terça-feira, 26 de outubro de 2010

Síndrome metabólica e obesidade: é melhor prevenir desde a infância


Síndrome metabólica é a associação de diversas doenças que se associam à obesidade, entre elas, alterações do metabolismo de glicose (resistência insulínica, intolerância à glicose), aumento da pressão arterial (hipertensão) e aumento das taxas de gordura no sangue (dislipidemia). A ocorrência de síndrome metabólica está associada a aumento de risco para diabetes tipo 2 (DM 2) e doenças cardiovasculares, entre elas, o derrame. Se antes era considerada uma doença tipicamente de adulto, com o aumento das taxas de obesidade infantil e em adolescentes, a presença de síndrome metabólica se faz em idades cada vez mais precoces.

A obesidade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de síndrome metabólica. O aumento das taxas de sobrepeso e obesidade é o principal responsável pelo avanço de diabetes mellitus tipo 2 em crianças e adolescentes. Nos últimos 30 anos, a quantidade a criança com sobrepeso aumentou 100%. Crianças obesas possuem risco maior de desenvolver obesidade na vida adulta.

A definição de critérios diagnósticos para identificação precoce de crianças e adolescentes em risco de desenvolver síndrome metabólica, bem como DM 2 e doença cardiovascular, se faz cada vez mais importante. Diversos critérios existem, entretanto, a não uniformidade de parâmetros usados dificulta a comparação entre as diferentes populações. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) publicou uma definição simplificada para critérios de síndrome metabólica em adultos e, mais recentemente, uma para crianças e adolescentes. Abaixo de dez anos de idade, não se recomenda fazer o diagnóstico de síndrome metabólica, mas na presença de obesidade abdominal, deve-se enfatizar a importância de redução de peso e reeducação alimentar, com ênfase em mudança de comportamento. Em crianças acima de dez anos, a síndrome metabólica pode ser diagnosticada pela presença de obesidade abdominal e de duas ou mais manifestações clínicas, entre elas: triglicérides aumentados, HDL baixo, hipertensão arterial ou hiperglicemia. Apesar de pressão arterial, perfil de lipídios, sensibilidade à insulina e dados antropométricos variarem de acordo com a idade e desenvolvimento puberal, devido a poucos dados disponíveis, optou-se por uma simplificação dos valores de corte.

Em nosso meio, o método mais comum para avaliação de obesidade é o índice de massa corporal (IMC), sendo que, em crianças e adolescentes, ele varia de acordo com sexo e idade. Crianças e adolescentes com IMC entre percentil 85 e 95 apresentam sobrepeso e com IMC acima de percentil 95 apresentam obesidade. A circunferência abdominal em criança, assim como em adultos, é um preditor independente de resistência insulínica, concentração sérica de lipídios e pressão arterial. Além disso, em indivíduos obesos com IMC semelhantes, a sensibilidade da insulina é menor naqueles com maior circunferência abdominal por aumento da adiposidade visceral. Por isso, a IDF utilizou a circunferência abdominal para avaliação de obesidade. Entretanto, circunferência abdominal apresenta variações étnicas importantes, necessitando de criação de padrões validados para as diferentes populações. Estudos em diferentes faixas etárias na população brasileira foram publicados recentemente.

A prevalência de síndrome metabólica está aumentando em todo o mundo, acompanhando a tendência global à obesidade. Em todos os estudos, há uma alta prevalência de síndrome metabólica entre crianças e adolescentes obesos. Entretanto, a não uniformidade de parâmetros avaliados para acessar a prevalência de síndrome metabólica resulta em números discrepantes, quando se compara diferentes critérios. Estima-se que a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes brasileiros é de aproximadamente 14%. Em estudo com 99 crianças brasileiras, Silva e colaboradores identificaram uma prevalência de síndrome metabólica de 6%, sendo que em indivíduos obesos, ela subiu para 26,1%.

A síndrome metabólica é um complexo distúrbio metabólico resultante da perda de homeostase corporal. Fatores ambientais podem reprogramar o desenvolvimento fetal em períodos críticos, como forma de aumentar as chances de sobrevivência, resultando em alterações do metabolismo pós-natal, que irão persistir ao longo da vida adulta.

O excesso de ácidos graxos livres circulantes, associado ao excesso de tecido adiposo, resulta em resistência à ação da insulina nos tecidos, principalmente, no tecido adiposo, músculo e fígado, necessitando de secreção maior de insulina para manter a glicemia em valores normais.

A obesidade central, devido ao aumento de tecido celular subcutâneo abdominal, comparado com o aumento da gordura visceral, resulta em diferentes mecanismos de liberação de ácidos graxos livre. Enquanto na obesidade decorrente de aumento de tecido celular subcutâneo abdominal os ácidos graxos livres são liberados na circulação sistêmica, na obesidade visceral, os derivados de lipídios são liberados diretamente na circulação portal, alcançando o fígado e alterando mais intensamente seu metabolismo de produção de glicose, síntese lipídica e secreção de proteínas protrombóticas. Entretanto, ambas as obesidades estão associadas ao aumento pós-prandial de ácidos graxos livres.

O aumento do fluxo de ácidos graxos livres no fígado aumenta a produção de lipoproteína de muita alta densidade (VLDL), rica em triglicérides e apo-B. Uma redução no HDL também ocorre na síndrome metabólica, devido à presença de excesso de triglicérides, resultando em redução do conteúdo do colesterol no HDL e aumento de sua depuração da circulação. Há aumento do LDL com menor densidade e tamanho, devido à redução de colesterol, sendo esse LDL mais aterogênico, por ser mais tóxico para o endotélio.

O defeito na ação da insulina sobre o metabolismo de glicose resulta em falta de inibição da produção de glicose no fígado e nos rins e na inabilidade da insulina de promover entrada de glicose nos tecidos sensíveis a ela. O excesso de ácidos graxos livres pode levar a uma resistência insulínica nas células das ilhotas pancreáticas, aumentando o risco de estados hiperglicêmicos. A presença de hipertensão arterial também está associada à resistência insulínica e ao aumento de ácidos graxos.

A síndrome metabólica está associada a um quadro inflamatório. O excesso de tecido adiposo leva ao aumento da produção de interleucinas pró-inflamatórias pelos monócitos e macrófagos, incluindo interleucina 6, resistina, fator de necrose tumoral  e proteína C reativa e redução de proteínas anti-inflamatórias, como a adiponectina.

O diagnóstico precoce de crianças e adolescentes em risco para síndrome metabólica é crucial para a rápida intervenção e redução de riscos. Diversos fatores estão envolvidos na gênese da síndrome metabólica e, por isso, várias medidas devem ser tomadas para a sua prevenção. A prevenção da síndrome metabólica deve ser iniciada na gestação, com o controle de ganho de peso da gestante entre 9 a 12 kilos durante toda a gestação. A monitoração de gestante com a realização de pré-natal é fundamental para identificação e tratamento de agravos de saúde, tanto na gestante como no recém nascido, que podem levar a uma reprogramação do metabolismo, levando a um risco maior de síndrome metabólica. Em prematuros e mesmo em crianças a termo, deve-se evitar o ganho rápido de peso que também está associado à síndrome.

