quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Tumores Cutâneos Não Cancerosos



Os tumores cutâneos, que são acúmulos anormais de diferentes tipos de células, podem estar presentes desde o nascimento ou podem desenvolver- se mais tarde. Quando o crescimento é controlado e as células não se disseminam para outras partes do corpo, os tumores cutâneos são não cancerosos (benignos). Quando o crescimento é descontrolado e as células invadem o tecido normal e chegam mesmo a disseminar-se (produz metástases) a outras partes do corpo, os tumores são cancerosos (malignos).

Nevos

Os nevos (molas) são pequenos tumores cutâneos, geralmente escuros, que se formam a partir de células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). Os nevos apresentam tamanhos variados, podem ser planos ou elevados, lisos ou rugosos (semelhantes a verrugas) e alguns apresentam pêlos. Embora habitualmente sejam de cor castanho escuro ou preto, os nevos podem ser cor da pele ou amarelo pardo. Quase todos os indivíduos apresentam aproximadamente 10 nevos, os quais surgem comumente na infância ou na adolescência. Como todas as células, as células produtoras de pigmento respondem às alterações dos níveis hormonais e, conseqüentemente, muitos nevos podem surgir, crescer ou escurecer durante a gravidez. Dependendo de seu aspecto e de sua localização, os nevos podem ser considerados defeitos ou marcas de beleza. Os nevos pouco atraentes ou localizados em áreas onde as vestimentas podem irritá-los podem ser extirpados pelo médico com um bisturi e anestesia local. A maioria dos nevos é inofensiva e não necessita ser removida. Contudo, alguns parecem muito com o melanoma maligno (um câncer de pele) e a sua diferenciação pode ser difícil. Além disso, os nevos não cancerosos podem evoluir para o melanoma maligno. De fato, aproximadamente 50% dos melanomas malignos iniciam em nevos e, por essa razão, um nevo suspeito deve ser removido e examinado ao microscópio. As alterações de um nevo como um aumento (especialmente com uma borda irregular), escurecimento, inflamação, alterações da cor em moteado, sangramento, ruptura da pele (úlcera), prurido e dor, são possíveis indicadores de um melanoma maligno. Quando é demonstrado que o nevo é canceroso, pode ser necessária uma segunda cirurgia para remover a pele circunjacente.

Vitiligo

Os nevos atípicos (molas displásicas) são tumores cutâneos escuros, achatados ou elevados, mas maiores que os nevos comuns (diâmetro maior que 1,5 cm) e não são necessariamente redondos. A sua cor varia do brônzeo ao castanho escuro, freqüentemente sobre um fundo rosado. Alguns indivíduos apresentam mais de 100 nevos atípicos e novos continuam a surgir mesmo após a meia-idade. Os nevos atípicos podem ocorrem em qualquer local do corpo, embora sejam mais comuns em áreas cobertas (p.ex., nádegas, mamas e couro cabeludo), uma distribuição consideravelmente diferente da dos nevos comuns. A tendência a apresentar nevos atípicos é hereditária, embora alguns indivíduos sem história familiar possam apresentá-los. Um indivíduo com nevos atipícos e com 2 ou mais familiares que apresentaram muitos nevos atípicos e melanoma (síndrome do nevo displásico) apresenta um alto risco de desenvolver um melanoma maligno. Não se sabe se o risco de melanoma é elevado em indivíduos com nevos atípicos e que não apresentam antecedente familiar de melanoma. Os indivíduos com nevos atípicos, sobretudo aqueles com antecedente familiar de melanoma, devem estar atentos a qualquer alteração que possa indicar um melanoma maligno. Eles devem ser examinados anualmente pelo seu médico ou por um dermatologista. Os dermatologistas observam os nevos atípicos para controlar alterações sutis, como a alteração de cor ou de tamanho. Para ajudar a controlar essas alterações, eles comumente utilizam fotografias coloridas do corpo inteiro. Qualquer alteração em um nevo atípico significa que ele deve ser removido. Alguns especialistas acreditam que os raios solares aceleram o desenvolvimento e as alterações dos nevos atípicos. Os indivíduos com nevos atípicos devem evitar a exposição ao sol. Quando expostos ao sol, eles devem sempre utilizar um filtro solar com um fator de proteção solar (FPS) 15 no mínimo. Esses filtros solares podem prover uma proteção contra os raios ultravioletas (UV) causadores de câncer.

