terça-feira, 18 de agosto de 2015

PERFIL DAS GESTANTES QUE REALIZARAM O PRÉ-NATAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO



Apresentação/introdução: A assistência pré-natal tem por objetivo reduzir a morbimortalidade materno-fetal. Exames clínicos e laboratoriais oferecidos durante as consultas de pré-natal permitem identificar situações de risco e agir precocemente, além da assistência recebida no momento do parto, importante determinante para morbimortalidade durante o período neonatal.

Objetivo: Caracterizar o perfil das gestante que realizaram o pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde do município de São Paulo-SP.

Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, realizado em 108 prontuários das gestantes que realizaram o pré-natal no período de 01/09/2013 a setembro de 01/09/2014 e foram acompanhadas por uma equipe de Saúde da Família. Critérios de inclusão: gestante em qualquer faixa etária; gestantes cadastradas na Unidade Básica de Saúde. Os prontuários foram selecionados de forma aleatória. Utilizou-se um roteiro para a busca de informações sociodemográficas, epidemiológicas e condições de saúde. Os prontuários que não contemplaram os critérios de inclusão foram excluídos da amostra. Os dados foram armazenados em banco de dados com posterior aplicação da analise estatística descritiva.

Resultados: As gestantes que realizaram o pré-natal tinham idade mínima de 15 anos e máxima de 45 anos. 46% eram de cor parda e 21% de cor negra. 61% tinham o ensino fundamental incompleto. 80% eram solteiras, porém com união estável. 77% tinham atividade laboral; 81% tinham renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. 30% tinham história de aborto. 25% tinham história de parto cesáreo. 35% eram tabagistas; 20% faziam uso de álcool regularmente. 15% eram usuárias de drogas; 20% foram classificadas como gravidez de risco. 20% desenvolveram hipertensão na gestação. 39% eram primigestas e 57% referiram gravidez indesejada.

Conclusões/Considerações: Os resultados apontam para mulheres jovens na faixa etária de 15 a 26 anos, afrodescendentes, baixa escolaridade, solteiras vivendo em união estável. Renda familiar insuficiente e gravidez indesejada. Na assistência pré-natal, o enfermeiro tem um importante papel na equipe multiprofissional, para a detecção precoce de intercorrências, na educação em saúde.
Modalidade de aprovação: Comunicação Oral Curta
Eixo temático: Relato de Pesquisa

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

MIÍASE


Definição
A Miíase é uma zoodermatose é caracterizada pela invasão de larvas de várias espécies de moscas, em lesões da pele, mucosas ou orifícios e cavidades naturais do organismo.
Agente etiológico
Entre as principais moscas cujas larvas produzem Miíase, estão as dos gêneros:  Dermatobia, Cordylobia, Calitroga, Lucilia, Sarcophaga, Chrysomya, Phormya, Gasterophilus, Wohlfahrtia e Cochliomya. A mosca doméstica comum (musca domestica),  pode ser causadora facultativa de Miíase. Na América do Sul, as responsáveis pela Miíase são as moscas Dermatobia hominis, Calitroga ameicana  Calitroga macelaria e espécies do gênero Lucilia.

Características da larva: As larvas apresentam-se em forma de vermes segmentados cilíndricos, sem cabeça, de cor branca ou cinza-claro, de 2 a 30mm de comprimento. A extremidade anterior pode ser pontiaguda e  respiram por dois espiráculos que podem ser confundidos com olhos. A morfologia das larvas varia de espécie para espécie e na mesma  espécie de acordo com a fase evolutiva.
Patogenia
Na Miíase primária, a mosca deposita os ovos na pele normal junto às lesões tegumentares, como arranhões, picadas de insetos, escoriações, abrasões, lesões ulcerosas, feridas de pé diabético. O ovo adere à superfície da pele e, com a eclosão dos ovos, a larva penetra ativamente pela lesão, digerindo o tecido da pele, e se entoca na derme ou tecido subcutâneo, aí permanecendo para desenvolver-se. Forma-se então a lesão furunculóide: um nódulo de pouco aspecto inflamatório, com um orifício central, por onde a larva penetrou e por onde respira, através do qual a mesma  se protunde. Nesse tipo de Miíase há um vetor intermediário, que em nosso meio, habitualmente, é a mosca Neivamya lutzi, a qual porta os ovos da Dermatobia hominis e os deposita na pele.