A amamentação com leite materno exclusivo até 5 a 6 meses de vida e sua manutenção no primeiro ano de vida está associada a uma proteção de obesidade. A principal causa de síndrome metabólica é a obesidade resultante da mudança no estilo de vida, que está acontecendo de forma acelerada no mundo globalizado. Os avanços tecnológicos levam a um estilo sedentário de vida, no qual coisas simples do dia a dia, como a presença de televisão em praticamente todas as casas e sempre com controle remoto, vidros elétricos nos carros, escadas rolantes e elevadores em edifícios e supermercados facilitam nossa vida e reduzem o gasto energético. Além disso, o menor tempo das crianças fora de casa, em atividades físicas com os amigos nas ruas e praças de nossas cidades, e o maior tempo gasto em atividades de pouco gasto energético, tais como assistir televisão, jogar videogames e usar computador várias horas por dia, leva a um desequilíbrio importante entre o quanto se consome e o quanto se gasta de calorias. Aliada a tudo isso está a violência das grandes cidades, devido à qual preferimos evitar sair de casa e fazemos a grande maioria de nossas atividades no lar, inclusive, comprando comida por telefone ou via internet. A mídia também tem um efeito intenso de seduzir as crianças ao consumo de fast food, com bombardeamento intenso de anúncios de lanches que dão brinquedos como brindes para quem comprá-los.

Um estilo de vida saudável começa por hábitos simples que podem facilmente ser mudados em nossa rotina diária. A mudança é sempre difícil, mas, a partir do momento em que se percebe sua importância e necessidade, ela se torna mais fácil. O controle de peso é fundamental para se reduzir o risco cardiovascular associado à síndrome metabólica. As mudanças iniciais no estilo de vida são:

Tomar café da manhã todos os dias e evitar o jejum prolongado por mais de 4 horas. O objetivo principal é manter a taxa de metabolismo alta. Jejum prolongado leva a uma redução da taxa de metabolismo, pois o organismo tenta poupar energia para manter as funções vitais. Portanto, o mito de deixar de almoçar ou jantar para perder peso é uma forma ineficaz de se emagrecer. Começar as refeições do almoço e do jantar comendo verduras. Os primeiros momentos da refeição são quando estamos com mais fome e temos a tendência de comer mais rápido. Como as verduras possuem um teor calórico baixo, se exagerarmos em sua ingestão, não ganharemos peso. Além disso, como é um alimento rico em fibra, ele melhora o ritmo intestinal e reduz a absorção de nutrientes gerais, incluindo proteínas e gorduras. O uso de fibras insolúveis, como farelo de trigo, também pode ser feito durante a refeição. Evitar a repetição dos pratos. Ao iniciar uma refeição, os hormônios que estimulam a fome estão muito altos. Com o início da alimentação, hormônios que são produzidos no estômago e nos intestinos e que inibem o apetite são liberados e devem alcançar regiões que regulam a fome, que se localizam no hipotálamo, na porção central do cérebro. Como seu transporte até hipotálamo demora alguns minutos (pode levar até 14 minutos), se pararmos de comer mesmo antes de nos sentirmos satisfeitos, provavelmente essa sensação sumirá após alguns minutos. Uma sugestão é comermos uma fruta como sobremesa após terminarmos o prato inicial de comida e evitarmos o segundo prato. Atividade física diária de pelo menos 30 minutos. Dê preferência a atividades físicas lúdicas na infância, tais como andar com cachorro, pedalar bicicleta, pular corda, brincar de bambolê. A atividade física possui um efeito positivo na liberação de hormônio de crescimento e de leptina, um hormônio que regula a massa gorda. Estudos mostram que a atividade física tem um efeito adicional à dieta no controle de peso. Dormir cedo e levantar cedo. O ritmo de sono e vigília de uma criança deve seguir o ritmo do dia e da noite, que rege também nosso ritmo circadiano. Diversos hormônios seguem esse ritmo e são produzidos durante o sono, entre eles o hormônio do crescimento, que é produzido na fase IV de sono profundo. O ganho ponderal deve ser monitorado desde o nascimento. A redução da obesidade e o acompanhamento de crianças e adolescentes em risco para síndrome metabólica são importantes medidas para prevenção de doenças associadas, como é o acidente vascular cerebral.

fonte: http://www.diabetenet.com.br/conteudocompleto

domingo, 24 de outubro de 2010

GLOSSÁRIO

Com o objetivo de padronizar a terminologia usada neste manual de Vigilância em Sáude Pública, sem nos aprofundarmos em questões conceituais, optamos por anexar este glossário. Vale salientar que, embora alguns dos termos aqui incluídos possam ser encontrados com significados diferentes, as definições apresentadas são as mais freqüentemente aplicadas no contexto da vigilância e controle de doenças.

Acurácia (sinônimo: validade; ver Reprodutibilidade): O grau em que um valor resultante de uma mensuração representa o verdadeiro valor da variável que está sendo medida.


Agente: Entidade biológica, física ou química cuja presença ou deficiência é capaz de causar doença.


Agente Infeccioso: Agente biológico capaz de produzir infecção ou doença infecciosa.


Aleatório: Descreve um acontecimento ou evento ocorrido devido ao acaso e não determinado por outros fatores.


Amostra: Um subgrupo selecionado de uma população. Uma amostra pode ser aleatória ou não, podendo ser representativa ou não.


Amostra Aleatória: Amostra obtida através de uma seleção em que cada unidade da amostragem (um setor censitário, um domicílio ou uma pessoa) tem a mesma chance de ser incluída na amostra.


Amostra Representativa: Amostra que se assemelha à população original ou à população de referência sob todos os aspectos.

Amostragem por Conglomerados: Método de amostragem no qual cada unidade da amostragem selecionada é composta por um grupo de pessoas em vez de um único indivíduo (exemplo: setores censitários ou domicílios).

Anatoxina (toxóide): Toxina tratada pelo formol ou outras substâncias que perde sua capacidade toxigênica mas conserva sua imunogenicidade. Os toxóides são usados para induzir imunidade ativa e específica contra doenças.


Anos de Vida Potencialmente Perdidos (APVP): Medida de impacto da mortalidade prematura da população, calculada como a soma das diferenças entre uma idade mínima predeterminada e a idade em que ocorreu o óbito entre indivíduos que faleceram antes da idade predeterminada.


Anticorpo: Globulina encontrada em fluidos teciduais e no soro, produzida em resposta ao estímulo de antígenos específicos e capaz de combinar-se com estes, neutralizando-os ou destruindo-os.


Anticorpo Monoclonal: Anticorpo produzido pela progênie de uma única célula e que por isso é extremamente puro, preciso e homogêneo.


Antigenicidade: Capacidade de um agente, ou de uma fração deste, estimular a formação de anticorpos.


Antígeno: Porção ou produto de um agente biológico capaz de estimular a formação de anticorpos específicos.


Anti-sepsia: Conjunto de medidas empregadas para impedir a proliferação microbiana.


Antitoxina: Anticorpos contra a toxina de um microrganismo, usualmente uma exotoxina bacteriana.


Antrópico: Tudo o que pode ser atribuído à atividade humana.


Antroponose: Infecção cuja transmissão se restringe aos seres humanos.


Antropozoonose: Infecção transmitida ao homem a partir de reservatório animal.

Arboviroses: Viroses transmitidas de um hospedeiro para outro por meio de um ou mais tipos de artrópode.

Assepsia: Conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação) em local que não os contenha.


Associação; Relação estatística entre dois ou mais eventos, características ou outras variáveis.


Bacteriófago: Vírus que lisa a bactéria. Vírus capaz de infectar e destruir bactérias. Freqüentemente usados como vetores pela engenharia genética.


Bias: Veja Viés


Biocenose: Comunidade resultante da associação de populações confinadas em determinados ambientes, no interior do ecossistema.


Biogeocenose (ecossistema): Sistema dinâmico que inclui todas as interações entre o ambiente e as populações ali existentes.


Biosfera: Conjunto de todos os ecossistemas.


Biota: Reunião de várias comunidades.

Capacidade vetora: Propriedade do vetor, medida por meio de parâmetros, como abundância, sobrevivência e grau de domiciliação, relacionada à transmissão do agente infeccioso em condições naturais.

