5 a 10%.
O diagnóstico desses dois tipos de pneumonia é confirmado com os exames de sangue, que têm por objetivo verificar a presença de anticorpos contra o microrganismo suspeito, e de radiografias torácicas. Os antibióticos eritromicina e tetraciclina são eficazes, mas a resposta ao tratamento é mais lenta nos casos de pneumonia causada por clamídias que nos de pneumonia causada por micoplasmas. Se o tratamento for interrompido muito precocemente, os sintomas tendem a recidivar.
Psitacose
A psitacose (febre do papagaio) é uma pneumonia rara causada pela Chlamydia psittaci, uma bactéria encontrada principalmente em pássaros como papagaios e periquitos. A C. psittaci também é encontrada em outras aves, como pombos, galinhas e perus. Normalmente, os indivíduos são infectados através da inalação da poeira da plumagem ou do excremento de aves contaminadas.
O microrganismo também pode ser transmitido pela bicada de uma ave infectada e, raramente, de pessoa para pessoa através de gotículas expelidas com a tosse. A psitacose é sobretudo uma doença ocupacional de indivíduos que trabalham em lojas de animais de estimação ou em granjas avícolas. Aproximadamente uma a três semanas após ter sido infectado, o indivíduo apresenta febre, calafrios, fadiga e perda de apetite. Em seguida, ele apresenta tosse, que é inicialmente seca e, posteriormente, torna-se produtiva com uma expectoração esverdeada.
A febre persiste por duas a três semanas e, em seguida, desaparece lentamente. A doença pode ser leve ou grave, dependendo da idade do indivíduo e da extensão do envolvimento do tecido pulmonar. A pesquisa de anticorpos no sangue representa o método mais confiável para a confirmação do diagnóstico. Os criadores de aves podem proteger-se evitando a poeira proveniente da plumagem e das gaiolas de aves doentes. É exigido dos importadores importadores que eles tratem as aves suscetíveis com tetraciclina durante um período de 45 dias, o que geralmente elimina o microrganismo.
A psitacose é tratada com tetraciclina durante pelo menos dez dias. A recuperação pode ser longa, especialmente nos casos graves. A taxa de mortalidade pode atingir 30% nos casos graves não tratados.
Pneumonia Viral
Muitos vírus podem infectar os pulmões, causando pneumonia viral. Em lactentes e crianças, o vírus sincicial respiratório, o adenovírus, o vírus da parainfluenza e o vírus da influenza são as causas mais comuns. O vírus do sarampo também pode causar pneumonia, especialmente em crianças desnutridas. Nos adultos sadios, dois tipos de vírus da influenza, denominados tipos A e B, causam pneumonia.
O vírus da varicela também pode causar pneumonia em adultos. Nos indivíduos idosos a pneumonia viral pode ser causada pelos vírus da influenza, da parainfluenza ou sincicial respiratório. Os indivíduos imunodeficientes de qualquer idade podem apresentar uma pneumonia grave causada pelo citomegalovírus ou pelo vírus da herpes simples. Quase todas as pneumonias virais não são tratadas com medicamentos. Entretanto, determinadas pneumonias virais graves podem ser tratadas com drogas antivirais.
Por exemplo, a pneumonia causada pelo vírus da varicela ou pelo vírus da herpes simples pode ser tratada com aciclovir. A vacinação anual contra a gripe é recomendada para os indivíduos que trabalham em ambientes hospitalares, para os idosos e para aqueles que apresentam doenças crônicas, como o enfisema, o diabetes, uma doença cardíaca ou renal.
Pneumonia por Fungos
Freqüentemente, três tipos de fungos produzem pneumonia: o Histoplasma capsulatum, que causa a histoplasmose, o Coccidioides immitis, que causa a coccidioidomicose, e o Blastomyces dermatitidis, que causa a blastomicose. A maioria dos indivíduos infectados apresenta apenas sintomas mínimos e não sabe que foi infectada. No entanto, alguns tornam-se gravemente doentes. A histoplasmose ocorre no mundo todo, mas prevalece nos vales fluviais e nas zonas de climas temperados e tropicais.
Nos Estados Unidos, a histoplasmose ocorre mais comumente nos vales dos rios Mississippi e Ohio e nos vales dos rios da região leste. Mais de 80% dos indivíduos que vivem nos vales dos rios Mississippi e Ohio são expostos ao fungo. Após ser inalado, o fungo não causa sintomas em muitos deles. De fato, muitos indivíduos ficam sabendo que foram expostos apenas após a realização de um teste cutâneo. Outros podem apresentar tosse, febre, dores musculares e dor torácica. A infecção pode causar pneumonia aguda ou pode evoluir para uma pneumonia crônica com sintomas que persistem durante meses.