Pólipos Cutâneos

Os pólipos cutâneos (acrocordons) são pequenos pedículos cutâneos macios e da cor da pele ou discretamente mais escuros que ocorrem principalmente no pescoço, nas axilas ou na virilha. Geralmente, os pólipos cutâneos não causam problemas, mas podem ser pouco atraentes e a roupa ou a pele próxima pode causar atrito e irritá-los. O médico pode remover facilmente um pólipo cutâneo através da congelação com nitrogênio líquido ou de sua ressecção com o auxílio de um bisturi ou de uma tesoura.

Lipomas

Os lipomas são depósitos macios de material gorduroso que crescem sob a pele, formando proeminências redondas ou ovais. Alguns indivíduos apresentam apenas um lipoma, enquanto outros apresentam muitos. Os lipomas são mais comuns nas mulheres que nos homens e, embora eles possam ocorrer em qualquer parte do corpo, eles são particularmente comuns nos antebraços, no tronco e na região posterior do pescoço. Os lipomas raramente causam problemas, embora eles possam ocasionalmente ser dolorosos. Geralmente, o médico diagnostica os lipomas facilmente e não há a necessidade de exames para o estabelecimento do diagnóstico. Esses tumores são benigos e raramente tornam-se cancerosos. Quando um lipoma apresenta qualquer alteração, o médico pode realizar uma biópsia (coleta de uma amostra para exame microscópico). Geralmente, não há necessidade de tratamento, mas os lipomas incômodos podem ser removidos cirurgicamente ou através da lipoaspiração.

Angiomas

Os angiomas são acúmulos de vasos sangüíneos ou linfáticos anormalmente densos que em geral se localizam na pele e sob a mesma e produzem uma coloração vermelha ou púrpura. Freqüentemente, os angiomas já estão presente ao nascimento ou surgem logo após e podem ser denominados marcas de nascença. (Outros tipos de formações presentes ao nascimento também são denominadas marcas de nascença.) Aproximadamente um terço de todos os recém-nascidos apresenta angiomas, os quais variam de aspecto de um indivíduo a outro e, geralmente, somente causam problemas estéticos. Muitos angiomas desaparecem espontaneamente. São exemplos de angiomas as manchas de vinho do Porto, as marcas em morango, os hemangiomas cavernosos, as aranhas vasculares e os linfangiomas.

Manchas de Vinho do Porto

As manchas de vinho do Porto (nevi flammeus) são manchas planas de coloração rosa, vermelha ou violácea presentes desde o nascimento. Geralmente, as manchas de vinho do Porto são permanentes, mas as pequenas manchas localizadas na face podem desaparecer após alguns meses. A maioria delas é fisicamente inofensiva, mas pode ser psicologicamente devastadora. Ocasionalmente, elas podem aparecer junto com outros sintomas da síndrome de Sturge-Weber, um distúrbio genético raro que produz retardo mental. As manchas de vinho do Porto pequenas podem ser camufladas com um creme cosmético. Quando a mancha é considerada incômoda, ela pode ser removida com laser.

Marcas em Morango

As marcas em morango (hemangiomas capilares) são áreas elevadas de cor vermelho brilhante com um diâmetro que varia de 1 a 10 cm. Geralmente, as marcas em morango podem aparecer logo após o nascimento e tendem a crescer lentamente durante os primeiros meses de vida. Mais de três quartos delas desaparecem completamente por volta dos 7 anos de idade, mas algumas deixam uma área acastanhada e enrugada. Geralmente, as manchas em morango não necessitam de tratamento, exceto quando elas localizam- se próximo aos olhos ou de outros órgãos vitais, onde podem interferir nas funções corpóreas. A prednisona (um corticosteróide) pode ser administrado pela via oral para reduzir o tamanho das marcas. Ela é mais eficaz quando utilizada assim que as marcas começam a aumentar. A remoção cirúrgica de marcas em morango é raramente realizada por causa da probabilidade de deixar grandes cicatrizes.