Na Miíase secundária, os ovos são depositados em ulcerações expostas de pele e orifícios ou cavidades naturais, previamente infectados . Nelas as larvas desenvolvem-se alimentando-se de tecido morto. A mosca é atraída pelo odor que exala da lesão e nela deposita seus ovos. Dentro de três semanas estes eclodem liberando as larvas que passam a digerir o tecido necrosado.  
Classificação
As Miíases são classificadas em primárias e secundárias.
  • Miíase primária:  Também chamada de forma furunculóide (berne), é causada pela larva da mosca Dermatobia  hominis, ou raramente, pela Calitroga americana, parasitas obrigatórias (específicas) que invadem  o tecido vivo.
  • Miíase secundária:  Chamada popularmente de bicheira, é causada pela larva da mosca Calitroga macelaria (mosca varejeira) e espécies do gênero Lucilia, parasitas facultativos (semi-específico), que invadem tecidos necrosados de ulcerações da pele e mucosa, destes alimentando-se para o seu desenvolvimento.
  • Miíase acidental (intestinal-urinária) ocorre a ingestão de alimentos contaminados com ovos de moscas produtoras obrigatórias de Miíase, podendo as larvas localizar-se no intestino ou no trato urinário. Geralmente os ovos ingeridos não resistem à passagem pelo trato gastrintestinal, sendo nessa passagem  destruídos, o que torna rara a ocorrência desta forma de |Miíase.
Sinais e sintomas
Essas manifestações clínicas variam conforme a espécie e a localização das larvas.  A larva pode parasitar a pele, o couro cabeludo, cavidades ou orifícios naturais do corpo (vagina, fossas nasais, seios paranasais, olhos, canal auditivo, trato urinário e intestino), determinando quadros localizados, ou ainda, ser disseminada para órgãos internos.
  • presença de larvas na ferida;
  • o paciente se queixa de dor no local da lesão, devido aos movimentos das larvas.
  • sensação de queimação no local da lesão.
  • irritabilidade e nervosismo.
Formas clínicas
Miíase primária:
  • Forma furunculóide (Berne):  Caracterizada por uma lesão nodular, medindo em média 1 a 3cm de tamanho, é  revestida por pele eritematosa,  apresentando  um orifício central de onde flui secreção serosa. Algumas vezes, vê-se a larva protundindo-se por este orifício.  A lesão é dolorosa, o paciente se queixa de  uma sensação de ferroada, devido aos movimentos  da larva em seu interior. É semelhante ao furúnculo, podendo haver uma só ou várias lesões. A larva permanece na lesão  em torno de 50 dias e após atingir a maturidade, cai ao solo para completar sua  sua evolução a inseto adulto.
  • Forma migratória:  forma clínica primária na qual a larva percorre caminhos na pele em vez de ficar localizada, como na forma furunculóide.







Miíase secundária:
  • Forma cutânea:  ocorre em tecidos necrosados de ulcerações expostas de pele; várias larvas podem ser vistas movimentando-se na superfície da ulceração, em meio a secreções seropurulentas e tecidos mortos.
  • Forma cavitária:  decorre da presença de larvas de moscas facultativas em orifícios e cavidades naturais infectados. Estas podem permanecer localizadas ou ser disseminadas a vários órgãos internos, inclusive o cérebro, incapacitando e ameaçando a vida. Nessa forma clínica de apresentação da miíase pode ocorrer também a oftalmomiíase (miíase nos olhos), miíase nasal (miíase no nariz) esta pode ocorrer também em pacientes com Hanseníase e Leishmaniose tegumentar causando extensa lesão tecidual.