Caracteres epidemiológicos: Modos de ocorrência natural das doenças em uma comunidade, de acordo com a sua estrutura epidemiológica.


Caráter antigênico: Combinação química dos componentes antigênicos de um agente, cuja combinação e componentes são únicos para cada espécie ou cepa do agente, sendo responsável pela especificidade da imunidade resultante da infecção por esse agente.


Caso: Uma pessoa identificada como portadora de uma característica particular, como uma doença, comportamento ou problema. A definição epidemiológica de um caso não é necessariamente a mesma que a definição clínica. Os casos podem ser divididos entre possíveis, prováveis e confirmados, à medida que satisfazem determinados critérios específicos.


Caso confirmado: Pessoa de quem foi isolado e identificado o agente etiológico ou de quem foram obtidas outras evidências epidemiológicas e/ou laboratoriais da presença do agente etiológico, como, por exemplo, a conversão sorológica em amostras de sangue colhidas nas fases aguda e convalescente. Esse indivíduo poderá ou não apresentar a síndrome indicativa da doença causada por esse agente. A confirmação do caso estará sempre condicionada à observação dos critérios estabelecidos pela definição de caso, que, por sua vez, está condicionada ao objetivo do programa de controle da doença e/ou do sistema de vigilância.


Caso esporádico: Caso que, segundo informações disponíveis, não se apresenta epidemiologicamente relacionado a outros já conhecidos.


Caso índice: Primeiro entre vários casos de natureza similar e epidemiologicamente relacionados. O caso índice é muitas vezes identificado como fonte de contaminação ou infecção.


Caso presuntivo: Pessoa com síndrome clínica compatível com a doença, porém sem confirmação laboratorial do agente etiológico. A classificação como caso presuntivo está condicionada à definição de caso.


Caso suspeito: Pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção sugerem que possa estar com ou vir a desenvolver uma doença infecciosa.


Categoria: Conjunto de valores de uma variável, agrupados por conveniência da análise (exemplo: os valores da hemoglobina podem ser classificados em intervalos de 1g/dl para efeitos de análise). Também chamada de classe.


"Cluster": É o surgimento de casos de qualquer agravo à saúde, particularmente câncer e malformações congênitas, agregados no tempo e no espaço. O número de casos pode ou não exceder o esperado; freqüentemente, o número esperado não é conhecido.


Cobertura: Medida, normalmente expressa como um percentual, das pessoas ou domicílios que receberam um determinado serviço, em relação àquelas que necessitam dele (exemplo: percentual de domicílios com abastecimento adequado de água, percentual de crianças vacinadas com três doses da vacina DTP).


Coeficiente (sinônimo: taxa): Em epidemiologia, demografia e estatística vital, coeficiente é uma expressão da freqüência em que um evento ocorre em uma dada população. Os coeficientes são essenciais para a comparação de experiências entre populações durante diferentes períodos, diferentes lugares, ou entre diferentes variáveis sociais e econômicas da população.


Coeficiente específico por faixa etária: Taxa relativa a uma determinada faixa etária; o numerador e o denominador incluem pessoas do mesmo grupo de idade.


Coeficiente de fecundidade total: Estimativa do número total de crianças que uma mulher viria a dar à luz, se ela continuasse tendo filhos de acordo com os coeficientes vigentes de fecundidade de cada grupo etário.


Coeficiente de incidência: Taxa em que novos eventos ocorrem em dada população.

O numerador é o número de novos eventos ocorridos em período definido; o denominador, a população exposta ao risco durante aquele período.

Coeficiente de morbidade: Medida de freqüência de doença em uma população. Existem dois grupos importantes de taxa de morbidade: as de incidência e as de prevalência.


Coeficiente de mortalidade: Medida de freqüência de óbitos em uma determinada população durante um intervalo de tempo específico. Se incluirmos os óbitos por todas as causas, temos a taxa de mortalidade geral. Caso venhamos a incluir somente óbitos por determinada causa, teremos a taxa de mortalidade específica. A taxa também pode ser calculada para cada sexo e faixa etária, obtendo-se uma taxa de mortalidade específica para uma doença em determinado sexo e faixa etária.


Coeficiente de mortalidade ajustado pela idade: Coeficiente de mortalidade modificado estatisticamente para eliminar o efeito de diferentes distribuições de idade em diferentes populações.


Coeficiente de mortalidade infantil: Medida do grau em que ocorrem mortes no primeiro ano de vida.


Coeficiente de mortalidade neonatal: Número de mortes de crianças menores de 28 dias de vida em um dado período, normalmente um ano, por 1.000 nascidos vivos no mesmo período.


Coeficiente de mortalidade perinatal: Número de mortes fetais tardias (28 semanas ou mais de gravidez) mais as mortes pós-natais na primeira semana de vida, dividido pelo número de mortes fetais mais o total de nascidos vivos na mesma população no mesmo período. Em alguns países onde os registros de estatísticas vitais não são bons, as mortes fetais são excluídas do denominador. Normalmente é apresentada como uma taxa por 1.000 nascimentos por ano.


Coeficiente de prevalência: Número total de casos, eventos ou problemas em um determinado ponto no tempo, dividido pela população total sob risco no mesmo ponto no tempo. As taxas de prevalência são usadas mais freqüentemente para doenças ou eventos que tenham uma duração média longa.


Colonização: Propagação de um microrganismo na superfície ou no organismo de um hospedeiro, sem causar agressão celular. Um hospedeiro colonizado pode atuar como fonte de infecção.


Comensal: Organismo associado a outro, ambos pertencentes a espécies distintas entre si, não sofrendo efeitos adversos em decorrência desse relacionamento.


Conglomerado: Quadro resultante do procedimento em que os agravos são agrupados em relação ao tempo e/ou ao espaço que são subseqüentemente submetidos à análise.


Coorte: Grupo bem definido de pessoas que possuem uma experiência ou exposição em comum, grupo esse que é acompanhado para que se identifique a incidência de novas doenças ou eventos, como no caso de um estudo de coorte ou prospectivo.


Confusão (ou fator de confusão): Situação em que os efeitos de duas variáveis são difíceis de serem separados um do outro (exemplo: idade materna e paridade como causas de baixo peso ao nascer).


Contágio: Ver Transmissão direta.


Contaminação: Ato ou momento em que uma pessoa ou um objeto se converte em veículo mecânico de disseminação de um determinado agente patogênico.


Contato: Pessoa ou animal que teve contato com pessoa ou animal infectado, ou com ambiente contaminado, de forma a ter oportunidade de adquirir o agente etiológico.


Contato eficiente: Contato entre um suscetível e uma fonte primária de infecção, em que o agente etiológico é realmente transferido desta para o primeiro.


Controle: Quando aplicado a doenças transmissíveis e algumas não transmissíveis, significa a redução da incidência e/ou prevalência de determinada doença, por meio de diferentes tipos de intervenção, a níveis muito baixos, de forma que ela deixe de ser considerada um problema importante em saúde pública.


Correlação: Medida de associação que indica o grau em que dois ou mais grupos de observação apresentam uma inter-relação de tipo linear ou em linha reta. A correlação pode ser positiva, quando ambas as variáveis aumentam concomitantemente, ou negativa, quando uma aumenta à proporção que a outra diminui.


Demografia: Estudo de populações, com referência a fatores como tamanho, estrutura de idade, densidade, fecundidade, mortalidade, crescimento e variáveis sociais e econômicas.


Denominador: Porção inferior da fração utilizada para calcular a proporção ou razão. Nas taxas e coeficientes, o denominador é constituído pela população exposta ao risco.


Desinfecção: Destruição de agentes infecciosos que se encontram fora do corpo, por meio de exposição direta a agentes químicos ou físicos.


Desinfecção concorrente: Aplicação de medidas desinfetantes o mais rápido possível após a expulsão de material infeccioso do organismo de uma pessoa infectada, ou depois que ela tenha se contaminado com referido material, reduzindo-se ao mínimo o contato de outros indivíduos com esse material ou objetos antes dessa desinfecção.


Desinfecção terminal: Desinfecção feita no local em que esteve um caso clínico ou portador; portanto, depois que a fonte primária de infecção deixou de existir (por morte ou por ter-se curado) ou depois que este abandonou o local. A desinfecção terminal é aplicada raramente, sendo indicada no caso de doenças transmitidas por contato indireto.


Desinfestação: Destruição de metazoários, especialmente artrópodes e roedores, com finalidades profiláticas.


Disseminação po veículo comum: Disseminação do agente de uma doença a partir da exposição de um determinado número de pessoas, num certo espaço de tempo, a um veículo que é comum (exemplo: água, alimentos, ar, seringas contaminadas).


Doença notificável: Doença que, de acordo com exigências estatutárias, deve ser notificada à autoridade de saúde pública responsável.


Doença subclínica: Situação em que o indivíduo doente não apresenta nenhum sinal ou sintoma aparente e a doença somente pode ser detectada através de testes especiais.


Doença transmissível: Doença causada por um agente infeccioso específico, ou pela toxina por ele produzida, por meio da transmissão desse agente, ou de seu produto tóxico, a partir de uma pessoa ou animal infectado, ou ainda de um reservatório para um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente intermediado por vetor ou ambiente.


Doença quarentenárias: Doenças de grande transmissibilidade, em geral graves, que requerem notificação internacional imediata à Organização Mundial da Saúde, isolamento rigoroso de casos clínicos e quarentena dos comunicantes, além de outras medidas de profilaxia, com o intuito de evitar a sua introdução em regiões até então indenes. Entre as doenças quarentenárias, temos a cólera, a febre amarela e o tifo exantemático.


Dose de reforço: Quantidade de antígeno que se administra com o fim de manter ou reavivar a resistência conferida pela primeira imunização.


Dose-resposta: Relação em que uma mudança na quantidade, intensidade ou duração da exposição está associada a uma variação concomitante na ocorrência da morbidade.


Ecologia: Estudo das relações entre seres vivos e seu ambiente. Ecologia humana diz respeito ao estudo de grupos humanos em face da influência de fatores do ambiente, incluindo muitas vezes fatores sociais e do comportamento.


Ecossistema: É o conjunto constituído pela biota e o ambiente não vivo, em determinada região.


Eliminação: Ver Erradicação.


Endemia: É a presença contínua de uma enfermidade ou de um agente infeccioso dentro de uma zona geográfica determinada; pode também expressar a prevalência usual de uma doença particular numa zona geográfica. O termo hiperendemia significa a transmissão intensa e persistente e holoendemia, um nível elevado de infecção que começa a partir de uma idade precoce e afeta a maior parte da população, como, por exemplo, a malária em algumas regiões do globo.


Endotoxina: Toxina encontrada no interior da célula bacteriana, mas não em filtrados livres de célula de bactéria intata. As endotoxinas são liberadas pela bactéria quando sua célula se rompe.


Enzootia: Presença constante ou prevalência usual da doença ou agente infeccioso na população animal de uma dada área geográfica.


Epidemia: É a manifestação, em uma coletividade ou região, de um grupo de casos de alguma enfermidade que excede claramente a incidência prevista. O número de casos que indica a existência de uma epidemia varia com o agente infeccioso, o tamanho e as características da população exposta, sua experiência prévia ou falta de exposição à enfermidade e o local e a época do ano em que ocorre. Por decorrência, a epidemicidade guarda relação com a freqüência comum da enfermidade na mesma região, na população especificada e na mesma estação do ano. O aparecimento de um único caso de doença transmissível que durante um lapso de tempo prolongado não havia afetado uma população ou que invade pela primeira vez uma região requer notificação imediata e uma completa investigação de campo; dois casos dessa doença associados no tempo ou no espaço podem ser evidência suficiente de uma epidemia.


Epidemia por fonte comum (sinônimos: epidemia maciça ou epidemia por veículo comum): Epidemia em que aparecem muitos casos clínicos dentro de um intervalo de tempo igual ao período de incubação clínica da doença, o que sugere a exposição simultânea (ou quase simultânea) de muitas pessoas ao agente etiológico. O exemplo típico é o das epidemias de origem hídrica.

Epidemia progressiva (sinônimo: epidemia por fonte propagada): Epidemia na qual as infecções são transmitidas de pessoa a pessoa ou de animal a animal, de modo que os casos identificados não podem ser atribuídos a agentes transmitidos a partir de uma única fonte.

Epidemiologia: Estudo da distribuição e dos determinantes da saúde e da doença em populações e sua aplicação para a prevenção e o controle das doenças e problemas de saúde.


Epidemiologia analítica: Aspecto da epidemiologia voltada à busca de causas e efeitos relacionados à saúde. Usa grupos de comparações, provendo bases de dados com o objetivo de quantificar associações entre exposições e efeitos, assim como para testar hipóteses a respeito de relações causais.


Epizootia: Ocorrência de casos de natureza similar em população animal de uma área geográfica particular que se apresenta claramente em excesso em relação à incidência normal.


Erradiação: Cessação de toda a transmissão da infecção pela extinção artificial da espécie do agente em questão. A erradicação pressupõe a ausência completa de risco de reintrodução da doença, de forma a permitir a suspensão de toda e qualquer medida de prevenção ou controle. A erradicação regional ou eliminação é a cessação da transmissão de determinada infecção em ampla região geográfica ou jurisdição política.


Especificidade: Proporção de verdadeiros não-casos (pessoas que realmente não têm o problema) entre os indivíduos identificados como negativos por um teste de triagem (Ver Valor preditivo, Sensibilidade e Rastreamento).


Estatística vital: Informação sistematicamente tabulada sobre nascimentos, casamentos, divórcios e mortes, baseada no registro desses eventos vitais.


Estudo analítico: Estudo comparativo realizado com o objetivo de identificar e quantificar associações, testar hipóteses e identificar causas. Dois tipos mais freqüentemente utilizados são os estudos de coortes e tipo caso-controle.


Estudo de casos e controles: Estudo epidemiológico de tipo analítico que examina casos de uma determinada doença e uma amostra adequada de indivíduos que não apresentem a condição (controles), comparando a freqüência de fatores associados à condição entre os dois grupos. Às vezes é também chamado de estudo retrospectivo. Freqüentemente é usado para testar hipóteses etiológicas, como, por exemplo, a relação entre câncer de pulmão e tabagismo.


Estudo observacional: Estudo, levantamento ou investigação feitos por meio da observação das pessoas e onde nenhuma intervenção, ou pelo menos nenhuma intervenção sob controle do investigador, é implementada no mesmo período.


Estudo experimental: Estudo destinado ao esclarecimento, por meio da experiência direta, das relações causais. Geralmente levado a efeito em populações de animais de laboratório.


Estudo longitudinal: Nome genérico que em epidemiologia é empregado para designar o estudo de coorte, nos seus aspectos prospectivos e retrospectivos.

Estudo retrospectivo: Termo freqüentemente utilizado como sinônimo de estudo de casos-controles, embora existam outros tipos de estudo retrospectivo.

Estudo transversal (Sinônimo: estudo de prevalência): Pesquisa ou levantamento que estuda pessoas de uma população definida em um determinado ponto do tempo. Os estudos transversais normalmente fornecem dados de prevalência, mas, se forem repetidos, podem também servir para estimar incidência.


Estrutura epidemiológica: Conjunto de fatores relativos ao agente etiológico, hospedeiro e meio ambiente, que influi na ocorrência natural de uma doença em uma comunidade.


Eliminação: Ver Erradicação.


Exposição: Freqüência com que determinado grupo de indivíduos é exposto à fonte do agravo em estudo.


Exotoxina: Toxina produzida por uma bactéria e por ela liberada no meio de cultura ou no hospedeiro e conseqüentemente encontrada em filtrados livres de célula e em culturas de bactéria intata.


Fagócito: Célula que engloba e destrói partículas estranhas ou microrganismos por digestão.


Fagotipagem: Caracterização de uma bactéria pela identificação de sua suscetibilidade a determinados bacteriófagos. É uma técnica de caracterização de uma cepa.


Falso negativo: Casos que se revelam negativos (não tendo a doença) a um teste de triagem, mas que na verdade são positivos (portadores da doença).


Falso positivo: Casos que se revelam positivos a um teste de triagem, mas que na verdade são negativos, ou seja, uma pessoa sadia é erroneamente classificada como apresentando uma determinada doença ou problema.


Fator de risco: Termo usado pelo menos de duas maneiras diferentes: 1) uma característica, variável ou exposição associada a um aumento na probabilidade de que um evento específico ocorra, como um aumento na freqüência de uma doença; tais fatores não são necessariamente causais, sendo também chamados de marcadores de risco; 2) uma característica, variável ou exposição que realmente aumente a probabilidade de que um evento específico ocorra, sendo, portanto, aceita como causal; também chamada de determinante.


Fenômeno de interferência: Estado de resistência temporária a infecções por vírus. Essa resistência é induzida por uma infecção viral existente e é atribuída em parte ao interferon.


Fitonose: Infecção transmissível ao homem, cujo agente tem os vegetais como reservatórios.


Foco natural: Pequeno território que compreende uma ou várias paisagens, onde a circulação do agente causal se estabeleceu numa biogeocenose por um tempo indefinidamente longo, sem sua importação de outra região. O foco natural é uma entidade natural; seus limites podem ser demarcados em um mapa.

Foco artificial: Doença transmissível que se instala em condições propiciadas pela atividade antrópica.

Fômites: Objetos de uso pessoal do caso clínico ou portador, que podem estar contaminados e transmitir agentes infecciosos, cujo controle é feito por meio da desinfecção.


Fonte de infecção: Pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o agente é transmitido para o hospedeiro.


Fonte primária de infecção (sinônimo: reservatório): Homem ou animal e, raramente, o solo ou vegetais, responsáveis pela sobrevivência de uma determinada espécie de agente etiológico na natureza. No caso dos parasitas heteroxenos, o hospedeiro mais evoluído (que geralmente é também o hospedeiro definitivo) é denominado fonte primária de infecção, e o hospedeiro menos evoluído (em geral, hospedeiro intermediário) é chamado de vetor biológico.


Fonte secundária de infecção: Ser animado ou inanimado que transporta um determinado agente etiológico, não sendo o principal responsável pela sobrevivência deste como espécie. Essa expressão é substituída com vantagem pelo termo veículo.


Freqüência (sinônimo: ocorrência): Termo genérico utilizado em epidemiologia para descrever a freqüência de uma doença ou de outro atributo ou evento identificado na população, sem fazer distinção entre incidência ou prevalência.


Fumigação: Aplicação de substâncias gasosas capazes de destruir a vida animal, especialmente insetos e roedores.


Gotículas de Flügge: Secreções oronasais de mais de 100 micra de diâmetro, que transmitem agentes infecciosos de maneira direta mediata.


Grupo controle: Grupo de pessoas utilizadas para fins de comparação que não apresentem uma determinada doença ou problema, ou que não tenham sido expostas à doença, intervenção, procedimento ou outra variável que esteja sendo estudada.

Controles de vizinhança, que freqüentemente são usados por comodidade, são pessoas que vivem na mesma vizinhança. Ver também Estudos de casos e controles.

Grupo de risco: Conjunto das pessoas que têm, em comum, excesso de risco, ou seja, exposição ao fator de risco além do grau a partir do qual pode ocorrer a doença.


Grupo exposto: Grupo de indivíduos com contato com determinado fator relacionado ao agravo à saúde que está sendo focalizado.


Hipótese: Conjecturas com as quais se procura explicar, por tentativa, fenômenos ocorridos ou ocorrentes. Serão científicas à medida que responderem a problemas colocados cientificamente, e mais: se afirmarem relações entre variáveis e se forem abertas à refutação.


História natutural da doença: Descrição que inclui características das fontes de infecção, distribuição da doença segundo os atributos das pessoas, tempo e espaço, distribuição e características ecológicas do(s) reservatório(s) do agente; mecanismos de transmissão e efeitos da doença sobre o homem.

Hospedeiro: Organismo simples ou complexo, inclusive o homem, que é capaz de ser infectado por um agente específico.

Imunidade: Resistência usualmente associada à presença de anticorpos que têm o efeito de inibir microrganismos específicos ou suas toxinas responsáveis por doenças infecciosas particulares.


Imunidade ativa: Imunidade adquirida naturalmente pela infecção, com ou sem manifestações clínicas, ou artificialmente pela inoculação de frações ou produtos de agentes infecciosos ou do próprio agente morto, modificado ou de uma forma variante.


Imunidade de rebanho (sinônimo de imunidade coletiva): Resistência de um grupo ou população à introdução e disseminação de um agente infeccioso. Essa resistência é baseada na elevada proporção de indivíduos imunes entre os membros desse grupo ou população e na uniforme distribuição desses indivíduos imunes.


Imunidade passiva: Imunidade adquirida naturalmente da mãe ou artificialmente pela inoculação de anticorpos protetores específicos (soro imune de convalescentes ou imunoglobulina sérica). A imunidade passiva é pouco duradoura.


Imunodeficiência: Ausência de capacidade para produzir anticorpos em resposta a um antígeno.


Imunoglobulina: Solução estéril de globulinas que contém os anticorpos normalmente presentes no sangue do adulto.


Imonoprofilaxia: Prevenção da doença através da imunidade conferida pela administração de vacinas ou soros a uma pessoa ou animal.

Incidência: Número de casos novos de uma doença ocorridos em uma particular população durante um período específico.

Índice de Breteau: Número de recipientes habitados por formas imaturas de mosquitos em relação ao número de casas examinadas para o encontro daqueles criadouros.


Infecção: Penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente etiológico animado no organismo de um hospedeiro, produzindo danos a este, com ou sem aparecimento de sintomas clinicamente reconhecíveis. Em essência, a infecção é uma competição vital entre um agente etiológico animado (parasita sensu lato) e um hospedeiro; é, portanto, uma luta pela sobrevivência entre dois seres vivos, que visam à manutenção de sua espécie.


Infecção aparente (doença): Infecção que se desenvolve acompanhada de sinais e sintomas clínicos.


Infecção hospitalar: Infecção que se desenvolve em um paciente hospitalizado, ou atendido em outro serviço de assistência, que não padecia nem estava incubando no momento da hospitalização. Pode manifestar-se também como efeito residual de uma infecção adquirida durante hospitalização anterior ou, ainda, manifestar-se somente após a alta hospitalar. Abrange igualmente as infecções adquiridas no ambiente hospitalar, acometendo visitantes ou sua própria equipe.


Infecção inaparente: Infecção que cursa na ausência de sinais e sintomas clínicos perceptíveis.


Infectividade: Capacidade do agente etiológico de se alojar e multiplicar no corpo do hospedeiro.


Infestação: Entende-se por infestação de pessoas ou animais o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas roupas. Os objetos ou locais infestados são os que albergam ou servem de alojamento a animais, especialmente artrópodes e roedores.


Inflamação: Resposta normal do tecido à agressão celular por material estranho; caracteriza-se pela dilatação de capilares e mobilização de defesas celulares (leucócitos e fagócitos).


Inquérito epidemiológico: Levantamento epidemiológico feito por meio de coleta ocasional de dados, quase sempre por amostragem, que fornece dados sobre a prevalência de casos clínicos ou portadores em uma determinada comunidade.

Interferon: Proteína de baixo peso molecular produzida por células infectadas por vírus. O interferon tem a propriedade de bloquear as células sadias da infecção viral, suprimindo a multiplicação viral nas células já infectadas; o interferon é ativo contra um amplo espectro de vírus.

Intervalo de confiança: É a variação de valores da variável de interesse; por exemplo, uma taxa construída de tal forma que essa variação tenha uma específica probabilidade de incluir o verdadeiro valor da variável. Essa específica probabilidade é denominada intervalo de confiança e os limites desse intervalo de confiança, limites de confiança.


Invasibilidade: Capacidade de um microrganismo de entrar no corpo e de se disseminar através dos tecidos. Essa disseminação do microrganismo pode ou não resultar em infecção ou doença.


Investigação epidemiológica de campo (classicamente é conhecida por investigação epidemiológica): Estudos efetuados a partir de casos clínicos ou de portadores com o objetivo de identificar as fontes de infecção e os modos de transmissão do agente. Pode ser realizada em face de casos esporádicos ou surtos.


Isolamento: Segregação de um caso clínico do convívio das outras pessoas durante o período de transmissibilidade, a fim de evitar que os suscetíveis sejam infectados. Em certos casos, o isolamento pode ser domiciliar ou hospitalar; em geral, é preferível este último, por ser mais eficiente.


Latência: Período na evolução clínica de uma doença parasitária no qual os sintomas desaparecem, apesar de estar o hospedeiro ainda infectado e de já ter sofrido o ataque primário, ou uma ou várias recaídas. Terminologia utilizada com freqüência em relação à malária.

Monitorização: Abrange, segundo John M. Last, três campos de atividade:

a. Elaboração e análise de mensurações rotineiras visando detectar mudanças no ambiente ou no estado de saúde da comunidade. Não deve ser confundida com vigilância. Para alguns, monitorização implica intervenção à luz das mensurações observadas.

b. Contínua mensuração do desempenho do serviço de saúde ou de profissionais da saúde, ou do grau com que os pacientes concordam com ou aderem às suas recomendações.


c. Em administração, a contínua supervisão da implementação de uma atividade com o objetivo de assegurar que a liberação dos recursos, os esquemas de trabalho, os objetivos a serem atingidos e as outras ações necessárias estejam sendo processados de acordo com o planejado.

Núcleos de Wells: Secreções oronasais de menos de 100 micra de diâmetro, que transmitem agentes infecciosos de maneira indireta por meio do ar, onde flutuam durante intervalo de tempo mais ou menos longo.

"Odds ratio" (OR): Medida de associação tipo proporcionalidade, que é uma estimativa do risco relativo, específica para a análise dos estudos caso-controle. O seu cálculo é efetuado através dos produtos cruzados da distribuição das células de tabelas de contingência, que tem propriedade matematicamente demonstrável de aproximar-se do valor do risco relativo quanto mais rara for uma doença ou evento relacionado à saúde.

Oportunista: Organismo que, vivendo normalmente como comensal ou de vida livre, passa a atuar como parasita, geralmente em decorrência da redução da resistência natural do hospedeiro.


Padronização: Aplicação de técnicas estatísticas para padronizar duas ou mais populações quanto a diferenças que possam existir entre elas, especialmente com relação à estrutura de sexo e idade, de forma a permitir comparações válidas entre populações.


Pandemia: Epidemia de uma doença que afeta pessoas em muitos países e continentes.


Parasita: Organismo, geralmente microrganismo, cuja existência se dá a expensas de um hospedeiro. O parasita não é obrigatoriamente nocivo ao seu hospedeiro. Existem parasitas obrigatórios e facultativos; os primeiros sobrevivem somente na forma parasitária e os últimos podem ter uma existência independente.


Parasitas heteroxenos: Parasitas que necessitam de dois tipos diferentes de hospedeiro para a sua completa evolução: o hospedeiro definitivo e o intermediário.


Parasita monoxenos: Parasitas que necessitam de um só hospedeiro para a sua evolução completa.


Pareamento: Processo mediante o qual, nos estudos de coorte ou de casos-controle, estabelecem-se grupos de elementos que sejam comparáveis aos dos casos em estudo, no que concerne às variáveis.


Pasteurização: Desinfecção do leite feita pelo aquecimento a 63º - 65ºC durante 30 minutos (ou a 73º - 75ºC durante 15 minutos), baixando a temperatura imediatamente para 2º a 5ºC.


Patogenicidade: Capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível.


Patógeno: Agente biológico capaz de causar doenças.


Período de incubação: Intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro suscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doença nesse hospedeiro.


Período de transmissibilidade (sinônimo: período de contágio): Intervalo de tempo durante o qual uma pessoa ou animal infectados eliminam um agente biológico para o meio ambiente ou para o organismo de um vetor hematófago, sendo possível, portanto, a sua transmissão a outro hospedeiro.


Período latente (sinônimo: período de incubação aplicado a doenças não infecciosas): Intervalo entre a exposição a agentes químicos tóxicos e o início dos sinais e sintomas da doença.


Período prodrômico: Lapso de tempo entre os primeiros sintomas da doença e o início dos sinais ou sintomas com os quais o diagnóstico pode ser estabelecido.


Plasmídio: Molécula circular de DNA, existente em células procariontes, que se duplica independentemente da duplicação do cromossomo bacteriano; os plasmídios são muito usados como vetores (transportadores) de genes de um organismo para outro.


Poder imunogênico (sinônimo: imunogenicidade): Capacidade do agente biológico de estimular a resposta imune no hospedeiro. Conforme as características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou longa duração e de grau elevado ou baixo.


Portador: Pessoa ou animal que não apresenta sintomas clinicamente reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser examinado, mas que está albergando o agente etiológico respectivo. Em saúde pública, têm mais importância os portadores que os casos clínicos, porque, muito freqüentemente, a infecção passa despercebida nos primeiros. Os que apresentam realmente importância são os portadores eficientes, de modo que na prática o termo portador se refere quase sempre aos portadores eficientes.


Portador ativo: Portador que teve ou terá sintomas, mas que no momento não os está apresentando.


Portador ativo convalescente: Portador durante a convalescença e depois dela. É comum esse tipo de portador na febre tifóide e na difteria.


Portador ativo crônico: Pessoa ou animal que continua a albergar o agente etiológico muito tempo depois de ter tido a doença. O momento em que o portador ativo convalescente passa a crônico é estabelecido arbitrariamente para cada doença. No caso da febre tifóide, por exemplo, o portador é considerado como ativo crônico quando alberga a Salmonella thyphi por mais de um ano após ter estado doente.


Portador ativo incubado ou precoce: Portador durante o período de incubação clínica de uma doença.


Portador eficiente: Portador que elimina o agente etiológico para o meio exterior ou para o organismo de um vetor hematófago, ou que possibilita a infecção de novos hospedeiros. Essa eliminação pode se fazer de maneira contínua ou de modo intermitente.


Portador ineficiente: Portador que não elimina o agente etiológico para o meio exterior, não representando, portanto, um perigo para a comunidade no sentido de disseminar esse microrganismo.


Portador passivo (portador aparentemente são): Portador que nunca apresentou sintomas de determinada doença transmissível, não os está apresentando e não os apresentará no futuro; somente pode ser descoberto por meio de exames adequados de laboratório.


Portador passivo crônico: Portador passivo que alberga um agente etiológico por um longo período.


Portador passivo temporário: Portador passivo que alberga um agente etiológico durante pouco tempo; a distinção entre o portador passivo crônico e o temporário é estabelecida arbitrariamente para cada agente etiológico.


Postulados de Evans: A expansão do conhecimento biomédico levou à revisão dos


Postulados de Koch. Alfred Evans elaborou, em 1976, os seguintes postulados com base naqueles propostos por Koch:

1. A prevalência da doença deve ser significativamente mais alta entre os expostos à causa suspeita do que entre os controles não expostos.

2. A exposição à causa suspeita deve ser mais freqüente entre os atingidos pela doença do que o grupo controle que não a apresenta, mantendo constantes os demais fatores de risco.


3. A incidência da doença deve ser significativamente mais elevada entre os expostos à causa suspeita do que naqueles não expostos. Tal fato deve ser demonstrado em estudos prospectivos.


4. A exposição do agente causal suspeito deve ser seguida de doença, enquanto a distribuição do período de incubação deve apresentar uma curva normal.


5. Um espectro da resposta do hospedeiro deve seguir a exposição ao provável agente num gradiente biológico que vai do benigno ao grave.


6. Uma resposta mensurável do hospedeiro, até então inexistente, tem alta probabilidade de aparecer após a exposição ao provável agente, ou aumentar em magnitude, se presente anteriormente. Esse padrão de resposta deve ocorrer infreqüentemente em pessoas pouco expostas.


7. A reprodução experimental da doença deve ocorrer mais freqüentemente em animais ou no homem adequadamente exposto à provável causa do que naqueles não expostos; essa exposição pode ser deliberada em voluntários, experimentalmente induzida em laboratório, ou pode representar um parâmetro da exposição natural.


8. A eliminação ou modificação da causa provável deve diminuir a incidência da doença.


9. A prevenção ou modificação da resposta do hospedeiro em face da exposição à causa provável deve diminuir a incidência ou eliminar a doença.


10. Todas as associações ou achados devem apresentar consistência com os conhecimentos no campo da biologia e da epidemiologia.

Postulados de Koch: Originalmente formulados por Henle e adaptados por Robert Koch em 1877. Koch afirmava que esses quatro postulados deveriam ser previamente observados para que se pudesse aceitar uma relação causal entre um particular microrganismo ou parasita e uma doença:

1. O agente biológico deve ser demonstrado em todos os casos da doença por meio de seu isolamento em cultura pura.

2. O agente biológico não deve ser encontrado em outras doenças.


3. Uma vez isolado, o agente deve ser capaz de reproduzir a doença em animais de experimento.


4. O agente biológico deve ser recuperado da doença experimentalmente produzida.

Prevalência: Número de casos clínicos ou de portadores existentes em um determinado momento em uma comunidade, dando uma idéia estática da ocorrência do fenômeno. Pode ser expressa em números absolutos ou em coeficientes.

Pródromos: Sintomas indicativos do início de uma doença.


Profilaxia: Conjunto de medidas que têm por finalidade prevenir ou atenuar as doenças, suas complicações e conseqüências.


Quarentena: Isolamento de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em que esse comunicante sadio abandonou o local em que se encontrava a fonte de infecção. Na prática, a quarentena é aplicada no caso das doenças quarentenárias.


Quimioprofilaxia: Administração de uma droga, inclusive antibióticos, para prevenir uma infecção ou a progressão de uma infecção com manifestações da doença.


Quimioterapia: Uso de uma droga com o objetivo de tratar uma doença clinicamente reconhecível ou de eliminar seu progresso.


Rastreamento ("Screening") (sinônimo: triagem): Tentativa de identificação de pessoas portadoras de uma doença ou comportamento não reconhecido, através do uso de testes, exames, questionários ou outros procedimentos. O rastreamento classifica as pessoas entre positivas ou negativas. Os positivos necessitarão de investigações adicionais. É importante validar os resultados a fim de identificar a proporção de falsos positivos e falsos negativos. (Ver Sensibilidade, Especificidade,

Valor preditivo, Acurácia e Reprodutibilidade.)

Recaída: Reaparecimento ou recrudescimento dos sintomas de uma doença antes de o doente apresentar-se completamente curado. No caso da malária, recaída significa nova aparição de sintomas depois do ataque primário.


Recidiva: Reaparecimento do processo mórbido após sua cura aparente. No caso da malária, recidiva significa recaída na infecção malárica entre a 8a e a 24ª semanas posteriores ao ataque primário.


Recorrente: Estado patológico que evolui através de recaídas sucessivas. No caso da malária, recorrência significa recaída na infecção malárica depois de 24 semanas posteriores ao ataque primário.


Recrudescência: Exacerbação das manifestações clínicas ou anatômicas de um processo mórbido. No caso da malária, recrudescência é a recaída na infecção malárica nas primeiras 8 semanas posteriores ao ataque primário.


Reprodutibilidade (sinônimo: confiabilidade; ver Acurácia): Grau de estabilidade exibida quando uma mensuração é repetida sob condições idênticas. Em outros termos, a reprodutibilidade refere-se ao grau pelo qual os resultados obtidos por uma mensuração podem ser reproduzidos.


Resistência: Conjunto de mecanismos específicos e inespecíficos do organismo que servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Os mecanismos específicos constituem a imunidade e os inespecíficos, a resistência inerente ou natural.


Resistência inerente (sinônimo: resistência natural): É a capacidade de resistir a uma enfermidade, independentemente de anticorpos ou da resposta específica dos tecidos; geralmente, depende das características anatômicas ou fisiológicas do hospedeiro, podendo ser genética ou adquirida, permanente ou temporária.


Risco: Probabilidade de que um evento (morte ou adoecimento) venha a ocorrer dentro de um determinado período ou em uma faixa etária. O termo comumente é usado com relação a eventos desfavoráveis.


Risco atribuível (sinônimo: diferenças de incidências): O quanto da incidência na população em estudo pode ser imputado ao efeito do suposto fator de risco. Essa medida é obtida através da subtração entre a proporção do evento entre os expostos e a proporção entre os não-expostos. Assume-se que o efeito das outras causas é igual entre os expostos e os não-expostos.


Risco relativo (sinônimo: razão de risco ou razão de incidências): Razão entre o risco de morrer, ou de ter uma doença, em uma população exposta a um determinado fator e em uma população não exposta ao fator. Um RR com valor 1,0 implica ausência de associação, porque será o resultado da razão entre dois riscos iguais. A razão de prevalência é um sucedâneo do risco relativo, geralmente estimado a partir de dados de estudos do tipo corte transversal.


Sensibilidade: Proporção de casos verdadeiros, entre os resultados identificados como positivos pelo teste de triagem (ver Valor Preditivo, Especificidade,

Sensibilidade, Acurácia e Reprodutibilidade).

Septicemia: Presença de microrganismo patogênico ou de suas toxinas no sangue ou em outros tecidos.


Sinal: Evidência objetiva de doença.


Síndrome: Conjunto de sintomas e sinais que tipificam uma determinada doença.


Sintoma: Evidência subjetiva de doença.


Soroepidemiologia: Estudo epidemiológico ou atividade baseada na identificação, com base em testes sorológicos, de mudanças nos níveis de anticorpos específicos em uma população. Esse método permite não só a identificação de casos clínicos, mas também os estados de portador e as infecções latentes ou subclínicas.


Sorotipo: Caracterização de um microrganismo pela identificação de seus antígenos.


Surto epidêmico: Ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados.


Suscetível: Qualquer pessoa ou animal que supostamente não possui resistência suficiente contra um determinado agente patogênico que a proteja da enfermidade caso venha a entrar em contato com o agente.


Taxa de ataque: Taxa de incidência acumulada usada freqüentemente para grupos particulares observados por períodos limitados e em condições especiais, como em uma epidemia. As taxas de ataques são usualmente expressas em percentagem.


Taxa de ataque secundário: Medida de freqüência de casos novos de uma doença entre contatos próximos de casos conhecidos. Essa taxa é freqüentemente calculada para contatos domiciliares.


Taxa de letalidade: Medida de freqüência de óbitos por determinada causa entre membros de uma população atingida por essa doença.


Taxa (ou coeficiente) de natalidade: Medida de freqüência de nascimentos em uma determinada população durante um período especificado.


Tendência secular: Comportamento da incidência de uma doença em um longo intervalo de tempo, geralmente medido em décadas.


Toxina: Proteínas ou substâncias protéicas conjugadas, letais para certos organismos. As toxinas são produzidas por algumas plantas superiores, por determinados animais e por bactérias patogênicas. O alto peso molecular e a antigenicidade das toxinas as diferenciam de alguns venenos químicos e alcalóides de origem vegetal.


Transição epidemiológica: Resultado de uma série complexa de mudanças inter-relacionadas nos padrões de saúde e doença, explicitadas por indicadores de morbi-mortalidade, que ocorrem nas populações humanas, observado um longo período. O conceito de transição epidemiológica pode ser entendido como um desdobramento da concepção de transição demográfica. Entre as principais características da transição epidemiológica temos: a expressiva queda da mortalidade infantil às custas, principalmente, da diminuição da mortalidade por diarréias, inclusive nos países subdesenvolvidos; o aumento relativo da importância, como causa de morbi-mortalidade, das chamadas doenças crônico-degenerativas; e, mais recentemente, o surgimento na agenda de prioridades em saúde pública de doenças infecciosas emergentes ou reemergentes (AIDS, cólera, dengue, entre outras). Entre os fatores determinantes da transição epidemiológica podemos citar: modelos de desenvolvimento econômico; modificação e ampliação de riscos ambientais determinados pelo processo de industrialização; formas de incorporação de novas tecnologias; tipos de organização dos serviços de saúde e nível de cobertura por eles oferecidos à população; papel do comércio e das migrações como "vetores culturais" das doenças transmissíveis; fatores relacionados ao aparecimento de novos agentes patogênicos ao homem; fatores relacionados à variação da virulência de microrganismos e parasitas em sua interação com o homem.


Transição demográfica: Na análise da transição demográfica é dada ênfase à seqüência do declínio, primeiro das taxas de mortalidade e em seguida das de fertilidade; nos estágios mais "avançados", ela se caracteriza pelo envelhecimento da população.


Transmissão: Transferência de um agente etiológico animado de uma fonte primária de infecção para um novo hospedeiro. A transmissão pode ocorrer de forma direta ou indireta.


Transmissão direta (contágio): Transferência rápida do agente etiológico sem a interferência de veículos.


Transmissão direta imediata: Transmissão direta em que há um contato físico entre a fonte primária de infecção e o novo hospedeiro.


Transmissão direta mediata: Transmissão direta em que não há contato físico entre a fonte primária de infecção e o novo hospedeiro; a transmissão se faz por meio das secreções oronasais (gotículas de Flügge).


Transmissão indireta: Transferência do agente etiológico por meio de veículos animados ou inanimados. A fim de que a transmissão indireta possa ocorrer, torna-se essencial que os germes sejam capazes de sobreviver fora do organismo durante um certo tempo e que haja veículo que leve os germes de um lugar a outro.


Tratamento profilático: Tratamento de um caso clínico ou de um portador com a finalidade de reduzir o período de transmissibilidade.


Vacina: Preparação que contém microrganismos vivos ou mortos ou frações deles possuidora de propriedades antigênicas. As vacinas são empregadas para induzir em um indivíduo a imunidade ativa e específica contra um microrganismo.


Validade: (ver Acurácia).


Valor de p: A letra p seguida por < (o símbolo de "menor que") e um número (normalmente 0,05, 0,01 ou 0,001) é uma expressão da probabilidade de que uma associação ou observação possa ter acontecido por acaso. O número 0,05 significa que se poderia esperar que tal observação fosse devida ao acaso em 1 de cada 20 vezes; da mesma forma, 0,01 significa que 1 em cada 100 vezes o achado poderia ser devido unicamente ao acaso. Freqüentemente uma associação é aceita como estatisticamente significativa se o p for <>

Valor preditivo: Probabilidade de que uma pessoa com um resultado positivo (ou negativo) em um exame de triagem ou exame diagnóstico seja verdadeiramente um caso ou um não-caso. Estas são chamadas, respectivamente, de valores preditivos positivo e negativo do exame. O valor preditivo depende da sensibilidade e da especificidade do teste e da prevalência do problema investigado.


Variável dependente: Por definição, são expressas pelas medidas de ocorrência de doença.


Variável independente: Corresponde à medida do suposto fator de risco, geralmente designada por medida de exposição.


Veículo: Ser animado ou inanimado que transporta um agente etiológico. Não são consideradas como veículos as secreções e excreções da fonte primária de infecção, que são na realidade um substrato no qual os microrganismos são eliminados.


Veículo animado (sinônimo: vetor): Artrópode que transfere um agente infeccioso da fonte de infecção para um hospedeiro suscetível.


Veículo inanimado: Ser inanimado que transporta um agente etiológico. Os veículos inanimados são: água, ar, alimentos, solo e fômites.


Vetor biológico: Vetor no qual se passa, obrigatoriamente, uma fase do desenvolvimento de determinado agente etiológico; erradicando-se o vetor biológico, desaparece a doença que ele transmite.


Vetor mecânico: Vetor acidental que constitui somente uma das modalidades da transmissão de um agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão da doença.


Viés (ou bias): Qualquer influência durante a coleta ou a interpretação dos dados que leve a um erro sistemático em uma determinada direção; por exemplo, erros resultantes de balança, que dá peso inferior ao peso real da criança, ou uma tendenciosidade do entrevistador ao interpretar respostas às perguntas de um questionário. Também é chamado de vício ou tendenciosidade.


Vigilância de doença: É o levantamento contínuo de todos os aspectos relacionados com a manifestação e propagação de uma doença que sejam importantes para o seu controle eficaz. Inclui a coleta e avaliação sistemática de :

a. Informes de morbidade e mortalidade.

b. Informes especiais de investigações de campo sobre epidemias e casos individuais.


c. Dados relativos a isolamento e identificação de agentes infecciosos em laboratório.


d. Dados relativos a disponibilidade, uso e efeitos adversos de vacinas, toxóides, imunoglobulinas, inseticidas e outras substâncias empregadas no controle de doenças.


e. Dados sobre níveis de imunidade em certos grupos da população.

Todos esses dados devem ser reunidos, analisados e apresentados na forma de informes, que serão distribuídos a todas as pessoas que colaboraram na sua obtenção e a outras que necessitem conhecer os resultados das atividades da vigilância. Esses procedimentos se aplicam a todos os níveis dos serviços de saúde pública, desde o local até o internacional.

Virulência: Grau de patogenicidade de um agente infeccioso.

Zooantroponose: Infecção transmitida aos animais a partir de reservatório humano.


Zoonoses: Infecção ou doença infecciosa transmissível, sob condições naturais, de homens a animais, e vice-versa