Hemangiomas Cavernosos

Os hemangiomas cavernosos são áreas elevadas vermelhas ou púrpuras constituídas por vasos sangüíneos anormais dilatados. Essas formações estão presentes ao nascimento. Algumas vezes, os hemangiomas cavernosos tornam-se dolorosos, sangram e, em seguida, podem desaparecer parcialmente. Em raros casos, eles desaparecem totalmente sem tratamento. Nas crianças, a prednisona oral pode eliminar os hemangiomas cavernosos. Os hemangiomas cavernosos pequenos podem ser erradicados através da eletrocoagulação, um procedimento no qual o médico realiza uma anestesia local e, a seguir, utiliza uma sonda elétrica quente para destruir o tecido anormal. Às vezes, a remoção cirúrgica é necessária, especialmente quando o fluxo sangüíneo aumentado do hemangioma cavernoso provoca aumento de volume de um membro superior ou inferior.

Aranhas Vasculares

As aranhas vasculares são áreas de cor vermelho brilhantes que habitualmente apresentam uma mancha central avermelhada ou purpúrea com finas projeções semelhantes às patas de uma aranha. A aplicação de pressão sobre a mancha central (o vaso sangüíneo que é a fonte do sangue em uma aranha vascular) pode provocar um empalidecimento temporário da cor. Freqüentemente, as aranhas vasculares ocorrem em pequeno número. Os indivíduos com cirrose hepática freqüentemente apresentam muitas aranhas vasculares, assim como muitas mulheres grávidas ou que utilizam contraceptivos orais. Geralmente, as aranhas vasculares são assintomáticas em qualquer uma dessas condições. As marcas desaparecem sem tratamento 6 a 9 meses após o parto ou após a interrupção do uso do contraceptivo oral. Quando o indivíduo deseja tratar por razões estéticas, o vaso central pode ser destruído através da eletro-coagulação (terapia que usa anestesia local e uma sonda elétrica que provoca coagulação pelo calor).

Linfangiomas

Os linfangiomas são proeminências que aparecem na pele causados por um acúmulo de vasos linfáticos dilatados, condutos que transportam linfa (um líquido incolor semelhante ao sangue) por todo o organismo. A maioria dos linfangiomas apresenta uma cor amarelo escuro, mas alguns são vermelhos. Quando lesados ou perfurados, ocorre o extravasamento de um líquido incolor. Embora habitualmente não haja necessidade de tratamento, os linfangiomas podem ser removidos cirurgicamente. No entanto, a cirurgia exige a remoção de muito tecido dérmico e subcutâneo, pois os linfangiomas crescem profundamente sob a pele.

Granulomas Piogênicos

Os granulomas piogênicos são áreas ligeiramente elevadas, de cor escarlate, castanho ou azul escuro, causadas por um aumento exagerado dos capilares (os menores vasos sangüíneos) e inflamação do tecido circunjacente. O quadro evolui rapidamente, geralmente após uma lesão da pele. Os granulomas piogênicos podem sangrar facilmente porque a pele que os reveste é freqüentemente muito fina. Por razões desconhecidas, granulomas piogênicos grandes podem ocorrer durante a gravidez, aparecendo inclusive nas gengivas (tumores da gravidez). Às vezes, os granulomas piogênicos desaparecem espontaneamente, mas, quando eles persistem, o médico pode realizar uma biópsia (coleta de uma amostra para exame microscópico) para se assegurar que não se trata de um melanoma ou de um outro tipo de câncer. Quando necessário, os granulomas piogênicos podem ser removidos cirurgicamente ou por eletrocoagulação (terapia que utiliza uma anestesia local e uma sonda elétrica aquecida), mas eles podem retornar após o tratamento.