Raramente, a infecção dissemina-se a outras áreas do corpo, especialmente à medula óssea, ao fígado, ao baço e ao trato digestivo. Essa forma disseminada da doença tende a ocorrer em indivíduos com AIDS e outros distúrbios do sistema imune. Geralmente, o diagnóstico é realizado identificando- se o fungo em uma amostra de escarro ou da pesquisa de determinados anticorpos no sangue. Entretanto, o exame de sangue simplesmente comprova a exposição ao fungo, não servindo como prova de que o fungo seja o causador da doença. Tipicamente, o tratamento consiste na administração de uma droga antifúngica como, por exemplo, o itraconazol ou a anfotericina B. A coccidioidomicose ocorre principalmente em climas semi-áridos, sobretudo no sudoeste dos Estados Unidos e em certas regiões da América do Sul e da América Central.
Após ser inalado, o fungo pode não causar sintomas ou pode causar uma pneumonia aguda ou crônica. Em alguns casos, a infecção dissemina-se além do sistema respiratório – atingindo a pele, os ossos, as articulações e as meninges (membranas que recobrem o cérebro). Essa complicação é mais comum entre indivíduos do sexo masculino, especialmente os filipinos e os da raça negra, e em indivíduos com AIDS e outros distúrbios do sistema imune. O diagnóstico é estabelecido identificando-se o fungo em uma amostra de escarro ou em uma amostra de uma outra área infectada ou com a identificação de determinados anticorpos no sangue. Tipicamente, o tratamento consiste na administração de uma droga antifúngica como, por exemplo, o fluconazol ou a anfotericina B.
A blastomicose ocorre principalmente nas regiões sudeste, centro-sul e no meio-oeste dos Estados Unidos e nas regiões próximas dos Grandes Lagos. Após ser inalado, o fungo causa infecção, sobretudo no pulmão. No entanto, ela geralmente não produz sintomas. Alguns indivíduos apresentam um quadro semelhante ao do resfriado. Ocasionalmente, os sintomas de uma infecção pulmonar crônica persistem durante meses.
A doença pode disseminar-se a outras partes do corpo, especialmente à pele, aos ossos, às articulações e à próstata. O diagnóstico costuma ser realizado com a identificação do fungo no escarro. Tipicamente, o tratamento consiste da administração de uma droga antifúngica como o itraconazol ou a anfotericina B. Outras infecções fúngicas ocorrem principalmente com uma imunodepressão importante. Essas infecções incluem a criptococose, causada pelo Cryptococcus neoformans; a aspergilose, causada pelo Aspergillus; a candidíase, causada pela Candida; e a mucormicose. Todas essas infecções ocorrem em todo o mundo. A criptococose, a mais freqüente, pode ocorrer em indivíduos saudáveis, e geralmente é grave apenas nos indivíduos que apresentam distúrbios do sistema imune (p.ex., AIDS).
A criptococose pode disseminar-se especialmente às meninges, onde ela produz uma meningite criptocócica. O Aspergillus causa infecções pulmonares em indivíduos com AIDS ou naqueles submetidos a um transplante. Infecção rara, a candidíase pulmonar ocorre mais freqüentemente em pacientes com leucemia e naqueles submetidos à quimioterapia. A mucormicose, uma infecção fúngica relativamente rara, ocorre com maior freqüência em indivíduos com diabetes grave ou com leucemia. As quatro infecções são tratadas com drogas antifúngicas (p.ex., itraconazol, fluconazol e anfotericina B). No entanto, os indivíduos com AIDS e outros distúrbios do sistema imune podem não se recuperar.
Pneumonia por Pneumocystis carinii
O Pneumocystis carinii é um microrganismo comum, o qual pode residir inofensivamente em pulmões normais, causando doença apenas quando as defesas do organismo diminuem em decorrência de um câncer, de um tratamento antineoplásico (contra o câncer) ou da AIDS. Mais de 80% dos pacientes com AIDS que não são submetidos ao tratamento profilático padrão apresentam, em um determinado momento, uma pneumonia causada pelo Pneumocystis. Freqüentemente, ela é a primeira indicação de que um indivíduo infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) desenvolveu a AIDS.