Miíase acidental:
  • Forma acidental:  os ovos são ingeridos com alimentos contaminados, podendo localizar-se no tecido intestinal ou nas vias urinárias. A forma acidental intestinal, também chamada de pseudomiíase, manifesta um quadro de enterocolite aguda com dor abdominal, diarréia e sangramento anal. O acometimento do trato urinário determina o surgimento de proteinúria, disúria, hematúria e piúria, pode também determinar o priapismo.
Diagnóstico
  • Anamnese.
  • Exame físico.
  • Exame clínico.
  • Exames laboratoriais.
  • Exame dermatológico.
  • Exame oftalmológico (oftalmomiíase).
Obs:  O diagnóstico mais preciso é feito pela visualização das larvas, através do orifício, na miíase furunculóide (berne), e na superfície das lesões ulceradas, nas formas secundárias. Pode haver alguma dificuldade na visualização da larva no início do berne, onde ela se entoca sob a pele. Em algumas formas graves, disseminadas ou acidentais, nas quais as larvas não são visíveis, tornam-se necessários procedimentos especiais, de acordo com cada caso, para o diagnóstico.
Diagnóstico diferencial  
O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Miíase não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico e laboratoriais  o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Miíase são as seguintes:
  • Furúnculos.
  • Abscessos de glândulas sudoríparas.
  • Otite.
  • Rinite.
  • Impetigo.
  • Corpo estranho.
  • Inflamações de cavidades e orifícios naturais.
Tratamento
  • Assepsia do local da lesão
  • Retirada das larvas com uma pinça, depois indica-se o uso de anti-séptico no local da lesão.
  • Tratamento cirúrgico através do debridamento, excisão e alargamento do orifício para a retirada da larva, pode ser necessário em alguns casos mais graves.
  • Antibioticoterapia , deve ser administrada quando ocorre infecção.
  • Limpeza diária da lesão com o cuidado de tentar visualizar se existem mais larvas.
  • Os pacientes com problemas dermatológicos podem ver e sentir seus problemas, e estes os afetam mais do que a muitos portadores de outras patologias, por isso o apoio psicológico por parte da equipe de enfermagem é fundamental para esses pacientes.
Complicações
Quando a larva sai e deixa o orifício ou a lesão aberta, esta pode ser uma porta de entrada para outros microorganismos oportunistas, que podem causar as seguintes doenças:
  • Infecção secundária bacteriana.
  • Erisipela.
  • Linfagite.
  • Tétano.
  • Abscessos.
  • No caso de Oftalmomiíase pode ocorrer: conjuntivite, lacrimejamento, hiperemia da conjuntiva, conjuntivite catarral.
  • Herpes zoster oftálmico pode ter associação com a Oftalmomiíase.
Prevenção
  • Combate às moscas.
  • Cobrir adequadamente feridas abertas, ulceradas com tecidos necrosados, eczemas infectados, associando boa higiene individual e ambiental.
  • As moscas geralmente  são atraídas pelo odor que exala da lesão e aí deposita seus ovos.

Fonte: http://www.mccorreia.com/dermatologica/miiase.htm

sábado, 1 de agosto de 2015

Dermatozoonoses



 ESCABIOSE
É uma doença contagiosa causada por ácaros, afetando seres humanos e outros mamíferos (porcos, vacas, cavalos, gatos e cães). Quando afeta seres humanos, o agente é o Sarcoptes scabiei, var. hominis (transmitida exclusivamente de ser humano para ser humano). Em cães, o agente é o Sarcoptes scabiei, var. canis (transmitida exclusivamente de cão para cão). Dessa forma, é um mito de que a escabiose humana é transmitida ao homem por meio dos animais. É importante alertar os médicos sobre esse mito para que orientem o paciente corretamente, colaborando assim, para a “posse responsável” de animais de estimação. Caso o indivíduo entre em contato com o Sarcoptes scabiei, var. canis, ele poderá apresentar algumas lesões papulosas, as quais desaparecerão espontaneamente e não evoluirão para a clássica da escabiose humana. As fêmeas dos ácaros penetram na epiderme, depositam seus ovos e morrem após 1 mês. O ácaro e suas fezes causam prurido intenso.
O início da doença é insidioso, com aparecimento de lesões papulovesiculares eritematosas e pruriginosas. O prurido piora à noite e geralmente os familiares também são contaminados. É possível visualizar sulcos lineares (trajeto do ácaro) e pápulas pruriginosas nos espaços interdigitais das mãos, punhos, face extensora dos cotovelos, axilas, abdome, genitais, regiões glúteas e coxas. Nódulos eritematosos podem ocorrer, assim como vesículas, sem a presença do ácaro. É uma reação de hipersensibilidade, comum na escabiose. Em lactentes, a localização preferencial é nas palmas e plantas, geralmente associada à infecção secundária, lesões na cabeça podem ser observadas nas crianças que estão sendo amamentadas.
Tratamento
Todas as pessoas que moram na mesma casa com os doentes devem ser tratadas.
1. Enxofre (precipitado a 5 a 8%): em creme, loção cremosa, vaselina sólida, líquida ou pasta d’água. É a medicação de escolha para crianças e gestantes; deve-se aplicar 1 vez/dia durante 3 dias. Descansar 7 dias e repetir por mais 3 dias. Apresentação: manipulação. Não é necessário aplicar na face. O enxofre a 10% ungüento é seguro e eficaz para o tratamento de escabiose em lactentes.
2. Permetrina (combinação de piretróides sintéticos): loção a 5%, aplicar por 8 a 12 horas. Apresentação: loção a 5%. A vantagem da permetrina no tratamento da escabiose é o fato dela permanecer ativa na pele por 7 dias, o que irá protegê-lo de uma reinfecção. 
3. Benzoato de benzila a 25% em emulsão: em alguns países desenvolvidos, só é liberado para uso veterinário. No Brasil, é usado diluído ao meio, aplicado durante 8 horas por dois períodos de 3 dias, com intervalo de 7 dias. O uso não adequado pode causar dermatite de contato.
4. Monossulfiram: diluir em água, na concentração 1/2 para adultos e 1/3 para crianças. Os adultos não devem ingerir bebidas alcoólicas, em função do efeito antabuse. Aplicar 1 vez/dia durante 3 a 5 dias. Descansar 7 dias e repetir por mais 3 a 5 dias. Um estudo comparativo entre monossulfiram e benzoato de benzila mostram nítida vantagem do tratamento com o monossulfiram.
5. Deltametrina: loção a 20 mg/100 mL. Aplicar 1 vez/dia durante 5 dias, em todo o corpo (loção e xampu). Contra-indicações: pacientes com hipersensibilidade à deltametrina, alergia respiratória e com lesões de pele.
6. Hexaclorogamabenzeno (lindano): atualmente não utilizado e, devido à neurotoxicidade, foi retirado do mercado.
7. Ivermectina: 100 a 200 mcg/kg em dose única via oral, sempre com água. Não é recomendado para gestantes, idosos e crianças menores de 5 anos. Apresentação: ivermectina 6 mg/comprimido. Geralmente, não é necessário administrar outra dose. O uso exagerado da ivermectina para escabiose pode desencadear resistência à droga. A ivermectina, o único tratamento oral para escabiose, não é aprovada nos Estados Unidos; é somente indicada para pacientes com escabiose crostosa ou sarna norueguesa que estão debilitados. Estudos recentes têm demonstrado que a droga é segura e eficaz. É indicada para crianças com lesões eczematizadas e com infecção secundária. 

Pediculose

Existem três variedades de piolhos que afetam o homem.
1. Piolho da cabeça (Pediculus humanus, var. capitis): todo o seu ciclo de vida ocorre no couro cabeludo. Ovos visíveis ou lêndeas são depositados na haste do pêlo, isolado e perto do couro cabeludo. Prurido com infecção secundária é comum; linfadenopatia cervical e occipital associadas são comumente encontradas. Acomete principalmente crianças em idade escolar, especialmente de cabelos compridos.
2. Piolho do corpo (Pediculus humanus, var. corporis): raramente é encontrado na pele, pois habita e se reproduz nas dobras das roupas e daí só sai para se alimentar. O paciente apresenta-se com pápulas pruriginosas e geralmente habita áreas superpopulosas, de extensa pobreza e vive em condições de pouca higiene, já que raramente mudam de roupa.
3. Piolho púbico (Phthirus pubis) ou chato: os ovos são encontrados na haste do pêlo. Também podem ser encontrados na região occipital, tronco, membros, supercílios, cílios e axilas. Está relacionado a doenças sexualmente transmissíveis.
Tratamento
As pediculoses da cabeça e púbica são tratadas de
maneira semelhante: " xampu comum seguido de creme rinse de permetrina a 1%: 1 aplicação, por 8 horas, que deve ser repetida após 7 dias.Apresentações da permetrina: xampu, sabonete e loção a 5%. A apresentação em loção é mais efetiva pela maior permanência no couro cabeludo. A remoção das lêndeas com pente fino embebido em vinagre é útil. Todos os contatantes íntimos devem ser tratados. O piolho do corpo é eliminado pela limpeza das roupas (noções básicas de higiene). A loção de dimeticona a 4% pode curar a pediculose e parece ser menos irritante que os demais tratamentos. O uso do repelente de citronela pode diminuir significativamente a incidência de reinfestações e o tempo gasto no tratamento e na remoção das lêndeas. Há relatos de resistência à permetrina no Sul da Flórida, nos Estados Unidos.