Ceratoses Seborréicas

As ceratoses seborréicas (algumas vezes denominadas verrugas seborréicas) são tumores cor da pele, castanhos ou pretos que podem ocorrer em qualquer local na pele. Mais freqüentemente, essas ceratoses ocorrem no tronco e nas têmporas. Nos indivíduos negros, sobretudo nas mulheres, eles freqüentemente ocorrem na face. São mais comuns em indivíduos de meia-idade e idosos. A sua causa não é conhecida. As ceratoses seborréicas variam de tamanho e seu crescimento é lento. Elas podem ser redondas ou ovais, parecem estar aderidas à pele e, freqüentemente, possuem superfícies céreas ou descamativas. Esses tumores são benignos e não evoluem para o câncer. O tratamento não é necessário, exceto quando as ceratoses tornam-se irritadas ou produzem prurido, ou quando forem indesejáveis do ponto de vista estético. Elas podem ser removidas através da congelação com nitrogênio líquido ou da ressecção com um bisturi, com a área anestesiada. Ambos os procedimentos deixam pouca ou nenhuma cicatriz.

Dermatofibromas

Os dermatofibromas são pequenos nódulos vermelhos ou castanhos decorrentes de um acúmulo de fibroblastos, as células localizadas no tecido mole que se encontra sob a pele. A causa dos dermatofibromas é desconhecida. Esses tumores são comuns e, geralmente, aparecem como nódulos duros e isolados, freqüentemente nos membros inferiores. Alguns indivíduos apresentam muitos dermatofibromas. Eles podem causar prurido. Habitualmente, os dermatofibromas não são tratados, exceto quando são incômodos ou aumentam de tamanho. Sob anestesia local, eles podem ser removidos cirurgicamente.

Ceratoacantomas

Os ceratoacantomas são tumores redondos, firmes, habitualmente cor da pele que apresentam uma depressão central característica que contém um material pastoso. Comumente, os ceratoacantomas ocorrem na face, no antebraço e no dorso da mão e crescem rapidamente. Eles podem atingir até 5 cm de diâmetro em 1 ou 2 meses. Após alguns meses, eles freqüentemente começam a desaparecer, mas podem deixar cicatrizes. Os ceratoacantomas não são cancerosos, mas podem se parecer muito com o carcinoma epidermóide, um tipo de câncer de pele. Por essa razão, os médicos freqüentemente realizam uma biópsia (coleta de uma amostra para exame microscópico). Os ceratoacantomas podem ser tratados cirurgicamente ou com injeções de corticosteróides ou de fluorouracil. Ambos os procedimentos eliminam os ceratoacantomas e, geralmente, deixam cicatrizes muito menores que as decorrentes do crescimento e o desaparecimento espontâneo dos mesmos.

Quelóides

Os quelóides são formações proliferativas de tecido fibroso. Eles são lisos, brilhantes, discretamente rosados, e freqüentemente em forma de cúpula, que se formam sobre áreas de lesão ou sobre feridas cirúrgicas. Esses tumores podem também ser resultantes da acne grave. Algumas vezes, eles formam-se sem que haja qualquer lesão. São muito mais comuns em indivíduos negros que em indivíduos brancos. Os quelóides respondem mal ao tratamento, mas injeções mensais de corticosteróides podem torná-los um pouco mais planos. O médico pode tentar a remoção cirúrgica ou a remoção a laser seguida de injeções de corticosteróides, mas os resultados raramente são perfeitos. Alguns médicos têm aplicado retalhos de silicone sobre os quelóides, conseguindo um aplanamento considerável dos mesmos.

Mnaual Merck

Luz Solar e Lesão Cutânea


A pele protege o resto do corpo contra a ação dos raios solares, uma fonte de radiação ultravioleta (UV) que pode lesar as células. A exposição excessiva, ainda que de curta duração, produz queimaduras solares. Com a exposição prolongada à luz solar, a camada superior da pele (epiderme) torna-se mais espessa e as células cutâneas produtoras de pigmento (melanócitos) aumentam a produção do mesmo (melanina), o qual provê à pele a sua cor. A melanina, uma substância protetora natural, absorve a energia dos raios ultravioleta e impede que eles penetrem mais profundamente nos tecidos. A sensibilidade à luz solar varia de acordo com a raça, a exposição prévia e a cor da pele, mas todo mundo é vulnerável em um certo grau. Como os indivíduos de pele escura possuem mais melanina, eles possuem uma maior resistência aos efeitos nocivos do sol, como queimaduras, envelhecimento prematuro da pele e câncer de pele. Os indivíduos albinos não possuem melanina na pele, não bronzeiam e queimam-se gravemente mesmo com uma breve exposição ao sol. A não ser que os albinos se protejam do sol, eles desenvolvem câncer de pele prematuramente. Os indivíduos com vitiligo apresentam áreas da pele que não produzem melanina e, por essa razão, podem apresentar queimaduras solares graves.

Queimadura Solar

A queimadura solar ocorre em conseqüência da exposição excessiva aos raios ultravioleta B (UVB). Dependendo do tipo de pigmento de pele que um indivíduo possui e da quantidade da exposição ao sol, a pele torna-se vermelha, edemaciada e dolorosa uma hora a um dia após a exposição. Posteriormente, pode ocorrer a formação de bolhas e a pele pode descamar. Alguns indivíduos com queimadura solar apresentam febre, calafrios e fraqueza e aqueles com queimaduras solares muito graves podem inclusive entrar em choque (hipotensão arterial, desmaio e fraqueza profunda).

Perigos da Radiação Solar Não Percebida

O sol irradia energia de diferentes comprimentos de onda. Por exemplo, a luz amarela tem um comprimento de onda mais longo que a luz azul. Os comprimentos de onda da luz ultravioleta (UV) são mais curtos que os comprimentos de onda da luz visível, podendo lesar o tecido vivo. Felizmente, a camada de ozônio situada na parte superior da atmosfera filtra a maioria dos comprimentos de onda UV lesivos, mas parte dessa luz UV, principalmente a incluída nas faixas de comprimento de onda A (UVA) e B (UVB), chega à terra e pode causar lesão cutânea. As características e a quantidade de luz UV variam de acordo com a estação, o clima e a localização geográfica. Devido à forma com que os raios solares atravessam a atmosfera nas diferentes horas do dia nas zonas temperadas, a exposição da pele ao sol é menos prejudicial antes das dez da manhã e após as três da tarde. O risco de lesão é maior nas altitudes elevadas, onde a atmosfera protetora é mais delgada. Uma última consideração: a quantidade de luz UV que chega à superfície da Terra é cada vez maior, especialmente nas latitudes setentrionais. Isto ocorre porque reações químicas entre o ozônio e os clorofluorocarbonos (substâncias químicas utilizadas em geladeiras e presentes em propelentes de sprays) estão destruindo a camada protetora de ozônio, criando uma atmosfera mais delgada e que apresenta alguns orifícios.

Prevenção

O melhor modo (e o mais óbvio) de evitar o dano causado pelo sol é permanecer longe da luz solar direta e intensa. As vestimentas adequadas e os vidros comuns das janelas filtram praticamente todos os raios nocivos. A água não é um bom filtro de raios UV. Os raios UVA e UVB podem atravessar aproximadamente 30 centímetros de água transparente, como podem perceber aqueles que mergulham próximo à superfície e aqueles que caminham descalços pela borda. Tampouco as nuvens ou a neblina são bons filtros de raios UV. Um indivíduo pode sofrer queimaduras solares em um dia nublado ou com cerração. A neve, a água e a areia refletem a luz solar e amplificam a exposição da pele aos raios UV. Antes da exposição à luz solar direta e intensa, o indivíduo deve aplicar um filtro solar (uma pomada ou um creme contendo substâncias químicas que protegem a pele filtrando os raios UVA e UVB). Muitos filtros solares são impermeáveis ou resistentes à água. Um tipo comum e eficaz de filtro solar contém o ácido para-aminobenzóico (PABA). Como ele exige 30 a 45 minutos para fixar- se fortemente à pele, a natação ou a sudorese logo após a sua aplicação irá eliminá-lo da pele. Ocasionalmente, os filtros solares contendo PABA causam irritação da pele e algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas a ele. Um outro tipo de filtro solar contém uma substância química denominada benzofenona. Muitos filtros solares contém PABA e benzofenona ou outras substâncias químicas. Essas combinações fornecem uma proteção contra uma gama mais ampla de raios UV. Outros filtros solares contêm barreiras físicas (p.ex., óxido de zinco ou dióxido de titânio). Essas pomadas brancas e espessas protegem a pele contra a luz solar e podem ser utilizadas em pequenas áreas sensíveis (p.ex., nariz e lábios). Os indivíduos que se preocupam com a aparência podem tingir essas pomadas com cosméticos para combinar com a cor de sua pele. Nos Estados Unidos, os filtros solares são classificados pelo seu número de fator de proteção solar (FPS). Quanto maior o número do FPS, maior a proteção. Os filtros solares com um FPS 15 ou superior bloqueiam a maioria dos raios UV, mas não existe um filtro solar que bloqueie todos eles. A maioria dos filtros solares tende a bloquear apenas os raios UVB, mas os raios UVA também podem causar danos à pele. Alguns filtros solares mais recentes são algo mais eficazes no bloqueio de raios UVA.

Tratamento

O primeiro formigamento ou rubor é um sinal para abandonar rapidamente a exposição ao sol. As compressas de água corrente gelada podem aliviar as áreas avermelhadas, assim como as loções ou pomadas sem anestésicos ou perfumes que possam irritar ou sensibilizar a pele. Os comprimidos de corticosteróides podem ajudar a aliviar a inflamação e a dor em poucas horas. A pele queimada pelo sol começa a curar espontaneamente em poucos dias, mas a cura completa pode levar semanas. As queimaduras solares nas pernas, sobretudo das canelas, tendem a ser particularmente desconfortáveis e a sua cura é lenta. As áreas da pele raramente expostas à luz solar podem sofrer queimaduras graves por possuírem pouco pigmento. Essas áreas incluem aquelas normalmente cobertas pelas roupas de banho, o dorso do pé e o pulso, o qual é normalmente protegido por um relógio. A pele lesada pelo sol torna-se uma barreira deficiente contra a infecção e, quando esta ocorre, pode retardar a cura. O médico pode determinar a gravidade da infecção e, quando necessário, prescrever antibióticos. Após a pele queimada descascar, as novas camadas expostas ao sol são finas e muito sensíveis à sua radiação. Essas áreas podem permanecer extremamente sensíveis durante várias semanas.

Efeitos a Longo Prazo da Radiação Solar

Anos de exposição aos raios solares envelhecem a pele, mas a exposição antes dos 18 anos de idade é provavelmente a mais prejudicial. Embora os indivíduos com pele clara sejam os mais vulneráveis, com uma exposição suficiente a pele de qualquer um sofre alterações. A lesão das camadas profundas da pele causa enrugamento e uma coloração amarelada. A radiação solar também torna a pele mais fina e pode induzir o surgimento de lesões pré-cancerosas (ceratoses actínicas, ceratoses solares). Essas lesões aparecem como áreas descamativas que não curam. Elas também podem ser escuras ou cinzentas e ter uma consistência dura. Os indivíduos que se expõem ao sol exageradamente apresentam um maior risco de apresentar câncer de pele, incluindo o carcinoma carcinoma epidermóide, o carcinoma basocelular e, em um certo grau, o melanoma maligno.

O Bronzeado é Saudável?


Numa palavra: não. Embora o bronzeado do sol seja considerado um sinal de boa saúde e de uma vida atlética e ativa, o bronzeado em si representa um risco à saúde. Qualquer exposição à luz UVA ou UVB pode alterar ou lesar a pele. A exposição prolongada à luz solar natural ou à luz solar artificial num centro de bronzeamento pode causar lesões crônicas da pele. Simplesmente, não existe uma “bronzeado seguro”.


Tratamento

A chave do tratamento é evitar a exposição ao sol. No entanto, qualquer lesão que já tiver ocorrido não pode ser revertida. Os cremes umectantes e a maquiagem ajudam a mascarar as rugas. Algumas vezes, agentes esfoliantes (alfa-hidroxiácidos e tretinoína) são aplicados na tentativa de desfazer lesões muito antigas, especialmente as rugas muito finas e a pigmentação irregular. Embora os benefícios desses tratamentos tenham sido demonstrados, existem poucas evidências convincentes de que as rugas profundas podem desaparecer permanentemente ou que a lesão da pele pode ser revertida. As lesões pré-cancerosas podem evoluir para o câncer de pele. Comumente, as ceratoses solares ou actínicas podem ser removidas através da congelação com nitrogênio líquido. Contudo, quando o indivíduo apresenta uma quantidade excessiva de lesões, pode ser aplicado um líquido ou pomada contendo fluorouracil. Durante este tratamento, a pele freqüentemente parece pior porque o fluorouracil causa hiperemia, descamação e queimação das zonas de ceratose e da pele circunvizinha que está lesada pelo sol.

Reações de Fotossensibilidade da Pele

Embora as queimaduras solares e as lesões causadas pela luz solar demorem para aparecer, alguns indivíduos apresentam reações incomuns após apenas alguns minutos de exposição ao sol. Essas reações incluem a hiperemia, a descamação, a urticária, bolhas e áreas espessas e descamativas. Muitos fatores podem contribuir para essa sensibilidade ao sol (fotossensibilidade). A causa mais comum é o uso de certos medicamentos (p.ex., alguns antibióticos, diuréticos e agentes antifúngicos). As reações de fotossensibilidade também podem ser causadas por sabões, perfumes como águas de toalete perfumadas (especialmente as que contêm bergamota e têm o odor de menta ou de frutas cítricas), alcatrões da hulha utilizados no tratamento da escabiose e do eczema e substâncias encontradas em plantas (p.ex., capim-do-prado e salsa). Certas doenças (p.ex., lúpus eritematoso sistêmico e porfiria) também podem causar reações de fotossensibilidade. Algumas reações à luz (erupções polimorfas) parecem não ter qualquer relação com doenças ou drogas. Em alguns indivíduos, mesmo a exposição breve ao sol produz urticária (manchas vermelhas elevadas) ou eritema multiforme nas áreas expostas ao sol. As reações cutâneas à luz são mais comuns nos indivíduos que vivem em climas temperados, quando eles se expõem pela primeira vez e intensamente à luz do sol na primavera ou no verão. Essas reações são incomuns em pessoas que se expõem ao sol durante o ano todo.

Prevenção e Tratamento

A extrema sensibilidade à luz solar exige o uso de vestimentas protetoras, evitar o máximo possível a luz solar e o uso de filtros solares. Uma investigação minuciosa de qualquer doença, o uso de medicamentos orais ou de substâncias aplicadas sobre a pele (p.ex., medicamentos ou cosméticos) pode ajudar o médico a determinar a causa da fotossensibilidade. No entanto, determinar a causa é uma tarefa difícil e, algumas vezes, impossível. Algumas vezes, o tratamento prolongado com hidroxicloroquina pode evitar as reações de fotossensibilidade e, freqüentemente, os corticosteróides orais podem acelerar a recuperação dessas reações. Para certos tipos de fotossensibilidade, o tratamento pode consistir no uso de psoralenos (drogas que sensibilizam a pele à luz solar) e a exposição da pele à luz UVA. Os indivíduos com lúpus eritematoso sistêmico não conseguem tolerar esse tratamento.

fonte: Manual Merck