A maioria das indivíduos afetados apresenta febre, dificuldade respiratória e tosse seca. Normalmente, esses sintomas manifestam-se ao longo de várias semanas. Os pulmões podem ser incapazes de fornecer uma quantidade suficiente de oxigênio ao sangue, causando uma dificuldade respiratória grave. O diagnóstico é estabelecido no exame microscópico de uma amostra de escarro obtida por uma das duas técnicas seguintes: a indução do escarro (na qual se utiliza água ou vapor de água para estimular a tosse) ou a broncoscopia (na qual a amostra é coletada com o auxílio de um instrumento que é inserido nas vias aéreas). O antibiótico comumente utilizado no tratamento da pneumonia causada pelo Pneumocystis é o trimetoprim-sulfametoxazol.
Os efeitos colaterais, particularmente comuns nos indivíduos com AIDS, são erupções cutâneas, redução da concentração dos leucócitos que combatem a doença e febre. Os tratamentos medicamentosos alternativos são a dapsona e o trimetoprim, a clindamicina e a primaquina, o trimetrexato e a leucovorina, a atovaquona e a pentamidina. Os indivíduos que apresentam concentrações baixas de oxigênio no sangue também podem receber corticosteróides. Mesmo quando a pneumonia causada pelo Pneumocystis é tratada, a taxa de mortalidade global é de 10 a 30%. Os pacientes com AIDS cuja pneumonia por Pneumocystis foi tratada com sucesso geralmente tomam medicamentos como o trimetoprim-sulfametoxazol ou a pentamidina em aerossol para impedir a recorrência da doença.
Pneumonia por Aspiração
Partículas minúsculas provenientes da boca freqüentemente migram até as vias aéreas, mas, normalmente, elas são eliminadas pelos mecanismos normais de defesa antes de chegar aos pulmões ou de causar inflamação ou infecção. No entanto, quando não são eliminadas, essas partículas podem causar pneumonia. Os indivíduos debilitados, aqueles que apresentam intoxicação alcoólica ou medicamentosa ou que se encontram inconscientes devido à anestesia ou à uma doença, apresentam um maior risco de contrair esse tipo de pneumonia. Até mesmo um indivíduo sadio que aspira uma grande quantidade de partículas, como pode ocorrer durante um episódio de vômito, pode desenvolver uma pneumonia.
A pneumonite química ocorre quando o material aspirado é tóxico para os pulmões. O problema deve-se mais ao resultado da irritação que da infecção. Um material tóxico comumente aspirado é o ácido gástrico. O resultado imediato é a dificuldade respiratória súbita e o aumento da freqüência cardíaca. Outros sintomas incluem a febre, o escarro com espuma cor-de-rosa e a cianose (coloração azulada da pele), a qual é causada pelo sangue pouco oxigenado. Uma radiografia torácica e a dosagem das concentrações de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue arterial podem auxiliar o médico a estabelecer o diagnóstico. No entanto, o diagnóstico geralmente torna-se evidente pela seqüência de eventos.
O tratamento inclui a oxigenoterapia e, quando necessário, a ventilação mecânica. A traquéia pode ser aspirada para se eliminar as secreções e as partículas aspiradas das vias aéreas. Algumas vezes, são prescritos antibióticos para prevenir a infecção. Geralmente, os indivíduos com pneumonite química recuperam-se rapidamente, evoluem para a síndrome da angústia respiratória aguda ou apresentam uma infecção bacteriana. Aproximadamente 30 a 50% dos indivíduos com pneumonite química morrem. A aspiração de bactérias é a forma mais comum de pneumonia por aspiração. Geralmente, a sua causa é a deglutição e a conseqüente aspiração de bactérias para o interior dos pulmões.
A obstrução mecânica das vias aéreas pode ser causada pela aspiração de partículas ou objetos. As crianças de baixa idade são as que apresentam maior risco, pois elas colocam objetos na boca com freqüência e podem aspirar pequenos objetos ou partes de brinquedos. A obstrução também pode ocorrer em adultos, principalmente quando um pedaço de carne é aspirado durante uma refeição. Se um objeto ficar retido na porção alta da traquéia, o indivíduo pode ser incapaz de respirar ou falar. Se o objeto não for removido de imediato, ele pode morrer rapidamente.
A manobra de Heimlich, realizada para desalojar o objeto, pode salvar a vida do indivíduo. Se um objeto ficar retido na porção baixa das vias aéreas, o indivíduo pode apresentar uma tosse crônica irritante e infecções recorrentes. Normalmente, o objeto é removido durante uma broncoscopia (procedimento que utiliza um instrumento que permite a visualização das vias aéreas, a coleta de material e a remoção de corpos estranhos).
FONTE: http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck